Caso aconteceu na Unidade Municipal Materno Infantil (UMMI), em Teixeira de Freitas. Jovem foi internada novamente por ter restos de placenta no útero.
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Mulher acusa hospital de Teixeira de Freitas, no sul da BA, de negligência |
“Eu estou muito traumatizada. Não quero saber de filho tão cedo na minha vida”. Esse foi o desabafo da jovem de 18 anos, que acusa um médico de negligência durante o parto, na cidade de Teixeira de Freitas, no sul da Bahia.
Segundo Jessica Dutra, o nascimento do filho dela, Enzo Gabriel, foi com muito sofrimento.
“Eu fazia força e sentia meu neném voltando. Eu ia de novo, aí, chegou o momento que eu não conseguia mais fazer força. Ele pegou meu neném pela cabeça e começou a puxar forte”, disse a jovem.
O parto ocorreu na madrugada de sábado (15), na sala de pré-parto da Unidade Municipal Materno Infantil de Teixeira de Freitas. A mãe da criança conta que o médico que fez o atendimento não estava com a roupa adequada e usou apenas luvas. O bebê teve uma lesão no ombro e foi encaminhado pra fisioterapia.
Nesta quarta-feira (19), o médico suspeito de cometer a negligência contou, em entrevista à TV Santa Cruz, que a conduta dele foi necessária para que pudesse salvar a criança.
Jéssica teve alta no domingo (16) e foi para casa. Ainda no mesmo dia, a jovem percebeu que saía líquidos derivados do parto de dentro dela.
Ela foi levada para o hospital e precisou ser internada para fazer curetagem, um procedimento ginecológico feito para limpar o útero e retirar os restos de uma placenta. Jéssica teve alta na tarde desta quarta e a família foi direto para delegacia registrar boletim de ocorrência contra o médico.
“Do mesmo jeito que ele fez com a minha filha, ele pode fazer com outras mães. O que eu não quero que minha filha passe, não quero que nenhum outro passe”, disse a mãe de Jéssica, Maria Aparecida Dutra.
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Família denuncia negligência e violência obstétrica em parto de jovem na BA; médico fez procedimento sem máscara e roupa adequada |
O secretário da Saúde de Teixeira de Freitas, Hebert Fernandes, informou que o profissional foi afastado de todas as funções que exercia na rede municipal.
“Nós estamos abrindo um inquérito administrativo para apurar outros casos, vamos incluir toda a equipe que estava na maternidade naquele momento, técnico de enfermagem e enfermeiros, para saber qual foi a conduta médica. Se o médico estava fazendo para proteção do parto ou se foi uma ação atípica”, disse o secretário da Saúde.
Em áudio enviado por um aplicativo de mensagem, o médico Feliciano Gil conta que precisou agir rápido, pois os ombros da criança estavam presos e foi necessária uma manobra para que o bebê não morresse por falta de oxigênio.
"Eu tenho consciência bem tranquila que a minha medida do desprendimento do ombro, da força que eu fiz naquele momento, foi porque vi uma possibilidade de uma asfixia cerebral, porque o cordão estava comprimido no canal do parto, entre o corpo do neném e o corpo da mãe", disse.
"Então, eu previ uma situação mais catastrófica, né? E eu fiz essa manobra. Só que foi um desprendimento relativamente fácil, apesar de constatar a distorcia de ombro, certo? Que fique bem claro que a exigência de investigação sobre a evolução e o desfecho do parto de mim para os diretores e não o contrário".
Apesar de não haver, no Brasil, uma lei que defina o que é caracterizado como violência obstétrica, a Organização Mundial da Saúde (OMS) enquadra nesse quesito qualquer comportamento por parte dos profissionais de saúde que cause desrespeito, maus-tratos e abusos durante o parto em instituições, além de considerar como violação dos direitos humanos.
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Bebê passou por avaliação de uma médica pediatra de terapia intensiva, que ele sofreu uma lesão de plexo braquial |
G1
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