sexta-feira, 31 de julho de 2015

Justiça Federal do Tocantins realiza cadastramento de médicos peritos

Em visita ao Hospital Geral de Palmas (HGP), ocorrida na última quarta-feira, dia 22, o juiz federal substituto da Seção Judiciária do Tocantins (SJTO) Cristiano Mauro informou aos médicos e à diretora-geral do Hospital, Renata Duran, que a Justiça Federal, no Tocantins, está realizando o cadastro de médicos interessados nos trabalhos de perícia judicial. O objetivo da SJTO é criar um banco de dados com profissionais de todas as especialidades necessárias.

Os médicos poderão atuar como peritos judiciais, principalmente, nos processos previdenciários – a maior demanda da Justiça Federal em todo o estado. Durante a visita ao HGP, o juiz federal destacou a importância social do trabalho de perito da Justiça. “Queremos que os médicos saibam que além do serviço remunerado, eles vão fazer um serviço social muito importante e contribuirão com o trabalho da Justiça”, explicou. O valor da remuneração para cada perícia é determinado por meio de tabela específica do Conselho da Justiça Federal (CJF).

A diretora-geral do HGP, Renata Duran, disse que “muitos (médicos) vão se interessar, pois eles gostam de trabalhar para a Justiça”. As designações de perícias nos processos judiciais serão organizadas em pautas fixadas pela Justiça Federal que, na medida do possível, buscará harmonizá-las com a agenda particular de cada médico.

Ao final do encontro com a diretora do hospital, o juiz federal se dispôs a participar de outros encontros com a classe médica para explicar sobre a importância dos trabalhos de perícia judicial para a comunidade. O diretor da 3ª Vara Federal, Wandelmir Rodrigues, também participou da visita ao HGP.

Especialidades - A maior demanda de perícias nas ações judiciais no âmbito da Justiça Federal no Tocantins abrange as seguintes especialidades: cardiologia, oftalmologia, gastroenterologia, neurologia, psiquiatria, ortopedia, oncologia, proctologia, endocrinologia, hepatologia, otorrinolaringologia e doenças tropicais.

Cadastro de médicos - O cadastro dos médicos interessados deve ser realizado pela internet, por intermédio do site www.jfto.jus.br. Ao acessar o endereço eletrônico, o profissional deverá clicar em “serviços”, localizado na barra lateral e depois em “AJG – Assistência Jurídica Gratuita”. Após seguir esse caminho, o interessado deverá clicar em “Acesso para Advogados, Peritos, Tradutores e Intérpretes” e realizar o cadastro.

No local também está disponível o edital com a lista da documentação exigida e o procedimento completo para a conclusão do credenciamento. Os telefones para informações são: (63) 3218-3898 e 3218-3884.
 
Assessoria de Comunicação Social
Tribunal Regional Federal da 1ª Região

Documentário 'A dor além do parto' denuncia que maioria dos erros médicos estão ligados à obstetrícia

Filme mostra histórias de mulheres vítimas de violência obstétrica e aponta caminhos para mudar esse cenário. No Brasil, pesquisa mostra que uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência no atendimento ao parto
Uma em cada quatro mulheres brasileiras sofre algum tipo de violência no atendimento ao parto. Acontece todos os dias, em todos os lugares e a maioria dessas histórias não são contadas. “A obstetrícia é mundialmente a especialidade médica com maior número de ocorrências, de infrações, quer na lesão corporal, quer nas mortes. Setenta por cento de tudo que o Ministério Público realiza em matéria de processos dos chamados erros médicos estão nesta especialidade”. A afirmação é do promotor de justiça do Distrito Federal, Diaulas Ribeiro. O depoimento está nos primeiros minutos do documentário “A dor além do parto”, lançado no Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres.
São vinte minutos, assista:
 
 
De autoria de Amanda Rizério, Letícia Campos, Nathália Machado e Raísa Cruz, o filme levanta a discussão sobre violência obstétrica. O termo é, inclusive, desconhecido da maioria dos brasileiros e abrange não só os direitos das mulher, mas também os do bebê. O Saúde Plena já abordou o tema em matérias anteriores, mas reforça que violência obstétrica é qualquer ato ou intervenção praticado sem o consentimento explícito e informado da mulher grávida, parturiente ou que deu a luz recentemente que desrespeita sua integridade física, mental, seus sentimentos, opções e preferências.

“Violência é violência, seja obstétrica ou de outra ordem, violência é violência. Há crimes para outras formas de violência, o problema é saber se a violência aplicada no trabalho de parto se enquadra em uma das outras condutas já especificadas pela legislação: lesão corporal, maus tratos, homicídio, etc”, reforça o promotor em outro momento do média-metragem.

O documentário é resultado do trabalho de conclusão do curso de direito da Universidade Católica de Brasília. “A abordagem do tema violência obstétrica deu-se por ser de alta relevância social, pois sua ocorrência perdura no tempo, sendo recorrente tanto na rede pública quanto na rede privada de saúde, sem que a população sequer saiba que os maus tratos sofridos implicam uma violação de direitos e que não deve ser aceita como algo pertinente ao procedimento médico”, afirma Letícia Campos, uma das autoras do filme.

Letícia afirma ainda que a escolha do tema é justamente pelo fato de a violência obstétrica ser negligenciada do ponto de vista jurídico e social. “Além disso, entende-se que a omissão do Estado brasileiro, no que se refere à proteção jurídica efetiva da mulher parturiente, é um flagrante retrocesso. A tutela é necessária, pois, o poder de escolha da mulher é cerceado e o abuso à sua integridade física e moral ocorre de forma ampla, independentemente de idade ou classe social. Alertar a sociedade sobre os abusos cometidos é determinante para garantir o respeito aos direitos das mulheres”, argumenta.
Exemplos de violência obstétricaHistórias narradas pelas vítimas de violência obstétrica durante o documentário faz soar o alerta de que a forma como se nasce no Brasil está muito distante do conceito de parto humanizado, mesmo com os avanços que vêm acontecendo. O Sistema Único de Saúde, por exemplo, autorizou recentemente as salas de PPP (pré-parto, parto e pós-parto) para o sistema público.

A dor do parto é um dos grandes tabus que permeia essa discussão e que, em alguma medida, contribuem para os altos índices de cesarianas praticadas no país, já que o procedimento cirúrgico implica em anestesia. Nessa perspectiva, o filme traz relatos assustadores como os casos de episiotomia sem anestesia (corte cirúrgico feito no períneo, a região muscular que fica entre a vagina e o ânus, durante o parto de via vaginal). Letícia Campos alerta que a episiotomia é realizada em quase 90% dos partos via vaginal no Brasil. “Pesquisas recentes apontam que só seria necessária em torno de 15% dos casos. Na maioria das vezes, a episiotomia é realizada sem anestesia, que só é aplicada posteriormente para sutura. O argumento utilizado é que o períneo da mulher está naturalmente anestesiado pelas contrações e dores do parto, ou que não dá tempo para aplicar”, explica.

A médica e coordenadora de saúde da mulher do Ministério da Saúde, Esther Vilela aponta o procedimento como tortura e desmente o argumento do “períneo anestesiado”. “Isso não é verdade, isso é um caso de denúncia”, declara no documentário.

Outra história chocante que está retratada no vídeo é de Viviane Araújo. Ela conta que escolheu a cesariana para não sentir nenhuma dor. “O médico tentou me dar anestesia três vezes e quando ele fez o primeiro corte eu realmente não senti nada, mas quando ele foi fazendo cortes mais profundos eu comecei a gritar e falar que estava sentindo muita dor, que eu estava sentindo tudo. Aí ele falou assim: ‘mas agora eu não posso mais parar de fazer o parto para poder te anestesiar de novo senão o bebê pode morrer’. Aí ele fez o meu parto em cinco minutos, eu gritando desesperada e quando ele tirou a Laura ele me deu uma anestesia para fazer a sutura. Quando eu acordei já estava no quarto. Então, eu nem cheguei a ver a milha filha”.

Inúmeros procedimentos adotados com frequência no Brasil são questionados no documentário: romper a bolsa e o uso de medicamento para acelerar o parto também são contraindicados, segundo Esther Vilela. Além desses, o uso de fórceps sem anestesia – prática que pode gerar lesões graves na mãe, no bebê e até a morte da criança - e a manobra de Kristeller que implica em colocar força no fundo do útero para expelir o bebê. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) é um procedimento prejudicial, ineficaz e que deve ser eliminado.

Outro dado assustador é de uma pesquisa realizada em todo país que revela que nem a lei do acompanhante – obrigatória para hospitais públicos e privados - é respeitada, além de muitas mulheres sequer a conhecerem. E uma das principais razões disso é não existir punição para médicos e hospitais que descumprem a medida. O estudo mostra que 64% das mulheres entrevistadas não tiveram acompanhante e 15.4% sequer sabiam do direito. A separação da mãe e do bebê após o nascimento é outra prática que deveria ser evitada.

Outra informação importante é dada pela psicóloga especialista em obstetrícia Alessandra Arais. “Se a mulher nunca teve um problema mental, tem 25% de chance a mais de ter nessa fase da vida. Então, a mulher está extremamente sensível e ela deveria receber uma atenção especial”.

Segundo Esther Vilela as más práticas são responsáveis pela morte de mulheres e bebês. “A asfixia neonatal é a principal causa de morte neonatal e está diretamente relacionada à qualidade de assistência ao parto”.

Denuncie
Segundo Letícia Campos, uma das autoras do filme, o número de denúncias no Brasil ainda é pequeno. “Primeiro porque falta informação de como proceder e também porque muitas mães ao saírem saudáveis e com o bebê bem só querem esquecer o que passaram”, diz. Para se ter uma ideia dessa realidade, de todas as mulheres entrevistas para o ‘A dor além do parto’, apenas Sheila Britto, que perdeu seu bebê, denunciou.

O promotor Diaulas Ribeiro reforça que alguns crimes não deixam vestígios. “É difícil provar erros e condutas médicas? É. Por que razão? O sistema de justiça, incluindo os promotores e juízes, conhece muito pouco de medicina. E como conhecem muito pouco acabam tendo uma leitura muito elementar do que acontece na relação médico-paciente, apelam para a figura genérica da absolvição por falta de provas”, diz. Para ele, lei sem consequência jurídica no Ministério Público tem pouca finalidade.

Para Letícia Campos a punição não é a solução. “A solução ideal é a educação, mas até chegarmos nesse nível, onde a ética é princípio inabalável, leva um tempo. Por isso é indispensável impedir que a impunidade se estenda de forma a resultar na produção de danos físicos e psicológicos em massa sobre as parturientes, sob pena de grave violação aos direitos humanos e desrespeito à dignidade da mulher. Dessa forma, a punição se torna medida protetiva, seja ela de cunho pecuniário, administrativo ou restritiva de direitos”, conclui.
  Valéria Mendes - Saúde Plena Publicação:09/12/2013

Conselho de Saúde aprovou o fim da terceirização nas UPAs

As 15 UPAS e oito UPAEs inauguradas desde 2010 são administradas  por
organizações sociais/ Sérgio Bernando/ JC Imagem
O cancelamento dos contratos com as organizações sociais que gerenciam mais de 30 serviços de saúde da rede estadual de Pernambuco, entre hospitais, UPAs e UPAEs,  já deveria ter começado se uma deliberação do Conselho Estadual de Saúde, há dez meses, tivesse sido colocada em prática pelo governo.  Em tempo de orçamento curto e cobrança da sociedade por transparência, o modelo de gestão  e a relação do governo com o controle social engrossam as discussões na esfera local do SUS.
 
 No próximo dia 12 de agosto, às 8h30, na sede da SES, no Bongi, conselheiros estarão reunidos com o secretário Iran Costa para tocar na ferida e discutir o preço do modelo terceirizado. A Secretaria Estadual de Saúde alega que  administração direta e OSs não são modelos excludentes. Se quiser voltar atrás ou manter a terceirização, tem pela frente um momento difícil. O Estado poderia reassumir todas as novas estruturas? Limitado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, só nomeou 73 dos 1.905 concursados do ano passado. Pode repassar a gestão das unidades às prefeituras e consórcios, como ocorre em outros Estados? A princípio vai ter que medir o preço político e econômico de preservar ou acabar com uma marca da gestão passada, do mesmo partido (PSB).

Hermias Veloso questiona a grande quantidade de recursos públicos geridos por
 organizações sociais/ Alexandre Gondim/ JC Imagem
O conselheiro de Saúde Hermias Veloso, do Sindicato dos Farmacêuticos e representante dos Trabalhadores do SUS, é contrário às OSs e cobra atenção às resoluções do colegiado responsável pelo controle social. “Nosso principal foco, no dia 12,  será a legalidade desse modelo, sua eficiência e eficácia, forçando a comparação do modelo  público X o modelo sob gestão das organizações sociais: a vultosa soma de recursos financeiros envolvida nesses contratos pouco transparentes e englobando oito organizações sociais, os custos dessas unidades, o lucro, as receitas, as despesas, produções  e qualidade de atendimento”, afirma. A Secretaria Estadual de Saúde  tem que dar uma resposta à sociedade, defende Veloso, para deixar claro se atende ou não às decisões do Conselho Estadual de Saúde.
 
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde diz que “solicitou reunião ordinária com o pleno do Conselho Estadual de Saúde para apresentar e discutir o atual cenário das Organizações Sociais no Estado”. O encontro será com a participação de representante do Ministério da Saúde. “É importante ressaltar que essa forma de gestão é utilizada por diversos estados brasileiros e, em Pernambuco, Foi instituída no em 2010 – com base na lei estadual Nº 11.743, de 20 de janeiro de 2000 (atualizada pela lei estadual Nº 15.210 de dezembro de 2013). A gestão por OSs tem apresentado resultados positivos na melhoria da assistência à população e é extremamente pertinente esclarecer que os modelos de administração (direta e OSs) não são excludentes, mas sim complementares”, afirma.

Verônica Almeida - JC Mais Saúde

Herpes pode ser transmitido pelo batom; conheça as "doenças da maquiagem"


De tanto dançar na balada, após algumas horas, a maquiagem já não é a mesma. É a hora de ir ao banheiro para retocá-la. Sua amiga tira da bolsa aquele batom com uma cor que você adora e pergunta se você quer usá-lo. Mas, antes de dizer sim a ela, é preciso saber que o simples ato de usar a maquiagem alheia pode te trazer uma série de doenças. Não queremos assustar ninguém, mas os cosméticos podem transmitir vírus, bactérias e até fungos. 
 
Os especialistas entrevistados pelo UOL afirmaram que o risco de contaminação é ainda maior se o cosmético estiver fora do prazo de validade. A maquiagem possui substâncias que evitam a proliferação de microrganismos, mas elas perdem a sua eficácia quando o produto vence. Isso não demora muito. Para ter uma ideia, um rímel tem validade de apenas três meses. Depois disso, você pode estar usando uma maquiagem que serve como meio de cultura (onde os microrganismos se reproduzem).
 
No caso do batom, se fala bastante do risco de transmissão do herpes simples, vírus que, na maioria dos casos, causa aquelas "bolhinhas" ao redor da boca. Não é que o vírus fique por muito tempo no batom, mas se a pessoa que tem a doença passa um batom e empresta, você pode pegar o vírus. "O herpes é bastante comum. Há estudos que mostram que 90% da população carrega o vírus do herpes labial", afirma a dermatologista Elisete Crocco, coordenadora do Ambulatório de Cosmiatria e Acne da Santa Casa de São Paulo.
 
O que pouca gente sabe é que se a sua amiga está gripada, tem mononucleose (conhecida como doença do beijo), ou doenças respiratórias causadas por bactérias, como amigdalite, ela pode passar a enfermidade ao emprestar o batom. "A transmissão se dá por causa da saliva. Os microrganismos podem ser transmitidos, mas por um curto intervalo de tempo, pois eles não sobrevivem sem as condições ideais de temperatura", explica a dermatologista Viviane Frange, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Previna doenças que podem ser transmitidas pela maquiagem

  • Não compartilhe sua maquiagem
  • Não use maquiagem de mostruário
  • Ao lavar os pinceis, deixe-os secar em lugar seco e arejado
  • Não use secador nos pinceis
  • Evite usar maquiagem emprestada
  • Higienize os pinceis com frequência ou use descartáveis
  • Nunca guarde seus pinceis úmidos

Lápis de olho e rímel são os grandes vilões
 
Os cosméticos que encostam na borda dos olhos podem acabar levando microrganismos para o globo ocular. Esse processo pode causar blefarite, que é uma inflamação na base dos cílios, causadora do calázio - ou tersol como é popularmente conhecido. "A maquiagem também pode passar quadros virais, como a conjuntivite", afirma Elisete Crocco.
 
Viviane Frange cita o tracoma, doença inflamatória que afeta a córnea e a conjuntiva, também causada por uma bactéria. "A pessoa pode ter até herpes na conjuntiva pelo mesmo vírus que dá nos lábios. O olho fica vermelho, parece que a pessoa tem uma conjuntivite, mas é um quadro mais grave", explica.
 
A oftalmologista Juliana Freitas, especialista em córnea do hospital D'Olhos, explica que pode haver ainda uma infecção através dos vírus sexualmente transmissíveis. Ela lembra de um caso que presenciou durante sua especialização nos Estados Unidos, em que uma mulher pegou gonorreia no olho após participar de uma despedida de solteiro.
 
"Se uma pessoa com gonorreia ejacula e o sêmen bate no olho de outra pessoa, o gonococo (bactéria que causa a doença) por atingir o globo ocular. Como existe um tempo entre a contaminação e o surgimento da doença, a bactéria pode ficar viável na maquiagem, independente do prazo de validade dela", explica. O mesmo pode acontecer com o vírus do herpes genital.
 
Ainda segundo a oftalmologista, alguns vírus e bactérias mais agressivos - como é o caso do herpes e do gonococo, respectivamente - podem perfurar a córnea em até 24 horas, causando úlceras. "São infecções que podem levar à perda da visão", conclui.
 
Cuidado com os pincéis!
 
Se alguém tem uma micose no rosto, aplica base ou pó compacto com um pincel ou espoja e os empresta, os fungos podem ser transmitidos para outra pessoa. Além disso, o pincel leva com ele resquícios de queratina e tecido orgânico, que podem servir de meio de cultura de microrganismos.
 
"Tive um caso de uma moça que fez uma maquiagem na cadeira de uma loja nos EUA, com produtos e pincéis que eram usados em todas as pessoas que chegavam lá. Ela desenvolveu um furúnculo no rosto. Precisamos tratar com antibiótico e fazer uma drenagem cirúrgica. Se a pessoa tem uma infecção, certamente ela pode passar para outra", contou Crocco. A recomendação dos especialistas é clara: não use maquiagens de mostruário em lojas. Mesmo higienizado, o produto é utilizado por muitas pessoas e a limpeza pode não conseguir matar todos os vírus e bactérias.
 
Em casa, os pincéis devem ser higienizados logo após seu uso. Uma opção é lavá-los com shampoo neutro e deixá-los secar em cima de uma toalha. Evite deixá-los em um local úmido pois a culpa da proliferação dos microrganismos deixará de ser a falta de higienização e passará a ser a umidade.
 
Há ainda a opção de comprar produtos que retiram resíduos de pigmentos das cerdas com a ajuda do álcool concentrado. "Também se utiliza o álcool 70%, mas o seu uso contínuo pode ressecar as cerdas", afirma Eri Nascimento, professor do curso de Maquiagem do Senac.


Mirthyani Bezerra -  Do UOL, em São Paulo

quinta-feira, 30 de julho de 2015

CAMPANHA: PEÇA SEU PRONTUÁRIO MÉDICO!



Fonte: Registros de Enfermagem

PRONTUÁRIO MÉDICO


O prontuário é um documento fundamental no trabalho médico, destinando-se ao registro preciso e detalhado da história clínica do paciente, além de evolução, tratamento, exames realizados e todas as intercorrências. Para cada paciente atendido, o médico deve elaborar um prontuário, o qual tem que ser completo e compreensível, contendo a sequência das diversas etapas do atendimento. Eis o que diz sobre a matéria o Código de Ética Médica (CEM):
 
 Artigo 87. É vedado ao médico – Deixar de elaborar prontuário legível para cada paciente.
§ 1º O prontuário deve conter os dados clínicos necessários para a boa condução do caso, sendo preenchido, em cada avaliação, em ordem cronológica com data, hora, assinatura e número de registro do médico no Conselho Regional de Medicina.
§ 2º O prontuário estará sob a guarda do médico ou da instituição que assiste o paciente.
 
A obediência a tais regras é importante para o bom acompanhamento clínico, inclusive quando outros médicos participam do tratamento ou têm que fazer alguma intervenção de urgência em benefício da saúde do paciente, circunstância que patenteia a necessidade de o prontuário ser legível. Ademais, a anotação cuidadosa do histórico e do tratamento da pessoa enferma poderá ser extremamente útil para demonstrar o zelo do médico na adoção tempestiva das condutas clínicas que a condição do paciente requer, especialmente  quando ocorrem denúncias contra o esculápio. No Conselho Regional de Medicina do Ceará, já houve situação em que o prontuário foi decisivo na defesa do médico acusado, possibilitando que este, de maneira tranquila, evidenciasse que tinha agido, em todas as fases do tratamento do doente, dentro do que preceitua a boa prática clínica. No entanto, o contrário também já aconteceu. Numa pendência entre médico e paciente junto ao órgão de defesa do consumidor, que incluía solicitação de indenização, o CREMEC, convidado a acompanhar o caso, constatou  que, naquela circunstância específica, o prontuário era tão pobre em dados, tão mal preenchido, que passou a ser uma peça de acusação contra o médico, deixando-o em situação extremamente vulnerável e forçando-o aceitar um acordo em que se obrigou a ceder às exigências financeiras da paciente que o acionava.
 
Há, no que tange ao prontuário, outros dispositivos éticos de grande relevância. Como repositório de dados do paciente, o prontuário é alcançado pelas normas referentes ao segredo médico. E as informações sobre o tratamento do enfermo são de propriedade deste, cabendo ao médico a sua guarda. Deste modo, o paciente tem direito de acesso ao prontuário (artigo 88 do CEM), assim como pode solicitar ao médico “explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a terceiros”. Com a ressalva citada, se o paciente requerer cópia do seu prontuário, o médico ou a instituição responsável pela guarda deste documento médico tem o dever de fornecê-la.
 
No pólo oposto, anote-se que os dados do prontuário não devem ficar ao alcance de pessoas outras, a não ser com a autorização escrita do doente. A restrição alcança inclusive os familiares do paciente, ainda que sejam médicos, os quais só têm a prerrogativa de manusear o prontuário após autorização do enfermo. Já os médicos auditores de planos de saúde podem examinar o prontuário nas dependências da instituição em que ocorre a assistência médica. É conveniente, ainda, esclarecer qual a conduta ética a ser adotada quando chega ao médico ou ao hospital requisição judicial de prontuário. Neste caso, o prontuário não deve ser encaminhado, mas sim disponibilizado ao perito médico nomeado pelo juiz (§ 1º do artigo 89 do CEM). Tudo isto visa preservar a intimidade, a privacidade e a honra das pessoas, conforme previsto na Constituição Federal do Brasil, artigo 5º, inciso X.
Presidente do CREMEC

 

 

quarta-feira, 29 de julho de 2015

ERRO MÉDICO - A LUTA PELA VIDA

O livro traz a história de uma mulher, vítima de erro médico, que lutou na Justiça contra a incompetência e os interesses escusos de grupos poderosos na área de saúde.

 ERRO MÉDICO - A LUTA PELA VIDA


Garoto perde testículo e família processa médico do PS Municipal

Foto(s): Divaldo Moreira/Comércio da Franca

O advogado William Guagneli representa a família na ação
 que pede R$ 788 mil por danos morais

A família de um garoto de 15 anos, que perdeu um dos testículos em maio deste ano, entrou na Justiça contra o médico Denyson Dantas Honorato, o ICV (Instituto Ciências da Vida) e a Prefeitura de Franca, por negligência médica e pede R$ 788 mil por danos morais. O adolescente, que teve torção testicular, precisou amputar o testículo depois que o médico teria ignorado os sintomas, incluindo o atestado de outro profissional, e mandado o garoto para casa. 
 
O ICV, um dos processados, é o mesmo instituto que teve documentos apreendidos em sua sede pela Polícia Civil, na operação que investiga a atuação de falsos médicos na rede pública de saúde.
 
Segundo o advogado William Guagneli, o adolescente passeava em Ibiraci (MG), local onde tem familiares, quando teria sentido os primeiros sintomas de torção testicular. Em um primeiro atendimento, na Santa Casa da cidade, o médico realizou alguns exames e constatou o problema. Por tratar-se de um caso que necessitava de intervenção cirúrgica, teria sido indicado à mãe que ela voltasse para Franca e procurasse um médico para que o procedimento cirúrgico indicado fosse realizado.
 
 Imediatamente a mãe, com os exames e o atestado do médico de Ibiraci, teria voltado para Franca e ido ao Pronto-socorro “Álvaro Azzuz”. Lá o médico que teria atendido o adolescente, mesmo com a indicação do outro profissional, teria ignorado os sintomas e receitado apenas um remédio e o encaminhado para casa. No outro dia, ainda com muita dor e os sintomas agravados, a mãe teria voltado a procurar o PS, sendo atendida por outro médico, e esse sim teria confirmado o diagnóstico inicial e encaminhado o garoto para a Santa Casa de Franca.
 
“O caso de torção testicular é muito grave. O diagnóstico deve ser feito o mais rápido possível para evitar a amputação. Nesse caso, com a negligência do segundo médico que atendeu o adolescente, o testículo sofreu alterações irreversíveis, obrigando a sua extirpação. Por isso, enxergamos a negligência e acionamos a Justiça”, disse o advogado.
 
De acordo com Guagneli, a família entende que houve negligência porque não foi solicitado nenhum exame. “Nós processamos a culpa pela negligência, imperícia e pela imprudência, porque a partir do momento que você tem um exame e um atestado de outro médico de que é uma torção de testículo, o mínimo que o PS poderia ter feito, junto ao médico, era um exame mais aprofundado e não somente medicar e liberar o menino sem qualquer diagnóstico.”
 
Segundo o advogado, o valor de R$ 788 mil não é suficiente para reparar o erro, já que a amputação poderá afetar a reprodução e desenvolvimento hormonal do adolescente, além do aspecto psicológico. “Na verdade, para o erro e a perda do garoto, não haveria dinheiro suficiente para pagar. Pedimos esse valor mais para que médicos tomem ciência do que estão fazendo. Não estão mexendo com números e sim com vidas.”
 
Outro lado
A Prefeitura informou que a Secretaria de Saúde, “com certeza”, vai apurar o que ocorreu, “como sempre tem feito em casos dessa natureza”. As ligações feitas ao único número de telefone do médico que a reportagem conseguiu não foram completadas. Ele atuaria apenas no PS. O ICV informou que foi notificado apenas no final da tarde de ontem sobre o caso e que aguardaria a avaliação de seu Departamento Jurídico, para emitir um posicionamento oficial a respeito.
 

HC convoca diabéticos para exames de vista neste sábado

Exames de vista vão identificar diabéticos com retinopatia/ Rodrigo Carvalho/ JC Imagem

Mesmo em meio a uma crise, com greves de funcionários e de médicos residentes, o Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) fará neste sábado (01 de agosto) um mutirão para prevenção da cegueira. O alvo principal são pessoas diabéticas, especialmente com mais de 40 anos, que podem desenvolver retinopatia em razão da glicose alterada. Cerca de  75% delas apresentam problemas de visão.  O atendimento será  no estacionamento da Clínica Dermatológica e não é necessário agendar previamente. Os exames serão por ordem de chegada, a partir das 8h. Vão até às 16h, mas a admissão será limitada às 14h. Para saber mais, acesse: https://goo.gl/dwcdU3 .
 

terça-feira, 28 de julho de 2015

Quer saber se tem hepatite C ? Faça o teste no Tacaruna ou no metrô


Campanha de prevenção e diagnóstico precoce de hepatite C foi lançada pelo Ministério da Saúde

Neste Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, 28 de julho, quarentões devem aproveitar a convocação do Ministério da Saúde e fazer o teste da hepatite C. No Recife são dois postos volantes. O Núcleo de Assistência ao Paciente das Hepatites Virais (Naphe), com apoio da biofarmacêutica AbbVie, faz campanha no Shopping Tacaruna, em Santo Amaro, no térreo, na frente do posto do Detran. O atendimento, com material educativo e teste rápido, fica das 10h às 22h. Na Estação Central do Metrô, no bairro de São José, há equipe da Secretaria Estadual de Saúde  das 9h às 15h, também com orientação e testagem. Desde esta segunda-feira (27) começou a ser veiculada na grande mídia campanha do Ministério da Saúde conscientizando pessoas maiores de 40 anos a procurarem postos do SUS para fazer o teste de hepatite C. São chamados prioritariamente aqueles que se submeteram à cirurgia ou transfusão de sangue antes de 1993, época em que não havia triagem nos bancos de sangue para barrar a transmissão da doença. Estima-se que 1,4 a 1,7 milhão de brasileiros estejam infectados. Ao lançar a campanha, o governo federal também anunciou um novo tratamento, mais eficaz, que estará disponível no SUS ainda neste segundo semestre. A terapia injetável, com mais risco de reação adversa, ficará restrita a alguns casos. O tratamento será feito com comprimidos e em tempo que varia de três a seis meses, menor que o atual.
 
 
 

Cuidado do câncer no Brasil é tardio e insuficiente, aponta relatório


Cerca de 60% dos pacientes com câncer são diagnosticados já em estágio avançado no Brasil e, no caso de câncer de pulmão, 87,9% dos casos são descobertos tardiamente. O diagnóstico depois que a doença se espalhou foi identificado como uma das principais barreiras enfrentadas pelos pacientes no acesso ao tratamento, seja pela falta de centros especializados, pelas longas esperas para consultas com médicos especialistas ou pela demora na realização de exames.
 
Esses dados foram compilados por cerca de 50 entidades brasileiras de combate ao câncer. O movimento Todos Contra o Câncer, que organizou o relatório, tem o objetivo de colaborar com a elaboração de políticas públicas e aponta caminhos para compilar melhor os dados de atendimento ao câncer e criar novos protocolos de saúde. O relatório foi entregue ao Ministério da Saúde na sexta-feira (24) e lançado oficialmente na segunda (27). 
 
Segundo o documento, o tempo médio de espera entre o diagnóstico e o início dos tratamentos com quimioterapia e radioterapia, é de 76,3 e 113,4 dias, respectivamente. Uma lei de 2012 assegura o início do tratamento no SUS de pessoas com câncer em um prazo de até 60 dias após o diagnóstico com laudo patológico. Segundo uma auditoria feita pelo TCU (Tribunal de Contas da União) para avaliar a Política Nacional de Atenção Oncológica, apenas 65,9% da demanda por radioterapia foi atendida no país em 2010.
 
"A área de oncologia tem despertado grandes preocupações devido ao crescente impacto econômico sobretudo em função do diagnóstico tardio (...) que onera o SUS com despesas que poderiam ser evitadas com a prevenção ou diagnóstico precoce", pontua o relatório.
 
O diagnóstico tardio e o atendimento falho (falta de leitos, de medicamentos, descredenciamento de clínicas por convênios) causa, segundo as entidades, um aumento na mortalidade do câncer no Brasil além de um maior gasto com repetidas internações, necessidade de procedimentos e medicamentos de alta complexidade e atualização constante dos valores pagos por serviços médicos.
 
