quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Médicos explicam por que vale a pena mudar os hábitos em 2016

 
Veja os benefícios de parar de fumar, se estressar menos e perder peso
 
Faltam tempo e disposição, sobram trabalho e compromissos. São muitos mesmo os motivos que impedem as pessoas de ter uma vida mais saudável. Não é fácil, mesmo, trabalhar um pouco menos, controlar as emoções, ter regularidade no exercício, procurar um médico para prevenir e não apenas tratar uma doença... Mas os benefícios são tão grandes, que vale a pena o esforço para fazer diferente em 2016.
 
Nas horas de lazer, o personal trainer Roque Luz gosta de tocar violão e nadar. Para ele, ter uma vida mais saudável não é um projeto apenas para verão ou casamento. "Deve ser para a vida."
E até mesmo quem trabalha com saúde tem dificuldades. Há 10 anos, o personal trainer Roque Luz saiu de Belo Horizonte e veio morar em Vitória. Após a mudança, trabalhava de 5h30 às 23h e tinha apenas uma hora de almoço. “Não conseguia ganhar peso, quase não dormia e fui parar no médico com pressão alta. Meu foco era só o trabalho”, lembra.
 
A rotina mais equilibrada veio com o nascimento da filha do personal. “Eu tinha que cuidar da minha saúde para ter qualidade de vida junto dela. Vale a pena e é possível trabalhar menos. Hoje, respeito meus próprios limites.”
 
Roque passou a tirar férias, folgas nos finais de semana e a dedicar mais tempo a seus hobbies, como tocar violão e nadar.
 
Segundo o personal, é necessário se propor a substituir os hábitos que causam mal (fumo, sedentarismo, estresse, etc.) por outros que façam você uma pessoa melhor, mais feliz e disposta para tudo na vida.
 
O professor recomenda criar um plano: primeiro enumere o que quer mudar, depois escolha o mais importante e comece por ele. Escreva todos os benefícios que terá e crie uma premiação para quando conseguir. Roque indica começar devagar e não criar metas muito difíceis.
 
Tabagismo
 
Como incentivo para deixar de fumar, por exemplo, basta ver a lista de males associados ao tabagismo, feita pelo infectologista da Santa Casa de Misericórdia Lauro Ferreira Pinto: doenças do coração, doença pulmonar crônica e vários tipos de câncer, como o de pulmão, laringe, boca e bexiga. “O fumo é a principal causa associada de morte por câncer. A pessoa pode começar mudando os hábitos associados ao cigarro. Existem adesivos, medicamentos, terapia, mas o principal é a decisão e vontade de parar.”
 
Fumar também provoca alterações nos vasos sanguíneos do cérebro, o que pode aumentar as chances de demências, segundo a geriatra Caroline Pupim, do Hospital Metropolitano.
 
Estresse
 
Tão comum na nossa rotina, o estresse afeta a qualidade de vida, as defesas do organismo e está associado a doenças do coração. “Com a rotina corrida, aumentam as chances de a pessoa apresentar depressão e transtorno de ansiedade. Por isso, praticar um hobby é uma maneira de relaxar”, indica a geriatra.
 
Manter contato com os amigos também ajuda. “Pessoas envolvidas com atividades sociais vivem mais e melhor”, afirma Caroline.
 
"Algumas pessoas desistem de cuidar de si porque cuidam de familiares doentes.
Mas ter um tempo para você é fundamental, até para não adoecer", geriatra Caroline Pupim
Foto: Arquivo Pessoal
Mais leve
 
Uma das promessas mais comuns na virada de ano é perder peso. “Emagrecer de forma gradativa e saudável, sem radicalismos (jejuns prolongados, dietas malucas, restrições exageradas e uso de medicamentos), ameniza sintomas, ajuda no tratamento e previne doenças, como diabetes, hipertensão, arteriosclerose e dislipidemias (aumento de gordura no sangue, principalmente do colesterol e dos triglicerídeos)”, diz a coordenadora do curso de Nutrição do Unesc, Larissa Denicoli.
 
Para conseguir colocar em prática todas essas mudanças, o cardiologista Paulo Bernardes, do Hospital Maternidade São José, orienta ir mudando os hábitos de maneira gradual. “Tudo que é feito de forma brusca e radical, a tendência é não continuar. Repense as suas prioridades para 2016 e seja feliz. Isso é o mais importante.” 
 
Por que vale a pena...
 
Parar de fumar
 
Fumaça
 
Existem várias substâncias nocivas ao nosso organismo na fumaça do cigarro. Essas substâncias causam doenças pulmonares, cardiovasculares e até determinados tipos de câncer. Além disso, o cigarro diminui a capacidade funcional, a pessoa fica mais cansada e com dificuldade de realizar as atividades do dia.
 
Se parar agora
 
Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal. Após 2 horas, não há mais nicotina no seu sangue. Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza. Após 2 dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar degusta a comida melhor. Após 3 semanas, a respiração fica mais fácil e a circulação melhora. Após 5 a 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao de quem nunca fumou.
 
Vício
 
A pessoa que fuma fica dependente da nicotina. Considerada uma droga poderosa, a nicotina atua no sistema nervoso central como a cocaína, com uma diferença: chega ao cérebro em apenas 7 segundos - 2 a 4 segundos mais rápido que a cocaína. É normal que, ao parar de fumar, os primeiros dias sem cigarros sejam os mais difíceis, porém as dificuldades serão menores a cada dia.
 
Riscos
 
As estatísticas revelam que os fumantes, comparados aos não fumantes, apresentam um risco 10 vezes maior de adoecer de câncer de pulmão; cinco vezes maior de sofrer infarto; cinco vezes maior de sofrer de bronquite crônica e enfisema pulmonar e duas vezes maior de sofrer derrame cerebral.
 
Ir ao médico
 
Exames
 
É importante visitar um médico regularmente (uma vez ao ano), porque ele é capaz individualizar os cuidados que cada pessoa vai precisar. Medicina não é uma receita de bolo. O médico também é responsável pelo diagnóstico das doenças e por indicar o tratamento, as medicações e os exames específicos que serão necessários. Esses exames vão identificar as doenças na forma mais precoce, o que é fundamental para o paciente e aumenta as chances de cura.
 
Estressar menos
 
Maior defesa
 
Melhora o sistema imunológico e diminui a chance de ter doenças cardiovasculares. Vale lembrar que a cabeça comanda o corpo. Ao se estressar menos, a pessoa diminuiu os riscos de ter doenças psicológicas, como depressão e transtornos de ansiedade. A produtividade do trabalho também aumenta. É bom para a própria pessoa e para quem convive com ela.
 
Fazer exercícios
 
Tempo
 
A prática de exercícios, de intensidade moderada, durante meia hora por dia é suficiente para que a pessoa deixe de ser sedentária. Os 30 minutos podem ser contínuos ou divididos em três períodos de 10 minutos cada. O mais importante é praticar alguma atividade que se adapte ao seu estilo de vida e que seja agradável. Caso contrário, são muitas as chances de parar.
 
Comece já!
 
Pequenas modificações, como subir escadas, saltar do ônibus um ponto antes, passear com cachorro, varrer, cuidar do jardim e lavar o carro podem ajudá-lo a movimentar mais e servir como um estímulo para o início de uma atividade física.
 
Vantagens
 
As atividades físicas melhoram a sensação de bem-estar, diminuem a ansiedade e a probabilidade de depressão, por liberarem a serotonina (hormônio conhecido como molécula da felicidade). Outros benefícios: diminuição do apetite, melhora do humor, perda de gordura, enrijecimento dos músculos, melhora da imunidade e retardo do envelhecimento.
 
Se divertir
 
Alegria
 
Aumenta a imunidade e diminui a incidência de doenças do sistema nervoso.
 
Emagrecer
 
Saúde
 
O peso ideal evita doenças pulmonares, cardiológicas e até mesmo câncer, que tem ligação com a obesidade. Com o excesso de peso, a pessoa tende a ficar mais triste. Por isso, emagrecer ajuda no bem-estar emocional.
 
