terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Liminar determina entrega de prontuário de paciente morto a familiares

 

CFM emite recomendação para cumprir decisão, mas discussão judicial prossegue para definir extensão e garantia de sigilo




O Conselho Federal de Medicina emitiu a Recomendação nº 3/14 para que profissionais médicos e instituições de tratamento médico, clínico, ambulatorial ou hospitalar forneçam os prontuários médicos de paciente falecido, desde que documentalmente comprovado o vínculo familiar e observada a ordem de vocação hereditária. Do mesmo modo, recomendam que os pacientes devem ser informados da necessidade de manifestação expressa da objeção à divulgação de seu prontuário após a sua morte.
 
A manifestação do CFM decorre de tutela antecipada concedida nos autos de Ação Civil Pública movida em 2012 pelo Ministério Público Federal e em trâmite na 3ª Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás, em contrário ao entendimento contido no Parecer CFM nº 6/2010, de que o direito ao sigilo, garantido por lei ao paciente vivo, tem efeitos projetados para além de sua morte, com o que “o prontuário não deve ser liberado diretamente aos parentes, sucessores ou não, e sim somente por decisão judicial ou requisição do CFM ou CRM”.
 
Esclarece o Conselho Federal que a decisão do juízo federal está sendo objeto de recurso por agravo de instrumento na esfera do RFR 1.ª Região. Na fundamentação da Recomendação n.º 3/14, que foi acolhida pelo plenário do CFM na sessão realizada em 28 de março último, o presidente do Conselho, Roberto Luiz D’Avila, defende a ideia de que o sigilo médico deve ser respeitado e que o fornecimento dos documentos em questão devem ocorrer em observância ao Código de Ética Médica e à Resolução CFM n.º 1605/2000.
 
Conforme a decisão, profissionais médicos e instituições hospitalares “devem fornecer o atestado médico quando solicitados pelo cônjuge/companheiro sobrevivente do paciente morto, e sucessivamente pelos sucessores legítimos do paciente em linha reta, colaterais até o quarto grau, desde que documentalmente comprovado o vínculo familiar e observada a ordem de vocação hereditária”.
 
Em caso de dúvida, os médicos ou entidades hospitalares podem entrar em contato com o setor jurídico do CRM-PR pelo e-mail protocolo@crmpr.org.br.

Fonte

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Médico, hospital e convênio podem ser responsáveis por erro

 
 
 
Cirurgia plástica
 
 
O erro médico pode ocorrer por uma ou mais das três situações:

Negligência: o profissional de saúde não atua da forma exigida pela situação. Age com descuido, indiferença ou desatenção, não tomando as devidas precauções.

Imprudência: o profissional atua sem cautela ou de forma precipitada, tomando atitude diferente da recomendada para aquela situação ou usando técnica proibida.

Imperícia: o profissional age com inaptidão ou ignorância porque não tem qualificação técnica ou conhecimentos básicos da profissão.

Hospitais públicos e privados e planos de saúde têm o dever de certificar-se de que os profissionais de saúde detêm a formação e a capacidade técnica necessárias para fazer o seu trabalho, e de oferecer instalações, equipamentos e materiais adequados ao correto atendimento dos pacientes. Em caso de erro médico, hospitais, convênios, cooperativas (os hospitais privados contratam cada vez mais cooperativas de médicos) e profissionais de saúde têm responsabilidade:

Penal – o paciente tem até seis meses, contados a partir do momento em que suspeitou do erro (esse prazo é improrrogável), para fazer a denúncia numa delegacia de polícia ou diretamente ao Ministério Público, a quem cabe a decisão de abrir o processo.

Civil – o paciente tem até três anos para procurar um advogado ou a defensoria pública e entrar com o processo civil, contra o profissional e/ou instituição, solicitando indenização.

Ética – o paciente deve procurar o Conselho Regional de Medicina do seu estado e fazer a denúncia.

Administrativa (apenas no sistema público de saúde) – o paciente pode entrar com processo administrativo, solicitando punição para o profissional que cometeu o erro.

Esses processos não estão vinculados e podem ter resultados totalmente diferentes.

Os primeiros passos
- Em caso de lesão corporal (problema causado no organismo do paciente por erro médico): o primeiro passo é conseguir a cópia do prontuário no hospital (o paciente e sua família têm esse direito – artigo 70 do Código de Ética Médica). É importante juntar também todos os resultados de exames, relatórios médicos etc.

- Em caso de morte: a família deve registrar ocorrência na delegacia, para que o corpo seja encaminhado para perícia do Instituto Médico Legal. Se esse exame não for feito, dificilmente o Ministério Público abrirá processo.
 
 

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Vara especializada em saúde: exemplo gaúcho

Por Frederico Vasconcelos - 28/05/13


- Martin Schulze: Conhecimento do sistema garante prestação de saúde mais eficaz.

- Pedido de vista adia votação de proposta para criação de varas especializadas.

Sob o título “Vara Especializada em Saúde?”, o texto a seguir é de autoria do juiz de direito Martin Schulze, do Rio Grande do Sul. O magistrado tem experiência como coordenador do Comitê Executivo Estadual, vinculado ao “Fórum Nacional do Judiciário para a Saúde” do Conselho Nacional de Justiça.
A pedido do Blog, Schulze analisa a proposta de criação de varas especializadas em questões de saúde apresentada ao CNJ pelo presidente da Embratur, Flávio Dino.
Nesta terça-feira, o Conselho começou a examinar o assunto. O relator, conselheiro Ney Freitas, votou parcialmente a favor do pedido. A conselheira Maria Cristina Peduzzi pediu vista.
 
Previsto na pauta de hoje, o Conselho Nacional de Justiça iniciou o exame da pertinência ou não da especialização de varas em feitos da saúde.
A matéria não é pacífica, face fortes argumentos a sustentar posições a favor ou contra.
 
Minha posição é favorável à especialização, razão pela qual elencarei alguns argumentos neste sentido.
O ordenamento constitucional prevê que os serviços de saúde no Brasil possam ser prestados de forma pública ou de forma privada e, ainda, por um modelo suplementar. A organização do Sistema Único de Saúde é complexa, regulando todas estas atividades.
 
Esta complexidade exige uma adequada qualificação dos agentes do sistema de justiça, modo a que as decisões judiciais, ao atender as necessidades do cidadão, também respeitem, na medida do possível, os limites da contratualidade, no que se refere à medicina suplementar, e a organicidade administrativa, no que se refere à medicina pública.
 
Para alcançar a necessária qualificação, para a devida compreensão do emaranhado de sutilezas legais, administrativas, contratuais e médicas, envolvendo gestores, prestadores, médicos e pacientes, o operador do direito precisa ter um interesse especial na matéria, para manter o equilíbrio entre os interesses do sistema de saúde e os interesses da população.
 
No Rio Grande do Sul, o Tribunal de Justiça criou, em Porto Alegre, uma Vara da Fazenda Pública especializada em Saúde. Inicialmente com um juizado e hoje conta com dois juizados. A experiência demonstrou a eficácia da especialização. Um trabalho conjunto entre os magistrados e os defensores públicos apontou pontos de ineficácia administrativa junto aos gestores e permitiu uma mediação entre defensoria e gestor que reduziu significativamente a judicialização (cerca de 80%), sem, contudo, deixar de atender as demandas de saúde da população, pois os encaminhamentos foram resolvidos na esfera administrativa.
 
A mesma especialização no âmbito da medicina suplementar, principalmente no que concerne às demandas que postulam uma prestação de saúde, deverá trazer benefícios equivalentes.
O argumento principal dos que advogam a não especialização é o de que haveria concentração de poder em poucos magistrados e o cidadão ficaria refém desses, fosse o entendimento no sentido de negar a prestação de saúde. No exemplo referido, eventual concentração estaria neutralizada pela existência de dois juizados.
 
De todo modo, o conhecimento mais profundo, por parte dos magistrados, do funcionamento do sistema de saúde, garante uma prestação de saúde mais eficaz, pois determinadas terapias dentro dos protocolos, assegurando ao cidadão um tratamento dentro dos padrões reconhecidos internacionalmente, assegurando também aos gestores e prestadores medidas deferidas dentro dos critérios estabelecidos. Por outro lado, quando deferidas medidas fora dos protocolos, os gestores terão ciência de que a decisão foi dada criteriosamente, com base em evidências de que a situação concreta estaria a exigir a exceção.
 
A especialização proporciona, também, ao magistrado, condição de garantir a eficácia de sua decisão, pois terá conhecimento acurado dos meandros do sistema de saúde, eficácia esta que garante ao cidadão a presteza do cumprimento do determinado judicialmente.
 

sábado, 29 de novembro de 2014

Drauzio Varella


Texto retirado da entrevista dada ao Programa Roda Viva em 30/8/2004.

 http://www.maisinterativa.com/Fotos/drauziovarella_dinap_1107.jpg


Paulo Markun: Boa noite. Ele tornou-se conhecido em todo o Brasil por suas campanhas públicas de prevenção e de combate ao câncer e especialmente à aids. Envolvido com o universo dos doentes terminais, acaba de lançar um novo livro, em que mostra como a dor e a perspectiva da morte transformam o comportamento de pacientes e familiares. O médico e escritor Drauzio Varella é o entrevistado desta noite do programa Roda Viva.