Judicialização
 
A judicialização é apontada como uma uma nova porta de acesso ao SUS. Hoje, por causa do caráter universal do SUS, quando o convênio ou o governo não fornecem um tratamento ou medicamento, os pacientes podem entrar na Justiça e muitos ganham a causa e conseguem que o procedimento seja pago.
 
Entre 2009 e 2014, os gastos do Ministério da Saúde com as sentenças judiciais subiram 1.400%, chegando a R$ 1 bilhão gastos anualmente, segundo o relatório.
 
"Se somarmos os gastos dos estados com sentenças judiciais fica evidente que o poder judiciário tem se tornado uma segunda porta de acesso ao SUS e ao sistema suplementar, especialmente devido à não disponibilidade no SUS de medicamentos imprescindíveis e ao excesso de burocracia no sistema público, tanto nas licitações para compra de medicamentos como no pedido administrativo do paciente para sua obtenção", explica o documento.
 
Novos medicamentos e pesquisas
 
O Brasil falha ainda, segundo o documento, na agilidade para aprovar os protocolos de pesquisa e novos medicamentos, apesar de avanços recentes como no caso da criação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC), em 2011.
 
Há demora também na aprovação de novos medicamentos e novas terapias. "O número de análises e aprovações aumentaram consideravelmente desde 2012, mas o número de processos indeferidos ainda é bastante elevado, tendo como alegação a falta de comprovação científica e de eficácia", pontua.
 

segunda-feira, 27 de julho de 2015

A importância da Comissão de Revisão de Prontuários para os hospitais

O Conselho Federal de Medicina criou, há cerca de 13 anos, a obrigatoriedade de que todo hospital mantivesse, em funcionamento, uma Comissão de Revisão de Prontuários Médicos. A imensa maioria dos hospitais cumpre essa norma apenas de forma protocolar. Trata-se, contudo, de uma burocracia inútil? Não é esse nosso ponto de vista, pelo menos…

A Resolução 1638/2002, do Conselho Federal de Medicina, “defini prontuário médico e torna obrigatória a criação da Comissão de Revisão de Prontuários nas instituições de saúde”.

O prontuário é peça fundamental no setor de saúde, uma vez que materializa as informações dos pacientes colhidas ao longo de todo o processo de assistência que o mesmo recebe, desde a anamnese até a alta. É, ainda, uma das formas de trazer o paciente como sujeito da relação e não como objeto.

 É um documento que deveria ser melhor tratado em nossos hospitais, já que guarda a história de vida do paciente, devendo ser revestido com uma dura armadura de sigilo (o que nem sempre acontece), servindo de base informacional para o prosseguimento da assistência, eventualmente, uma forma de se revisitar o que aconteceu com o paciente e mesmo, nesse sentido, como peça de defesa dos médicos. Ainda, esse documento está envolvido no faturamento do hospital.

 Dada sua importância, toda Comissão de Revisão de Prontuário deveria exercer um papel de verificação dos dados ali inseridos, observando a pertinência, qualidade e mesmo defeito em seu preenchimento, gerando planos de ações específicos diante das inconsistências encontradas, treinamento em caso de preenchimento incorreto de forma reiterada e, até mesmo, em casos extremos, denúncia de falta ética de profissionais que se mostrarem insensíveis a essa obrigação.

 Já tive uma experiência absolutamente exitosa ao participar de uma Comissão de Prontuários, que era multidisciplinar e que fazia uma verificação muito justa de quase a totalidade dos prontuários produzidos em um hospital geral. Os resultados foram surpreendentes no que importa a melhoria da qualidade do preenchimento; o que podia ser facilmente verificado pelos indicadores que criamos.
Dar esse relevo às informações dos pacientes, revela o grau de preocupação do hospital com seus consumidores finais e, obviamente, com a qualidade da assistência.
 
Parece-me que a “concorrência”, hoje, está centrada mais em hotelaria e em exibição de certificações, do que em qualidade assistencial e respeito aos direitos dos pacientes.

Fazer a Comissão de Revisão de Prontuários funcionar de forma proativa e eficiente, pode ser um passo inicial em direção ao que realmente deveria importar na assistência à saúde de nossos cidadãos.
 
 
Ronaldo Behrens - portugalmurad.com.br 

CAMPANHA: PEÇA SEU PRONTUÁRIO MÉDICO

A ASVEM-PE está empenhada na campanha pela obtenção do Prontuário Médico sempre que  se utilizar algum Serviço de Saúde. Qual o significado dessa campanha?  Essa ação se faz necessária em virtude do paciente ter o direito de saber o que foi feito e utilizado no seu corpo, como também utilizá-lo como prova em processos judiciais, se necessário.
O Prontuário é SEU!!!
FAÇA VALER SEU DIREITO, SOLICITE SEU PRONTUÁRIO MÉDICO!
 
 
 
"Hoje solicitei cópias dos documentos que, de alguma maneira, contam a história do nascimento do meu filho – os prontuários médicos, meu e dele, do dia da cesariana até o dia da nossa alta hospitalar.
 
Você sabia, por exemplo, que os médicos têm obrigação de anotar em detalhes todos os instrumentos utilizados numa cirurgia? As intercorrências, as prescrições, evolução clínica, justificativas e um monte de outras coisas? Eu não sabia e também não sabia que tinha direito de saber esses “detalhes”, embora isto agora me pareça bem óbvio. 
 
São estes os documentos utilizados como provas em processos judiciais e se apropriar deles o quanto antes garante muitas coisas, entre elas o direito de questionar procedimentos duvidosos. Embora este documento seja de suma importância para pacientes, médicos e instituições hospitalares, ele em muitos casos é preenchido de forma incorreta – ausente de informações obrigatórias e/ou com informações errôneas ou duvidosas. Só pra dar exemplo do absurdo que pode acontecer, tem gente que solicita prontuário de cesariana e descobre que, de acordo com o prontuário, teve o filho de parto normal. Sim, é grave.  E quanto antes a gente pede, antes pode questionar este e outros tipos de má conduta. Todo mundo pode solicitar e ter acesso à cópia do prontuário e isto, por lei, não deve ser nenhum cavalo de batalha.
 
Bom, eu acabei sabendo disso. E criei coragem. E fui lá. Naquele hospital onde fui operada há quase 4 anos sem necessidade. Preenchi uma ficha com meus dados e uma justificativa com o motivo da solicitação. Não sabia como justificar o pedido sem escrever que quero saber exatamente como justificou a médica uma cirurgia sem indicação e então escrevi simplesmente que o quero pelo simples direito de verifica-lo e tê-lo em meu poder.
 
Ao entrar na instituição revivi o mesmo medo que senti quando entrei lá para ser operada. O velho receio de abrir a boca. O pânico do branco. O respeito a quem supostamente pode lhe enfiar um bisturi por qualquer motivo. E respirei fundo para assinar o papel que provavelmente cairá nas mãos daquela que me coagiu, antes de voltar às minhas. E estou feliz.
 
A mesma mulher que entrou de canelas trêmulas para fazer a solicitação saiu pisando firme como não era possível há 4 anos. Será lembrado como o dia em que me apropriei do meu corpo, do direito a decidir sobre o que acontece ou deixa de acontecer com ele. O dia em que decidi perder o medo de encarar o branco e passei a olhá-lo nos olhos em situação de igualdade. Não de baixo pra cima.
 
Crie coragem e peça o seu ainda que não tenha idéia do que vai fazer com ele depois, é emblemático e diz aos médicos que talvez, de repente, as coisas estejam enfim mudando."

 

domingo, 26 de julho de 2015

Medicina Humanizada defende consultas longas e menos prescrição de remédio

Com até uma hora e meia de duração, médicos dizem que é possível entender contexto de vida do paciente, criar empatia com o atendido e, daí, indicar os hábitos a serem mudados
 
Thinkstock/Getty Images
Medicina humanizada: profissionais defendem que sem empatia e confiança a consulta com o paciente não flui
Marília Pereira, hoje com 59 anos, sofria todos os dias com fortes dores de cabeça desde os 13 anos de idade. As crises de enxaqueca foram se intensificando até que ela passou a frequentar diariamente pronto-socorro de hospitais. A cada dia fazia mais exames, corria atrás dos mais diversos meios de alívio, desde excelentes neurologistas até medicinas alternativas. Chegou a ficar internada, quase sedada e com doses de morfina para que a dor cedesse.
 
