“Hoje no dia das mães em vez de está
dando uma caixa de perfume pra ela, vou esta dando um caixão e
enterrando-a”. Essas foram as palavras usadas pelo cidadão e pai de
família, o Jornalista Silas Cavalcante, de 35 anos, mais conhecido na
capital acreana, como o “Palhaço Alegria”, após a morte de sua sogra,
Elizabeth Maia da Silva, 71 anos, na tarde deste sábado (11), na Unidade
de Pronto Atendimento (UPA Franco Silva) na baixada da Sobral.
Silas procurou o ac24horas para
denunciar o suposto descaso por parte do governo na unidade de saúde e
informar que sua sogra morreu por volta das 12h45min por negligência
médica.
De acordo o denunciante, sua sogra
havia dado entrada na unidade hospitalar na manhã de sexta-feira (10)
por ter sofrido um pequeno corte no pé direito e que estava inchado. Por
estar com febre e ânsia de vômito, a paciente foi atendida, e a médica
de plantão receitou os remédios dipirona e plazil e em seguida deu alta a
paciente. Pela tarde a Idosa Elizabeth foi encaminhada novamente a
unidade de pronto atendimento, pois se queixava de dores abdominais e
novamente a médica de plantão apenas olhou para a idosa, fez alguns
exames e passou as mesmas medicações apenas com acréscimo de um
antibiótico, pois o hemograma indicou que a paciente estava com uma
infecção. Mesmo sabendo da gravidade, a médica mandou que Elizabeth
fosse descansar em casa.
Por volta da 5h deste sábado (11) a
Senhora Elizabeth chamou o genro e disse que não estava se sentindo bem.
a mulher foi conduzida novamente ao hospital com o pé muito inchado e
vermelho, dores abdominais e disenteria.
“Quando cheguei novamente na UPA já
estava na troca de plantão, o médico assumiu e pedi para ele dar uma
olhada na minha “mãe” que ela não estava bem. O médico mandou aplicar as
medicações por volta das 7h. Pedi pro médico ver o pé dela que estava
muito inflamado e saindo sangue, depois ela começou a piorar, pedi a
transferência dela ao pronto-socorro e depois que já estava muito mal
que tiveram a coragem de acionar a ambulância do Samu, o Samu demorou
quase duas horas para chegar”, disse Silas.
Cavalcante disse ainda à reportagem
que sua esposa Sandréia Maia da Silva, de 38 anos, é funcionária da
unidade de saúde e mesmo assim o médico ao qual o acusa de negligência,
Herico Rocha, não deu a devida atenção a sua sogra.
“Hoje no dia das mães em vez de está dando uma caixa de perfume pra ela, vou esta dando um caixão a enterrando”, diz Jornalista que perdeu a sogra por suposta negligência médica na UPA Franco Silva |
“Os amigos de minha esposa lutaram
para ajudar minha sogra, o médico veio lutar pela vida dela quando o
secretário Alysson Bestene enviou um representante da Sesacre ao local,
quando minha sogra já estava muito mal. Só queria saber o porquê que
esse médico não transferiu com urgência ao pronto-socorro, minha sogra
entrou conversando, brincando comigo e do nada morreu e ninguém sabe
explicar nada. Meu sentimento é de um filho, que hoje no dia das mães em
vez de está dando uma caixa de perfume pra ela, vou está dando um
caixão e enterrando-a. Não acredito mais na saúde do Acre, já não
acreditava, mataram a minha sogra e alguém terá que ser
responsabilizado. Mataram uma vó, uma mãe, uma serva de Deus, uma pessoa
alegre”, disse muito abalado Silas Cavalcante.
Após a morte de Dona Elizabeth, o
médico Herico Rocha explicou ao ac24horas o que aconteceu e quais os
procedimentos foram tomados.
“Eu recebi o plantão aqui às 7h. A dona Elizabeth estava com a Drª Adriana, e ela tinha acabado de acolher a paciente na unidade, me passou a situação dizendo que a paciente estava com quadro de diarreia, já com a presença de sangue e vômitos e que estava passando mal. No momento que ela chegou os sinais vitais dela estavam com a pressão baixa, com falta de ar, e aí a Drª Adriana já iniciou com o primeiro atendimento e assim que eu peguei o plantão, fiz o meu atendimento. No caso quando o paciente está com pressão baixa, a gente considera que precisa fazer um protocolo, assim como em toda medicina. Começamos então fazer todo protocolo. A primeira coisa é você fazer soro, fazer as medidas, tomar as medicações e a medida que o paciente for respondendo a gente vai avaliando. Então a paciente ficou em observação até aproximadamente às 9h30min, melhorando a medida que foi aplicando o soro, foi fazendo as medicações, apesar dela estar passando mal, ela estava respondendo, ainda estava consciente, respondia minhas perguntas. A medida que foi passando o tempo o soro ia respondendo, a pressão dela ia aumentando pouco a pouco, o protocolo era continuar o tratamento. Então em determinado momento próximo ao horário em que eu liguei pro Samu, por volta das 10h, a dona Elizabeth baixou bruscamente a pressão, então a gente começa a cair na segunda parte do protocolo, que é iniciar as medicações, já começar o protocolo para proteger o paciente com as possíveis gravidade, como intubação, colocar as medicações para melhorar a pressão, então a gente já se preparou para fazer tudo isso”, disse o médico.
