Cirurgiões plásticos mato-grossenses apontam que o procedimento que causou a morte da bancária cuiabana Lilian Calixto, 47, não é indicado devido ao alto índice de rejeição e riscos aos pacientes.
Calixto morreu no domingo (15), no Rio de Janeiro (RJ), em decorrência da aplicação de polimetilmetacrilato (PMMA) - produto utilizado para preenchimento de volumes no corpo.
Segundo médicos ouvidos pela reportagem, o produto não é absorvido pelo organismo.
O risco é o mesmo do método utilizado nos procedimentos estéticos da ex-modelo Andressa Urach, que foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com complicações graves. No caso de Urach, foi utilizado o hidrogel que, apesar de ser absorvido pelo organismo, também pode causar complicações para a saúde.
O cirurgião plástico Elson Adorno explicou ao Gazeta Digital que o PMMA é um produto termoplástico e não é absorvido pelo corpo, podendo causar infecções graves. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) não recomenda o uso, portanto, a maioria dos cirurgiões plásticos não realiza o procedimento utilizando este material.
"Este é um material não absorvível pelo organismo, portanto pode causar rejeição ou uma complicação a curto prazo, quando o produto entra em algum vaso do paciente, causando uma embolia e até uma parada cardiorrespiratória. Uma complicação tardia também pode ocorrer, depois de anos, com uma infecção, inflamação por conta da rejeição deste produto, que vai ficar pra sempre no corpo do paciente e ele não é absorvível", explicou o médico.
No geral, os cirurgiões plásticos especialistas pela SBCP optam por outras técnicas que costumam apresentar menor índice de rejeição ao organismo e tem o mesmo resultado, como prótese de silicone ou enxerto de gordura. Estes procedimentos são mais seguros e devem ser feitos por especialistas.
"Os procedimentos mais indicados pela Sociedade são o enxerto de gordura ou uso de prótese para preenchimento e volume, pois tem menor índice de rejeição. Na realidade a técnica e a forma de realizar o procedimento é o mais importante. Tem profissionais aplicando PMMA, sem serem especialistas pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica ou de Dermatologia", explicou o médico.
Segundo o médico, a técnica escolhida pela bancária geralmente tem o mesmo custo de outro procedimento estético, porém é mais arriscado para a saúde.
"Na realidade o custo em si geralmente é o mesmo, porém, algumas pacientes acabam procurando por este procedimento porque não querem fazer a lipoenxertia [retirada de gordura de uma região para inserir em outra], ou não querem a colocação de implantes de glúteo que são bem mais seguros. Na realidade elas acham que o PMMA é um procedimento mais simples com melhor resultado e na realidade não é bem assim, o risco é maior e o resultado pode ser o mesmo de um procedimento cirúrgico mais seguro", disse o médico.
O corpo da médica ainda não chegou em Cuiabá, as causas e acusados pela morte, devem ser apurados após entrega do laudo de necropsia.
Investigação pelo CRM
De acordo com a assessoria de imprensa do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), o médico só pode ser investigado pelo Conselho do Rio de Janeiro, caso ele seja inscrito no CRM-RJ.
O caso
A gerente do banco Bradesco, morreu na madrugada deste domingo (15), após passar por um procedimento estético no glúteo, cirurgia realizada no Rio de Janeiro (RJ). A vítima moradora de Cuiabá foi para a Capital Carioca no sábado (14) para realizar uma aplicação de polimetilmetacrilato (PMMA) e recebeu alta após o procedimento.
Depois a vítima começou a passar mal e voltou ao hospital com pressão baixa. Na madrugada de domingo, ela sofreu uma parada cardiorrespiratória possivelmente causada por uma embolia pulmonar. A causa da morte ainda está sendo apurada, porém a suspeita é que o produto tenha atingido algum vaso sanguíneo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário