Secretaria da Saúde e instituição hospitalar afirmam que procedimentos foram corretos
Correção: A Secretaria Municipal da Saúde já encerrou as auditorias internas sobre as mortes de dois pacientes que passaram Postão no ano passado. A conclusão da secretaria é que não houve negligência no atendimento prestado a Matheus Moises Mattos Closs, seis anos, e Rosalina Slongo, 77. A informação incorreta permaneceu publicada entre 17h09min do dia 11/07/2018 e 14h40min do dia 16/07/2018.
Familiares de Teylor Terra da Fonseca, 10 meses, registraram ocorrência policial nesta quarta-feira para denunciar uma suposta negligência no atendimento prestado à criança no Pronto-Atendimento 24 Horas (Postão) e no Hospital Geral (HG), em Caxias do Sul. O menino morreu às 3h da última segunda-feira no Hospital do Círculo em decorrência de uma bronquiolite aguda grave. É o quarto óbito de pacientes que passaram pelo Postão desde maio do ano passado, sendo que dois casos estão sob investigação da Polícia Civil e ainda não há conclusão se as mortes anteriores foram causadas por negligência no atendimento.
Na terça-feira (10), Mayara Martins Terra, mãe de Teylor, compartilhou um texto e um vídeo no Facebook onde desabafava sobre o drama vivido pela família entre a noite de sexta-feira (7) e a noite de domingo (8). A postagem, que mostra o sofrimento do menino bastante debilitado num leito do HG, teve mais de 4 mil compartilhamentos e 126 mil visualizações até a tarde desta quarta-feira.
Mayara diz ter levado o filho no Postão por volta das 21h30min da última sexta-feira, pois o menino apresentava dificuldade para respirar. No local, a criança foi colocada sob oxigênio já que havia a suspeita de bronquiolite. Contudo, o quadro de Teylor se agravou e a mãe recebeu a informação de que não havia leito disponível em hospitais de Caxias. Ainda durante a madrugada, Mayara afirma que o equipamento de ar fornecido no Postão não estava funcionando e o menino teria ficado sem o suporte durante horas, apesar do alerta da família. O problema, segundo ela, só foi confirmado por um médico do Postão na manhã seguinte, quando houve a troca do equipamento. No início da tarde de sábado, a equipe encaminhou o menino para o HG, ou seja, 15 horas depois de ele ter ingressado no Postão.
No hospital, Teylor foi colocado novamente sob ventilação mecânica no setor de emergência. De início, a vazão era de 3 litros de ar por minuto. Como não houve efeito sobre a saturação (porcentagem de oxigênio transportado na corrente sanguínea), a vazão foi aumentada para 10 litros por minuto, conforme a mãe.
— Pedi, implorei que o levassem para a UTI para salvar a vida do meu filho, pedi que entubassem ele, avisei que ele já esteve internado antes. Mas a médica afirmou que não era o caso de entubar ele e que não havia leito de UTI pediátrica em nenhum hospital — conta Mayara, alegando que o estado de saúde do menino já estava no limite.
A mãe afirma que apesar da suspeita inicial, a conclusão de que ele tinha bronquiolite só saiu após três pré-diagnósticos diferentes no HG: a primeira era de que o menino teria pneumonia, o que mudou para gripe A e, por último, se chegou a suspeita de que havia bactéria no sangue, o que também não se confirmou. A partir da indicação de bronquiolite, já por volta das 8h de domingo, a equipe do HG decidiu entubar o menino, procedimento que ocorreu na sala de emergência por falta de leito de UTI pediátrica, segundo Mayara. Neste momento, Teylor sofreu uma parada cardíaca e precisou ser reanimado. À tarde, ele foi transferido para o Hospital do Círculo , onde teve mais duas paradas cardíacas e acabou morrendo às 3h de segunda-feira.
Mayara e familiares da criança acreditam que se Teylor tivesse recebido os recursos adequados desde o primeiro atendimento, o desfecho seria diferente.
— Não tenho dúvidas de que houve negligência. Meu neto estava ruim quando chegou no Postão e só piorou — conta José Carlos da Fonseca, avô da criança.
Teylor já havia ficado internado durante cerca de um mês por conta da bronquiolite. Conforme a família, o período de tratamento hospital durou do final de abril ao final de maio.
A Secretaria Municipal da Saúde afirma que o menino foi atendido rapidamente e em tempo menor do que o estipulado para um paciente que foi classificado como não urgente na triagem. A secretaria garante que o fluxo de público no Postão não interferiu no atendimento a Teylor, pois ele foi recebido para avaliação nove minutos após dar entrada. A secretaria descarta abrir investigação sobre o caso justamente porque a conduta dos profissionais foi considerada adequada.
Confira como foi o atendimento de Teylor no Postão, segundo informações da Secretaria Municipal da Saúde:
Sexta-feira (6)
:: Ele (Teylor Terra da Fonseca) chegou ao PA 24h , às 21h23min, acompanhado da mãe, Mayara Martins Terra. Às 21h33min, ele foi chamado, porém a mãe não respondeu.
:: Às 21h39min, ele foi chamado novamente para avaliação. Foi atendido e classificado como não urgente (cor azul). Logo depois, foi atendido pelo médico.
:: Na sequência, às 23h, Teylor chegou na observação do PA 24h, onde o técnico em enfermagem checou os sinais vitais. Ele estava sem febre (36,8 graus) e com saturação de 93%, índice bom para uma criança dessa idade.
:: Às 23h30min ele fez raio X e nebulização. Com suspeita de bronquiolite, começou a fazer oxigênio.
Sábado (7)
:: Às 08h25min do sábado, agitada, a mãe alegou que o cateter nasal e o torpedo de oxigênio não estariam funcionando. O técnico em enfermagem checou e não verificou problemas. Porém, para acalmar Mayara, trocou o torpedo.
:: Às 08h40min, a mãe solicitou falar com o médico e não aceitou que o menino continuasse recebendo oxigênio, dizendo que não estava adiantando nada. Novamente para acalmar e tranquilizar Mayara, a equipe tentou trocar os equipamentos. Dessa vez, ela não cedeu e Teylor acabou ficando sem receber oxigênio.
:: Às 9h, a médica conversou com Mayara e solicitou a internação do menino, que ficou aguardando leito.
:: Às 12h30min, a unidade avançada do Samu levou a mãe e o menino para o Hospital Geral.
O QUE DIZ O HOSPITAL GERAL
Não havia leito de UTI pediátrica disponível no final de semana no Hospital Geral. O hospital depende da central reguladora de leitos e até a transferência do paciente para uma UTI pediátrica, ele foi atendido no serviço de urgência e emergência, tendo toda a assistência necessária. Desde o momento da chegada desse paciente no dia 07/07/18, às 13h01min, foi solicitado leito em UTI pediátrica para a central reguladora de leitos. Então, sempre houve a indicação. Quando vagou um leito, a criança foi transferida.
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