Herico chegou a afirmar a reportagem
que a ambulância do suporte avançado do Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (Samu) demorou cerca de 1h30min para chegar a Unidade de Pronto
Atendimento (UPA Franco Silva) e disse ainda que a unidade de saúde não
é referência para atendimento quando se trata de um paciente em estado
grave.
“Liguei para o Samu, passei o caso da
paciente, aí foi informado que já estava vindo uma ambulância, com a
Drª Jéssica do Samu que é a reguladora. Não lembro o horário que
chegaram, mas demorou pelo menos 1h30min. Quando eu liguei a paciente
não estava com parada cardíaca, ela estava baixando a pressão, ficando
grave, aí começamos a fazer as medidas de um paciente que está ficando
grave. E nisso nessa demora, a paciente foi ficando grave e aí ficamos
com pouca coisa pra fazer numa unidade de saúde que não é referência,
referência para atendimento clínico no caso seria o pronto-socorro, no
momento que é necessário. Até o presente momento antes de ligar pro
Samu, estava respondendo com as coisas que tenho aqui. No que chegou a
ambulância do Samu, a paciente já estava estável, eu já estava
preparando o material pra fazer a intubação dela e aí a gente começou a
fazer medidas para tentar estabilizar ela, pra poder ter a segurança de
fazer a transferência. Só podemos transferir um paciente, em segurança
de fazer”, explicou o médico.
Em depoimento, Rocha confessou ainda
que a unidade hospitalar não tem bomba de fusão e que teve que
improvisar a medicação na paciente com soro para tentar melhorar a
pressão de Dona Elizabeth.
“A gente tentou, passamos a intubação
na paciente, fizemos as medicações que normalmente são feitas em bombas
de fusão, mas a gente não tem disponível aqui o material para fazer
essa medicação, então a gente teve que improvisar, colocar no soro para
tentar melhorar a pressão dela, para ela ficar mais um pouco estável e
assim alguns momentos que a paciente apresentava uma melhora, pensávamos
em colocar ela na ambulância para ao pronto-socorro, até iria
acompanhar. A Drª Jessica do Samu me ajudou em todos os procedimentos a
gente tomava todas as decisões juntos e aí a paciente foi piorando. A
dona Elizabeth entrou em parada cardiorrespiratória pela primeira vez,
fizemos as manobras, fez a reanimação cardiopulmonar, fez as massagens
cardíaca, em dois ciclos de massagem cardíaca ela retornou, voltou o
batimento cardíaco e aí já estávamos começando um novo processo de
estabilização para poder fazer a transferência, e nesse novo processo de
estabilização a paciente caiu muito bruscamente a pressão, apesar de
todas as medicações que a gente fez pra melhorar a pressão. Elizabeth
então entrou na segunda parada cardíaca, passamos 30 minutos, tentando
reanimá-la, fazendo tudo como manda o protocolo, dada as possibilidades
aqui nesta unidade”, disse Herico.
Perguntado sobre as possíveis causa
da morte de Elizabeth, o Médico não soube explicar e confessou que a
paciente estava com um quadro infeccioso.
“A paciente estava em investigação,
ela foi atendida na unidade ontem (10) estava com um quadro infeccioso
que a gente não conseguiu coletar dados suficiente para diagnosticar,
disseram que o hemograma dela tinha dado alterado, só que ela foi
medicada e talvez com a melhora encaminhada pra casa. Não sei direito,
eu não acompanhei o atendimento ontem, foi outro colega que atendeu não
posso falar sobre esse assunto porque o plantão não era meu. O quadro
clínico e a causa eu não consigo te dizer, porque a gente não tem
mecanismo suficiente em pouco tempo, ainda mais em situação de
emergência”, concluiu Rocha.
O representante da Secretaria de
Saúde, Wilson Afonso Dias Júnior, esteve na Unidade de Pronto
Atendimento e disse que todo apoio foi dado ao Jornalista Silas
Cavalcante. “Me dirigi a UPA pra dar um apoio ao Silas, quando cheguei a
paciente já estava sendo assistida pela equipe médica, ela estava
consciente, falando, e de repente veio piorando esse quadro, mas teve
toda assistência da equipe, que inclusive parou de atender todos os
pacientes da emergência clínica para atendê-la. Entrei em contato com o
Samu, a gente pediu a ambulância de suporte avançado a 01, porque o
quadro clínico da paciente já estava ficando grave. Entrei em contato
com a direção do Hospital de Urgência de Rio Branco (Huerb) para ver a
questão do acolhimento da chegada dela lá e tinha três leitos
disponíveis, que tinha oxigênio para recebê-la. Fiquei amparando o
Silas, todo apoio foi dado, é uma situação que a gente não deseja pra
ninguém, justamente nas véspera do dia das mães, e logo com a sogra que
era uma mãe pra ele. Foi concentrado todo atendimento a dona Elizabeth,
mas ela infelizmente teve duas paradas cardíaca e na última não
resistiu, disse Wilson.
A senhora Elizabeth está sendo velada
na Igreja Batista Renascer, na Estrada da Sobral, ao lado do Antigo
Rufino, até as 15h deste domingo (12). O sepultamento será no Cemitério
São João Batista, na rua Rio de Janeiro. Elizabeth era professora
aposentada e deixou quatro filhos, Mauriceia e três servidores do estado
do Acre, o Subtenente J. Maurício, o Sargento J. Márcio, a servidora da
Saúde Sandreia Maia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário