sábado, 14 de julho de 2018

Jovem morre na UPA Jaguaré e mãe denuncia negligência médica

Yasmin Florentino, de 16 anos, foi internada por uso excessivo de medicamentos. Enquanto estava em observação, entrou em coma e a equipe não percebeu.


A Secretaria de Saúde de Rio Preto solicitou abertura de processo apuratório, junto à Auditoria, para investigar uma denúncia de omissão de socorro que resultou na morte de uma adolescente de 16 anos.

A jovem ingeriu grande quantidade de medicamentos e ficou 12 horas em observação na UPA do bairro Jaguaré, recebendo apenas soro na veia.

Somente com a troca de plantão é que a equipe médica se deu conta do agravamento do estado de saúde da paciente. Foi tentada entubação, mas já era tarde.

A estudante Yasmin Vitória Fernandes Florentino morreu por volta das 16h da segunda-feira, 09.

A mãe dela, Cristina Florentino, contou que a filha sofria retardo mental moderado. Na manhã de domingo, 08, Yasmin acordou agitada e após uma crise, foi socorrida para o Hospital Psiquiátrico Bezerra de Menezes, onde foi medicada e liberada por volta das 15h. Mãe e filha foram para casa e dormiram. Próximo às 19h, Cristina foi despertada por Yasmin, que disse ter ingerido muitos medicamentos.

O SAMU foi acionado e Yasmin foi levada para o setor de emergência da UPA Jaguaré enquanto Cristina foi na recepção preencher a ficha de entrada da paciente. Ao concluir o procedimento, a mãe foi conversar com o médico plantonista, mas relata ter sido tratada com indiferença. 

Cristina disse que a lavagem gástrica não foi feita porque uma enfermeira se irritou com Yasmin durante a realização do procedimento.

O médico plantonista disse para Cristina que após 12 horas de observação iria transferir a adolescente para o Hospital Bezerra de Menezes. Vencido o prazo, houve troca de plantão e o médico que atendeu a adolescente foi embora. Foi quando o segundo profissional chegou e percebeu que Yasmin não reagia a estímulos. Ela estava em estado de coma. Médico e enfermeiras tentaram socorrer a vítima, mas não conseguiram reverter o quadro.

A estudante foi sepultada no dia seguinte, terça-feira, 10, no cemitério São João Batista. Cristina esteve na Central de Flagrantes quarta-feira, 11, para denunciar a negligência médica, mas o boletim de ocorrência foi registrado como não-criminal.

Intoxicação por medicamento

A CBN entrevistou o médico Carlos Alberto Caldeira Mendes, coordenador do centro de assistência toxicológica do Hospital de Base, para saber que providências devem ser tomadas quando há ingestão excessiva de medicamentos.

"A vítima deve ser imediatamente encaminhada para uma unidade de saúde. Não se deve oferecer água, leite ou provocar o vômito do paciente".

Caldeira explicou também que a lavagem gástrica só tem efeito se realizada imediatamente:

"Esse procedimento quase nunca é indicado, porque é agressivo e pode causar lesões ao paciente. Mas se o médico considera que vai ser benéfico à vítima, a lavagem deve ser feita no máximo até uma hora após a ingestão dos medicamentos. Depois disso os componentes são absorvidos pelo organismo e o procedimento não terá eficácia alguma".

O protocolo de intoxicação por medicamentos, segundo o médico, é manter o paciente em observação, monitorando seu estado de saúde e combatendo os efeitos decorrentes da ingestão excessiva de componentes.

"No caso de coma, a vítima deve ser imediatamente entubada e transferida para a UTI de um hospital", conclui.




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