Paulo Markun: Para entrevistar o médico cancerologista Drauzio Varella, nós convidamos Roseli Tardelli, criadora e editora-executiva da Agência de Notícias da Aids; Roldão Arruda, repórter da editoria de política do Jornal Estado de S. Paulo; Mônica Teixeira, editora especial de saúde, ciência e tecnologia da TV Cultura; Cristiane Segatto, editora de saúde, ciência e tecnologia da revista Época; Michael Laub, editor de literatura da revista Bravo e Maria Helena Pereira Franco, professora titular de psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e coordenadora do Laboratório de Estudos sobre o Luto da PUC, é também integrante do Instituto de Psicologia Quatro Estações. O Roda Viva, você sabe, é transmitido em rede nacional para todos os estados brasileiros e para Brasília também pela rede pública de televisão. Boa noite, Drauzio.  

(...)
 
Cristiane Segatto: Essa questão do erro médico – seja o erro de avaliação, seja mesmo o erro técnico– é uma coisa muito forte no livro. Ao assumir esses erros, quer dizer, isso teve um efeito terapêutico para o senhor? Foi uma forma de exorcizar alguns fantasmas ao longo da carreira?

Drauzio Varella: Eu acho que nós temos que falar com franqueza a respeito do erro médico. O que é um erro médico, em primeiro lugar? É um erro, um erro de avaliação, um erro de não escolher uma melhor solução para aquela situação. [Você] não percebeu, na hora em que estava escolhendo, achou que estava escolhendo a melhor, mas depois a evolução te mostrou que [aquilo] não era a melhor solução. Agora, isso acontece? É lógico que acontece. Imagina, nós temos que tomar... em uma sociedade, todas as pessoas erram, só os médicos é que são infalíveis? Isso é o que os médicos antigos diziam ou o que o Papa dizia também, que era infalível, não é? Mas a verdade é que nós erramos, todos os dias nós erramos. Eu não acho grave errar, porque errar faz parte da vida. Só não erra quem não faz. Se você está tomando decisões e, às vezes, decisões que você tem que tomar muito depressa, muitas vezes sem dormir, que é o que acontece muito com os médicos... Você pega aí uma quantidade enorme de médicos que trabalham a noite inteira e emendam o dia seguinte inteiro, coisa que é proibida pela legislação do trabalho para todas as profissões e na medicina é uma tradição. O médico trabalha o dia inteiro, vai para o plantão à noite, às vezes, passa a noite inteira acordado, emenda o dia seguinte, e vai para casa oito horas da noite do outro dia, quer dizer, é um absurdo isso! Como você quer que uma pessoa dessa, numa hora, não se atrapalhe ou não faça um mau julgamento, não tenha uma observação equivocada? O grave não é isso, o grave não é você errar, o grave é você não perceber que errou. Sabe, se você vem com uma pneumonia, eu lhe dou um antibiótico e esse antibiótico não é o mais adequado para aquela situação, eu te mando embora e nunca mais vou te ver. E você, como estava sendo medicada, você fica tomando remédio uma semana, dez dias, 15 dias e vai ficando cada vez pior, mas acha que é assim mesmo, porque você esta tomando remédio que o médico mandou, isso é muito grave. Agora, se eu te digo “olha, você vai tomar tal antibiótico, me telefona daqui a 48 horas para me contar o que aconteceu com a sua febre” e você me liga e me diz: “olha, a febre aumentou”, [e eu digo] “se aumentou volta aqui que eu quero te ver de novo”... Sabe, você corrige o erro e esse erro às vezes nem é um erro propriamente; você dá um antibiótico que age em 80% daqueles casos, mas a cada dez [para] que você receita, dois não respondem. Mas você precisa reconhecer esses dois; isso é o importante, isso diferencia o bom médico do médico incompetente.


 

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

ERRO MÉDICO: Ações na Justiça aumentam 300 % em MT

Entre as áreas julgadas na Justiça estão às especialidades de obstetrícia,
 traumas de ortopedia, cirurgia gerais e plásticas


 
26/05/2014
 
De acordo com o Conselho Regional de Medicina (CRM), nos últimos cinco anos 126 médicos passaram por algum tipo de processo. Quatro perderam o direito de exercer a profissão.  Outro dado assustador é que 8,5% dos médicos de Mato Grosso respondem por algum tipo de processo. O percentual é considerado alto em relação a média nacional que é de 7%. O levantamento faz parte do livro “Erro Médico e Judicialização da Medicina”, do advogado e especialista em direito médico Raul Canal. Ele alerta para os problemas estruturais e da capacitação dos médicos até mesmo na rede privada.
 
Entre as principais áreas julgadas na Justiça de Mato Grosso estão às especialidades de obstetrícia 33%, traumas de ortopedia 13%, cirurgia gerais 10% e cirurgias plásticas 9%. Para Raul Canal, os principais fatores que podem ser analisados na área de obstetrícia para ocorrer tantos erros é a falta de estrutura dos hospitais no Estado e até nas clínicas particulares.  “No caso das cirurgias plásticas posso garantir que 67% dos erros estão atribuídos a profissionais que não tem especialidade na área”, explica Canal.
 
Quem conta um pouco desta triste realidade é a presidente da Associação de Vítimas de Erros Médicos (Avem), Maria de Fátima Oliveira. Ela diz que mais de 200 vítimas aguardam o resultado final de suas ações no Estado. De acordo com Oliveira, os números poderiam ser mais expressivos, mas até que se chegue à conclusão do processo muitas ações ficam no caminho por não haver constatação eficaz do erro.
 
Além de presidente da Avem, Maria de Fátima é fundadora da entidade. Sua luta começou quando perdeu seu filho Phelipe Bica, com 15 anos de idade, vítima de erro médico em Cuiabá. Antes disso, a saúde de Bica já havia sido prejudicada.
 
Maria de Fátima recorda que os problemas começaram ainda no parto da criança. “Mesmo tendo dificuldades para ter o parto normal o profissional insistiu pelo procedimento durante sete horas e após esse período resolveu fazer a cesária. Devido a demora, meu filho nasceu com paralisia cerebral”. Segundo ela, vários erros contribuíram para dar fim à vida de seu filho, pois quando ele ainda era bebê precisou fazer uma cirurgia de gastrostomia (sonda na barriga) e um procedimento para problemas de refluxo. “Uma médica também da capital perfurou o estômago e intestino da criança. Meu filho precisou fazer três cirurgias. Ficou 72 dias internado e não conseguimos concluir o tratamento em Cuiabá. Tive que ir para o Hospital das Clínicas, em São Paulo, onde a cirurgia de refluxo foi feita”, contou.
 
Houve ainda um terceiro erro e este foi fatal. “No dia da internação, o médico aplicou sedativo no Phelipe, mesmo eu tendo avisado que o método não poderia ser feito. Ele sempre ficava inquieto quando sentia dores. Mas o médico de plantão disse que era convulsão e aplicou um medicamento na veia como sedativo. Nesse momento a pressão caiu bastante e de imediato meu filho foi levado para Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ele pesava 42 kg. Saiu da UTI pesando 100 kg”, relembra a mãe com lágrimas nos olhos.
 
Morosidade
 
Maria de Fátima diz que seu sofrimento persiste, pois até hoje o médico responsável pela morte do seu filho continua fazendo outras vítimas já que a Justiça de Mato Grosso anulou a responsabilidade médica. “Se não bastasse a morosidade da Justiça para julgar os casos, o médico que denunciei venceu em todas as instâncias. Tive que recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas ainda está em análise. Outras famílias em Mato Grosso, que tiveram parentes vítimas de erros médicos, ainda vivem a angústia da impunidade. Qualquer pessoa que se sentir vítima pode procurar a associação e levar os documentos,que passarão por análise jurídica para identificar a procedência dos fatos e só depois entrar ou não com a ação”, informa a presidente da Avem.
 
O barato que sai caro
 
Um balanço divulgado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), regional de Mato Grosso, confirmou que 370 mulheres por ano apresentam problemas decorrentes de cirurgias estéticas realizadas na Bolívia, pois cada um dos cirurgiões plásticos no Estado atende no mínimo 10 pacientes com complicações neste período.
 
 número é apenas uma amostra do problema que ainda não tem estatísticas oficiais, pois as vítimas não têm a quem recorrer e muitas ficam com as deformidades e não procuram atendimento médico por falta de dinheiro. Segundo a SBCP, a maioria dos casos que chega às autoridades é de mulheres que moram em Mato Grosso, por causa da proximidade com a fronteira. As cirurgias são realizadas em clínicas que nem sempre segue os procedimentos utilizados no Brasil, como o cumprimento de todos os exames pré operatórios e as condições de higiene nas salas de operação.
 
