quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Mãe denuncia que perdeu filha e neto por negligência de hospital onde mulher teve mão amputada; Polícia Civil apura 9 casos

 

Cássia Maria da Silva afirma que exame não foi feito e que, durante espera por cesárea de bebê morto, filha ouviu: 'Já morreu mesmo, para que a pressa?' Hospital divulgou nota sobre atendimento de paciente que teve mão amputada.


Representante de hospital onde mulher entrou para dar à luz e teve a mão amputada prestam depoimento pela primeira vez

A mãe de uma paciente denuncia que a filha e o neto morreram por causa de um caso de negligência no mesmo hospital onde, em outubro do ano passado, uma mulher foi internada para dar à luz e teve a mão amputada por causa de uma complicação. A 41ª DP (Tanque) já apura 9 casos relacionados ao Hospital da Mulher Intermédica de Jacarepaguá.

Cássia Maria da Silva foi até a delegacia para registrar um boletim de ocorrência sobre a morte da filha Tatiane e do neto Bento, em 2019. Ela contou que a jovem, que estava grávida, foi ao hospital para fazer uma ultrassonografia, como a médica dela orientou.

Porém, a mãe conta que Tatiane não conseguiu fazer o exame pois os profissionais da unidade de saúde afirmaram que não era necessário. Ela foi medicada e voltou para casa.

Cássia Maria da Silva registrou boletim de ocorrência sobre a morte da filha Tatiane e do neto Bento no Hospital da Mulher Intermédica de Jacarepaguá

“A médica dela encaminhando para fazer a ultrassonografia. Quando ela chegou ao hospital, a médica não fez o exame, dizendo que não era necessário. Deu um remédio para ela e a mandou de volta para casa, ela foi. Voltou passando mal”, disse Cássia.

No dia seguinte, ela voltou ao hospital passando mal. O bebê não resistiu. A mãe de Tatiane denúncia o tratamento que ela recebeu da médica que a atendeu.

“Quando ela chegou lá, que foram ver, o bebê estava morto. Aí, ela ficou, mais ou menos, das 9h às 22h. E eles enrolando para fazer a cesárea. Quando foi 21h, ela [a médica] falou: ‘Já morreu mesmo, para que a pressa?’'', afirmou Cássia.

Cássia Maria da Silva registrou boletim de ocorrência por causa da morte da filha e do neto no Hospital da Mulher Intermédica de Jacarepaguá
A mãe da jovem conta que a filha passou pela cirurgia e teve complicações. Segundo Cássia, a equipe médica chegou a pensar em transferir a filha para a unidade de São Gonçalo, como aconteceu com Gleice Kelly da Silva, que foi internada para dar à luz e teve a mão amputada mas, antes disso, Tatiane não resistiu e morreu no hospital.

Cássia usa colar com foto com a filha, que morreu em 2019

Delegacia investiga 9 denúncias


De acordo com a Polícia Civil, a 41ª DP (Tanque) investiga 9 denúncias de negligência no Hospital da Mulher Intermédica de Jacarepaguá.

Pacientes começaram a denunciar após a divulgação do caso de Gleice Kelly, de 24 anos, que foi internada em outubro do ano passado para dar à luz e, após uma complicação, teve a mão amputada. A família afirma que faltam informações sobre o que levou à amputação.

Diretora presta depoimento


Representante de hospital onde mulher que deu à luz teve a mão amputada chega para depor

Na tarde de terça-feira (24), a diretora da unidade de saúde foi até a delegacia acompanhada de um advogado para prestar depoimento sobre o atendimento de Gleice Kelly. Segundo ele, o hospital explicou as dúvidas sobre o caso e está aberto às investigações.

“A direção do hospital elucidou cabalmente a situação. Demonstrou que tudo que foi feito, foi para salvar a vida da Gleice. E estamos à disposição das autoridades”, afirmou Odel Antun, advogado do hospital.

As explicações aos investigadores duraram duas horas e meia. Foi a primeira vez que representantes da unidade prestaram depoimento sobre a amputação. O advogado, no entanto, não explicou os motivos da falta de explicações alegada pela família. No fim da noite, o Hospital da Mulher Intermédica de Jacarepaguá divulgou nova nota sobre o caso de Gleice. 

Reunião


Fachada do Hospital da Mulher Intermédica de Jacarepaguá

Gleice Kelly e a advogada tiveram uma reunião on-line com médicos e representantes do hospital. Segundo a paciente, os profissionais deram explicações sobre o atendimento, mas o encontro não teve resultado.

“Falaram que, no momento, não priorizaram a mão, priorizaram o sangramento. E o único procedimento que eles tinham para ser feito lá na minha mão, não podia ser feito ainda. Então, em Jacarepaguá, não foi feito nada. Eles explicaram essa parte e vieram com uma proposta, que eu não aceitei”, disse Gleice.

Gleice Kelly da Silva se reuniu on-line com médicos e representantes do hospital onde foi atendida

O caso


Em outubro do ano passado, Gleice Kelly da Silva deu entrada para dar à luz de parto normal no Hospital da Mulher Intermédica de Jacarepaguá. Ela teve uma hemorragia no pós-parto e precisou colocar um acesso para medicação na mão esquerda.

Esse acesso resultou em uma nova complicação, que levou à amputação do membro após a transferência para outra unidade da mesma rede, em São Gonçalo.

No entanto, a jovem e sua família não sabem que complicação foi essa, se ela poderia ter sido evitada e por que a família não foi informada desde o início.

Nota do Hospital da Mulher Intermédica de Jacarepaguá:

Com objetivo de garantir à paciente Gleice Kelly da Silva as melhores condições de assistência a sua recuperação, o Hospital da Mulher pôs a sua inteira disposição profissionais capazes de prestar acompanhamento médico, apoio psicológico e serviços de fisioterapia. Em amparo, também lhe ofereceu a possibilidade de colocação de uma prótese que permita sua readaptação às rotinas.

Desde que tomou conhecimento do ocorrido com a paciente, a direção do hospital mobilizou uma equipe médica para lhe prestar todos os esclarecimentos possíveis e vinha tentando agendar uma reunião para tanto. Por decisão de Gleice e familiares esse encontro só pode ser realizado nesta terça-feira (24/1).

Na ocasião, após a equipe responder a todos os questionamentos, a paciente e familiares agradeceram e se mostraram satisfeitos com as explicações apresentadas, tendo valorizado o fato de que os procedimentos adotados no pós-parto permitiram salvar-lhe a vida, após um episódio grave de hemorragia.

O Hospital da Mulher mais uma vez se solidariza com Gleice e reafirma estar inteiramente disposto e prestar-lhe todo tipo de esclarecimento e apoio clínico.





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