quinta-feira, 29 de julho de 2021

Prontuário médico atesta que ex-candidata faleceu após ingerir produto utilizado para testagem sanguínea

 


Um prontuário médico recebido com exclusividade pelo Olhar Direto nesta quarta-feira (21) aponta que a ex-candidata a vereadora por Vila Rica (1.264 km de Cuiabá), Eva Correia de Souza, ingeriu um produto anticoagulante antes de falecer. O produto teria sido dado para a vítima no lugar de uma solução de glicose diluída em água, durante a realização de um exame no laboratório Citocenter. O caso aconteceu no último sábado (17) e segue sendo investigado pela Polícia Judiciária Civil. 

Segundo o prontuário, a vítima não apresentava qualquer tipo de alergia capaz de desencadear em uma forte intoxicação. O documento atesta ainda que o produto ingerido pela vítima se trata de um anticoagulante chamado Glistab, utilizado na testagem sanguínea para preservação da glicose. A suspeita do filho de Eva, Gleidson Luiz, é que a mãe tenha morrido após erro do laboratório ao dar a substância errada para a paciente. 

De acordo com a ficha técnica do produto, a ingestão é expressamente proibida pelo alto potencial nocivo do produto para o corpo. No texto, desenvolvido pelo laboratório Labtest, uma das empresas fabricantes da substância, caso a ingestão ocorra e a pessoa ainda esteja consciente, é indicado a indução do vômito e a busca por atendimento médico. 

Ainda de acordo com o prontuário, Eva deu entrada no hospital com um quadro de ansiedade e vomitando um líquido azulado. A cor do líquido expelido pela vítima é a mesma da substância indicada no prontuário, que é vendida diretamente para os laboratórios que trabalham com exames que envolvem a testagem da glicose. 

No prontuário é relatado ainda que a vítima chegou a ingerir metade do produto e por isso apresentou uma forte reação. Além do vômito e da crise de ansiedade, Eva também teve uma crise convulsiva e chegou a ser encaminhada para a sala de emergência. Foram feitas diversas ações para resguardar a vida da ex-candidata, mas após uma parada cardíaca acabou falecendo.

“Queremos justiça”

Segundo o filho da vítima, o laboratório Citocenter não esclareceu os fatos desde o último sábado (17), quando o óbito foi confirmado. Para Gleidson, sua mãe foi vítima de uma ação irresponsável protagonizada pelo estabelecimento. “A palavra que eu tenho para resumir isso é irresponsabilidade. O que a gente busca hoje é justiça. Estamos sentindo muita angústia, não queremos que outras pessoas sintam o que estamos sentindo hoje, nunca passei por nada parecido e é uma dor muito grande”, disse em entrevista ao Olhar Direto. 

O rapaz contou ainda que a mãe havia se recuperado de um quadro de Covid-19 há pouco mais de dois meses e estava feliz com a construção da casa nova. “Minha mãe estava em um momento de felicidade, ela ligava para a gente e falava como ela tava. Ela fala ‘Gleidson eu estou bem, tô muito feliz que vou construir a minha casa, do jeito que eu queria, do jeito que eu sempre sonhei’”, revelou. 

Ainda durante a conversa, Gleidson relatou que a mãe nunca teve nenhum tipo de reação alérgica e no momento em que foi oferecida a substância, Eva chegou a alertar a atendente que aquele não era “o medicamento corrreto”. “Minha mãe ainda contou para o meu pai que alertou para a mulher que ia dar o medicamento de que aquele não era o frasco do medicamento que ela deveria ingerir. Quando meu pai chegou desesperado atrás dela, ela disse para ele que deram o remédio errado”, relatou. 

Em um áudio enviado pela vítima para o marido, horas antes do quadro se agravar, Eva relata que haviam dado um medicamento errado para ela tomar e que estava se sentindo muito mal. “O laboratório me deu o remédio errado, estou passando mal. Eu quase morri aqui, vem aqui vocês, vem logo”, disse a vítima horas antes de falecer.




Todos os documentos que comprovam a ingestão da substância foram reunidos pela família e entregues para a Polícia Judiciária Civil, que segue investigando o caso.

Outro lado 

A reportagem procurou os representantes do Laboratório Citocenter e até o fechamento desta reportagem não obteve nenhum tipo de retorno. O espaço segue aberto para a empresa se manifestar. 









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