Vários sites na internet oferecem os serviços com direito a fotos de antes e depois e preços tentadores para um pacote que pode remodelar o corpo de qualquer mulher com lipoaspiração, implante de silicone, rinoplastia (plástica no nariz), entre outros.
 
O cirurgião plástico Ewaldo Bolívar salienta que apesar dos benefícios estéticos a cirurgia plástica traz riscos. “Para operar um paciente fazemos diversos exames e um anestesista faz uma segunda análise para decidir qual é o melhor tipo de anestesia para se usar. Um médico, para ser credenciado pela SBCP, precisa fazer medicina, dois anos de cirurgia geral, passar em um teste, fazer residência em cirurgia plástica e depois fazer um exame da sociedade”, enfatiza Bolívar. Já o presidente regional da SBCP, Wagner Targa Ripari, alerta que refazer uma cirurgia realizada de forma errada sai muito mais caro para a paciente do que fazer a plástica com um cirurgião brasileiro. “Este ano já atendi cerca de 20 mulheres que apresentaram problemas após cirurgias na Bolívia e que irão precisar fazer novas operações. A diferença nos preços tem diminuído, muitas vezes é de até R$ 2 mil, mas só com o que a paciente gasta em passagens e hospedagem já diminui essa diferença, além disso, aqui há toda uma infraestrutura para atender a pessoa em casos de complicações”. Quando há complicações, outro problema é que além da falta de atendimento médico a paciente também enfrenta mais dificuldades para processar o médico, diferente do que acontece no Brasil onde vítimas recebem indenizações e os médicos podem perder o direito de exercer a medicina por erro médico.
 
Bisturi fatal
 
Um dos casos mais polêmicos de erro médico envolveu o cirurgião Samir Khedi. Ele foi condenado por homicídio culposo (sem intenção de matar) por ter cometido erro médico durante um procedimento cirúrgico que levou à morte  Rosimeire Aparecida Soares, no final de dezembro de 2007.
O laudo emitido pelo Instituto Médico-Legal, na época, comprovou que houve erro médico, uma vez que Rosimeire morreu de choque hipovolêmico (perda de sangue), provocado por lesão na veia cava inferior, em consequência de uma perfuração. Rosimeire se submeteu a várias intervenções cirúrgicas realizadas por Khedi, entre elas: lipoaspiração do abdome e culote, enxerto nas nádegas e na panturrilha, correção de nariz e axila. 
 
 
 

domingo, 16 de novembro de 2014

FAMÍLIA ACUSA MÉDICA E HOSPITAL POR MORTE DE MULHER

Emerson Meier com a foto da esposa, Amanda Hatzlhffer Meier, e do filho do casal
Foto: Marco Favero
 
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar a morte da psicóloga Amanda Hatzlhffer Meier, 30 anos, ocorrida em julho, em Ponta Grossa. Segundo a família, a mulher foi vítima de erro médico.
Amanda entrou em óbito 62 horas depois de dar à luz. O parto aconteceu no Hospital Evangélico, por meio de cesariana, e ela morreu no Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais. O caso está tramitando no 3º Distrito Policial. De acordo com a família, a psicóloga teve o intestino perfurado durante a cesárea, fato que teria sido constatado por três médicos que a atenderam depois no Hospital Universitário.
O esposo de Amanda, o instrutor Emerson Meier, disse que ela teve uma gestação tranquila e fez as consultas de pré-natal numa unidade de saúde da Vila São José regularmente. Quando o casal descobriu a gravidez morava em São Paulo e decidiu se mudar para Ponta Grossa em fevereiro.
Ao completar 41 semanas de gestação, Amanda procurou o Hospital Evangélico. Ela queria parto normal e foi internada às 8 horas do dia 20 de julho. “Ela recebeu medicamentos para estimular as contrações, pois estava com pouca dilatação”, contou Emerson. Como não teve resultado, Amanda e a médica que estava de plantão, Scilla Correia Lima da Silva, entraram num acordo para fazer a cesariana. Por volta de 18 horas, a gestante foi encaminhada ao centro cirúrgico e passou pelo procedimento. O parto foi acompanhado pela sobrinha dela, Evelyne Mello Teixeira. O bebê, que recebeu o nome de Vitor, nasceu saudável.
De acordo com Emerson, quando Amanda chegou ao quarto, passou a se queixar de dores abdominais. No entanto, segundo ele, os profissionais que passaram pelo quarto diziam apenas que eram dores normais e não repassaram medicação, nem solicitaram exames. “No domingo (21), nenhum médico passou, só enfermeiras. O abdômen dela estava bastante inchado e ela passou a ter tonturas, falta de ar e perda de apetite. Também estava pálida”, relatou Evelyne.
Mesmo nestas condições, disseram os familiares, Amanda teria recebido alta no início da tarde de segunda-feira (22), mas ela teria se recusado a deixar o hospital. “Às 17 horas, um médico passou para vê-la, pediu exames e constatou a presença de pus dentro do abdômen”, contou o advogado contratado pela família, Leandro Ferreira do Amaral.
Então, de acordo com a família, funcionários tentaram transferir a paciente para a Santa Casa de Misericórdia, mas a médica Scilla teria ido ao Hospital Evangélico para fazer uma laparotomia exploratória (abertura do abdômen). “Mesmo sabendo do risco da paciente e das condições precárias do hospital para a realização da cirurgia, a médica optou por realizar o procedimento no Evangélico”, afirmou Leandro, acrescentando que a cirurgia aconteceu na noite de segunda-feira. Durante a operação, segundo a família, Amanda teve uma parada cardiorrespiratória e teve de ser reanimada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Nesse momento, ela teria tido uma costela quebrada.
Com o agravamento da situação, a psicóloga foi transferida para o HU, onde deu entrada no início da madrugada de terça-feira (23).
Ela ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e morreu às 8 horas. “Três médicos que estavam no Hospital Regional a avaliaram e constataram perfuração de jejuno, que é a parte superior do intestino”, disse Leandro. Segundo o advogado, o atestado de óbito aponta que Amanda morreu por infecção generalizada.
 
Obstetra pode ser indiciada por homicídio culposo
 
O advogado Leandro Ferreira do Amaral diz que a médica Scilla Correia Lima da Silva e o Hospital Evangélico deverão ser processados pelo crime de homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Além disso, o advogado ingressou na Justiça com ação para reparação de danos materiais e morais para o esposo de Amanda Hatzlhffer Meier, Emerson Meier, e o filho do casal. Também já registrou queixa junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM), que deverá abrir sindicância para apurar o caso.
“Erros médicos acontecem aos montes e não devem ficar impunes. O problema é que de todas as sindicâncias que eu verifiquei, nenhuma terminou com a cassação do profissional, por isso, as pessoas não procuram seus direitos porque a classe médica é muito unida”, afirma Leandro.
A família escreveu uma carta para ser anexada ao processo. Nela, os parentes dizem que a morte de Amanda destruiu a família. “Qualquer atitude tomada não diminuirá a dor e a perda que a médica [Scilla] e o hospital [Evangélico] ocasionaram. É um filho que ficou órfão de mãe”, diz o texto.
Emerson e Amanda estavam juntos há quase dez anos e esperavam pelo primeiro filho. “Ela tinha dificuldades para engravidar e já havíamos desistido, foi quando veio a notícia. Foi uma festa na família toda”, recorda o marido, emendando que a esposa estava muito ansiosa para conhecer o rostinho de Vitor.
Agora, ele conta com a ajuda das irmãs para cuidar do bebê. “Hoje ele é minha única razão de viver”. (E.S.)
 