O martírio só teve fim quando Marília conheceu um clínico geral que não receitou remédio e nem pediu para visualizar a pilha de exames que ela carregou para a consulta (nenhum deles acusava qualquer alteração). Após uma hora e meia de conversa sobre todos os seus hábitos de vida - da alimentação à prática de exercícios físicos e a qualidade do sono - Marília saiu do consultório com uma dieta restrita a seguir: três meses sem ingerir açúcar ou qualquer produto que se transformasse facilmente em açúcar.
 
Para ajudar nessa adaptação, o médico organizava em sua própria casa aulas de alimentação saudável – e dos pratos que os pacientes deveriam comer para melhorar a dor. Ali, com outros pacientes, Marília aprendeu a fazer seu mingau sem leite. A dor, aquela que a atormentava diariamente, sumiu de vez após seis meses. Nunca mais voltou.
 
A postura do médico de Marília é conhecida como Medicina Humanizada e vai na contramão do que mais se vê nos consultórios, tanto públicos como particulares: consultas com duração de dois minutos, muitas vezes sem que o médico sequer toque no paciente. A conversa se restringe em o profissional perguntar quais são os sintomas do doente, pedir exames e receitar medicamentos. Em pouco tempo, quando a situação não é grave e o paciente segue as recomendações, ele para de se queixar e retorna às suas atividades normais – e ao estilo de vida antigo. O problema, porém, pode voltar - ou novos surgirem - e ele vai se consultar com um médico novamente - que muito provavelmente será um desconhecido. Seguido de uma receita com um tanto de remédios a serem comprados. 
 
Olhos para o paciente, não para a indústria farmacêutica
 
Na Medicina Humanizada, a proposta é entender o paciente como um todo. A coordenadora médica do Centro de Medicina Preventiva do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), Viviane Tabone, explica que a tecnologia não deve vir em primeiro lugar no cuidado com o paciente, mas o médico deve ouvir as preferências e necessidades do doente, tratando-o como... humano.
Ela explica que a empatia e a confiança são chaves para uma consulta bem sucedida. E isso não depende apenas de competência. Depende da disposição em ouvir, se interessar pela história de vida da pessoa e investir em um tratamento que implica em mudança de hábitos e que pode ser mais demorado, porém mais eficaz e definitivo do que aquele proporcionado pelos remédios. 
Para o clínico geral Alexandre Feldman, que pratica a Medicina Humanizada, é preciso se livrar das influências simplistas da indústria farmacêutica e alimentícia e voltar os olhos ao paciente, “a nossa verdadeira razão de ser”.
 
Feldman levanta a bandeira do termo que criou: a medicina do estilo de vida. Procurado normalmente por pessoas em dor, Feldman lança mão do tratamento convencional, mas não antes de bater uma papo descontraído com o paciente, para entender como é que ele vive e aconselhá-lo sobre as mudanças necessárias. “Começamos a conversar, pergunto como está a vida dele, o que é que o motiva, o que está difícil ou fácil para ele enfrentar, aí consigo entender como é o sono dessa pessoa, o tipo de alimentação e outras coisas”, explica.
 
Munido dessas informações, por meio das consultas que muitas vezes duram até uma hora e meia, Feldman recomenda um estilo de vida mais saudável. “O objetivo é livrar essa pessoa de mim e de tratamentos médicos. Quanto menos intervenções agressivas ela tiver, melhor. Mudando o estilo de vida, a pessoa começa a melhorar de dentro para fora, sendo menos dependente de intervenções médicas”, explica.
 
Praticar exercícios físicos, dormir bem em um ambiente escuro e ter uma alimentação saudável é uma mudança grande, segundo Feldman. Para ele, um estilo de vida saudável maximiza a capacidade do próprio organismo em se recuperar e prevenir doenças. 
 
Elioenai Paes , iG São Paulo (matéria publicada em
 

Tecnologia 3D ajuda médico do HR a reconstruir crânios

Médico Pablo Maricevich reconstruiu crânio do jovem Mateus, vítima de acidente com moto/ Bobby Fabisak
Médico Pablo Maricevich reconstruiu crânio do jovem Mateus, vítima de acidente com moto/ Bobby Fabisak

A epidemia da violência,  principalmente no trânsito, gera um número enorme de sequelados, parte deles com deformidades que afetam a vida social. Mas no principal hospital do SUS referência em trauma, no Recife, o da Restauração, o último capítulo está sendo vencido com sorrisos de satisfação.
 
O médico Pablo Maricevich, 35 anos, passou a adotar na reconstrução de crânios próteses feitas sob medida perfeita, com ajuda de tecnologia 3D. Para isso, conta com a parceria do Centro Renato Archer, localizado em Campinas (SP), que auxilia também outras 129 instituições de saúde. Em menos de um ano, 23 pacientes foram operados e os resultados têm sido positivos no HR.
 
Lucas Rafael da Silva, 20 anos, morador de Itapissuma, Grande Recife, tem a sensação de estar recomeçando a viver. Em 16 de março de 2013 seus planos de chegar à faculdade e se formar em pedagogia foram interrompidos. Quinze dias depois de obter a habilitação para guiar sua moto, sofreu um grave acidente, e, mesmo com capacete, teve traumatismo encefálico. Durante o tratamento, perdeu quase um quarto do crânio, motivo para se esconder do mundo. “Melhorei 80%” diz, após a cirurgia. Mateus Andrade Silva (na foto com o cirurgião Maricevich), 18 anos, também se sente melhor com o novo visual. A recomposição craniana protege o cérebro e ajuda na estética.
 
 assista ao vídeo:
 
 

sábado, 25 de julho de 2015

Professora morre após tentar parto humanizado por 48h e se submeter a cesariana

Mariana de Oliveira Fonseca Machado era especialista em Saúde da Mulher e vice coordenadora do curso de enfermagem da Ufscar, em São Carlos (SP)
Mariana de Oliveira Fonseca Machado era especialista em Saúde da Mulher e vice coordenadora do curso de enfermagem da Ufscar, em São Carlos (SP)

A professora de enfermagem da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), Mariana de Oliveira Fonseca Machado, de 30 anos, morreu na terça-feira, 21, após tentar fazer um parto humanizado em sua casa, em São Carlos, no interior de São Paulo, e ter de ser submetida, em seguida, a uma cesariana.
 
Mariana, que também era especialista em Saúde da Mulher e vice coordenadora do curso de enfermagem da universidade, contratou uma doula (assistente de parto) e tentou por 48 horas dar à luz na tentativa de fazer um parto humanizado, mas não conseguiu pois teria apresentado dificuldades e precisou ser levada para a Casa de Saúde e Maternidade de São Carlos, onde passou por uma cesariana. A criança, uma menina, nasceu saudável, no dia 11 de julho.
 
A professora não conseguiu se recuperar e, por causa da gravidade de suas condições clínicas após a cirurgia, teve de ser internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Casa de Saúde. Dias depois, com o agravamento de seu estado de saúde, seu marido, um médico anestesista, pediu a transferência de Mariana para o Hospital de Base (HB) de São José do Rio Preto. Segundo o HB, ela deu entrada "em estado muito grave" em 18 de julho, e veio a falecer na última terça-feira, 21.
 
O HB informou que a família não permitiu divulgar a situação clínica da paciente, cujo estado de saúde foi deteriorando no decorrer dos dias de internação. A causa da morte será confirmada em 60 dias após a conclusão dos exames de necropsia pelo Instituto Médico Legal (IML) de São José do Rio Preto, para onde o corpo foi levado.
 
O departamento de Enfermagem da Ufscar lançou uma nota afirmando que não houve relação entre o parto humanizado e a morte da professora. Segundo o texto, divulgado nesta sexta (leia na íntegra abaixo), Mariana chegou ao hospital em "perfeitas condições de saúde" e foi capaz de amamentar. "Infelizmente, preconceitos em relação ao parto natural e a "cultura de cesariana" brasileira levaram a divulgações equivocadas sobre o caso. Dados científicos indicam que a cesariana aumenta o risco de morte materna em 3-5 vezes, comparada ao parto normal. Dentre todas as causas de morte materna a hemorragia é a mais frequente delas"
 
Como a família não permitiu que os hospitais divulgassem dados do atendimento de Mariana, a natureza e a causa das complicações não foram reveladas, assim como o nome da doula que a acompanhou. No entanto, já se sabe que ela teria sofrido uma parada cardiorrespiratória.
Mariana foi enterrada na cidade de Patrocínio, no interior de Minas Gerais, onde moram seus familiares, que não quiseram falar sobre o caso.
 
A Casa de Saúde divulgou nota afirmando que o parto foi realizado "sem nenhuma intercorrência". "No entanto, no processo pós-cirúrgico, devido ao quadro clínico da paciente, foi encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva -UTI Adultos", onde permaneceu internada até dia 18, "quando foi transferida, a pedido da família, para o Hospital de Base de São José do Rio Preto".
 
Leia a íntegra da nota emitida pela UFSCar na tarde desta sexta-feira, 24:
 
Manifestação do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos
 
Professora Doutora Mariana de Oliveira Fonseca-Machado, enfermeira obstetra, mestre e doutora pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP, era docente e pesquisadora da área da Saúde da Mulher do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos. Com base em seu conhecimento e acompanhamento médico durante o pré-natal, que evidenciou uma gestação sem intercorrências, aguardou a evolução para um parto natural. Assim, a Prof.ª Mariana entrou em trabalho de parto no sábado, dia 11 de julho, estando acompanhada por profissional capacitado durante todo o processo. Para continuidade do trabalho de parto, encaminhou-se ao hospital no início da noite do mesmo dia, chegando ao local em perfeito estado de saúde. Algumas horas depois, Mariana foi submetida à cesariana, tendo a oportunidade de pegar sua filha no colo e amamentá-la. Posteriormente, foi encaminhada ao quarto junto com sua filha e, poucas horas depois, iniciou um quadro de complicações, que resultou no trágico desfecho. Infelizmente, preconceitos em relação ao parto natural e a "cultura de cesariana" brasileira, associados à falta de responsabilidade no compartilhamento de informações nas redes sociais e na mídia, levaram a divulgações equivocadas sobre o caso. Dados científicos indicam que a cesariana aumenta o risco de morte materna em 3-5 vezes, comparada ao parto normal. Dentre todas as causas de morte materna a hemorragia é a mais frequente delas. Em solidariedade à família da professora Mariana, o Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos manifesta seu profundo repúdio às manifestações sensacionalistas veiculadas. Como instituição dedicada à promoção de conhecimento, convidamos toda a comunidade à reflexão e colaboração para que a verdade deste triste episódio seja esclarecida, contribuindo para a melhora do cuidado à saúde das grávidas do Brasil.
 
São Carlos, 24 de julho de 2015.
 

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Dois remédios baratos são eficazes na redução do câncer de mama reincidente

Dois medicamentos produzidos de forma genérica e barata se mostraram relativamente eficazes para limitar os riscos de reincidência do câncer de mama entre as mulheres na menopausa - apontam dois estudos britânicos publicados nesta sexta-feira (24) na revista especializada The Lancet.

Estes estudos "sugerem que duas classes diferentes de medicamentos, os inibidores de aromatase (IA) e os bifosfatos, podem cada um melhorar as perspectivas de sobrevida para as mulheres na menopausa quem têm câncer de mama em fase inicial", informou a revista médica britânica.

Os inibidores de aromatase (IA) correspondem a um novo tipo de terapia hormonal, tratamento que tem por princípio impedir a ação estimulante dos hormônios femininos nas células cancerígenas.

Estes tratamentos são dirigidos aos tumores "hormonossensíveis", ou seja, sensíveis aos hormônios - cerca de 80% do total de cânceres de mama.

Pesquisadores de um grupo de pesquisa britânico sobre o câncer de mama (EBCTCG) se debruçaram sobre nove estudos sobre os IA que dizem respeito a um total de 30 mil mulheres para descobrir que estes medicamentos poderiam fornecer melhores resultados que o tratamento padrão, feito com tamoxifeno.

"Em comparação com o taximofeno, o fato de tomar os IA durante cinco anos reduziu a possibilidade de reincidência do câncer por volta de um terço (30%) e limitou o risco de morte por câncer de mama em cerca de 15% sobre os dez anos que se seguiram desde o início do tratamento", afirmou The Lancet.

Para o principal autor do trabalho, Mitch Dowsett (Royal Marsden Hospital de Londres), os IA oferecem "uma proteção significativamente maior do que a dada pelo tamoxifeno".

Mas estes tratamentos têm efeitos secundários (ondas de calor, dores nas articulações, cansaço, perda óssea) e é preciso acompanhar de perto a administração do medicamento, ressaltou Dowsett.

O segundo trabalho (análise de 26 testes com quase 20 mil mulheres envolvidas) mostra que os bifosfatos, medicamentos contra a osteoporose, reduzem os riscos de ocorrência de metástases ósseas entre as mulheres na menopausa que tiveram câncer de mama.

Entre estas, a administração de bifosfatos permite reduzir em 28% o risco de metástase óssea e reduz em 18% o risco de morte nos 10 anos após o diagnóstico de câncer de mama - segundo o estudo.

Para Richard Gray (Universidade de Oxford), que participou dos dois estudos, "estes dois medicamentos genéricos e acessíveis podem contribuir para a redução da mortalidade por câncer de mama entre as mulheres na menopausa".

Os dois tratamentos também são complementares, já que o principal efeito secundário dos IA é a perda óssea que os bifosfatos permitem corrigir, explicou.
 
 

UOL Notícias Saúde

quinta-feira, 23 de julho de 2015

A hora de demitir o seu médico

Aprenda a identificar os sinais que indicam o fim das boas relações com o profissional que cuida da sua saúde
 
  Encontrar um profissional atencioso e que transmita segurança é uma das maiores aspirações de quem procura um médico. Os que acham um profissional que atenda a essas necessidades sentem-se privilegiados. Afinal, tornou-se comum o paciente trocar de médico. É fácil entender por que. Exatamente por ser essa uma relação delicada, que envolve sentimentos poderosos – como a fragilidade do doente e a autoridade médica –, ela está sujeita a marés de confiança e a ondas de insatisfação. Mas como saber se a crise entre você e seu médico é passageira ou se chegou o momento de trocar de especialista?
 
Há vários esforços para obter essa resposta. Um dos que mais se empenham nessa tarefa é o médico Jerome Groopman, da Universidade de Harvard (EUA). “Existem sinais que podem ser identificados pelo paciente”, disse à ISTOÉ. Autor do best-seller americano How doctors think (Como os médicos pensam) e de outros três livros sobre médicos e doentes, ele usa a própria história para exemplificar uma relação sem futuro. “Quando tive uma lesão na mão, não fiquei com médicos que não davam atenção aos meus sintomas e que fizeram diagnósticos rápidos que não podiam ser justificados”.
 
DIVULGAÇÃO
CRITÉRIO Médico e autor de best-sellers, Groopman mudou de especialista porque não foi ouvido com atenção
Foi essa percepção – o veredicto dado às pressas para os sintomas – que levou Clarice Costa, diretora de vendas dos cosméticos Mary Kay, a trocar o pediatra do filho, Rodrigo. “Ele tinha uma febre que durava uma semana. Mas o médico deu vários diagnósticos e não teve a humildade de pedir ajuda a um colega ou a coragem de me dizer que não sabia qual era o problema”, conta. Ela procurou outro pediatra, que identificou púrpura, doença caracterizada por hemorragia cutânea. O episódio deixou uma mensagem clara. “Não me trato com médicos arrogantes e que não têm humildade de assumir que têm dúvidas”, diz.
KARIME XAVIER/AG. ISTOÉ
SINTONIA Olmos acredita que, quando a confiança acaba, pode ser melhor trocar de profissional
A falta de interesse do médico durante a consulta e sinais de irritação para responder a perguntas também indicam que talvez seja hora do adeus. “Se essa atitude se repetir, pode interferir na adesão do doente ao tratamento”, explica Cláudio Capitão, especialista em psicologia hospitalar do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo. O psicólogo tem razão. Fica difícil seguir as recomendações de alguém que não se dispôs a explicar com paciência, por exemplo, quantas vezes o remédio deve ser tomado. Outro obstáculo difícil de ser transposto é quando o paciente não gosta do médico. Ou o contrário. Nesses casos, o especialista não se abre o suficiente para escutar o doente em profundidade. “O médico que não supera essa dificuldade pode indicar outro especialista, desde que não seja um caso de emergência”, diz Clóvis Francisco Constantino, do Conselho Federal de Psicolog.
 
