segunda-feira, 13 de agosto de 2018

MP-PR denuncia médica por morte de criança de três anos em hospital de Foz do Iguaçu

Promotores alegam negligência no atendimento a Kiara dos Santos Aleixo, que morreu em dezembro de 2014 após ser diagnosticada com catapora e dengue. Defesa da médica nega as acusações.

Ministério Público denuncia médica que atendeu Kiara dos Santos Aleixo

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) apresentou denúncia contra a médica pediatra Marelby Jacqueline Calvo Echeverria pela morte de uma criança de três anos, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. A defesa da médica nega as acusações.

De acordo com a denúncia, a médica foi responsável pelo atendimento de Kiara dos Santos Aleixo, de 3 anos, que morreu em dezembro de 2014 após ser internada no Hospital Municipal, com diagnóstico de catapora e dengue. De acordo com os promotores, Marelby foi negligente.

A denúncia por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, foi apresentada na sexta-feira (10). Agora cabe à Justiça decidir se recebe ou não a denúncia.

A pena, em caso de condenação é de um a três anos de prisão. Neste caso, a pena ainda pode aumentar porque, segundo o MP-PR, a pediatra não seguiu as regras estabelecidas da profissão.

A mãe de Kiara, Diana Santos, diz que lembra da filha a todo momento e que espera por justiça.
“Acho que isso daí pode passar 50 anos, é uma dor que você vai levar pro resto da vida. Não tem como você esquecer, é muito difícil”, lamenta.

Valter Santos, avô da menina, diz que pensa que a neta poderia estar brincando junto com a irmã mais nova. “Um peso que toda hora tu lembra, parece que está junto com a gente”, afirma.
 

A denúncia


A família levou Kiara até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) João Samek por causa de bolinhas vermelhas na pele, que poderiam ser catapora. Ela foi atendida por volta das 11h do dia 4 de dezembro de 2014 e fez exames que indicaram dengue e varicela, mais conhecida como catapora.

No começo da madrugada do dia seguinte, Kiara foi transferida para o Hospital Municipal de Foz, onde ficou no setor pediátrico.

A mãe da menina conta que, ao chegar ao quarto, não viu nenhuma médica.

“As enfermeiras estavam lá. A gente via que elas estavam preocupadas e ligavam atrás da médica. Mas a médica mesmo só foi à tarde, a hora que ela já estava inchada”, relata.

O MP-PR afirma que, na manhã em que Kiara chegou ao hospital, a médica pediatra Marelby Jacqueline Calvo Echeverria foi avisada pela enfermagem do estado de saúde da criança e pediu novos exames, sem sequer ver a paciente.

Só à tarde, depois que Kiara não apresentou melhora no quadro de pressão baixa e taquicardia, a médica a avaliou pessoalmente e a encaminhou para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Segundo a denúncia, quando foi transferida para UTI, a paciente já apresentava estado grave.

“Quando era dez e pouco da noite, umas 11h, eles já não tinham mais o que esconder, né? Estava dando parada nela. Daquele momento eu já não fiquei mais com ela. Daí de manhã veio a notícia”, lembra a mãe.

Kiara morreu às 10h55 do dia 7 de dezembro de 2014. O MP-PR afirma que a médica Marelby era a responsável pela internação da paciente e pela UTI pediátrica e que ela negligenciou a obrigação de dar assistência adequada à criança, porque, mesmo avisada pelos enfermeiros sobre a piora no estado de saúde, “somente a avaliou pessoalmente 13 horas depois da internação”.

O que diz a defesa


Segundo advogado Valter Domingos, que defende Marelby Jacqueline Calvo Echeverria, a acusação foi recebida com surpresa. Ele diz que a investigação da polícia ainda não tinha sido concluída, que a médica era responsável apenas pelo setor da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e que não atuava no pronto socorro, onde Kiara ficou quando chegou ao hospital.

“O que houve exatamente é que ela só foi prestar um socorro naquele momento”, afirma Domingos.
Ele argumenta ainda que havia outra médica responsável pelo pronto socorro, que estava no hospital naquele dia e que declarou no inquérito policial que desconhecia o caso de Kiara.

“Essa função [de atendimento no pronto socorro] era de uma outra médica que estava lá no dia, a qual disse no processo, no inquérito policial consta uma declaração dela, que a qualquer momento ela foi acionada ou tomou conhecimento que essa criança tinha dado entrada no Hospital Municipal”, pontua o advogado.

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