 
“Possibilidade nula”, diz Scilla sobre perfuração do intestino
 
A médica Scilla Correia Lima da Silva reconhece que Amanda Hatzlhffer Meier teve o intestino perfurado, mas nega que isso tenha ocorrido durante a cesariana. “No caso dessa paciente, a possibilidade é nula”, afirmou, em entrevista concedida ao DC no Hospital Evangélico. “Eu tiro o útero e suturo por fora. Não tem contato nenhum com o intestino”, disse. Ainda de acordo com ela, a perfuração deve ter ocorrido durante a reanimação da paciente quando teve a parada cardiorrespiratória. “E quando tem perfuração intestinal, em 12 horas o paciente entra em quadro complicado. No domingo, ela já teria começado a vomitar e a ter febre, o que não aconteceu”, explicou.
Scilla lembra que Amanda procurou o hospital na sexta-feira (19) e foi orientada a voltar no sábado (20). A médica sugeriu que o parto fosse de cesariana, mas a paciente insistiu que queria o parto normal. “Como ela não teve a dilatação necessária, fizemos a cesárea, que correu superbem, durou de 15 a 20 minutos”. O plantão de Scilla terminou no domingo de manhã. “Eu cuidei dela as 24 horas de plantão”.
Na segunda-feira, Scilla voltou ao hospital porque faz parte de seu trabalho visitar as mães todas as manhãs, de segunda a sexta-feira, mas ela não estava de plantão. “Eu falei com a Amanda e ela disse que sentia tontura quando se levantava, mas não tinha febre, se alimentou e não tinha sangramento. Escutei o intestino e havia ruídos normais”, disse. Mesmo assim, a médica pediu a realização de um hemograma, exame que, segundo Scilla, não tinham sido feitos no final da gestação. “Não posso dizer se ela tinha uma infecção anterior”.
Nesse período, Amanda recebeu medicamentos para gases porque o intestino fica distendido após a cesariana. Scilla garante ainda que a médica que estava de plantão passou duas vezes, na segunda-feira, para ver a paciente.
À noite, outro médico examinou Amanda e diagnosticou que ela pudesse estar com o intestino parado ou, então, com as alças do órgão dobradas. Foi então que se decidiu fazer a laparotomia, procedimento realizado por Scilla com ajuda de outros médicos. “Abrimos a barriga dela e vimos só líquido solto. Ela não tinha hemorragia”.
Scilla disse que não tinha porque esperar mais para realizar a laparotomia e, por isso, preferiu fazê-la no Hospital Evangélico. Ela garante que a sala cirúrgica tinha condições para realização desse procedimento.
Sobre a causa da propagação do pus no abdômen de Amanda, Scilla argumenta que isso pode ter acontecido por causa de intestino preguiçoso. “E ficar muito tempo deitada após a cirurgia pode gerar esse problema”. Além disso, comentou ainda que 30% das mulheres submetidas à cesariana podem ter infecção, uma das hipóteses para a complicação do estado de saúde da psicóloga.
A médica assegura que tentou salvar a vida de Amanda. “O maior julgamento é a nossa consciência e Deus. Eu estou tranquila porque fiz o meu melhor”.
O diretor clínico do Hospital Evangélico, Gilmar Nascimento, preferiu não se pronunciar sobre o caso. Ele apenas salientou que ainda não recebeu nenhum documento oficial acerca da investigação. (E.S.)
 
Publicado no Diário dos Campos em 29/09/2013 às 00:00 - Atualizado em 28/09/2013 às 12:40
 

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Flávio Dino cria ONG para previnir erros médicos e cobra punição




Depois de um ano cobrando punição para evolvidos na morte de seu filho Marcelo, o presidente da Embratur, Flávio Dino, decidiu criar uma organização não governamental para debater e prevenir erro médico.
"Se eu, advogado de formação, com todas as condições possíveis, tenho dificuldade de ver a Justiça feita, imagine pessoas em situações menos privilegiadas, sem tempo ou recursos para buscar seus direitos", afirma.
A entidade, batizada de Centro Brasileiro sobre Crimes para Saúde, deverá iniciar sua atuação neste mês. Com sede em Brasília, a ONG deverá manter um site com orientações para vítimas de erro médico.
Além desse serviço, a entidade deverá promover debate sobre as causas estruturais que levam às falhas e monitorar a aplicação de recursos públicos na área de saúde. "Temos organizações ambientais, de defesa do consumidor. Mas nada para defender o paciente dos abusos que são cometidos", afirma.
Marcelo, na ocasião com 13 anos, morreu em fevereiro do ano passado, menos de 24 horas depois de ser internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de um hospital de Brasília, com uma crise de asma.
Dino conta que pouco antes de receber alta, o jovem recebeu uma medicação e passou mal. A médica de plantão não estava na sala, pois ajudava um colega a fazer um parto.
Ele sustenta que o medicamento foi aplicado de maneira inadequada, o socorro demorou e a médica estava nitidamente atordoada, porque vinha de uma jornada de trabalho de 23 horas.
"Disseram que meu filho não tinha resistido. Não resistiu a quê? Claro, a uma sucessão de erros", afirma.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

FELIZ ANIVERSÁRIO!


Hoje, 31 de outubro, completa um ano de existência da ASVEM-PE. A idéia de sua criação surgiu da necessidade em orientar as pessoas a proceder corretamente para prevenir e evitar o Erro Médico e, se já vitimadas, auxiliar na busca por justiça.

A ASVEM-PE é uma associação filantrópica, apartidária, onde toda prestação de serviços é realizada através de voluntários. Por isso contamos com a solidariedade dos associados que, ao preencherem a ficha de inscrição, ofereçam seus serviços de forma gratuita para os que buscarem ajuda junto à entidade.

A Associação, ainda, não dispõe de atendimento presencial por não ter espaço físico para esse fim, porém dispomos de telefones, e-mail e blog para receber denúncias e prestar informações àqueles que solicitarem e, em breve, esperamos contar com um local para o atendimento presencial.

O nosso objetivo não é denegrir a imagem do profissional em saúde, muito pelo contrário, sabemos o quanto essa profissão é nobre, pois entregamos em suas mãos o nosso bem mais precioso – a vida.

 A nossa luta não é apenas por punição dos profissionais em saúde pelos erros cometidos e sim para evitar que maus profissionais venham a desonrar uma profissão tão bela, exercida com decência e dedicação pela maioria. Para nós, a punição pelo erro em si não se acha na competência dos Conselhos, nem no pagamento de grandes indenizações, mas na própria intenção do acerto e pela sua prevenção, por ser esta a nossa maior aliada.

Atualmente estamos pleiteando a criação de uma Vara Especializada em julgar casos relacionados à saúde, para tanto, foi criada uma petição, que está disponível no nosso Blog, para que todos possam assinar e ajudar a sensibilizar o Presidente do TJ-PE a seguir a recomendação aprovada por unanimidade pelo Conselho Nacional de Justiça – CNJ, em 06 de agosto de 2013. A criação dessa Vara se faz necessária por acreditarmos que um juízo dedicado exclusivamente a entender e apreciar as particularidades de casos concretos na área de saúde, poderá tornar as decisões judiciais mais rápidas e seguras.

A CADA DENÚNCIA FORTALECEREMOS A LUTA PELA PUNIÇÃO DOS CULPADOS!

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Audiência do caso Fernanda Nóbrega é adiada para janeiro por não haver juiz para analisar o caso

http://radiojcnews.ne10.uol.com.br/2014/10/24/audiencia-do-caso-fernanda-nobrega-e-adiada-para-janeiro-por-nao-haver-juiz-para-analisar-o-caso/
Fernanda Nóbrega morreu depois de fazer uma cirurgia de gastroplastiaFoto: Reprodução / Facebook

A primeira audiência sobre a morte da empresária Fernanda Patrícia Nóbrega, 26 anos, que deveria acontecer, nesta sexta-feira (24), foi adiada para o dia 9 de janeiro de 2015, às 15h. O médico Gustavo Menelau é indiciado por homicídio culposo, aquele que não há intenção de matar.
O adiamento aconteceu porque o juiz titular do caso, Francisco de Assis Galindo, está de férias e o substituto está à disposição da justiça eleitoral. O advogado que representa a família de Fernando Nóbrega lamentou a realidade do judiciário brasileiro: Fernanda Patrícia Nóbrega morreu de tromboembolia pulmonar, em novembro de 2013. Ela se queixava de dores, mas os médicos diziam que era apenas emocional. O médico Gustavo Menelau também responde processo no Cremepe.
 
 
Fonte: radiojcnews.ne10.uol.com.br

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

CASO FERNANDA NÓBREGA


Amanhã, 24/10, às 15h, na Sétima Vara Criminal, no Fórum Joana Bezerra, será realizada a primeira audiência para o caso da empresária Fernanda Nóbrega que faleceu após ser submetida a uma cirurgia de redução de estômago ( gastroplastia). A ASVEM-PE se fará presente em solidariedade aos familiares de Fernanda buscando um único objetivo: JUSTIÇA!

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

CLÍNICA MÉDICA É CONDENADA A PAGAR R$ 80 MIL DE INDENIZAÇÃO A PACIENTE

Mulher sofreu deformações no braço após aplicação de medicamentos

Publicado em 08/10/2014
             

 


A clínica médica Imax Diagnósticos, localizada em Caruaru, Agreste pernambucano, foi condenada ao pagamento de R$ 80 mil a títulos de danos morais a uma paciente que teve o braço direito transfigurado após injeção de medicamento. A sentença foi divulgada pelo juiz José Tadeu, da 2ª Vara Cível de Caruaru, Agreste do Estado.
 
A indenizada precisava de medicação intravenosa para a realização de um exame de tomografia de abdômen. Após a aplicação do medicamento, surgiu um inchaço no braço da mulher. Segundo a paciente, a enfermeira disse que havia ocorrido o rompimento das veias, o que causou o extravasamento da substância. Mesmo com o ocorrido, a paciente foi mandada para casa.
Em sua residência, a mulher sentiu tonturas e ficou com o braço sem movimento. Após voltar à clínica, a paciente foi encaminhada para a Casa de Saúde Santa Efigênia, onde ficou constatada a presença de edemas no local da injeção. Após avaliar a situação, foi necessária a remoção de músculos do braço da paciente.
 