"Não me trato com médicos arrogantes e que não têm humildade para assumir suas dúvidas"
Clarice Costa, diretora de vendas
 
Situação mais complexa é a quebra da relação de confiança. “Ela se manifesta quando o paciente não escuta mais o que você está dizendo”, observa o ginecologista Paulo Olmos, especialista em infertilidade. “Nessa área, em que o tratamento leva tempo para dar resultado, não é possível seguir em frente quando não há credibilidade entre as pessoas”, diz. Olmos já passou por um debate desse com uma paciente e recomendou a ela que procurasse outra opinião. “Ela ficou satisfeita e voltou”, conta. De todo modo, a atitude mais correta para lidar com os problemas na relação com o médico é você dizer a ele o que incomoda. Se o especialista nada fizer para recuperar sua confiança ou se você não se convencer, é mesmo hora de partir.
 
 
 
 

quarta-feira, 22 de julho de 2015

O DEPLORÁVEL DIPLOMA DE ARROGÂNCIA

Semana passada, presenciei uma intrigante conversa envolvendo uma aluna da academia que frequento e o professor – um rapaz formado em Educação Física há 5 anos. A mulher exigia que ele esclarecesse minuciosamente dúvidas sobre alimentação, horários e frequência de exercícios parecendo desconhecer que outros alunos também necessitavam de sua assistência.
 
Ele, então, educadamente propôs que a mesma o procurasse para uma consulta particular e esta, muito ofendida, passou a reclamar do que chamou de “puro egoísmo” do orientador.
 
Neste momento, para surpresa da plateia, composta por atentos ouvidos, que agora se formava ao redor daquele curioso diálogo, o professor saiu-se com a seguinte colocação: – Ok. Quer dizer, então, que você também acha que um médico ao ser consultado, em qualquer circunstância, deve fornecer suas orientações gratuitamente, sem nada cobrar pelo tempo e energia dispendidos nessa prática?
 
E a resposta veio de maneira rápida e acabada:
 
 – Oras, mas você não quer comparar seu atendimento com o de um médico que estudou anos, além de gastar muito dinheiro, para adquirir o que sabe, né? Não tem nem cabimento!
Diante disto ocorreu-me refletir sobre esta infeliz e obtusa ideia, exageradamente difundida em nossa sociedade, de que a medicina é uma prática exclusiva dos deuses que habitam um olimpo inalcançável.
 
Ficou famosa a frase cometida por um médico quando perguntado sobre o que sentia quando conseguia auxiliar na cura de um paciente. Aparentemente esquecendo-se do verbo “auxiliar” incluído na pergunta, respondeu o seguinte:
“Quando consigo curar um paciente com câncer e, assim, salvar-lhe a vida, sinto-me como um Deus. Tenho, então, que me beliscar para me perceber humano”.
Deste tipo de mentalidade é que se deriva grande parte das odiosas práticas como, por exemplo, as que apenas recentemente tornaram-se de conhecimento público – os abusos sofridos pelas jovens estudantes de medicina, perpetrados pelos seus próprios companheiros de turma e acobertados pelos dirigentes da academia. Ou as dos médicos que praticam graves delitos acobertados pelo cândido e inexpugnável branco de suas vestes.
 
Afinal, eles também podem mentir, matar, roubar e ludibriar como qualquer outro (quase) humano quando portador de desvios de personalidade ou de distúrbios mentais.
Segundo o dicionário Aurélio, arrogância (parente bem próximo do orgulho ostensivo) é o ato de atribuir a si mesmo, poder, direito ou privilégio. Veja bem: atribuir a si mesmo não significa possuir. Certo?
Acreditar que ostenta um poder quase sobrenatural em relação à vida é uma das fantasias muito perigosas que acometem não só os estudantes, mas, sobremaneira, os já formados há longa data.
 
As faculdades deveriam se preocupar em trabalhar com uma visão muito mais realista, além de humanista, na formação destes profissionais. Começando por esclarecer que a palavra medicina vem do latim ars medicinae (arte da medicina) porque, nos seus primórdios, esta ação de curar era concebida mais como arte do que técnica. Talvez por isto, medicus, em latim, designe tanto o artista médico quanto a pessoa que faz sortilégio/feitiçaria – que nada mais é do que o resultado da ação do feiticeiro que pratica magias ou bruxarias.
O que quer dizer que as mamães e os papais da “arte medicinal” nada mais são do que nossas injustiçadas bruxas e feiticeiras e suas infusões maravilhosas; nossos magos e suas incríveis alquimias; nossos milagreiros e benzedeiras sempre dispostos a receber os doentes, carentes e desprovidos com um gesto de carinho; nossos curandeiros e pajés com seus impressionantes rituais e mais uma porção de gente. Como a gente.
Então, doutores, não se esqueçam destas lições!
Vosso conhecimento advém das coisas simples da natureza e nada, absolutamente nada, além disso. Muitos, lá atrás, trabalharam exaustivamente para juntar experiências e saberes. Ervas, plantas, substâncias e princípios foram criados a partir da atenta e sensível observação humana em relação ao que é humano e este conjunto de conhecimento (que não foi criado por vocês e nem lhes pertence) jamais prescindirá do humano.
Lembrem-se de que onipotência, onisciência e arrogância geram incompetência, impaciência e preguiça. E este são sentimentos tolos e superficiais que invadem vossa profissão, além de muitas outras.
Sua prática não serve para nada se não houver alguém que desinfete seus instrumentos. Ou segure o seu bisturi na hora exata. Ou que o fabrique dentro das fábricas. Uma pessoa que limpe a sujeira das macas, já pensou se ela não existisse? Quem fabricasse o álcool, este fundamental coadjuvante? E o operário que maneja a máquina de onde saem os milhões de comprimidinhos que vocês receitam – como seria se ele simplesmente desistisse de produzi-los definitivamente? E a tinta da caneta com a qual você escreve sua receita, já pensou de onde ela vem ou como é fabricada? E se ela lhe faltasse? E se ninguém mais confeccionasse a folha de papel que registrou a última e preciosa descoberta que você não fez, mas que precisa estudar? Como sobreviveriam você e sua profissão?
Portanto, oriente-se, soldado!
Você é apenas uma peça a mais nesta complicada engrenagem e vale exatamente o mesmo que as demais.
Mire-se nos exemplos edificantes dos médicos que nem se parecem com um “doutor”, de tão iguais aos demais – como sabem e entendem ser. Aí reside a verdadeira sabedoria. É assim que alguém se torna imprescindível.
E como bem nos lembra o educador Luciano Castro Lima:
“A crítica à arrogância do ‘especialista’ é extensível à todas profissões – professor, treinador, economista, advogado, etc. Certamente cada uma em sua especificidade. A do médico, certamente, é achar que cura; mas há o outro extremo: o dos seres humanos que estão médicos e que se deprimem ante ao fracasso da morte do paciente, muitas vezes assassinado pela precariedade do sistema de saúde que considera a doença e o doente meras mercadorias”.

Heloisa Lima - Graduada em Psicologia pela Universidade Paulista (UNIP) há 20 anos. Historiadora pela Universidade de São Paulo (USP). Psicóloga clínica de abordagem existencialista focada na Fenomenologia Existencial, com especialização em Psicossomática pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Aprimoramento em Psicologia e Saúde pelo COGEAE/PUCSP. Aprimoramento em Psicofarmacologia pela FMUSP.