Fonte: cardiologista Paulo Bernardes, sites do Inca e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
 

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Mercantilismo na Medicina

imagem internet


A medicina é ciência e arte; é a profissão que mais relação tem com a vida humana em todas as suas esferas: física, moral, emocional e espiritual. Ao profissional médico é permitido, e para isto foi orientado, ensinado, instruído, o ingresso nessas áreas tão íntimas do paciente que o procura; é o profissional a quem é possibilitado tocar no paciente sem afrontá-lo, passando tranquilidade e energia positiva.
 
O médico deve ser promotor de saúde, buscando sempre a excelência em técnica e ética, sem perder a humildade, o desprendimento, a busca constante da empatia com seu cliente, além do aprimoramento científico.  Deve ser um pesquisador da alma do seu paciente. A prevenção, o controle, e se possível a cura das doenças, devem ser os grandes objetivos, os focos de cada ato médico.
 
Num momento em que a medicina é baseada em evidências científicas, o médico não deve se eximir da busca pela essência do seu paciente, que muito vai lhe acrescentar à verdadeira prática médica.
Desde a descoberta pelo homem de que poderia exercer o poder através do ouro, procurou amealhar bens materiais.
 
O poder sobre seus semelhantes, resultado do orgulho e do egoísmo, é praticado pelos homens desde tempos imemoráveis.
 
No início, o poder era exercido pela força, depois pelo ouro, e ultimamente pela inteligência. Homens dotados de inteligência e ambição desenvolvem mecanismos para seu enriquecimento. Através do dinheiro exercem poder sobre outros homens, estendendo seu domínio sobre eles.
 
Essa forma de aristocracia pelo dinheiro se encontra disseminada em todos os campos das atividades humanas e a medicina não consegue permanecer imune a essa doença social.
 
Existem muitas formas de tornar os atos médicos e paramédicos fontes de obtenção de vantagens financeiras, relegando a segundo plano o objetivo primordial da medicina que é o de assistir e atenuar o sofrimento do homem, vendo em cada paciente um irmão que necessita do seu carinho e consolo, objetivando sempre a credibilidade e a ética.
 
O médico jamais deve enveredar pelo caminho do comércio com a saúde de seu semelhante. Mercantilizar a medicina é vulgarizar a opção pela doação do conhecimento adquirido para auxílio ao próximo.
 
Muito triste é a percepção de que o dinheiro fala mais alto que a ética e de que alguns profissionais de saúde tornam-se intermediários de empresas que visam somente o lucro.
 
É justo que haja uma remuneração pelo trabalho médico, porém ela deve ser consequência e secundária à finalidade primária, que é levar socorro aos que dele necessitam. O que não se pode admitir, mesmo que revestida de caráter legal, é a obtenção de recursos materiais através de procedimentos imorais.
 
Uma indústria farmacêutica ou um grupo de pesquisadores que invistam recursos vultosos para se atingir um patamar de progresso na ciência médica, devem ser recompensados financeiramente pelos esforços intelectual e material despendidos. O que não se pode admitir é  a utilização desses conhecimentos alcançados para a obtenção de resultados financeiros desproporcionais aos investimentos.
 
O investimento pessoal dos profissionais autônomos em educação continuada também deverá ter uma retribuição financeira. Porém, da mesma forma, proporcional àquele investimento.
 
Quando desse objetivo de ganho materialista resulta algum prejuízo à saúde de alguém, não existe justificativa para o ato imoral.
 
É preciso ter sempre em mente que o conhecimento adquirido resultou do trabalho de outras pessoas que precederam na caminhada de estudos e pesquisas e que é preciso transformar os conhecimentos adquiridos em sabedoria. E utilizar-se desses conhecimentos para obter vantagens materiais imorais não é conduta sábia.
 
Aos profissionais de saúde sérios, não ligados apenas aos bens materiais, compete o combate e a fiscalização do uso abusivo da medicina com a finalidade única de obtenção de vantagens financeiras. Essa regulação, obrigatoriamente, deverá ser encaminhada dentro dos preceitos éticos que a profissão exige. Além da coragem há que se ter retidão de conduta.
 
O primeiro passo deverá ser na direção da conscientização dos médicos e dos estabelecimentos que estejam infringindo os bons preceitos da medicina. Isso deverá ser realizado dentro de uma conduta de urbanidade e civilidade, apresentando o fato como contribuição sincera e bem intencionada.   
       
A medicina terrena deve cuidar da higidez do corpo físico para que haja o melhor aproveitamento possível do capital de vida programado para aquele corpo, sem esquecer que o homem que está sendo atendido pelo médico é um espírito eterno que necessita também de auxílio para os seus pesares, permitindo assim a evolução proposta ao mesmo para a presente encarnação.
 
A utilização de orientações da Doutrina dos Espíritos, como argumento, é válida. Uma boa parte dos profissionais materialistas, que se desviam do caminho missionário da profissão, se sensibiliza ao tomar consciência da sua condição de espírito encarnado e da lei de causa e efeito.
 
Num primeiro momento poderá até haver alguma reação contrária, porém a semente estará plantada. Em muitos solos ela germinará.
 
Os exemplos de profissionais da área que se tornaram ilustres modelos de dignidade moral e profissional também costumam ser fortes argumentos.
 
Para o espírita que é médico, a sua própria conduta profissional, obrigatoriamente, deverá servir de espelho sem mancha, a refletir o exercício honesto e dedicado da medicina.
 
É preciso voltar os olhos para o futuro, vivendo da melhor forma o presente e aprendendo com as lições do passado, dos vários mestres encarnados e desencarnados, de todos os mundos habitados, que ajudaram e ainda ajudam a moldar a nossa trajetória.
 
Dr. Roberto Pinotti
Dra. Maria Cristina Singer Wallbach
 
 


terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Médica mineira solta o verbo nas redes sociais


Entre o ritmo do consultório em Pará de Minas e a ginga nos palcos de BH, doutora mostra veia de escritora e atrai seguidores com histórias vividas no atendimento à comunidade
 
 
Pará de Minas – A médica Júlia Maria Simão da Rocha, de 32 anos, já se acostumou a ter vida dupla. “Meu marido sabe e me incentiva muito”, diverte-se a belo-horizontina residente em Pará de Minas, na Região Centro-Oeste do estado, que, além de profissional especializada em medicina de família e comunidade, é sambista e vai fundo na carreira de cantora. Há um ano, Júlia Rocha, como é mais conhecida, ganhou público em outra área, a internet, ao escrever pequenas histórias numa rede social sobre cenas presenciadas e vividas na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Bairro Providência. “Agora tenho vida tripla, até me surpreendo com a quantidade de visualizações. O primeiro post (texto) teve 33 mil curtidas”, conta a médica, cantora e escritora, com tempo apenas na hora do almoço para falar da vida e dos planos.

Ao se formar, há cinco anos, Júlia decidiu fazer residência no Hospital Odilon Behrens, na capital, e escolheu como especialidade a medicina de família e comunidade, uma grande paixão e que, ao ser mencionada, faz os olhos verdes brilharem sob as lentes. “Quando canto, tiro os óculos, viu?”, comenta, antes de citar o pai, médico-cirurgião, como principal influência na definição desse caminho. “A medicina da família cria laços, vínculos, abre as portas para o sistema de saúde. A gente acompanha o paciente o tempo todo, se envolve, se emociona, telefona, quer saber sobre o estado, enfim, está presente na vida dele. O médico da família, na verdade, é um bom comunicador”, resume Júlia, que chegou a estudar um ano de jornalismo na PUC Minas.

Leitora contumaz que anda meio sem tempo para ler tudo o que gostaria, Júlia conta que, desde criança, tem amor pela redação. E a inspiração brotou há um ano, quando atendeu um homem de 57 anos, com câncer no fígado (leia o texto nesta página). “Procuro dar um olhar humano à história, longe do caráter biomédico. É tipo uma crônica do cotidiano. Nesse caso específico, que mexeu muito comigo, foi quase como um desabafo”, conta Júlia, que se surpreendeu com as 10 mil pessoas que compartilharam o post – “gente do Piauí, do Acre”. Hoje, explica que já perdeu a conta do número de textos publicados na internet. “No início, amigos me cobravam um novo post. Agora, estão me cobrando um livro. Quem sabe?”, conta, com um sorriso simpático.


