Familiares e amigos dando apoio ao casal que perdeu o primeiro filho |
Um mês após a morte do bebê Valentim, os pais, Bruno Adrison Barbosa,
de 27 anos, e Katiuscia Fernandes da Costa, de 24 anos, estão em busca
de uma resposta concreta sobre os fatos que os fizeram sair da
Maternidade de Corumbá, sem o filho no braço. “Uma dor que vou levar
para toda a minha vida”, relatou emocionada a mãe que esteve junto com
amigos e familiares em um protesto em frente à unidade hospitalar na
manhã desta segunda-feira, 15 de abril. Com apoio de familiares e amigos
e com cartazes em mãos, eles pediram por justiça e por uma resposta
rápida para o que aconteceu. O casal alega que houve negligência médica.
Emocionada, Katiuscia quer uma resposta para o que aconteceu com o filho |
“Esse protesto é para que consigamos entender o que aconteceu. Queremos
uma resposta para uma negligência médica que tirou a vida do meu filho.
Era uma gravidez saudável, meu filho estava saudável. Vamos lutar até o
fim e não vamos desistir”, relatou ao este Diário Corumbaense,
Katiuscia Fernandes. “O mais difícil nesse tempo todo é ver minhas
amigas que estavam gestantes no mesmo período que eu com os filhos nos
braços e olhar para os meus e não ter o Valentim”, completou.
Já
o pai, Bruno Adrison, disse que além da resposta, a manifestação serve
de alerta para que outros pais não passem pela mesma situação. "Quando
saímos da maternidade, nos foi dito que isso o que aconteceu era um
procedimento normal. Se para eles é assim, para a gente não. Foi uma
vida perdida. Nossa família está unida e vamos seguir cobrando
respostas”, garantiu Bruno a este Diário.
Apoio
Dando
apoio ao casal e relembrando todo o sofrimento passado junto a sua
esposa, Wilson Cosme Campos de Oliveira, pai da Maria, disse que há um
ano convive com esse sentimento de não ter sua filha nos braços também.
Wilson Cosme passou pela mesma perda que o casal e veio dar apoio |
“Um ano muito difícil, estou aqui para me solidarizar com eles, pois eu e
minha mulher passamos pelo mesmo sofrimento. Entramos na maternidade e
saímos sem a Maria. Foram momentos difíceis, pois o médico que nos
atendeu disse à minha esposa que a Maria estava morta na barriga dela,
mas ela nasceu viva e devido a complicações não resistiu. Foi caso de
negligência médica . Não é justo mais casais passarem pelo que nós
passamos”, comentou Wilson que estava muito emocionado.
Conselho de ética
Diretor clínico e integrante de junta interventora disseram que caso é apurado |
O diretor clínico da Santa Casa, médico Lauther Serra, e José Luiz de
Aquino Amorim, membro diretor da Junta interventora, informaram que o
Conselho de Ética da Santa Casa está analisando os fatos.
“Logo depois, todos os resultados serão encaminhados ao Conselho
Regional de Medicina do Estado do Mato Grosso do Sul. Além da questão
dos médicos, está sendo analisado todo o atendimento que foi dado à essa
paciente. Se houve falhas, elas devem ser corrigidas e os responsáveis
punidos”, esclareceu Lauther.
José Luiz Aquino, mencionou que a situação não
envolve diretamente a Santa Casa. “Logo depois dos fatos estivemos com a
família e eles foram contundentes em afirmar que não havia reclamação
ligada à Santa Casa, e, sim, foi especificamente contra o ato médico.
Todos os procedimentos estão sendo acompanhados, nos solidarizamos com a
família, e se houver culpados, serão tomadas providências. A
competência é do CRM”, explicou.
O caso Valentim
Com
pouco mais de 8 meses de gestação, Katiuscia começou a sentir
contrações e dores muito fortes por volta da 01h do dia 10 de março, e
ainda apresentava um pequeno sangramento. Imediatamente, Bruno levou a
esposa para a Maternidade de Corumbá e foi aí que começou o drama dos
dois.
Bruno
relatou que encontrou a porta da maternidade trancada, mas logo foram
atendidos e encaminhados para a sala da médica plantonista. Porém,
conforme relatos dele, a médica e a enfermeira estavam preocupadas com o
sumiço da chave de um carro enquanto Katiuscia se contorcia de dor.
Depois de algum tempo, ela finalmente foi examinada, a médica fez o
toque e então eles foram informados que estaria tudo normal, que o casal
estaria equivocado com a data de nascimento do filho e foram
liberados.
Bruno
disse que a dores não cessaram e que a esposa passou por muito
sofrimento e na segunda-feira, 11 de março, os dois voltaram à
Maternidade às 10h. Outro médico plantonista os atendeu e também disse
que “não era nada”.
O casal
resolveu ir a uma clínica particular e, novamente, teria ouvido que
estava tudo “normal” e o médico os liberou. No entanto, as dores não
cessavam e Bruno resolveu entrar em contato com o médico responsável em
acompanhar o pré-natal no começo da gravidez. "Ele sim nos tratou com
humanidade, saiu de uma cirurgia no hospital e a atendeu na maternidade,
mesmo não estando de plantão. Mas, infelizmente, às 16h do dia 14 de
março, ele constatou que o bebê já não tinha mais batimentos cardíacos.
Valentim tinha 53 centímetros e pesava 3 quilos e 200 gramas.
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