A clínica alegou que a complicação aconteceu devido ao tecido da paciente. O juiz José Tadeu afirmou que há elementos que comprovam defeito na prestação do serviço da clínica. O magistrado também lembrou que a reação foi causada pelo vazamento do líquido, e não pelo organismo da paciente. "Ressalte-se ainda que a autora, mesmo com a confirmação do extravasamento do líquido do contraste, foi mandada para casa sem nenhum atendimento emergencial, tendo em vista os sintomas descritos, que, a meu ver, eram graves", disse. A empresa pode recorrer da decisão.
 
Fonte: JC Online

terça-feira, 30 de setembro de 2014

IX ENCONTRO PERNAMBUCANO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E IV ENCONTRO DE USUÁRIOS DAS FARMÁCIAS DE PERNAMBUCO

http://www.epaf.farmaceuticospe.org.br/#services

O sucesso do VIII Encontro Pernambucano de Assistência Farmacêutica e III Encontro dos Usuários das Farmácias de Pernambuco realizados em 2013, que contou com mais de 800 participantes, consolidam estes eventos no calendário dos profissionais farmacêuticos, estudantes de farmácia e usuários de medicamentos no SUS, demonstrando a força e importância do seguimento das políticas públicas.
Assim, em continuidade ao processo de qualificação das pessoas que atuam em assistência farmacêutica – substrato primeiro e maior do “bem servir” pretendido pela Superintendência de Assistência Farmacêutica da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco – temos a oportunidade e a honra de realizar o IX Encontro Pernambucano de Assistência Farmacêutica e IV Encontro dos Usuários das Farmácias de Pernambuco nos dias 11 e 12 de novembro de 2014 no Centro de Convenções de Pernambuco em Olinda.
Paralelamente acontecerá no mesmo Centro de Convenções, o 3º Fórum Nacional dos Gestores e Técnicos que Atuam no Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, 3ª Mostra de Trabalhos Científicos, 3ª Feira de Produtos e Serviços Farmacêuticos e das Organizações Não Governamentais Representantes dos Usuários de Medicamentos no SUS em Pernambuco, 2º Seminário de Plantas Medicinais e Fitoterapia,  2º Seminário de Farmácia Hospitalar e VI Assistência Farmacêutica em Foco.

A experiência acumulada de outros eventos de mesmo caráter e igual abrangência no Recife, Olinda, Caruaru e Triunfo, animam-nos o acerto da política publica de Assistência Farmacêutica que, juntos, ajudamos a construir. Para este ano, estamos esperando cerca de mil pessoas advindas de vários estados brasileiros.
 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Negligência médica será julgada em outubro

Médico Gustavo Menelau será julgado por homicídio culposo por morte de paciente

24/09/2014 - Da Folha de Pernambuco

A primeira audiência para o caso da empresária Fernanda Patrícia Nóbrega, de 26 anos, que faleceu quatro dias após apresentar complicações no pós-operatório de uma gastroplastia (cirurgia de redução de estômago), está marcada para o dia 24 de outubro. Em dezembro do no passado, a delegada Maria Helena Couto Fazio apresentou o resultado do inquérito policial, que indiciava o médico Gustavo Menelau por homicídio culposo - quando não há intenção de matar -, por negligência. Após a denúncia da família, o Conselho Regional de Medicina (Cremepe) também abriu uma sindicância para apurar os fatos, contudo, nenhuma informação pode ser divulgada sobre o resultado por conta do sigilo das informações.
O advogado da família, Erik Gondim, revelou que o órgão concluiu pela existência de indícios de práticas que afrontam o código de ética da categoria, instaurando, assim, um Processo Ético Profissional (PEP), que ainda não é um resultado definitivo. O primeiro encontro será para uma audiência de instrução nominal, onde deverão ser realizadas as ouvidas às testemunhas de acusação, defesa e o próprio acusado.
Fernanda foi submetida ao processo cirúrgico no dia 29 de outubro do ano passado. A família argumenta que a mulher não apresentava o quadro de obesidade mórbida, tampouco qualquer comorbidade relacionada ao excesso de peso. Depois de receber alta hospitalar, a jovem retornou ao hospital em menos de 24h, não tendo recebido tratamento e acompanhamento do médico cirurgião. 

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Novas vítimas acusam Roger Abdelmassih de abuso sexual

Bom Dia Brasil - 22/08/2014

Depois da prisão de Roger Abdelmassih, novas vítimas apareceram e acusam o ex-médico de abuso sexual. Segundo o levantamento do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, menos de 1% das denúncias contra médicos terminam em cassação do registro.

VEJA A MATÉRIA COMPLETA!

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Morte de jovem com apendicite é investigada no Rio

 Bom Dia Brasil - 21/08/2014

No Rio de Janeiro, o Conselho Regional de Medicina abriu uma sindicância para apurar as causas da morte de uma jovem, de 23 anos. Ela foi internada num hospital particular com apendicite. A família diz que houve demora para fazer a cirurgia.

VEJA A REPORTAGEM!


quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A medicina que não cura


Em Foco 1308
A engenheira (elétrica e agrônoma) Urbânia Carvalho teve o intestino perfurado em uma cirurgia e faleceu aos 47 anos, em outubro de 2012. A família resolveu transformar a dor em bandeira de luta e enxergou nas redes sociais a primeira trincheira contra novos erros médicos. Texto do Em Foco desta quarta-feira, por Luce Pereira.
O erro que custa vidas
Há 28 mil médicos transformados em réus, no país, de acordo com levantamento feito por um advogado, entre 2000 e 2012
Luce Pereira
A mídia, aqui e acolá, traz à tona um caso de erro médico, o que poderia sugerir que eles acontecem pouco no Brasil. Mas, não se engane. Apesar de estes números serem escondidos pelo silêncio dos conselhos de medicina nos vários níveis e de processos correrem em segredo de Justiça, já existem 28 mil médicos transformados em réus, no país, segundo levantamento feito no período de 2000 a 2012 pelo advogado Raul Canal, especialista no assunto. Isto, é claro, porque não resta mais nada às famílias que perderam um ente querido por negligência, imperícia ou imprudência desses profissionais senão buscar o consolo de vê-los minimamente punidos, o que significa apenas desembolso financeiro com fins de indenização.
Mas o que representa dinheiro diante da certeza de que uma vida poderia ser poupada, se o profissional se comportasse segundo o juramento feito na conclusão do curso? De fato, apenas um consolo, quando parentes e a sociedade o que esperam mesmo é uma lição com o rigor da lei, única forma de conseguir dos trabalhadores da área de saúde, de um modo geral, a devida atenção, comprometimento e respeito com aqueles entregues aos seus cuidados. Isto sem entrar no mérito das condições para o exercício da profissão, especialmente a sempre alegada jornada de trabalho, porque não está dito em nenhum momento da carreira de cada um que o bom cumprimento dela ficará atrelado a esta ou aquela circunstância.
E porque este entendimento é geral, os poucos casos de erro médico trazidos pela imprensa (eles cresceram de 4% para 7%, nos últimos anos) costumam repercutir com a força de escândalo entre os habitantes. Provocam indignação geral, como foi o caso da idosa atendida em um posto de saúde do Rio de Janeiro, em 2012, que recebeu na veia, em lugar de soro, café com leite. E como não protestar diante de relatos de instrumentos ou material cirúrgico esquecidos no corpo de pacientes, enquanto outras pessoas perdem a vida em cirurgias simples, porque tiveram parte importante do organismo perfurada? Caso da engenheira (elétrica e agrônoma) Urbânia Carvalho.
Era outubro de 2012 e a família estava longe de imaginar que uma simples cirurgia de mioma transformaria aquele ano num dos mais tristes de suas vidas. Urbânia, que deveria ter retomado normal e imediatamente a vida, sofreu perfuração no intestino e veio a falecer, aos 47 anos. A diferença entre este e centenas de outros casos que ocorrem no país é que a família resolveu transformar a dor em bandeira de luta e enxergou nas redes sociais a primeira trincheira.
Lançou uma campanha em busca de assinaturas para conseguir, junto ao TJPE, a criação de Vara especializada em ações judiciais contra erros desta natureza. Além disso, ontem, inaugurou a Associação das Vítimas de Erro Médico do Estado de Pernambuco (Asvem-PE), com o lançamento de uma cartilha para orientar à população sobre como fugir desta ameaça, diminuindo as chances de enfrentá-la. E para não deixar dúvidas sobre o tamanho do sofrimento vivido pelos que sentem a mesma dor, estreou com um blog (www.asvem-pe.blogspot.com. br) onde lista ocorrências semelhantes. Ao menos um aspecto é comum a todas elas – a humilhação da impunidade, porque as condenações, quando acontecem, doem apenas no bolso – não mandam os réus para a cadeia.
E novamente a pergunta: o que significa dinheiro diante da certeza de que uma vida poderia ser poupada, se houvesse o devido cuidado de profissionais da área de saúde com ela? Cem pessoas que já aderiram à Associação, além de ter a resposta, agora também têm uma trincheira. E a luta, além de urgente, é legítima.


por Paulo Goethe

Associação lança cartilha que trata de erro médico

Publicação com 500 exemplares traz orientações para pacientes e parentes de vítimas de imprudência e imperícia

Publicação: 13/08/2014 18:07 Atualização:

Aos 47 anos, a engenheira elétrica e agrônoma Urbânia Carvalho tinha saúde invejável. A cirurgia para a retirada de um mioma, em outubro do ano passado, não preocupava os familiares. Quando deveria receber alta, porém, a paciente, mãe de dois filhos, precisou voltar para o centro cirúrgico. Durante o primeiro procedimento, ela teve o intestino perfurado. O quadro clínico se agravou e, após 60 dias, a engenheira morreu em um hospital do Recife. A morte de Urbânia motivou a criação da primeira Associação das Vítimas de Erro Médico do Estado de Pernambuco (Asvem-PE).