  Uma consulta
 
Cena descrita por Júlia Rocha em sua estreia na internet

Daí, que um paciente de 57 anos entra no consultório, de cabeça baixa, e me conta que há 5 meses vem perambulando de médico em médico no seu convênio sem solução do seu problema:
 
Paciente:
“Eu fico pensando, em casa, nas coisas que eu quero falar para o médico mas, quando chega a hora da consulta, não dá tempo. O médico me pediu exame sem me examinar e disse que o que eu tenho é pedra nos rins. Disse que eu tenho que operar, me deu um remédio pra dor e pediu mais exames.”

Eu:
“E por que o senhor não falou o que precisava falar?”

“Fico sem jeito, porque esse negócio de dinheiro é complicado. Ele precisa chamar mais gente, né. Eu não posso tomar muito do tempo dele.”

“Então, hoje, eu quero que o senhor fale tudo que o senhor pensou em casa. Pode ser?”

“Estou emagrecendo muito e sentindo muita dor na barriga (…)”, queixou-se ainda de sintomas urinários.

Examinando... uma tristeza atrás da outra. Massa abdominal dura feito pedra e um fígado enorme... Emagrecimento de 17 quilos nos últimos 4 meses, sem ter feito esforço para isso. Pra quem não é médico, um paciente consumido, provavelmente, por câncer.

E o pior ainda está por vir:

Depois de 25 minutos de consulta, VINTE E CINCO MINUTOS, orientações feitas, exames pedidos com prioridade máxima, estendo minha mão e digo: “Temos um caminho longo pela frente, mas estaremos juntos, certo?!”

E ele me respondeu: “Esta foi a consulta mais longa da minha vida. E se eu passar ao seu lado na rua, você vai me reconhecer, né. Porque você olhou no meu rosto o tempo todo. Isso é legal... (olhos marejados – e eu também). Doutora, ninguém nunca examinou minha barriga. Muito obrigado!”

E eu pensei: “Eu que te agradeço...” Ele saiu, eu fechei a porta, chorei 3 minutinhos (pensando na minha vida) e chamei o próximo.

E viva a MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE, que me ensinou que posso chorar, só um pouquinho, levantar a cabeça e chamar o próximo. Sempre haverá o próximo. E desta vez, o próximo era uma criança linda e saudável!

Amém!

Em tempo: isso foi um desabafo... faço isso, às vezes, pra não ficar doente. Não é uma crítica a nenhum colega em especial, mas dá pra ver que grande parte da tecnologia que precisamos pra ajudar nossos pacientes está em nós. Mãos,
 
Leia a matéria na íntegra: Gustavo Werneck - Estado de Minas

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Anvisa aprova vacina contra a dengue

Vacina não protege contra os vírus Chikungunya e Zika, diz Anvisa.
'Dengvaxia' já tinha sido aprovada no México e nas Filipinas.
 
 
Brasil enfrenta tríplice epidemia do zika vírus, dengue e febre chikungunya. Em comum entre as doenças, o vetor de transmissão, o mosquito Aedes aegypti. (Foto: James Gathany/CDC)
Brasil enfrenta tríplice epidemia do zika vírus, dengue e febre chikungunya. Em comum entre as doenças, o vetor de transmissão, o mosquito Aedes aegypti. (Foto: James Gathany/CDC)
 
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o registro da vacina contra a dengue produiza pela Sanofi, divisão da Sanofi Pasteur. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (28) no Diário Oficial da União.

Na prática, fica comprovada a segurança e a eficácia da vacina. Com isso, a empresa poderá comercializar a 'Dengvaxia', que já tinha sido aprovada no México e nas Filipinas no início deste mês, de acordo com a Reuters. Essa é a primeira vacina contra a doença a ser aprovada no Brasil.
 
vacina é considerada eficaz na prevenção dos quatro tipos de dengue e poderá ser aplicada em pessoas de 9 a 45 anos, segundo comunicado divulgado pelo laboratório.

No momento não há dados suficientes para a comprovação da segurança de uso da vacina em  indivíduos  menores de 9 anos de idade, principalmente na faixa etária de 2 a 5 anos, bem como para os brasileiros maiores que 45 anos. O esquema de vacinação aprovado foi o intervalo de seis meses entre as doses, segundo a Avnisa.

De acordo com a Sanofi, o laboratório está pronto para colocar a vacina no mercado nos próximos meses, mas esse prazo vai depender de negociações como as autoridades brasileiras. Um dos próximos passos é a definição do preço da vacina.
A decisão de fornecê-la no Sistema Único de Saúde é do Ministério da Saúde, que levará em conta fatores como a relação entre custo, efetividade e impacto orçamentário.
A Anvisa alerta, no entanto, que a vacina não protege contra os vírus Chikungunya e Zika, transmitidos pelo mesmo vetor da dengue, o mosquito Aedes aegyti.

A contaminação pelo zika vírus está relacionada a uma série de casos de microcefalia. Segundo o Ministério da Saúde, 134 casos de microcefalia foram registrados desde o início do ano no país.
De acordo com a empresa, a 'Dengvaxia' reduziu as contaminações por dengue em dois terços dos participantes analisados e evitou oito de dez hospitalizações devido à doença e até 93 % dos casos de dengue severa.
Os documentos que foram apresentados pela empresa farmacêutica em março e, desde então, eram analisados pela Anvisa.

Eficácia contra dengue
Estudos clínicos demonstraram que a vacina foi capaz de reduzir em 60,8% o número de casos de dengue em um estudo que envolveu quase 21 mil crianças e adolescentes da América Latina e Caribe. Em outro estudo, feito com mais de 10 mil voluntários da Ásia, a vacina conseguiu reduzir em 56% o número de casos da doença.

Outro estudo, feito a partir de uma análise combinada dos testes clínicos na Ásia e na América Latina, concluiu que a vacina é mais eficaz a partir dos 9 anos de idade. A partir dessa faixa etária, a vacina é capaz de proteger 66% dos indivíduos contra a dengue.
 

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

J.J. Camargo: O privilégio da escolha

A possibilidade de acolher ou rejeitar se perdeu na relação entre pacientes e médicos
 
* Cirurgião torácico e chefe do Setor de Transplantes da Santa Casa de Misericórdia, J. J. Camargo gosta de ser escolhido.
 
(Fernando Gomes/Agência RBS)
(Fernando Gomes/Agência RBS)
 
O atendimento médico massificado retirou dos pacientes qualquer possibilidade de acolher por afeto ou rejeitar por antipatia. Há apenas que seguir a flecha da regulação no SUS ou a relação dos credenciados dos respectivos planos de saúde. E esperar que o tipo que o destino selecionou para recebê-los seja simpático e esteja num bom dia, e que essa sorte se repita nas outras consultas, quando tudo recomeça do zero. E as queixas poderão ser enviadas para a ouvidoria, que ninguém sabe bem o que é nem tem ânimo para descobrir.
 
O paciente tristemente perdeu o vínculo e trocou o "meu médico" pelo "meu convênio" — ou, ainda mais amplo, pelo "meu hospital". Mas não pensem que apenas os pacientes perderam, os médicos também foram fraudados. Como consequência, muitos deles envelhecerão sem ter provado um dos encantos desta maravilhosa profissão: o privilégio de ser escolhido. E na exposição para a escolha, todo o desafio da sedução e da conquista. E na entrega por empatia, toda a leveza de quem confia sem restrição.
 
O início da relação com a Clodomira não podia ter sido pior: "Você é o oitavo médico que eu consulto, os outros não acertaram!".
 
Na verdade, todos tinham acertado, mas, como ela não gostara da notícia, ficou procurando quem a desmentisse. Quando terminei a revisão dos exames, ela ainda conservava a maleta no colo e a língua afiada: "E aí, vais me dar um tratamento ou vou ter que continuar procurando um mais sabido no assunto?"
 
Ficou claro que não havia margem para negociação, e a resposta tinha de ser proporcional. E foi: "Dona Clodomira, a senhora teve muita sorte, porque descobriu um tumor pequeno e curável com uma cirurgia que eu sei fazer. Portanto, a sua peregrinação acabou aqui, e a senhora não vai mais a lugar nenhum!".
 
Pronto. As sobrancelhas se afastaram quando as rugas da angústia desapareceram, a maleta escorreu para o pé da cadeira e, com um meio sorriso enviesado, ela olhou para a filha e se rendeu: "Mas um tipo com tanta certeza não pode estar errado!".
 
Para sorte de ambos, não estava. Ela se curou, eu ganhei uma amiga de uma simplicidade comovente. Nenhuma reconsulta sem algo para agradecer. Podia ser uma rapadura ou um punhado de ervilha, que nunca me animei em lhe contar o quanto odiava.
 
Na visita de revisão dos 10 anos da cirurgia, um presente inesquecível: uma galinha numa sacola de estopa, que ela jurou que na Estação Rodoviária ainda se debatia, mas que agora tinha o pescoço caído. Sentamos num banco da velha pracinha em frente ao hospital e conversamos muito. Contou da morte do marido e da responsabilidade de cuidar que os filhos não perdessem o rumo.
 
Quando nos despedimos, uma confissão enternecedora: "Acho que você é o meu melhor amigo".
 
Maravilhosa sensação de se descobrir médico por inteiro e mais vivo do que nunca. Pena que a pobre galinha continuasse lá, estatelada, com aquela cara de morta.
 
 
 

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Mortes por infarto equivalem à queda de 5 aviões por dia

Proteja seu coração. São 900 mortes por dia no Brasil / Bobby Fabisak/ JC Imagem
Proteja seu coração. São 950 mortes por dia no Brasil / Bobby Fabisak/ JC Imagem

Enquanto você estiver lendo esta notícia, logo após sua postagem, quase 400 brasileiros terão morrido hoje no País (só na primeira parte da manhã), vítimas de infarto e de outras doenças cardiovasculares. Para chamar a atenção pra o problema, que é ainda a maior causa de morte da população adulta, a Sociedade Brasileira de Cardiologia lançou, na quinta (17/12), no Rio de Janeiro, um cardiômetro, que pode ser acessado pela internet. O painel eletrônico mostra em tempo real o número de mortos ao longo do dia e também o acumulado do mês e do ano. Segundo a assessoria da campanha, o totem presencial é itinerante, deverá percorrer o País, em eventos que acontecerão até 2016. A Sociedade de Cardiologia compara a tragédia à queda de cinco aviões de grande porte todos os dias. São estimadas 950 mortes por ano no País. O cardiômetro se baseia na mortalidade dos últimos oito anos. O painel foi colocado na Academia Nacional de Medicina, mas será levado também às praias do Rio.
 
sou
 
Em tempos de atenção total ao zika vírus e microcefalia, o desafio dos cardiologistas é chamar atenção da sociedade para essa outra emergência de saúde pública. Por isso, além de eliminar focos do mosquito Aedes aegypti, é importante parar de fumar, diminuir a gordura e o sal do cardápio, associando atividade física regular e uma boa noite de sono a sua rotina. Confira o vídeo: 
 
 
 
 

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Médico é acusado de agredir mulheres no parto em hospital público no Rio




Um médico da rede pública municipal do Rio de Janeiro é investigado por suspeita de praticar atos violentos contra mulheres durante procedimentos de parto, no Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, na zona sul. Pelo menos sete vítimas denunciaram o profissional por agressão à 14ª Delegacia de Polícia do Rio, que investiga o caso.

As mulheres relataram agressões físicas e verbais. Uma delas contou que ganhava tapas na cara toda vez que gritava na sala de parto. Ela acusa o médico de ter colocado gaze dentro de sua boca para abafar os gritos.

Outra vítima afirma que foi chamada de vagabunda. Segundo a denúncia, o médico questionou, em tom irônico, o porquê de a mulher gritar naquele momento, já que ela tinha gostado na hora de fazer o bebê. Ela perdeu o bebê após o parto.

As denúncias foram feitas, inicialmente, em uma audiência pública realizada em maio pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio). Na ocasião, quatro mulheres foram ouvidas.

"Uma enfermeira foi a primeira a falar sobre o médico. Depois convencemos as vítimas a denunciar. Todas choraram muito enquanto eram ouvidas, estavam fragilizadas. É uma situação grave, que exige resposta dos órgãos competentes", disse a deputada estadual Enfermeira Rejane de Almeida (PCdoB-RJ), presidente da comissão.

O médico, cujo nome é mantido em sigilo, foi apelidado de "cachorrão" pelas vítimas. Convidado a se explicar na Alerj, ele não compareceu, nem enviou representante. A Secretaria Municipal de Saúde instaurou uma sindicância para apurar o caso. O médico foi afastado do Hospital Miguel Couto.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que o médico vai permanecer afastado de suas funções até que seja concluída uma sindicância aberta para apurar as denúncias de má conduta do profissional. "O procedimento segue em sigilo", diz a nota. A Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento e também apura a morte de um recém-nascido. Médicos e testemunhas têm sido ouvidas na unidade policial.
 

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Protesto, no Recife, contra coordenador nacional da saúde mental

A reforma psiquiátrica fechou manicômios como o Alberto Maia, em Pernambuco, em 2010/ Priscila Buhr/ JC Imagem
A reforma psiquiátrica fechou manicômios como o Alberto Maia, em Pernambuco, em 2010/
 Priscila Buhr/ JC Imagem


Pernambucanos promovem segunda manifestação de rua contra o novo coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Valencius Wurch Duarte Filho, acusado de atuar contra a reforma psiquiátrica. O ato público, dessa vez, reúne além dos profissionais da área, militantes da luta antimanicomial e usuários da rede de Caps, os centros de atenção psicossocial criados para substituir os manicômios. A concentração está prevista para as 16h desta quarta-feira (16/12), na Praça Oswaldo Cruz, em frente ao Teatro Valdemar de Oliveira, na Boa Vista, Centro do Recife. Na segunda-feira (14/12), trabalhadores da saúde fizeram um manifesto no Caps Esperança, na capital. Desde o anúncio da substituição de  Roberto Tykanori por Duarte Filho protestos acontecem.  A troca gerou críticas internas, no próprio governo, dos segmentos ligados ao PT e defensores da reforma psiquiátrica. O ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro, em reportagem publicada pelo Estado de São Paulo, reconheceu risco de retrocesso. Uma petição pública, contra o assessor do atual ministro, Marcelo Castro (PMDB), ganha novas adesões na internet. “Valencius é ex-diretor da Casa de Saúde Dr. Eiras, o maior hospício da América Latina. O manicômio, localizado no Rio de Janeiro, foi fechado em 2012, dois anos depois de ordem da Justiça para que as atividades no local fossem encerradas devido a uma série de denúncias das condições em que os internos viviam”, diz o manifesto na web. Valencius Wurch dirigiu o local por dez anos, denunciado inúmeras vezes por abandono e maus tratos. Leia a nota divulgada pelos organizadores do protesto no Recife:
 
ATO  PUBLICO EM DEFESA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS E DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – RAPS
 
Pelo Avanço da Reforma Psiquiátrica EM PERNAMBUCO E NO BRASIL
 
Nesta Quarta-Feira, dia 16/12/15, trabalhadores/as da saúde mental do estado de Pernambuco, usuários/as, seus familiares e militantes da causa contra a nomeação do novo Coordenador de Saúde Mental, Alcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde (MS), o Sr. Valencius W. Duarte Filho, se unirão à partir das 16h em frente ao teatro Waldemar de Oliveira. Em continuidade aos numerosos atos realizados em todo o Brasil desde o ultimo fim de semana, após anúncio do MS sobre a nomeação do novo coordenador, os/as manifestantes em Recife deverão unir forças à marcha do movimento #Fora Cunha, marcada para os mesmos horário e localidade.
A Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, advinda dos movimentos de redemocratização do país, está ameaçada. Esta foi construída dentro dos pressupostos das Reformas Sanitária e Psiquiátrica através da legislação de saúde mental, expressas na Lei Federal 10.216/01 e na Lei Estadual 11.064/94. Estas leis são reconhecidas pelos trabalhadores de saúde e intersetoriais, usuários, familiares e demais atores da sociedade pernambucana, como marcos legítimos e efetivos que asseguram os direitos humanos e sociais das pessoas que sofrem com transtornos mentais ou decorrentes do uso de álcool e outras drogas. São legislações que determinam um modelo de atenção de base comunitária que inserem usuários na condição de sujeitos de direito.
 
