segunda-feira, 15 de abril de 2019

Saúde despedaçada: hospitais públicos do DF perdem 347 médicos


Pesquisa revela debandada de clínicos entre 2014 e 2019. Número de profissionais pedindo desligamento supera ingressos e CRM cobra solução

Caiu o número de médicos na rede pública do Distrito Federal. A debandada agrava a falta de profissionais e o caos nos hospitais, postos de saúde e unidades de pronto-atendimento (UPAs). Segundo o Sindicato dos Médicos (SindMédico), em 2014, a população era atendida por 5.546 clínicos. Ao final de fevereiro de 2019, o quadro era de 5.199. Ou seja, o DF perdeu 347 doutores e doutoras. Desse total, na virada de 2018 para este ano, 184 deixaram o serviço público.

Percentualmente, a rede perdeu 6,25% dos médicos ao mesmo tempo que o DF cresceu. Pelas contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população saltou de 2.852.372 para 2.974.703, entre 2014 e 2018. É um crescimento de 4,28%. Mais brasilienses, menos médicos. Pelo diagnóstico do Conselho Regional de Medicina (CRM-DF), faltam 2,5 mil profissionais para a saúde pública cuidar realmente bem dos pacientes da capital da República.

Na análise por especialidade, houve encolhimento expressivo na pediatria. Entre 2014 e 2018, o número de profissionais passou de 684 para 541. Na ginecologia e na obstetrícia, a rede tinha 667 médicos; hoje, são 512. Entre os clínicos gerais, a quantidade de especialistas caiu de 893 para 705. O efetivo da cirurgia geral minguou de 374 para 320.

Os números da pesquisa do SindMédico foram colhidos do Portal da Transparência e da Sala da Situação da Saúde. A queda no quadro de médicos penaliza a população, principalmente as famílias mais carentes. Na quinta-feira passada (11/4), a dona de casa Beatriz Aparecida, 27 anos, não conseguiu encontrar um pediatra para atender o filho, Clayton Rauã, de apenas 4, no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). O menino sofria com febre alta, na casa dos 39ºC.
Sem resposta da rede pública, na sexta-feira (12), buscou socorro em clínica particular. “Não adianta procurar hospital público. Meu filho ainda está com febre. Eu vou esperar ele ter uma convulsão? Tem poucos pediatras nos hospitais, pouquíssimos. Falta de pediatra é o que mais acontece. Faz duas semanas que o Clayton está tendo febre e nada de conseguirmos atendimento”, desabafou.
























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