Senhora chegou a dormir nua por falta de camisola e teve sua pele rasgada por uma enfermeira
A idosa Orcelina Gomes da Silva, de 83 anos, faleceu após passar oito
dias tomando um medicamento ao qual era alérgica e ter ficado outros
quatro dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Santa
Rosa, onde estava internada. A idosa faleceu no dia 19 de maio e agora,
após se recuperar da dor da perda e juntar as documentações de sua
estadia no hospital, a família denuncia a unidade de negligenciar o
atendimento à senhora, além de cometer sucessivos erros que, somados,
teriam resultado na sua morte.
De acordo com a neta de Orcelina, a jornalista Júlia
Milhomem, ela deu entrada no hospital no dia 27 de abril, ocasião em que
foi diagnosticada com pneumonia nos dois pulmões e imediatamente
internada. “Na enfermaria, ela foi extremamente negligenciada, em todos
os sentidos, pelo fato de não passar nenhum médico, só passava
residente. Várias vezes eu presenciei residente passando lá e não via um
médico, nem no posto de enfermagem, porque duas vezes eu fui lá tentar
falar com médico pra mostrar que ela não estava bem, que ela só estava
piorando e aí não encontrei médico, era só residente que passava”,
relatou.
À reportagem, a jornalista também relatou que, após alguns dias que
sua avó estava internada, foi visitá-la e a encontrou exausta e com a
pele muito vermelha. A enfermeira então realizou o teste de glicemia na
idosa, ao que teria sido constada taxa de glicose superior a 300, sendo
que a paciente não tinha, até então, diabetes.
A família também denuncia que, apesar de diversos pedidos de
transferência para a UTI, o hospital não tomou as providências, o que só
piorou o quadro clínico de Orcelina. Com a piora do quadro, os médicos
teriam medicado a paciente com antibiótico, o clavulin, para combater a
pneumonia. Contudo, o medicamento é à base de penicilina, substância à
qual a idosa era alérgica. Segundo a neta de Orcelina, ela ficou
submetida ao medicamento por oito dias e só descobriu quando o médico a
consultou e determinou sua transferência para a UTI.
Além do quadro de saúde que se agravava, a paciente também teria uma
doença crônica, pênfigo, que deixa a pele sensível. Devido a isso,
continuou a neta da idosa, é preciso cuidado ao manusear a pessoa, uma
vez que qualquer movimento mais brusco pode causar ferimento. Em um dos
atendimentos por parte de enfermeiros teria “rasgado” a pele da perna de
Orcelina, no momento em que uma profissional teria tirado o
esparadrapo.
“Teve uma noite que ela dormiu nua, porque não tinha camisola pra
oferecer. Nós pedimos um pneumologista porque só residente estava
passando e a situação dela estava se agravando e nada, não iam”, relatou
também à reportagem.
Outra denúncia feita pela família é de que o quarto onde estava
internada não era limpo com a necessária regularidade. Segundo o relato
feito à reportagem do FOLHAMAX,
era comum ter fraudas usadas e algodão sujo de sangue no chão, o que
poderia contribuir para a proliferação de bactérias e infecção
hospitalar.
Quando finalmente conseguiram o atendimento de um dos médicos
responsáveis pelo setor, a família recebeu a notícia de que pouco
poderia ser feito por Orcelina, devido à demora para a transferência
para a UTI. O médico ainda teria dito que, caso a consulta fosse
realizada quatro dias antes – quando a idosa ainda estava sendo medicada
com o remédio ao qual era alérgica –, as chances de sobrevivência
seriam maiores. Ela foi encaminhada à UTI já com insuficiência
respiratória, dedos roxos e problemas com os rins.
Na UTI, ela ficou entubada por quatro dias, quando não resistiu mais e acabou falecendo.
Agora, a família decidiu procurar a imprensa e alertar a sociedade
para que outras famílias não passem por situação semelhante. A família
ainda analisa se irá ingressar na Justiça ou não. Isso porque, segundo a
jornalista, neta da paciente, não há objetivo algum de ganhar danos
morais, já que isso não trará sua avó de volta.
Até o momento, a família decidiu que irá registrar Boletim de
Ocorrências, acionar o Conselho Regional de Medicina (CRM) e o
Ministério Público do Estado (MP). Neste último, o objetivo é acionar o
hospital criminalmente.
OUTRO LADO
Por meio de nota, o Hospital Santa Rosa informou que irá apurar o ocorrido.
Veja a íntegra:
O Hospital Santa Rosa manifesta seu apoio à família da paciente e
informa que realizará uma análise minuciosa do caso com o intuito de
apurar o ocorrido. Ademais, o Hospital Santa Rosa ressalta seu
compromisso em atender seus pacientes com todo o cuidado necessário e
sempre buscando prestar serviços de qualidade e referência.
Folhamax
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