Desta forma, o movimento intersetorial de trabalhadores que lidam com a saúde mental no estado, bem como acompanhados pelos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e seus familiares se colocam em defesa da Reforma Psiquiátrica do Estado de Pernambuco. Questiona-se, assim, a exoneração do Sr. Roberto Tykanori e a nomeação do Sr. Valencius W. Duarte Filho para o cargo de Coordenador de Saúde Mental Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, efetivada pelo atual Ministro da Saúde Marcelo Castro. Tal fato, causa intensa preocupação tendo em vista que o nomeado foi Diretor de um dos maiores manicômios da América Latina, a Casa de Saúde Dr. Eiras, em Paracambi, RJ, na década de 90. Essa instituição, que chegou a ter mais de 1.500 internos, sofreu intervenção e foi fechada por cometer violações dos direitos humanos configurando-se como espaço de confinamento, exclusão, abandono, ampliação de estigmas de outras formas de violência com os internos, além de um significativo número de óbitos.
 
É necessário assegurar a continuidade do processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil, em Pernambuco e em todas as regiões de saúde, garantindo direitos e produzindo cuidados que não segreguem, ou amplifiquem o processo de estigmatização das pessoas em sofrimento psíquico e de suas redes de relações sociais e comunitárias. Ao compararmos a prática de trabalho e histórico de luta no âmbito da Reforma Psiquiátrica do Sr. Roberto Tykanori e a trajetória profissional do Sr. Valencius Filho no âmbito de uma instituição manicomial, compreendemos tal nomeação como um retrocesso, tendo em vista ir de encontro a todos os pressupostos da Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas.
 

Ministério da Saúde nega que vacina vencida tenha relação com microcefalia

Ministério da Saúde nega que vacina vencida tenha relação com microcefalia

As vacinas são recomendadas para proteger os bebês de doenças graves
 
 
O Ministério da Saúde afirmou, através de publicação no Facebook, no último sábado (12), que a vacina em gestantes não é a causa do surto de microcefalia no país. Segundo o texto, “todas as vacinas ofertadas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) são seguras e não há evidência de que possam causar microcefalia”. 

A explicação surgiu em resposta aos boatos divulgados nas redes sociais, de que o aumento no número de casos de microcefalia estariam relacionados à aplicação de vacinas contra rubéola, de um lote vencido, distribuído nas unidades de saúde.
 
De acordo com o Ministério, as vacinas são recomendadas para proteger os bebês de doenças graves. Na ocasião, a pasta voltou a afirmar que os casos da má formação genética tem relação com o zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. 
 
 
 

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

'Acorda Laurinha': Após um ano, família ainda tenta denunciar responsável por erro médico

Depois de um ano, Laurinha é acompanhada e tratada em casa pelo pai e avós. A mãe morreu no parto, por negligência médica.
 
Laurinha, vítima sobrevivente de erro médico.
Laurinha, vítima sobrevivente de erro médico.
 
Um episódio de grande repercussão no Estado do Ceará e amplamente divulgado nas redes sociais, o caso da pequenina Laurinha comoveu e continua causando comoção a quem toma conhecimento do fato. A família, até os dias de hoje, procura denunciar a sucessão de erros médicos, que culminaram com a morte da mãe da menina.
Laurinha sobreviveu e até hoje apresenta sequelas em decorrência das complicações causadas pela demora em realizar o parto.
 

Entendo o caso

 
A mãe de Laura Praciano Cruz, a Laurinha, Paula Teixeira Praciano, tinha tudo para ter um parto bem sucedido, caso não fosse, segundo a família, a sucessão de um conjunto de procedimentos mal executados, que culminou com a morte da mãe da pequena Laura. Paula, no hospital, foi medicada com o kefazol, que é administrada de forma rotineira em gestantes.
A substância foi prescrita, segundo relatos, pelo médico que acompanhava a gestante, pelo telefone, pois o mesmo não havia chegado ao hospital. A medicação foi administrada por uma técnica em enfermagem. Logo em seguida, Paula começou a sentir os primeiros sinais de um choque anafilático. Os primeiros atendimentos foram feitos pelo médico plantonista, um otorrinolaringologista, pois o hospital não dispunha de obstetra em regime de plantão.
 

A demora no atendimento apressou a morte da mãe


O médico que atendeu a mãe de Laurinha não percebeu quando a mesma apresentou uma reação alérgica ao medicamento. A demora no atendimento da equipe médica e a transferência da paciente para a UTI, onde o parto foi realizado às pressas, teria levado cerca de 20 minutos. De acordo com Ádamo Cruz, pai de Laurinha, este tempo parece ter sido suficiente para causar a morte de Paula e as sequelas graves na pequena Laurinha.
Em entrevista ao jornal o Povo, a avó de Laura, Julita Praciano, na primeira entrevista que aceitou falar sobre o caso, afirma que a filha não morreu em consequência do parto. Nas palavras da avó de Laurinha, entremeada de lágrimas, a filha foi morta e a neta encontra-se, atualmente, nesta situação difícil.

A rotina de Laurinha

 
Nos dia de hoje, a pequenina Laurinha, com um ano e nove meses de idade, vive na casa da avó Julita. Foi montada uma pequena UTI no quarto onde a menina passa os dias. Ela respira com a ajuda de aparelhos e recebe a alimentação por intermédio de uma sonda. Laurinha saiu do coma e já consegue abrir os olhos. Entretanto, mantém um estado ainda estático e ainda não interage com o ambiente à sua volta.
Os exames médicos atestam que a mesma possui atividade cerebral regular, porém, ela necessita de cuidados intensivos e regulares. A família é um verdadeiro exemplo de dedicação e cuidados com a menina . A avó, funcionária pública, teve que pedir afastamento do emprego para se dedicar exclusivamente aos cuidados com a neta.
Uma verdadeira campanha foi desencadeada pela redes sociais, principalmente, no Facebook. Cerca de 100 mil pessoas já aderiram ao movimento 'Acorda Laurinha', que é citado na internet com  a hastag #AcordaLaurinha.
 

O que dizem os responsáveis pelo atendimento 

 
O médico responsável pelo acompanhamento de Paula está com a identidade preservada durante todo o desenrolar do caso. Por telefone, o mesmo afirmou que o episódio foi apenas uma fatalidade e declarou que irá apenas se pronunciar perante a Justiça. O hospital Gastroclínica, no qual ocorreu o fato, não quis se pronunciar sobre o fato.
 
 

Programa de Segurança do Paciente Júlia Lima

Chico Lima e Sandra Lima fala ao perder a filha por suposto erro médico
 
 
 
 

 
 

sábado, 12 de dezembro de 2015

Prevenção é a chave para equilibrar as contas

 Happy senior couple walking together on a beach


A Constituição brasileira estabelece que a saúde é bem de todos e dever do Estado. Porém, em um país com 200 milhões de habitantes, a questão financeira se torna um fator limitante. Muitos se eximem da responsabilidade sobre a própria saúde apoiados no “dever do Estado”, esquecendo-se de que os custos envolvidos no tratamento de doenças são muito altos e serão repassados aos usuários de alguma forma, seja pelo sistema público ou pelo suplementar.
 
No Brasil, por exemplo, 50% da população acima dos 50 anos desenvolvem hipertensão e 8%, diabetes. Tais doenças são tidas por muitos brasileiros como “normais”. Todo mundo conhece alguém cuja mãe ou pai tem pressão alta, por exemplo. Entretanto, doenças desse tipo podem gerar complicações que implicam em custos altíssimos de tratamento, como cegueira, insuficiência renal, transplantes, AVCs, ataques cardíacos, entre outros. Outro exemplo bem comum é o do sobrepeso e da obesidade. O paciente engorda e começa a ter dores no joelho (condição que pode evoluir para a necessidade de próteses), pressão alta, infartos, cirurgias, “stents”. Mais uma vez, os gastos são elevados e serão divididos entre os outros usuários do plano.
 