Ontem, para marcar o surgimento da entidade, os associados lançaram uma cartilha com orientações sobre erros médicos. Inicialmente, foram impressos 500 exemplares. O lançamento da cartilha Erro médico, não deixe passar em branco, denuncie  aconteceu na Câmara Municipal de Olinda.

As entidades médicas de Pernambuco, como o Conselho Regional de Medicina (Cremepe), não informam quantos médicos respondem por imprudência, imperícia ou negligência no estado. No Brasil, o número de profissionais que respondem da Justiça por erro cresceu nos últimos anos. Subiu de 4 para 7%, ou seja, 28 mil médicos, o total de processados no país entre 2000 e 2012, de acordo com um levantamento feito pelo advogado Raul Canal, especialista em direito médico.

Para a pedagoga Urbaneide Beltrão, 55, irmã de Urbânia, além da dor por perder um parente, os familiares de vítimas de erro médico enfrentam muita burocracia. “Além de promover um trabalho educativo que vamos realizar com panfletagem e caminhadas, a associação orienta as vítimas de erro médico com relação aos seus direitos”, pontuou.

Cerca de 100 pessoas, da Região Metropolitana do Recife, já estão associadas. As histórias dos pacientes são contadas no blog (www.asvem-pe.blogspot.com.br) da Asvem-PE, onde há um link para uma petição criada pela entidade. “Lutamos pela criação de uma vara judicial especializada em ações relacionadas à saúde”, explicou Urbaneide.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Associação lança cartilha que orienta como denunciar casos de erros médicos e buscar reparação na Justiça

O número de médicos que respondem na Justiça por erro em procedimentos no trabalho cresceu nos últimos anos no Brasil. Entre 2000 e 2012, subiu de 4 para 7% do total de profissionais no País, o que representa quase 28 mil pessoas.
Esses dados são de levantamento feito pelo especialista em Direito Médico, Raul Canal. No Recife, em outubro do ano passado, a engenheira elétrica da Chesf, Urbânia Carvalho, de 47 anos, foi mais uma vítima de erro médico, quando passou por cirurgia para retirada de mioma, e teve o intestino perfurado.
O quadro clínico se agravou após internamento que durou mais de 60 dias em um hospital da capital pernambucana. A morte de Urbânia motivou o surgimento da Associação das Vítimas do Erro Médico (Asvem-PE), criada pela família dela em dezembro de 2013.
Nesta terça-feira (12), às 19h, ocorre um ato na Câmara Municipal de Olinda para alertar casos deste tipo. Irmã de Urbânia e diretora da Asvem, Urbanira Carvalho, relembra o caso e explica a criação do grupo, na reportagem de Houldine Nascimento:

Da Rádio Jornal

Também há uma petição na internet que luta por uma vara específica no Tribunal de Justiça de Pernambuco para julgar causas envolvendo falha médica.



Associação lança cartilha sobre como denunciar erros médicos

Lançamento acontece nesta terça-feira, no bairro de Varadouro, em Olinda

12/08/2014 13:24 - Camilla Lima, da Folha de Pernambuco

Será lançada, nesta terça-feira (12), no bairro do Varadouro, em Olinda, a cartilha "Erro Médico, não deixem passar em branco, denuncie!", promovida pela Associação das Vítimas de Erro Médico (ASVEM/PE). Formada pelos familiares de Urbânia Carvalho, falecida em outubro do ano passado, vítima de complicações pós-cirúrgicas, a associação tem fins filantrópicos no auxílio às vítimas e familiares que sofreram com procedimentos errôneos na área de saúde.
Na ocasião, será apresentado um resumo do caso de Urbânia, além de considerações de alguns especialistas convidados. Também haverá a distribuição gratuita da cartilha. A ASVEM/PE não possui sede fixa, e atende através de e-mail e telefone, além de possuir um blog informativo. A associação, quando recebe os casos, faz uma triagem e encaminha-os aos com órgãos competentes. A entidade necessita de voluntários interessados em fazer parte da associação, já que não possuem nenhum tipo de verba.

Fonte: Folha-PE.

Familiares criam Associação das Vítimas de Erro Médico


Publicação: 12/08/2014
 

Será criada nesta terça-feira, na Câmara Municipal de Olinda, a  Associação das Vítimas de Erro Médico (ASVEM/PE), idealizada para sensibilizar e conduzir a população a prevenir erros médicos e proceder em busca de justiça. A organização está sendo fundada por três irmãs da engenheira elétrica e agrônoma, funcionária da Chesf, Urbânia de   Barros Carvalho Melo. Urbânia, de 47 anos, mãe de dois filhos,  morreu no dia 12 de outubro de 2013, depois de ter o intestino perfurado durante cirurgia para rerirada de um mioma e quadro clínico agravado após internamento de mais de 60 dias em hospital do Recife.

A solenidade está marcada para as 19h.Na ocasião, serão apresentados vídeos de associações de outros estados e especialistas convidados falarão sobre o assunto. Haverá ainda a distribuição gratuita de uma cartilha, fichas para adesão de novos sócios e um abaixo-assinado, pleiteando a criação de vara da Fazenda específica no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJ-PE), para julgar causas relativas à saúde. A adesão também pode ser feita pela internet
 
 

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Negligência na hora do parto destrói os sonhos de várias famílias

JC publica, deste domingo (10) até terça-feira (12) a série de reportagens Tarde demais, sobre mulheres que tiveram o sonho da maternidade interrompido por causa da demora no atendimento em maternidades públicas
                    

Publicado em 10/08/2014

 
Vanda perdeu o filho, João Guilherme, por conta da demora no atendimento / Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem

Vanda perdeu o filho, João Guilherme, por conta da demora no atendimento - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem

"Pedia a Deus para que não fosse verdade o que estava acontecendo.” O clamor, em tom desesperado, veio de Vanda Menezes, 34 anos, num momento que ela define como o pior da sua vida: a morte do filho. João Guilherme nasceu no dia 23 de janeiro deste ano, por volta das 17h. Passou apenas 15 minutos com vida. Não deu tempo, sequer, da mãe escutar o seu choro. Vários médicos tentaram reanimá-lo. Em vão. Era tarde demais. O que Vanda e Guilherme queriam mesmo era que, horas antes, quando havia chegado o momento dele vir ao mundo, esses mesmos médicos, ou pelo menos algum deles, tivessem ouvido os apelos da gestante e percebessem que os dois precisavam ser atendidos com urgência.

Vanda chegou ao Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no bairro dos Coelhos, área central do Recife, às 2h30, já com a bolsa rompida. Imediatamente apresentou o seu cartão pré-natal na recepção. “Fui orientada assim durante todas as consultas. Profissionais do Imip que me atendiam diziam que eu teria prioridade para internamento porque fiz meu pré-natal lá”, disse. Além desse detalhe, estava escrito no cartão e também carimbado: a gravidez era de alto risco e a paciente tinha miomatose (tumores benignos no útero que podem provocar parto prematuro ou dificuldades no parto). “Mas nada disso foi levado em consideração. Esperei até as 4h para que um enfermeiro viesse aferir minha pressão. Falei que sentia uma forte dor na bexiga e estava sangrando, mas ele simplesmente saiu”, afirmou. Somente às 11h20 a paciente foi examinada por um médico, que decidiu que ainda não era a hora de Vanda entrar na sala de cirurgia.
 
Por volta do meio-dia, veio a notícia de que ela seria transferida para outro hospital. Ali não havia vagas. “Isso só não aconteceu porque não tinha ambulância no hospital. A partir daí, não consegui mais ficar esperando. Entrei e disse: “Ou conseguem a ambulância, ou eu vou embora”. Só assim me colocaram numa enfermaria. Já passava das 14h. João Guilherme nasceu com dificuldades de respirar. “Vi que saía um líquido pela boca e pelo nariz dele. Acho que engoliu líquido amniótico. Em seguida, vários médicos e enfermeiros rodearam a maca onde o bebê estava, ao meu lado, tentando reanimá-lo. Poucos minutos depois, tive que ouvir o que menos queria: meu filho estava morto”, detalha.
 
No atestado de óbito, as causas da morte: anoxia intrauterina (falta de oxigenação no cérebro, que pode ser causada, entre outras coisas, por hemorragia na gestante ou ritmo fetal irregular) e pneumopatia (doença que afeta os pulmões). Receber alta e chegar em casa foi ainda mais difícil. “Passei duas semanas sem conseguir abrir a porta do quarto do bebê e vivia à base de Rivotril”, relata.
 
