Parentes da vítima afirmam que o próprio secretário de Saúde de Itambé esteve na casa dos avós da mãe de Kaíque para oferecer emprego em troca do caso ser abafado
A família de Kaíque César Martins da Silva, que morreu na madrugada desse sábado após ser picado por um escorpião na cidade de Itambé, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, contou que foi procurada para retirar a queixa contra o médico que prestou o primeiro atendimento ao menino.
Segundo os parentes da vítima, o próprio secretário de Saúde de Itambé, Gildo Cabral, esteve na casa dos avós da mãe para oferecer emprego em troca de “abafarem o caso”. Vereadores da cidade de Goiana também teriam tentado comprar o silêncio da família.
A mãe de Kaíque, Lívia Regina, não esconde a revolta. “Ele veio tentar colocar um pano em cima disso, coisa que não vai acontecer. E depois um funcionário público veio tentar coagir meu avô perguntando se ele queria trabalhar na caçamba de lixo, como se ele estivesse passando necessidade.
Meu avô quer justiça pelo bisneto dele. E até agora estou esperando o secretário vir aqui na minha casa e falar na minha frente o que ele disse aos meus avós. Estou gestante e quero ver se o senhor vai deixar outro filho meu morrer por negligência médica”, afirmou.
O advogado da família, Ronaldo Jordão, disse que a proposta fere a dignidade da família.
“Infelizmente essa é a situação que está acontecendo em Itambé e Goiana. Vereadores ou pessoas se dizendo vereadores que cuidam da saúde em Goiana ligaram para a mãe do Kaíque tentando comprar o silêncio dela. Já temos o telefone e o print de algumas conversas. Em Itambé, o secretário de Saúde esteve pessoalmente na casa dos avós do Kaíque e tentou abafar o caso oferecendo emprego. Nós não podemos aceitar isso. Inclusive o secretário e as pessoas que o acompanhavam foram postos para fora da casa imediatamente”, declarou.
Procurado, o secretário negou as acusações. “Isso é absurdo. Em momento algum foi falado em se abafar ou oferecer nada, até porque eu não tenho condição de oferecer nada para ninguém. Quem oferece emprego é o prefeito. Não me passou nunca pela cabeça de chegar lá e fazer isso. Fui para conversar com a família e ver o que poderia ser feito para ajudar”, disse.
Kaíque César Martins da Silva tinha dois anos e foi atingido por uma picada do animal enquanto brincava no quintal de casa, no bairro de Luiz Gonzaga. A criança foi socorrida para a Unidade Mista Doutor Hercílio Moraes Borba, onde recebeu os primeiros atendimentos, e de lá foi encaminhada a uma unidade de saúde do município de Goiana, também na Mata Norte, de onde seguiu para o Recife. O garoto só deu entrada no Hospital da Restauração (HR), referência estadual no atendimento de acidentes por picadas de animais peçonhentos, por volta das 20h30. A criança não resistiu e faleceu às 4h30 da madrugada.
OP9
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