Pais procuraram a Defensoria Pública que irá pedir a exumação do corpo enterrado e a correção da certidão de óbito
Corpos de bebês nascidos no HU de Maceió foram trocados. Foto: Assessoria |
As dores da cesariana e o desespero de ver seu bebê morto não foram os únicos traumas pelos quais passaria a dona de casa Gerlane da Silva, 21 anos, moradora de Rio Largo, na Região Metropolitana de Maceió. Ao buscar sua filha morta no hospital para poder fazer o sepultamento do corpo, a mãe já destroçada pela morte precoce, descobriu que o corpo tinha sido liberado para outra família e sepultado em União dos Palmares, na Zona da Mata de Alagoas.
O parto de Ana Clara aconteceu no sábado (25), no Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA) em Maceió. Ela morreu duas horas depois de nascer. Mesmo abalada com os dias difíceis que está passando, a dona de casa disse que seu único desejo é enterrar o corpo da sua filha perto dela, na cidade onde mora. Gerlane da Silva contou ainda que os últimos dias de gestação foram difíceis e que ela precisou de ajuda financeira dos vizinhos para poder ir ao HU na sexta passada, onde chegou pela manhã e só foi internada no final da noite. Somente no dia seguinte, por volta de meia-noite, a menina nasceu.
A dona de casa contou ainda que o corpo da sua filha permaneceu no segundo andar do hospital, onde nasceu, mas a mãe foi transferida para outro setor. Ela conta que os funcionários do hospital pediram para que ela voltasse na terça-feira (28) para buscar o corpo, mas ao chegar no local, pediram para que ela voltasse no dia seguinte. Ao desconfiar da situação, Gerlane da Silva se desesperou e nesse momento foi informada de que sua filha tinha sido entregue para a família errada, que também perdeu um bebê no mesmo período naquela unidade de saúde.
O detalhe é que a outra família tinha perdido um menino e receberam o corpo de Ana Clara em um caixão fechado. O pai dessa outra criança esteve no hospital no mesmo dia para reclamar que ao abrir o caixão, percebeu que não era seu filho, e acabou confirmando com Gerlane da Silva a troca dos seus filhos. Um funcionário do HU teria pedido calma aos dois e dito que “a troca de corpos de bebês era comum”.
Defensoria pedirá exumação
De posse de um documento emitido pelo HU a mãe procurou a Defensoria Pública de Alagoas para tentar a exumação do corpo de sua filha. O defensor público Fernando Rebouças informou ao OP9 que recebeu a denúncia nesta quinta-feira (30) e confirmou a troca de bebês a partir do depoimento dos pais das crianças e de documentos emitidos pelo Hospital Universitário. “Houve um sepultamento equivocado. Uma família enterrou o filho da outra e a Defensoria vai entrar com uma ação judicial para que seja realizada a exumação do corpo que foi enterrado e fazer a correção na certidão e óbito”, afirmou.
O HU se pronunciou em nota informando que lamenta a troca de bebês “natimortos” e que está realizando investigação preliminar interna. Os profissionais envolvidos no parto dos bebês trocados podem responder criminalmente.
“O Hospital Universitário reforça que possui um procedimento operacional padrão, que determina e orienta como se dão a identificação dos corpos e a liberação para os serviços de verificação de óbito. A unidade ainda ressalta que não irá medir esforços para continuar a dar assistência aos familiares, prestar todos os esclarecimentos necessários e ainda verificar a necessidade de adequação dos processos internos adotados no hospital”.
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