Em nota, o Imip respondeu que o diagnóstico de miomatose uterina não está necessariamente relacionado à gestação de alto risco, nem à indicação de parto cesário. “As causas de morbidade neonatal são inúmeras e podem acontecer mesmo diante das melhores assistências ao trabalho de parto. No caso em questão, asseguramos que foram realizados todos os procedimentos preconizados conforme os protocolos de obstetrícia em vigor. Exames realizados na criança comprovaram grave doença congênita como responsável pelo óbito fetal."
 
SEM MULHER E SEM FILHO DE UMA SÓ VEZ - Luiz e Carina se conheceram quando eram crianças. Cresceram juntos em São Lourenço da Mata, Grande Recife. Na adolescência namoraram, separaram. Voltaram, já adultos. Decidiram morar juntos, formar uma família. Em 2013, Carina engravidou. E a partir daí, o pai do bebê, ajudante de pedreiro, não mediu esforços para garantir o bem-estar do seu primeiro filho. Descobriram que seria um menino. Ia se chamar Luiz Henrique. O pai juntou toda a economia para comprar o melhor enxoval e decidiu deixar de beber para que o menino não conhecesse o Luiz que várias vezes provocou mal-estar em casa por ter chegado alcoolizado. O pré-natal de Carina foi tranquilo. Por isso Luiz jamais imaginou que, ao atender o celular, na manhã de 18 de outubro de 2013, enquanto trabalhava, fosse escutar aquela notícia: seu bebê estava morto. Poucos minutos depois, outra ligação fez Luiz sentir o peso do mundo em suas costas: Carina também estava morta. E ali morriam os sonhos da família. O quarto do filho seria desfeito, o enxoval, doado. A casa com quatro cômodos se tornaria grande demais para ele. Assim, de supetão. Sem que tivesse a oportunidade de se despedir.
 
“Na última vez em que ela foi ao hospital, de madrugada, nem acompanhei porque tinha que acordar cedo para ir trabalhar no outro dia. E nunca imaginei que eles iam morrer, pois no pré-natal, as consultas, os exames davam tudo certo. Eu não conseguia acreditar”, contou o jovem João Luiz Benício da Silva, 24 anos. Carina de Lima e Silva, 23, saiu de casa no dia 14 de outubro de 2013, um domingo à noite, para a maternidade mais próxima de sua casa, a do Hospital Petronila Campos. Sentia dores e cansaço. A sogra, Geilsa Benício, que a acompanhou, disse que colocaram a paciente no soro. “Antes do soro terminar, mandaram Carina de volta para casa”, afirmou. No dia seguinte, às 6h, mais dores e cansaço. No mesmo hospital deram uma injeção em Carina e mandaram voltar para casa mais uma vez. Foi medicada, mas as dores não cessaram. Ficaram mais intensas. A gestante foi ao Petronila novamente. Dessa vez, deram um remédio sublingual. E mandaram voltar para casa. Dia 16 de junho, mais dores. E mais uma ida ao mesmo hospital. Aplicaram soro com remédio emandaram voltar para casa. "De madrugada (dia 17) ela começou a tremer na cama, gemia de dor. Deu entrada novamente e dessa vez receitaram Buscopan e uma pomada vaginal por sete dias. Ela passou mal de novo. Fomos para a Maternidade de Camaragibe”, relatou a sogra. O médico que atendeu a paciente percebeu que ela corria riscos e encaminhou ao Hospital Barão de Lucena, na Zona Oeste do Recife.
 
Na madrugada do dia 18 foi realizada uma cesárea e Luiz Henrique nasceu. Segundo a família, passou algumas horas vivo. Morreu às 7h25. Carina ainda foi levada para a UTI. De acordo com nota divulgada pelo Barão de Lucena na época, a mulher estava na 35ª semana de gravidez. O menino já nasceu morto, por falta de oxigenação. A mãe sofreu a primeira parada cardiorrespiratória ainda durante a cirurgia. Foi reanimada e encaminhada para a UTI, onde sofreu uma segunda parada e não respondeu às manobras de reanimação. Morreu às 7h40.
O Hospital Petronila Campos afirmou, por meio de nota, que a paciente chegou se queixando de dores no baixo ventre e recebeu atendimento adequado. “Como a gestação era de 35 semanas, ainda não se tratava de caso cirúrgico. O Serviço de Verificação de Óbito (SVO) apontou como causa da morte tromboembolia pulmonar, caso considerado como morte inevitável, uma vez que a paciente não apresentou sintoma”, diz a nota. O Comitê Estadual de Mortalidade Materna avaliou o caso e chegou à conclusão de que a morte seria provavelmente evitável. “Nos reunimos com representantes dos hospitais envolvidos e com o SVO. Concluímos que algumas providências poderiam ter sido tomadas para evitar a morte, pois a paciente procurou cinco vezes os hospitais de São Lourenço e Camaragibe até ser encaminhada para o Barão de Lucena”, declarou a médica Sandra Valongueiro, coordenadora do Comitê.
 

sábado, 9 de agosto de 2014

O que os hospitais não contam para você

Infecções, erros grosseiros, amputações desnecessárias – as armadilhas que se escondem sob a face tranquilizadora da medicina moderna; e um guia para defender seu bem mais precioso: a saúde

CRISTIANE SEGATTO
 
Quando atravessamos a recepção elegante de um hospital de boa reputação, somos encorajados a pensar que ele funciona como um território vigiado. Cada funcionário em seu lugar, trabalhando de acordo com padrões, atento ao fato de que deslizes serão notados, anotados e corrigidos. Quem conhece os bastidores das mais respeitadas instituições tem outra visão. “A realidade é mais parecida com o Velho Oeste”, diz o médico americano Martin Makary, um observador privilegiado das entranhas dos mais badalados hospitais dos Estados Unidos. Sem meias palavras, Makary expõe verdades incômodas no livro Unaccountable: what hospitals won’t tell you and how transparency can revolutionize health care (em português, Sem prestar contas: o que os hospitais não contam e como a transparência pode revolucionar a assistência à saúde). É hora de quebrar o silêncio.
 
 Hospitais: o que eles não contam e como se proteger (Foto: ÉPOCA)

 A obra de Makary, comentarista das redes de TV CNN e FoxNews, recém-lançada nos Estados Unidos e ainda sem editora brasileira, não passou despercebida. “A cada colega que me considerou um traidor por escrever esse livro, cinco me agradeceram”, disse Makary a ÉPOCA. “É um sinal de que o tempo da transparência chegou.” Cirurgião especializado em aparelho digestivo, Makary trabalhou em várias das mais respeitadas instituições médicas dos Estados Unidos. Fez pesquisas sobre saúde pública na Universidade Harvard, em Boston, e atualmente atende no Hospital Johns Hopkins, em Baltimore. Ele não está sozinho. Há um movimento crescente, observável também no Brasil, em defesa de uma medicina mais transparente. Essa corrente acredita que qualquer cidadão deveria ter acesso a informações objetivas sobre a qualidade dos hospitais.

Qual é a parcela de pacientes que contrai infecção em determinada instituição? Qual é o índice de complicações cirúrgicas? Qual é a sobrevida dos doentes depois de um transplante ou operação cardíaca? Quantos recebem medicações erradas durante a internação? No Brasil, os melhores hospitais são avaliados periodicamente nesses quesitos e em muitos outros – num total de 1.300 itens. Eles fazem parte de uma elite de 21 instituições (leia a lista abaixo) num universo de 6.500 hospitais do país. Só elas dispõem do selo de qualidade emitido pela Joint Comission International (JCI), uma espécie de norma de controle de qualidade da área da saúde. Esse é o selo mais prestigiado do mundo. Além dessas, 180 instituições têm certificados emitidos por outras entidades.

Nos Estados Unidos e no Brasil, as informações detalhadas sobre cada hospital existem, mas são guardadas a sete chaves. Raras são as instituições que divulgam um ou outro indicador de qualidade. Makary defende a divulgação desses dados. Uma forma simples e objetiva de dar poder aos consumidores do bem mais precioso do mundo: a saúde. Se podemos escolher um hotel ou um restaurante a partir de critérios técnicos, por que não temos o direito de fazer o mesmo por nossa vida?

Esse é um debate que faz cada vez mais sentido no Brasil. Nos últimos dez anos, o número de brasileiros que dispõem de planos de saúde privados cresceu 50%. São hoje 47 milhões. Nas grandes cidades, as obras de expansão dos hospitais particulares avançam em ritmo acelerado. Mal são inauguradas, as novas alas se mostram insuficientes para atender tanta gente – principalmente nos prontos-socorros. “Há filas de quatro horas e reclamações por todos os lados”, diz Francisco Balestrin, presidente do conselho da Associação Nacional dos Hospitais Privados. “A pressão dessa demanda exacerbada tira a qualidade do atendimento.” O excesso de doentes é um complicador, mas não explica todas as falhas.