É provocada, então, uma discussão acerca dos hábitos dessas pessoas e dos motivos que levam as operadoras a não se posicionarem a respeito. Percebe-se que há duas formas instintivas de abordar o problema: pela punição daqueles que não modificam seus hábitos prejudiciais ou pela bonificação daqueles que adotam costumes mais saudáveis. A lei brasileira impede que os planos ofereçam preços diferentes do mesmo plano por conta de hábitos pessoais, de modo que a melhor alternativa seria a segunda: nada impede que a operadora dê descontos a quem se cuida melhor. No caso de pessoas com sobrepeso, por exemplo, poderia haver um desconto na mensalidade a cada quilo perdido até que se atingisse um peso considerado sadio.
 
As operadoras pouco falam em prevenção, pois a maioria acredita que o investimento não traz retorno imediato, o que entra em conflito com a situação econômica não favorável do sistema suplementar. A visão ainda não é clara de que, com a mudança de perfil dos usuários, a operadora que inovar com programas preventivos ficará à frente das demais, criando uma cadeia de incentivo, o que beneficiaria a todos. Apenas uma ação conjunta das prestadoras conseguiria corrigir o desvio presente entre a ação proativa (antes da doença se instalar) e reativa (aquela que se concentra no tratamento da doença).
 

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Promotoria da Saúde faz audiência pública sobre falta de UTI

Superlotação e redução de leitos na rede estadual vêm sendo denunciadas/ Divulgação/Simepe
Superlotação e redução de leitos na rede estadual vêm sendo denunciadas/ Divulgação/Simepe

A longa lista de espera por vaga de UTI  no SUS, em Pernambuco, e a redução de vagas com fechamentos de serviços serão debatidos, no início da tarde desta quinta-feira (10/12), em audiência pública promovida pela Promotoria de Defesa da Saúde do Ministério Público Estadual. Helena Capela, promotora responsável pela investigação do caso, explica que as medidas adotadas pelo governo estadual não resolveram totalmente o problema. Por dia, cerca de 100 pacientes estão aguardando vaga de terapia intensiva. A  audiência será  às 13h, no auditório do Centro Cultural Rossini, na Rua do Hospício, 875, Boa Vista, ao lado do prédio do MPPE, da Visconde de Suassuna.
Foram convocados para a reunião, segundo o MPPE,  o secretário estadual de Saúde, José Iran Costa Júnior; o diretor da Central de Regulação de Leitos do Estado, Thiago Azevedo; o presidente da Sociedade de Terapia Intensiva de Pernambuco (Sotipe), Marcos Antônio Gallindo; a presidente da Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps), Renê Patriota; e o presidente do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Sílvio Rodrigues. Diretores e chefes das UTIs dos grandes hospitais públicos e conveniados ao SUS, dirigentes de UPAs, membros do Conselho Estadual de Saúde e o do Sindicato dos Médicos também foram convidados. ” Interessados em manifestar-se durante a audiência deverão colocar o nome e qualificação na lista de inscrição, que estará localizada em posse do servidor designado para secretariar os trabalhos. Independentemente de prévia inscrição, qualquer dos presentes poderá submeter documentos à apreciação da presidente da mesa, desde que sejam pertinentes ao tema”, explica o Ministério Público.
 

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Após ser liberada de hospital em Olinda, mulher dá à luz dentro de ônibus

Segundo a acompanhante, Maria José Sobral, o médico liberou a gestante justificando que não estava na hora de o bebê nascer / Foto: Anderson da Silva

Segundo a acompanhante, Maria José Sobral, o médico liberou a gestante justificando que não estava na hora de o bebê nascer - Foto: Anderson da Silva



Após ser liberada do Hospital Tricentenário, que fica no Sítio Histórico de Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR), uma mulher entrou em trabalho de parto e deu à luz a uma menina dentro de um ônibus, no Terminal Integrado de Xambá, também em Olinda, na noite desta segunda-feira (7).
 
De acordo com testemunhas, Maria José de Almeida, de 38 anos, chegou ao hospital sentindo contrações, foi avaliada e mandada embora. Segundo a acompanhante, Maria José Sobral, o médico liberou a gestante justificando que não estava na hora de o bebê nascer. "Ele pediu para ela ir pra casa, botar um absorvente e repousar. A gente foi embora e pegou o ônibus, aí começou a sentir dor e a menina nasceu dentro do ônibus", contou.
 
O parto de Maria aconteceu dentro de um ônibus que faz a linha TI Xambá/Rio Doce (Getúlio Vargas) na chegada ao Terminal Integrado do Xambá, que fica no bairro de Peixinhos, na Zona Sul da cidade. Os passageiros chamaram uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que prestaram os primeiros socorros à mãe e ao bebê, que se chama Vitória, e as encaminharam de volta ao Hospital Tricentenário. O mesmo médico que as liberou terminou o atendimento.


Do JC Online

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

CFM recua e permite publicidade e selfies de médicos na internet

A regra é que os médicos só podem tirar selfies com autorização dos pacientes
 
Médico tirando selfie (Foto: Thinkstock)
(Foto: Thinkstock)


Dois meses após endurecer as regras para a publicidade médica nas redes sociais, o Conselho Federal de Medicina (CFM) vai voltar atrás na decisão. A reação dos médicos motivou a alteração do texto da resolução e, agora, será permitido que os profissionais publiquem selfies - desde que tenham autorização do paciente - e divulguem endereço e telefone do consultório. A alteração será publicada entre segunda (7), e terça-feira (8), informou o conselheiro Emmanuel Fortes Cavalcante, 3º vice-presidente do CFM e um dos relatores da resolução. Ele admitiu que o texto atual suscita interpretações equivocadas e que isso provocou certo desconforto na comunidade médica, gerando críticas.
 
"A página pessoal do médico, inclusive no Facebook, funciona como cartão de apresentação", disse Cavalcante ao Estado, sobre a nova determinação, que deve "tranquilizar os conselheiros". Em entrevistas à imprensa e a sites e blogs, os profissionais seguem proibidos de divulgar os contatos do consultório - só podem se identificar com o nome e a especialidade.Imagens de "antes e depois", utilizadas principalmente por profissionais da área de estética, e selfies voltam a ser permitidas, caso o paciente concorde. Uma resolução de 2011 já previa que, para apresentar fotografias em congressos e eventos científicos, era necessária a permissão, mesmo que a descaracterização da fisionomia evitasse uma possível identificação. O mesmo vale, agora, para materiais de divulgação e redes sociais. "O problema é que a pessoa pode autorizar a publicação e depois se sentir ofendida, causando confusão", diz Fortes.
 
Quando o paciente é quem decide publicar selfie com o médico, os profissionais têm liberdade para concordar ou não. Fortes afirma, no entanto, que advogados os aconselham a não permitir, "pois ao mesmo tempo que pode trazer elogios, pode trazer comentários depreciativos, causando danos e prejuízos".
 
Elogios em excesso
 
A resolução ganhará outro adendo: quando for constatado que o médico está sendo "muito elogiado" por pacientes, o CFM deverá investigar. "Temos muitos processos éticos em andamento. São casos de médicos que instrumentalizam o paciente para fazer divulgações a respeito do seu trabalho. É uma transgressão às normas, assim como matérias pagas em publicações", afirma o vice-presidente.
 
Publicadas em 28 de setembro, as novas regras vetam o uso de aplicativos de bate-papo para "consultar, diagnosticar ou prescrever por qualquer meio de comunicação de massa ou a distância". Fortes afirma que dúvidas, intercorrências e emergências podem continuar sendo reportadas aos médicos por WhatsApp ou Facebook. "Todos os médicos que têm algum grau de responsabilidade passam seu telefone pessoal para o paciente, não só o do consultório", diz. As consultas, no entanto, devem ser obrigatoriamente presenciais. "À distância não pode. Nem por Skype", completa. Como é difícil ter acesso à privacidade, o CFM só fiscaliza quando surge alguma queixa ou denúncia. Se for constatado prejuízo ao paciente, o médico vai ser penalizado, podendo ter o exercício da profissão suspenso por 30 dias ou mesmo cassado o registro profissional.
 
 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Médicos receberão o triplo por parto normal, decide Justiça

Em uma decisão considerada um "um divisor de águas", a Justiça Federal determinou que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) coloque em prática três novas medidas para reduzir o número de cesáreas na rede particular de saúde.
 
Atualmente, 84% dos partos na rede privada são cesarianas
Atualmente, 84% dos partos na rede privada são cesarianas
Foto: Doutíssima


O Brasil é o país com a maior taxa de cesáreas no mundo: 84% dos partos na rede privada são cesarianas (na rede pública, a taxa é de 40%), enquanto o recomendado pela OMS é de 15%.

Com a decisão, em um prazo máximo de 60 dias, os profissionais de saúde que auxiliarem em um parto normal terão de receber dos planos de saúde no mínimo três vezes mais do que na realização de uma cesárea.
 
A remuneração era uma reclamação importante por parte dos médicos, já que eles recebiam, grosso modo, o mesmo valor por pelos dois tipos de parto. E enquanto uma cesárea exige cerca de duas ou três horas de trabalho, acompanhar um parto normal pode levar mais de oito horas. Além disso, muitas cesáreas são agendadas, enquanto em um parto normal a hora do nascimento é imprevisível.
 
O segundo ponto da decisão obriga "operadoras de saúde de planos privados e hospitais a credenciar e possibilitar a atuação de enfermeiros obstétricos e obstetrizes no acompanhamento de trabalho de parto e no parto em si".
 
A terceira novidade da decisão da Justiça é obrigar a ANS a criar indicadores e notas para as operadoras de planos privadas, conforme suas ações para reduzir o número de cesarianas.
 
Com a decisão, a Justiça Federal determinou que a ANS cumpra os pedidos feitos em ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal em São Paulo.
 
Agora, a ANS tem agora 60 dias para regulamentar as solicitações. Se descumprir, foi fixada uma multa diária de R$ 10 mil.
 

Divisor de águas


A decisão da Justiça foi celebrada por defensoras de parto "Recebemos a notícia da decisão com muita alegria. Afinal, já faz nove anos que entramos com pedidos de medidas para combater o alto nível de cesáreas no Brasil. Certamente, é um divisor de águas", disse à BBC Brasil a procuradora do MInistério Público Federal (MPF) Ana Carolina Previtalli Nascimento.
 
A procuradora é, juntamente com a colega Luciana de Costa Pinto, é responsável pela pedidos que o MPF vem fazendo desde 2010 para tentar coibir o número de cesáreas na rede privada.
 
"Na minha opinião, a decisão pode trazer bons resultados, porque as determinações agora são obrigatórias, passíveis de multa", diz a procuradora.
 
Para a obstetriz e ativista Ana Cristina Duarte, também há motivos para se comemorar.
 
"A decisão é a primeira que pode finalmente fazer algum efeito sobre a taxa de cesáreas, pois ela permite que enfermeiras obstetras e obstetrizes atendam os partos normais dentro de hospitais", disse.
 
Para a procuradora, esse ponto é extremamente relevante e um "incentivo importante", já que a contratação de enfermeiras e obstetrizes podem inclusive facilitar o trabalho do médico, que pode se dedicar aos casos mais delicados.
 
Questionada pela BBC, a ANS afirmou que "tão logo receba a notificação judicial, irá analisar e se manifestar quanto às medidas cabíveis". A ANS pode recorrer da decisão judicial, mas terá de cumprir a decisão enquanto o recurso é avaliada.
 
A agência ressaltou, no entanto, que já estavam em vigor desde julho três outras medidas determinadas pela decisão de hoje da Justiça.
 
Essas determinações são a divulgação de percentuais de parto normal e cesáreas de obstetras e hospitais da rede privada, a utulização de um cartão gestante e a obrigatoriedade do partograma, como documento para que operadoras pudessem, inclusive justificar os motivos que levaram à realização de uma cesárea.  
 
Essas três regras já estavam presentes na Resolução Normativa nº 368.
 
Agora porém essas regras devem ser cumpridas de forma permanente por força de decisão judicial.
 
 

Pacientes do SUS têm 3 vezes menos médicos do que clientes de planos

sus
 

Os pacientes de planos de saúde têm até três vezes mais médicos disponíveis do que os usuários da rede pública, mostra estudo feito pela Faculdade de Medicina da USP e pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e divulgado nesta segunda-feira, 30.
 
De acordo com a pesquisa Demografia Médica no Brasil 2015, 21,6% dos médicos trabalham apenas no setor público, 26,9% estão exclusivamente na rede privada e outros 51,5% atuam nas duas esferas, o que indica que 78,4% dos médicos têm vínculos com o setor privado e 73,1%, com o setor público.

Apesar da similaridade nos índices, a desigualdade ocorre porque apenas 25% da população brasileira tem convênio médico, enquanto 75% depende do SUS (Sistema Único de Saúde).

"Essa desigualdade pode melhorar com políticas públicas de saúde, com maior capacidade administrativa e com a criação de uma carreira de Estado para os médicos, que traga perspectivas de progressão e melhores condições de trabalho", diz Carlos Vital, presidente do CFM.
 

Distribuição

 
Ainda de acordo com o estudo, 59% dos médicos brasileiros são especialistas, o que equivale a 229 mil profissionais. O Estado de São Paulo tem mais especialistas do que a soma das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. São 68 mil médicos do tipo no Estado contra 61,6 mil nas três regiões.

Metade dos especialistas do Brasil se concentram em apenas seis áreas: clínica médica, pediatria, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia, anestesiologia e cardiologia. As especialidades com o menor número de profissionais são genética médica, cirurgia da mão e radioterapia.

O estudo mostrou ainda que o índice de médicos por 1.000 habitantes cresceu nos últimos cinco anos, mas ainda está aquém da taxa recomendada pelo próprio Ministério da Saúde. Em 2010, a taxa era de 1,95 profissionais do tipo por 1.000 brasileiros. Neste ano, o índice chegou a 2,11, número inferior ao índice de 2,5 considerado ideal para garantir uma assistência adequada à população.

O maior desafio, no entanto, ainda é a distribuição desigual de médicos entre as regiões brasileiras. No Sudeste, a proporção de médicos pela população é de 2,75, contra 1,09 no Norte.

A maior disparidade ocorre quando comparado o número de doutores que trabalham nas capitais contra os que atuam no interior. Embora as primeiras reúnam apenas 23,8% da população do país, 55,2% dos médicos estão nessas cidades.
 

Mais mulheres

 
A pesquisa mostra que a proporção de mulheres formadas em medicina vem crescendo ano a ano em comparação ao número de homens. Em 2014, dos novos registros de médicos no país, 54% foram de profissionais do sexo feminino.

Como determinadas especialidades são ocupadas majoritariamente por um dos gêneros, é possível que o aumento de mulheres na profissão provoque uma mudança na disponibilidade de médicos especialistas. Haveria um aumento de dermatologistas, pediatras e médicos da família, especialidades ocupadas em sua maioria pelo sexo feminino, e a queda de urologistas, ortopedistas e cirurgiões, áreas com concentração de profissionais do sexo masculino.

"É uma tendência internacional o aumento de mulheres na medicina e isso pode ser muito bom para sistemas de saúde ordenados pela atenção básica, como o nosso. Por outro lado, os homens são maioria em todas as especialidades cirúrgicas. Precisamos começar a discutir essas diferenças na formação médica", diz Mario Scheffer, professor da FMUSP e coordenador do estudo.

Ele ressaltou que, embora o número de mulheres esteja crescendo na carreira, as condições de trabalho não são iguais. "Elas têm jornadas de trabalho e número de empregos muito parecidos aos dos homens, mas ganham muito menos", afirma.
 
 

sábado, 28 de novembro de 2015

STJ: Erros de profissionais de medicina têm relevância ímpar

 
STJ Erros de profissionais de medicina tm relevncia mpar
Ministro do STJ,  Luis Felipe Salomão
 
Com voto do ministro Salomão, 4ª turma do STJ negou redução de condenação de hospital por erro médico que gerou sequelas em criança.
 
