terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Médico é condenado a pagar indenização a paciente que sofreu deformidades no rosto após procedimento

Médico é investigado suspeito de ter causado lesões em pacientes após cirurgias

Outros pacientes também o denunciaram à Polícia Civil por problemas com aplicações de PMMA. Defesa do profissional nega erro em procedimentos.

O médico Wesley Murakami foi condenado a pagar quase R$ 24 mil de indenização por danos materiais, morais e estéticos a uma paciente que fez um procedimento estético no queixo, em Goiânia. A decisão cabe recurso.

G1 não conseguiu localizar a defesa do médico em relação ao processo judicial.

A decisão do juiz Claudiney Alves de Melo foi tomada na última terça-feira (27). Conforme a sentença, a mulher procurou o médico para aplicar botox em três pontos do rosto, mas acabou convencida pelo profissional a injetar PMMA, um tipo de plástico líquido usado para preenchimento, na linha da mandíbula para obter resultado harmônico das linhas faciais.

Menos de dois meses após o procedimento, segundo o processo, a paciente percebeu que o rosto dela estava assimétrico, pois o lado esquerdo do queixo estava maior que o direito. De acordo com o relato, ela teve de aplicar corticóide injetável por longo período, sem resultados eficazes e, por fim, precisou retirar o nódulo.

“Os danos morais e estéticos também são inegáveis, pois as fotografias carreadas aos autos demonstram a deformidade ocasionada no rosto da autora que, por óbvio, perturbou-lhe com intensidade, tanto física quanto emocionalmente”, relata o juiz na decisão.

Outras denúncias


A Polícia Civil investiga mais quatro denúncias contra o médico Wesley Murakami. Os pacientes também relatam que tiveram deformidades no rosto após passar por procedimentos com o profissional.

“Eles reclamaram de lesão corporal e a extensão vai ser definida ainda conforme a gravidade. Reclamam de dores, desconforto, sofrimento, deformidades”, afirma o delegado Carlos Caetano Júnior, responsável pelas investigações.

Um dos casos é do dentista Flávio Roberto Rodrigues. O paciente conta que, em 2016, pagou para procedimentos na mandíbula, no queixo e no nariz com PMMA, um tipo de plástico líquido usado para preenchimento corporal. Ele teve de passar por uma cirurgia para conseguir retirar a substância.

“Eu sentia dores insuportáveis no nariz, dores que vinham repentinamente”, relata o dentista.



Outro paciente, que prefere não se identificar, afirmou que entrou no consultório do médico para um preenchimento no queixo, mas o médico realizou o procedimento em outros pontos da face. O caso aconteceu em 2013.

“Eu entrei para fazer o preenchimento no queixo e saí com o rosto todo cheio de PMMA, menos no queixo. Ele disse que a gente ia fazer em outra sessão. Quando terminou, eu não tive coragem nem de pensar em outra sessão porque o meu rosto estava sangrando, todo dolorido, estava inchado”, conta.

Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, regional Goiás, o médico Sérgio Augusto da Conceição informou que Wesley não tem título de especialista e não pertence aos quadros da entidade.

“Apesar de parecer um procedimento simples, sem risco, nos consultórios o que temos visto são complicações em consequência da prática de pessoas que não são especialistas. É um produto inabsorvível, que pode dar reação inflamatória. O que a gente quer passar para a população é que não faça esses procedimentos com quem não for especialista”, afirmou Sério Augusto.

Médico nega erro


O advogado André Bueno representa o médico em relação às denúncias e, por isto, não pôde comentar sobre a condenação da última terça-feira. De qualquer forma, ele alega que os procedimentos realizados pelo cliente não são cirúrgicos e não precisam de registro na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

A defesa nega que houve erro médico e que apresentará todas as provas à Polícia Civil. “São acusações injustas. Já tomamos todas as providências, inclusive, junto às autoridades policiais para que o doutor Wesley possa explicar e demostrar como foi feito o procedimento, o início, meio e pós. Não houve negligência e não há, sequer, um relato de um pós com resultado negativo”, afirma o advogado.




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