Pesquisa revela debandada de clínicos entre 2014 e 2019.
Número de profissionais pedindo desligamento supera ingressos e CRM
cobra solução
Caiu o número de médicos na rede pública do Distrito Federal. A debandada agrava a falta de profissionais e o caos nos
hospitais, postos de saúde e unidades de pronto-atendimento (UPAs).
Segundo o Sindicato dos Médicos (SindMédico), em 2014, a população era
atendida por 5.546 clínicos. Ao final de fevereiro de 2019, o quadro era
de 5.199. Ou seja, o DF perdeu 347 doutores e doutoras. Desse total, na
virada de 2018 para este ano, 184 deixaram o serviço público.
Percentualmente, a rede perdeu 6,25% dos médicos ao mesmo tempo que o DF cresceu.
Pelas contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
a população saltou de 2.852.372 para 2.974.703, entre 2014 e 2018. É um
crescimento de 4,28%. Mais brasilienses, menos médicos. Pelo
diagnóstico do Conselho Regional de Medicina (CRM-DF), faltam 2,5 mil
profissionais para a saúde pública cuidar realmente bem dos pacientes da
capital da República.
Na análise por especialidade, houve encolhimento expressivo na
pediatria. Entre 2014 e 2018, o número de profissionais passou de 684
para 541. Na ginecologia e na obstetrícia, a rede tinha 667
médicos; hoje, são 512. Entre os clínicos gerais, a quantidade
de especialistas caiu de 893 para 705. O efetivo da cirurgia geral
minguou de 374 para 320.
Os números da pesquisa do SindMédico foram colhidos do Portal da Transparência e da Sala da Situação da Saúde. A queda no quadro de médicos penaliza a população, principalmente as famílias mais carentes.
Na quinta-feira passada (11/4), a dona de casa Beatriz Aparecida, 27
anos, não conseguiu encontrar um pediatra para atender o filho, Clayton
Rauã, de apenas 4, no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). O menino
sofria com febre alta, na casa dos 39ºC.
Sem resposta da rede pública, na sexta-feira (12), buscou socorro em clínica particular. “Não adianta procurar hospital público. Meu filho ainda está com febre. Eu vou esperar ele ter uma convulsão? Tem poucos pediatras nos hospitais, pouquíssimos. Falta de pediatra é o que mais acontece. Faz duas semanas que o Clayton está tendo febre e nada de conseguirmos atendimento”, desabafou.
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