A 4ª turma do STJ, em decisão unânime, negou pretensão de hospital para que a Corte considerasse exorbitante valor a que foi condenado em ação de indenização por procedimento hospitalar em criança de pouco mais de um ano. A menina sofreu sequelas físicas após parada cardíaca que a deixou em coma por vários dias.
 
Em 1º grau, o hospital foi condenado ao pagamento de indenização por danos materiais no valor de R$ 207 mil, danos morais no valor de R$ 255 mil (para cada um dos autores, compreendendo a menina, pais e irmãos), pensão mensal vitalícia pela invalidez total e permanente da criança, obrigação de arcar com custos de despesas futuras e tratamento psicológico aos autores. O TJ/SP deu parcial provimento ao apelo dos autores para fixar indenização aos valores que a mãe deixaria de ganhar a título de remuneração do trabalho, eis que o abandonou para cuidar da filha.
 
No recurso ao STJ, prevaleceu o sensível voto do relator do recurso, ministro Luis Felipe Salomão, que assentou no julgado:
Os erros cometidos pelos profissionais da medicina, na realização de suas atividades, possuem relevância ímpar dada a relevância dos bens jurídicos atingidos – integridade física e vida -, assim como, pela pessoalidade e confiabilidade sobre as quais se constrói a relação médico-paciente.”
 
O caso
 
A criança foi levada por seus pais à Clínica Bandeira Paulista, vinculada ao hospital réu, com sintomas de vômitos, perda de apetite e sonolência, sendo medicada e liberada. No dia seguinte, a menor retornou à clínica, face à acentuação dos sintomas, tendo sido diagnosticada com desidratação.
Na sequência, foi transferida para a UTI do Hospital São Luiz, onde, sem diagnóstico conclusivo, recebeu aplicação concomitante de três sedativos potentes, "em doses muito superiores às recomendadas para crianças de sua idade e peso". Em consequência da medicação excessiva, sofreu parada cardiorrespiratória, com consequente falta de oxigenação no cérebro, ficando em estado de coma por vários dias. Como resultado, sofreu sequelas físicas, com o desenvolvimento cerebral e locomotor seriamente afetados.
O acórdão recorrido entendeu como o exarado na sentença:
Quantia próxima de um milhão para a família não a reconfortará, pois não lhe trará de volta a paz de espírito de antes do evento. (...) Chamar tais acontecimentos de meros aborrecimentos da vida moderna é, no mínimo, ofender não só a parte contrária, mas também todos os integrantes da Turma Julgadora, haja vista que deixar uma criança, de idade tenra, com sequelas permanentes, incapaz para a vida, na dependência de cuidados eternos e intensos, não é, de forma alguma, um mero aborrecimento do cotidiano.”
 
Gravidade do erro médico
 
No STJ, o Hospital alegou ser exorbitante o valor a que foi condenado e que o dano experimentado por cada um dos recorridos é próprio e diferenciado quanto a sua intensidade, devendo, por isso, ser diferente o valor da condenação para cada um dos ofendidos.
 
Ao analisar o caso, o ministro Luis Felipe Salomão destacou que a relevância dos bens jurídicos que os profissionais de medicina se comprometem a resguardar – pessoalidade e confiabilidade – “são características suficientes ao reconhecimento da importância dessa espécie de dano”.
A busca pelo serviço especializado de um médico acontece quando há estado de privação do bem-estar físico, mental e psicológico. É nesse instante de sensação máxima de impotência e fragilidade que o pedido de ajuda é feito a um médico. Por isso, a gravidade do erro por ele cometido.”
Nesse sentido, concluiu S. Exa. Que a sentença e o acórdão consideraram laudo pericial que concluiu “de forma inequívoca pela responsabilidade dos profissionais envolvidos no atendimento pelo dano sofrido pela recorrida”. E, assim sendo, não haveria o que rever quanto à comprovação da culpa. Consignou Luis Felipe Salomão que a responsabilidade do hospital é objetiva quanto à atividade do médico, sendo dispensada a demonstração de culpa relativa aos atos lesivos.
 
Individualização
 
Ao ponderar acerca da individualização da indenização para cada uma das vítimas e dos valores fixados, Salomão apontou que os membros da família que sofreram o dano moral pelo erro médico cometido em relação a menor “ligam-se a ela por laços afetivos diversos”.
 
A única indenização que o relator decidiu alterar diz respeito ao irmão da vítima, reduzindo-a para R$ 216 mil (400 salários mínimos à época). O ministro ressaltou a tenra idade da vítima, que se tornou dependente dos pais a partir do evento danoso, e nessa toada "a indenização devida a esses pais merece ser fixada em patamar que represente o tamanho do desastre vivido por eles e a transformação lamentável ocorrida em suas vidas". (grifos nossos)
 
Assim, Luis Felipe Salomão negou provimento ao recurso em relação às indenizações por danos morais devidas à menor, sua mãe e seu pai, ficando mantido o acórdão recorrido, e deu provimento ao recurso apenas para reduzir o valor devido ao irmão da vítima. O voto do relator foi seguido à unanimidade, em julgamento ocorrido dia 1º/9.
 

Diferenças entre a Dengue, Chikungunya e Zika

As principais diferenças entre a Dengue, a Chikungunya e a Zika estão na intensidade dos sintomas. Entre essas doenças, a dengue é a mais grave.
 
 
Diferenças entre a Dengue, Chikungunya e Zika
O mosquito do gênero Aedes é responsável por transmitir diversas enfermidades
 
O Brasil é um país que apresenta vários tipos de clima, com predominância dos quentes e úmidos. Essa característica faz com que uma grande quantidade de insetos estabeleça-se em nosso território, como é o caso dos mosquitos do gênero Aedes, que se desenvolvem, principalmente, em zonas tropicais e subtropicais.
 
Os mosquitos do gênero Aedes são importantes vetores de doenças. No Brasil, o Aedes aegypti é a espécie que merece maior atenção. Como exemplo de doenças provocadas por esse mosquito, podemos destacar a dengue, a chikungunya e a zika.
 
Além de serem transmitidas pelo mesmo mosquito, a dengue, a chikungunya e a zika são doenças que apresentam alguns sintomas semelhantes, o que pode dificultar o diagnóstico. Entretanto, pequenas diferenças existem e podem ser usadas como critério para a diferenciação.
 
A dengue é, sem dúvidas, a doença mais grave quando comparada à chikungunya e à zika. Ela causa febre, dores no corpo, dores de cabeça e nos olhos, falta de ar, manchas na pele e indisposição. Em casos mais graves, a dengue pode provocar hemorragias, que, por sua vez, podem ocasionar óbito.
 
A chikungunya também causa febre e dores no corpo, mas as dores concentram-se principalmente nas articulações. Na dengue, as dores são predominantemente musculares. Alguns sintomas da chikungunya duram em torno de duas semanas; todavia, as dores articulares podem permanecer por vários meses. Casos de morte são muito raros, mas a doença, em virtude da persistência da dor, afeta bastante a qualidade de vida do paciente.
 
Por fim, temos a febre zika, que é a doença que apresenta os sintomas mais leves. Pacientes com essa enfermidade apresentam febre mais baixa que a da dengue e chikungunya, olhos avermelhados e coceira característica. Em virtude desses sintomas, muitas vezes a doença é confundida com alergia. Normalmente a zika não causa morte e os sintomas não duram mais que sete dias.
 
O tratamento da dengue, chikungunya e zika é praticamente o mesmo, uma vez que não existem medicamentos específicos para nenhuma dessas enfermidades. Recomenda-se que o paciente, nos três casos, permaneça em repouso e beba bastante líquido. Alguns medicamentos são indicados para dor, mas não se deve fazer uso de remédios que contenham ácido acetilsalicílico, pois eles podem desencadear hemorragias.
 
Não existem vacinas contra as doenças citadas no texto. Assim sendo, a melhor forma de prevenir-se é pela destruição dos locais propícios à multiplicação do mosquito Aedes, garantindo sempre que não haja acúmulo de água parada.