Em entrevista ao Em
Tempo, as mulheres narraram os momentos de aflição vividos na noite do dia 1º e
madrugada desta quarta-feira (2), no Instituto da Mulher
A redução no quadro de funcionários ocorreu na noite desta terça (1º) |
Manaus - Três mães de bebês hospitalizados na Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) neonatal no Instituto da Mulher Dona Lindú, no bairro
Adrianópolis, Zona Centro-Sul de Manaus, denunciaram, na manhã desta
quarta-feira (2), que na noite do dia 1º de janeiro deste ano houve redução no efetivo
de funcionários na unidade de saúde.
Segundo elas, apenas uma médica e uma técnica em enfermagem
cuidou de aproximadamente 15 bebês prematuros, serviço que, conforme as
denunciantes, é feito por aproximadamente 15 funcionários, entre médicos, enfermeiros
e técnicos em enfermagem.
A dona de casa Marília Garcia de Souza, de 23 anos, contou
que há 18 dias, data em que a filha Lorena Souza nasceu, está na unidade
acompanhando o tratamento da bebê prematura. Porém, a última noite de
internação na unidade foi difícil.
Segundo as denunciantes, não havia profissionais no banco de leite da unidade |
"Minha filha nasceu prematura de 30 semanas. O parto foi
normal, mas tive ela no leito, porque enquanto eu reclamava de dores os médicos
apenas receitavam dipirona. Depois que ela nasceu, fui levada às pressas para
sala pós-parto, onde cortaram o cordão umbilical. Depois disso, ela está
internada na UTI fazendo uso de antibióticos. Ontem foi um total desespero,
porque não tinham profissionais suficientes para tantos bebês", revela a
mulher.
Marília explica que a bebê se alimenta com auxílio do banco
de leite da maternidade e, por conta de uma alteração no hemograma (exame de
sangue), a filha precisa tomar antibióticos várias vezes ao dia.
"A medicação é mais ou menos a cada 4 horas. Na última
noite eu e outras mães de bebês internados passamos um sufoco aqui.
Procurávamos profissionais qualificados, mas a equipe médica estava ausente.
Andávamos de setor em setor e havia apenas uma técnica em enfermagem e uma
médica para dar conta de três repartições com bebês prematuros", denuncia
a mulher.
Mães temem que a situação se repita |
Há dois meses acompanhando o bebê prematuro na UTI neonatal,
uma dona de casa de 41 anos, que prefere não ter o nome divulgado, também
confirmou a situação narrada por Marília. Ao Em Tempo, a mulher disse que a
noite foi um caos.
"As crianças ficaram sem atendimento. Depois de um
tempo, vieram funcionários de outras empresas, mas eles não sabiam nem como
usar as máquinas daqui. Era muito bebê chorando e passando mal. Meu bebê é
prematuro de 28 semanas e não há previsão de alta médica. Eu temo que essa
situação se repita hoje à noite", alerta a dona de casa.
Elizangela Ribeiro, que também passou pela mesma situação,
diz que a filha nasceu de parto prematuro no sexto mês de gestação. E, por
conta disso, faz uso de antibióticos e se alimenta a partir de leite entregue
pelo banco de leite da unidade.
UTI neonatal da unidade |
"Ontem à noite não tinha nenhum funcionário no banco de
leite da unidade. Minha filha se alimenta a cada três horas, porém na última
noite isso não ocorreu", denuncia Elizangela.
A mulher diz que teme pela saúde da filha; "Ela já é
debilitada, e ainda precisar passar por isso. Ela se alimentou com quase uma
hora de atraso. Quem acompanha o tratamento ou entende do assunto sabe que
esses bebês não podem passar fome. A única médica que ficou aqui, e estava
responsável pelos três setores, não estava dando conta do serviço. Nós até
entendemos ela, que procurou dar o seu melhor. Foi então que decidimos recorrer
à imprensa, para que o caso não volte a se repetir", alerta Ribeiro.
Susam
A reportagem procurou a Secretaria de Estado de Saúde do
Amazonas (Susam) que divulgou a seguinte nota por volta das 14h desta quarta.
“A direção do Instituto da Mulher Dona Lindu informa que não procede a
informação de exoneração de servidores”.
Conforme a secretaria explica em nota, “alguns técnicos de
enfermagem terceirizados faltaram ao trabalho, mas a empresa prestadora do
serviço foi contactada de imediato, providenciando a substituição”. Por fim, a
Susam garante que “a situação na unidade está normalizada”.
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