Paciente foi diagnosticado com problemas no estômago, mas morreu de infarto em 2011, em Santa Rita do Passa Quatro (SP). Profissionais foram condenados a 1 ano e 4 meses de prisão.
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Randal Claro da Silva morreu em Santa Rita do Passa Quatro após passar por dois atendimentos médicos |
Dois médicos de Santa Rita do Passa Quatro (SP) foram condenados por negligência médica, mas não irão cumprir a pena de 1 ano e 4 meses de prisão porque o crime prescreveu. Mesmo assim, a família sentiu alívio e espera que a decisão sirva de exemplo.
Disgnósticos
O caso aconteceu em 2011. Randal Claro da Silva, de 35 anos, procurou a Santa Casa com dores no peito. Na primeira consulta, realizada pelo médico Onésimo Rozante, ele foi diagnosticado com problemas estomacais, medicado e liberado.
Horas depois, no início da noite, ele voltou ao hospital com os mesmos sintomas, foi atendido pelo médico Juan Carlos Mathey Rubio que diagnosticou gastrite.
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Médicos são condenados por negligência, mas crime prescreve em Santa Rita do Passa Quatro |
Na manhã seguinte, Randal foi encontrado morto na sala de casa pela mãe Lucila Claro Venâncio Silva. O laudo apontou como causa da morte infarto do miocárdio.
Inconformada, ela foi em busca de justiça para a morte do filho e entrou com três processos contra os médicos.
“O primeiro, é um processo administrativo no CRM, Conselho Regional de Medicina. O segundo é o processo indenizatório que ainda está em curso, uma ação civil de indenização pelos danos provocados. E o terceiro é o processo de responsabilidade criminal", explicou o advogado Marcelo Modolo.
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Santa Casa de Santa Rita do Passa Quatro |
Segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), houve negligência, imprudência e imperícia nos atendimentos.
O primeiro médico até fez um eletrocardiograma, mas não soube interpretar os resultados e o segundo também não identificou as alterações e nem seguiu o protocolo do Ministério da Saúde para dores precordiais.
No processo do Cremesp, eles foram considerados culpados e a punição foi a 'censura pública em publicação oficial'. Os médicos continuam trabalhando na Santa Casa.
Alívio da família
A sentença sobre a responsabilidade dos médicos saiu na sexta-feira (9). Mesmo com o crime prescrito, Lucila se sente aliviada com a decisão da Justiça e espera que ela sirva de lição.
“Ele estava com a roupa de roça, eu com a roupa de casa, então eu queria que quando chegasse quem quer que fosse [ao hospital], tratasse com respeito e dignidade” , disse.
Defesas
A advogada de Onésimo Rozante, Neusa Ugattis, disse que irá avaliar a reforma da decisão e entrar com os recursos cabíveis depois que o acórdão for publicado.
Já a advogada de Rúbio, Sandra Franco, disse que a decisão não significa que a sentença da primeira instância, que inocentou os dois médicos, estava errada, mas sim que os entendimentos dos julgadores foram distintos.
"Apenas registramos que o exercício da medicina não é exato, está sempre sujeito a variáveis e uma delas é o médico. Rotular qualquer profissional como negligente é restringir todos os pacientes que por ele foram salvos e tratados a um episódio com resultado desfavorável", afirmou a advogada.
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