sexta-feira, 5 de junho de 2020

Confeiteira denuncia negligência

Uma confeiteira de 31 anos acusa uma equipe médica do Hospital Estadual e Maternidade Mário Covas, em Hortolândia, de negligência

Mãe revela que foi orientada por plantonista a voltar após quatro dias

Uma confeiteira de 31 anos acusa uma equipe médica do Hospital Estadual e Maternidade Mário Covas, em Hortolândia, de negligência, uma vez que perdeu a filha, que nasceu dez dias após a previsão da realização do parto normal. Ao buscar internação na unidade, com recomendação do seu ginecologista, a equipe de plantão alegou que não era hora da bebê nascer e orientou a mulher a aguardar mais quatro dias. A criança engoliu líquido e fezes. O enterro aconteceu sob comoção e protesto de amigos de Maria Poliana da Silva, no começo de ontem.

Maria Poliana fez o pré-natal na rede municipal de saúde da cidade, no Centro de especialidades, e a gestação ocorreu normal. Segundo a coordenadora da ocupação onde a família vive, Zilda Silva, o parto foi agendado pelo médico que a acompanhou para o dia 22 de maio, mas como ela não teve contrações, voltou no dia 28 para consulta, onde foi constatado que estava em trabalho de parto.

“O médico constatou que o tampão havia rompido e fez uma carta de encaminhamento. A Maria foi no hospital, mostrou a carta. A equipe médica a examinou e disse que não estava na hora e a deu outra carta dizendo para ela voltar dia 1º”, contou Zilda.

“Ela não sentia dores, mas certa incomodação. Ontem pela manhã ela voltou com a mesma equipe, que a avaliou e disse que não estava na hora do bebê nascer e a orientou voltar dia 6. Mas como não se sentia bem insistiu para que fizessem um ultrassom e acabaram fazendo”, acrescentou.

Maria Poliana é mãe de mais três filhos – 15, 12 e 10 anos – e todos nasceram de parto normal. Ela é do Norte do Brasil e vive sozinha com os filhos, em uma área de ocupação no Jardim Adelaide. “A gente não vai fazer sua cesárea porque você já fez três normais, você está acostumada com a dor do parto normal e a gente vai tentar até o último. Pode ir embora. Segunda-feira você volta”, contou a confeiteira. “Se ela tivesse tentado, mas não quis. O quartinho dela estava todo pronto e agora olhar o bercinho e ela não estará ali. É uma dor muito grande”, desabafou. Na manhã da segunda-feira, a médica chegou a mandar a mulher de volta para casa, mas ela insistiu.

No momento do exame, a energia do hospital “caiu” e o médico informou que não escutava os batimentos cardíacos do bebê, o que a deixou preocupada e insistisse em melhor avaliação. Maria Poliana ficou caminhando na unidade até que a energia elétrica se restabelecesse e uma nova ultrassom fosse realizada. “Confirmaram que o coração da bebê já não batia e então fizeram a cesárea. Foi aí que viram que a neném estava cheia de fezes e havia ingerido”, disse Zilda. A garotinha iria se chamar Ana Júlia.

Outro lado

Em nota, a Prefeitura garante que a paciente buscou o Hospital Municipal Mario Covas no dia 28 de maio, “encaminhada pelo médico do CAISM (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher), unidade de referência da rede municipal de saúde para atendimentos de casos específicos, como gravidez de alto risco, entre outros” para uma avaliação de vitalidade fetal.

“A avaliação foi feita no mesmo dia pelo Hospital, e foi observado que o estado de saúde da paciente e do bebê foram considerados bons. A paciente não registrou nenhuma queixa durante o atendimento. Diante desse quadro, de acordo com os protocolos a paciente deveria fazer reavaliação de vitalidade fetal em três dias, que seria em 31 de maio (domingo). Durante este período, a paciente foi orientada a observar a movimentação do bebê e, em caso de parada de movimentação, procurar o hospital imediatamente”, destacou.

“A paciente não veio na data marcada para a reavaliação de vitalidade fetal. Ela retornou um dia depois, 1° de junho, data prevista para o parto. Na ocasião, a paciente foi avaliada novamente e foi verificado o óbito fetal. O caso continua em apuração pela Secretaria de Saúde. De acordo com a investigação preliminar, não houve negligência ou omissão por parte do hospital”.

Correio

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