Denúncia foi protocolada no Ministério Público na quarta-feira (20). Primeiro parto estava programado para 27 de fevereiro, mas foi adiado várias vezes até ser feito com urgência no dia 17 de março.
![]() |
Ana Paula Batista estava grávida das gêmeas de 38 semanas e quatro dias |
A família de duas gêmeas que morreram na Maternidade Elmaza Sadeck, em Monte Alegre, no oeste do Pará, protocolou uma denúncia no Ministério Público por negligência médica. A unidade é administrada pelo governo municipal.
De acordo com familiares, o parto foi adiado por quatro vezes, o que acabou acarretando na morte das crianças. Ana Paula Batista, de 24 anos, estava grávida de 38 semanas e quatro dias e seguia uma gravidez saudável com exames em dia.
Ao G1, o pai das gêmeas Graziella e Grazielle, Gleidson Barbosa, contou que a primeira data marcada para o parto, por ser gravidez de gêmeos, seria no dia 27 de fevereiro. Mas, devido à avaliação médica, a cirurgia foi adiada para 6 de março.
Dias antes da segunda data, durante uma consulta, uma enfermeira informou à Ana Paula que a médica não poderia fazer o parto por ser feriado. No dia 7, a grávida sentiu mal-estar após cair da rede e procurou atendimento na maternidade.
“Ela ficou em observação e passou o dia inteiro e a noite. A médica disse que não era para ela se precipitar e ficar se jogando da rede porque a fase de risco tinha passado e quem ia determinar o nascimento eram as bebês. Ela disse ainda que não ia adiantar querer que operasse ela a qualquer hora”, contou.
A família ressaltou que a mesma médica sempre atendeu atenciosamente Ana Paula, e por isso confiou nas informações repassadas. No dia 13, em outra consulta, a grávida voltou novamente para casa.
![]() |
Pais já tinham feito o enxoval à espera das gêmeas Graziella e Grazielle |
Segundo Gleidson, no dia 16, a esposa estava sentindo os movimentos das gêmeas ficarem mais fracos e parando de mexer. Por este motivo, o casal procurou novamente a maternidade.
Foram feitos exames de imagem que constaram o batimento cardíaco dos fetos. Novamente, eles foram mandados para casa. Entretanto, no dia seguinte, Ana Paula sentiu dores e procurou a unidade obstétrica.
“Ela foi atendida por outra enfermeira que ouviu o coração das meninas. Estava meio lento, não estava normal. Ela [enfermeira] injetou um medicamento e os corações das meninas aceleraram, mas um estava mais do que o outro”, disse o pai das meninas.
Depois de algumas horas, um novo exame foi feito para ouvir os batimentos e constatou que apenas uma das crianças estava com sinais vitais.
O médico plantonista levou Ana Paula para o centro cirúrgico e fez o parto. A primeira nasceu com vida e a segunda já nasceu morta. Conforme Gleidson, o médico informou à família que a criança tinha morrido há pelo menos 24 horas e supôs que os exames feitos ouviram apenas o coração de um bebê.
A outra criança que nasceu com vida acabou falecendo 7h depois do nascimento porque, por dividir a mesma placenta com a irmã, adquiriu uma infecção.
![]() |
Quarto da gêmeas já tinha sido preparada pelos pais |
‘Apoio do Ju’stiça
Graziella e Grazielle seriam as primeiras filhas do casal, que se preparou para a chegada das meninas. O quarto das gêmeas foi todo preparado.
“Estamos na casa da minha mãe, a minha esposa não está em condições de voltar para casa. Nossa casa é humilde, mas o quartinho das meninas eu pintei, forrei, fiz igual quarto de princesa. Tirei de onde não tinha para dar a elas”, lamentou a perda, o pai.
Agora a família busca apoio da Justiça para que haja uma solução e respostas ao caso das gêmeas. E que os responsáveis sejam punidos.
Posicionamento do município
Ao G1, por telefone, o procurador jurídico de Monte Alegre, Afonso Brasil, disse que a prefeitura só vai se manifestar sobre o caso após notificação do Ministério Público do Pará (MPPA) para saber o teor da denúncia. Até a publicação da matéria, o G1 não conseguiu contato com a direção da Maternidade Elmaza Sadeck.
Nenhum comentário:
Postar um comentário