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Harvard em dez bons hospitais americanos expôs um fato conhecido no meio médico: 25% dos pacientes internados sofrem algum tipo de dano. Mesmo nos centros americanos de alta tecnologia, pequenas falhas ou erros gravíssimos ocorrem rotineiramente. Esponjas cirúrgicas são esquecidas no corpo dos pacientes, membros errados são operados, crianças recebem excesso de medicação por causa da terrível caligrafia dos médicos.

O excesso de confiança dos profissionais, a falta de comunicação entre os integrantes da equipe e o descuido em relação às normas de segurança (parece incrível, mas muitos médicos não lavam as mãos antes e depois de atender um paciente no quarto ou na UTI) expõem os pacientes a riscos desnecessários. No Brasil, o diagnóstico é semelhante. Os avaliadores de hospitais flagram erros de identificação, falta de pessoal qualificado, desleixo em relação à estrutura física (leia o quadro ao lado). O cenário é hostil, principalmente porque escolhemos hospital da forma mais subjetiva possível. Somos influenciados pelo marketing, pela decoração e pela opção das celebridades. Esta, por sinal, pode ser a pior maneira de eleger um médico. Makary relembra um caso exemplar. Trocando o nome dos envolvidos, poderia ser uma história bem brasileira.

Em 1980, Mohammad Reza Pahlavi, o xá do Irã, era um dos aliados mais importantes dos Estados Unidos. Quando um câncer no sistema linfático (linfoma) o fez adoecer de repente, Washington fez questão de oferecer o que havia de melhor na medicina americana. Michael DeBakey, o mais famoso cirurgião do mundo, chegou rapidamente ao Oriente Médio. Recomendou uma cirurgia imediata de remoção do baço. Nesse tipo de operação, há o risco de perfurar o pâncreas acidentalmente. Para evitar complicações, uma precaução básica é instalar um dreno cirúrgico. Ele evita que o fluido pancreático fique acumulado no corpo do paciente e provoque uma infecção. Confiante em sua habilidade, DeBakey não colocou o dreno. Ao final da cirurgia, declarou que a operação fora um sucesso. Recebeu medalhas e virou um herói no Oriente Médio. Pouco tempo depois, o xá começou a ter febre e vômitos. A infecção, combinada ao agravamento do linfoma, debilitou-o até a morte.

O erro do governo americano, do xá e de sua família foi não ter percebido que DeBakey era um excelente cirurgião cardíaco – não de abdome. Dos 479 artigos científicos que DeBakey assinara, mais de 95% eram sobre cirurgia cardiovascular. Apenas um mencionava o baço, e, ainda assim, ele não era o autor principal. A aura de superstar ofuscou a razão de todos os envolvidos. DeBakey errou duplamente. O excesso de autoconfiança o impediu de fazer o básico. Ou de pedir a ajuda de um especialista. Se até os poderosos erram ao escolher cuidados médicos, como o cidadão comum pode se defender?
 

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Estado terá que pagar R$ 50 mil em indenização por erro médico que levou agricultor à morte.

Hospital da Restauração
 
Após quase cinco anos de um erro médico ter causado a morte de um agricultor no Hospital da Restauração, no Recife, o Estado de Pernambuco foi condenado a pagar R$ 50 mil em indenização por danos morais à esposa da vítima. A decisão da 7ª Vara da Fazenda Pública inclui, ainda, o pagamento de pensão no valor de um salário mínimo, retroativa (da data da morte) até o dia em que o trabalhador completaria 74 anos e seis meses. As partes ainda podem recorrer.

De acordo com a viúva, ele estava em uma motocicleta quando colidiu em outra. Primeiro, foi encaminhado ao Hospital de Quipapá, na Zona da Mata, mas, devido à gravidade das lesões, foi transferido para o Hospital Regional do Agreste, em Caruaru. Ao chegar, foi informado que a instituição não possuía neurologista na emergência e foi transferido para o HR.

No Hospital da Restauração, a vítima foi submetida a uma cirurgia de craniotamia descompressiva com aspiração, evacuação e drenagem, em seguida, fez a reconstituição craniana. Cinco dias após o procedimento, em 20 de setembro de 2009, o agricultor recebeu alta hospitalar. Ele entrou em colapso e morreu oito horas depois da liberação.

A perícia médica apontou traumatismo cranioencefálico hemorrágico aberto como causa da morte e sinais de irregularidades, abusos, desrespeito, negligência, imprudência e imperícia. Ainda no laudo, foi indicado que o traumatismo teria sido causado durante a cirurgia, altamente delicada, e que a liberação do paciente foi precipitada e irresponsável.

Pensão
O tempo determinado para a pensão, estipulado pelo juiz José Viana, responsável pelo processo, foi baseado em dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pesquisas realizadas por órgãos de previdência social do país, que definem a idade média para fins beneficiários dos brasileiros como 74,6 anos. O Estado ainda foi condenado a pagar R$ 2 mil em honorários advocatícios.


Fonte: Diário de Pernambuco

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Mais dois morreram depois de cirurgia com médico cassado

Após operação com Fernando Lamy, seis outros tiveram sequelas que vão de paraplegia a falta de ereção

Francisco Edson Alves 
30/07/2014
                                                     
Rio -  O DIA descobriu pelo menos mais dois casos de mortes após cirurgias feitas pelo médico Fernando Cesar Lamy Monteiro da Silva: Tatiana Langer, 29 anos, e Ana Márcia de Freitas Pimentel, 49. Com isso, subiu para sete o número de óbitos atribuídos por parentes ao ortopedista cassado pelo Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) e que continuou a exercer ilegalmente a profissão.
  
A polícia ainda está apurando se uma mulher que morreu durante a internação, no pós-operatório, citada em depoimento pelo anestesista Alexandre Baroni , é uma das identificadas ou se trata da oitava vítima. No depoimento ao Cremerj, Baroni não identificou a pessoa morta, nem disse a data da cirurgia.
Cinco casos de pacientes que ficaram com sequelas físicas depois de ser operados por Lamy também estão no inquérito da 26ª DP (Todos os Santos). A primeira delas é Mariza Terra Nunes Ribeiro Pinho. Ela passou por cirurgia de hérnia de disco em 2007 e ficou com paralisação da perna esquerda devido à queima do nervo ciático, com laser.
Steffano Bulhões saiu da mesa de cirurgia do Hospital Espanhol, em 2007, com rompimento dos nervos fibulares com total imobilidade do pé, após operação que deveria ter reparado ruptura dos ligamentos do joelho. Suely da Silva Gomes também acusa o médico. Submetida a um procedimento por sofrer de artrose de coluna em abril de 2012, no Hospital do Amparo, ficou inválida e passou a fazer uso de fraldas.
O advogado Romário Gonçalves Coelho Neto saiu do centro cirúrgico sem os movimentos de parte do corpo. Alessandro Fabiano de Araújo ficou paraplégico depois de Lamy operá-lo da coluna. A instrumentadora Maraisa dos Santos disse ao Cremerj que um paciente, após sair do centro cirúrgico, ficou com problemas de ereção e sem andar — elevando para seis os pacientes com lesões após cirurgias com Lamy.

Entre o material apreendido pela polícia no consultório de Lamy tem o carimbo de um outro médico. O advogado João Carlos Ferreira, que defende o médico, disse ontem que o ortopedista está em casa, deprimido e que buscará tratamento psicológico. Disse ainda que terá acesso aos autos na delegacia.

Morte antes da segunda cirurgia e na mesa de operação
A jornalista Fernanda Pimentel, de 31 anos, perdeu a mãe, a bancária Ana Márcia de Freitas Pimentel, 49 anos, em 13 de junho de 2008. De acordo com ela, Ana Márcia foi operada por Fernando Lamy no fim de abril do mesmo ano, no Hospital Quinta D’Or. O médico operou duas partes da coluna dela no mesmo dia — cervical e lombar. Segundo especialistas ouvidos pelo DIA , as duas operacões não poderiam ser feitas no mesmo dia. O prazo recomendado é de três a quatro meses, em média.
“Um mês depois da cirurgia, minha mãe mal levantava os braços e sentia dores horríveis. Lamy encheu minha mãe de morfina e marcou uma segunda cirurgia, de reparação, para 13 de junho. Mas ela não resistiu e morreu horas antes, de parada cardíaca”, lamenta Fernanda, que decidiu agora registrar o caso na delegacia.

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sexta-feira, 25 de julho de 2014

A NOSSA LUTA É CONSTANTE!

Estamos empenhados em colher assinaturas para uma petição pública com a finalidade de sensibilizar a PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO a criar vara da Fazenda Pública especializada no processamento e julgamento de causas relacionadas à saúde. Isso porque o Judiciário é desprovido de quadro especializado na área médica, gerando, muitas vezes, injustiças para as vítimas, autoras de ações.
 
Segundo recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) - " A especialização de Varas de Saúde Pública poderá garantir decisões mais adequadas e tecnicamente precisas."

Vamos todos nos mobilizar em busca de uma justiça especializada e preparada para esse fim!