sábado, 8 de setembro de 2018

Após casal esperar 18 dias por parto no AP, bebê morre na barriga da mãe

Laudo da Politec apontou hemorragia intracraniana da criança e negligência médica. Secretaria de Saúde diz que abrirá sindicância na maternidade Mãe Luzia para apurar os fatos.

  Casal tenta por 18 dias realizar parto do filho na maternidade de Macapá e bebê morre na barriga da mãe

Gabriel seria o primeiro filho de Jamily Valente Vilhena, de 32 anos, e também o primeiro neto dos avós. O bebê crescia bem e chegou a quase 4,5 quilos. Mas, depois de várias idas ao Hospital da Mulher Mãe Luzia (HMML), sem conseguir fazer o parto, a criança acabou morrendo na barriga da mãe, aos nove meses de gestação. A família alega que a demora levou a morte do bebê, enterrado nesta quarta-feira (5).

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) disse que abrirá sindicância para apurar os fatos.

O pai da criança, o autônomo Eder Lima dos Santos, contou que foram diversas consultas médicas no pré-natal e exames mostrando uma gravidez normal. Jamily começou a sentir contrações no dia 15 de agosto, quando deu entrada no Hospital de Santana, com fortes dores abdominais.

Na unidade, os médicos atestaram que o bebê estava bem de saúde, mas que a mãe havia adquirido diabetes e hipertensão, passando a ter uma gravidez de risco e afirmando que ela deveria fazer o parto de imediato. Por isso a paciente foi encaminhada para a maternidade de Macapá.

Eder Lima relatou que, ao chegar na capital, a maternidade não realizou o parto e que a esposa foi encaminhada para consulta e acompanhamento nos Capuchinhos, que têm convênio com o governo. Foi marcado um retorno pra 27 de agosto, quando o bebê ainda estava bem de saúde. Porém, no dia 2 de setembro, durante exames, os pais descobriram que o filho já estava morto na barriga da Jamily.

O pai ainda afirma que houve demora pra retirar o bebê e que o corpo ficou quase oito horas aguardando transferência.

“Voltamos para a Mãe Luzia, chegamos às 10h e só tiraram o meu filho à tarde, às 16h38. O pior de tudo, a minha esposa está com partes do corpo queimado e o rostinho do meu filho tá todo queimado também e ninguém me deu explicação de nada”, disse.

Ainda de acordo com o pai do bebê, a maternidade alegou a causa da morte como desconhecida. A família registrou boletim de ocorrência na delegacia e pediu para que o corpo de Gabriel fosse periciado pela Polícia Técnico-Científica (Politec) do Amapá.

A Politec apontou hemorragia intracraniana. Na declaração de óbito emitida pelo órgão está descrito: “morte em decorrência de uma suposta negligência médica”.

Sobre a situação, a Sesa informou que abrirá sindicância para apurar os fatos e a conduta adotada no Hospital da Mulher Mãe Luzia no momento do atendimento da paciente, no dia 15 de agosto (penúltima semana de gestação), com encaminhamento médico de Santana para fazer o acompanhamento pré-natal de alto risco.

A secretaria ainda reiteru que o "Hospital da Mulher Mãe Luzia conta com uma excelente equipe de profissionais e tem avançado na qualificação do processo de assistência, inclusive com a implantação pela primeira vez dos núcleos de segurança do paciente".

Eder Lima lembrou que o quarto do filho estava montado e, inconformado pede respostas.
 
“Como uma criança saudável morre assim? Por que não tiraram o meu filho no dia 15? Hoje ele era para estar nos nossos braços. A gente fez o enxoval dele, o quarto dele está montado em casa. É o primeiro filho da minha mulher e o primeiro neto da minha sogra. Tudo por erro humano? Foi um pedaço da gente embora. Vai ser difícil entrar em casa e ver o quarto do nosso filho todo montadinho, esperando a hora de ele chegar e ele não vai estar lá”, finalizou.

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