domingo, 8 de janeiro de 2023

No dia em que completaria um mês, bebê morre aguardando cirurgia cardíaca em hospital público do DF

Maria Júlia não resistiu a cardiopatia congênita, neste sábado (7). Justiça já havia determinado, em duas decisões, que governo do DF realizasse operação; Saúde diz que transferência não ocorreu por falta de leitos de UTI pediátricos.


Maria Júlia morreu no dia em que completaria um mês, enquanto aguardava cirurgia em hospital do DF

Morreu neste sábado (7), data em que completaria um mês de vida, a pequena Maria Júlia Barbosa, que aguardava uma cirurgia cardíaca no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) há 30 dias. A bebê nasceu com uma cardiopatia congênita e precisava de uma operação no Instituto de Cardiologia do DF (ICDF).

A menina estava internada desde o nascimento e aguardava a transferência para o ICDF. A Justiça já tinha determinado, em duas decisões, que o governo do DF providenciasse a cirurgia. Na sexta (6), a Secretaria de Saúde informou que ela seria transferida até a manhã deste sábado, mas isso não ocorreu a tempo de salvar a vida da criança. A família cobra respostas.

"A gente sabe que o caso da minha irmã, da minha sobrinha não foi o primeiro e nem será o último. Enquanto o governo que está ai não tomar providências, quantas crianças a mais terão que morrer pra ter um leito de UTI?", questiona Ana Ingristy, tia da bebê.

Questionada pela reportagem, a Secretaria de Saúde afirmou que "a paciente não foi transferida anteriormente em razão do quarto delicado de outros três bebês que se encontravam na UTI do ICTDF, não podendo esses serem transferidos para outras UTIs pediátricas" (veja íntegra abaixo).

Espera por cirurgia


Maria Júlia morreu no dia em que completaria um mês, enquanto aguardava cirurgia em hospital do DF

A cardiopatia congênita é uma anormalidade na estrutura ou função do coração que surge nas primeiras oito semanas de gestação. A pequena Maria Júlia estava sedada e intubada enquanto aguardava a cirurgia para corrigir o problema.

Os problemas de atendimento na rede pública ocorreram desde o início. Primeiro, os pais tiveram que pagar um exame de ecocardiograma na rede particular, para ter o diagnóstico do problema. Depois, para conseguir a cirurgia, a família recorreu duas vezes à Defensoria Pública.

No dia 29 de dezembro, uma liminar na Justiça determinou que a operação fosse feita imediatamente. Nove dias antes, o Instituto de Cardiologia já tinha encaminhado um documento à Justiça informando que a Maria Júlia era a primeira da fila de convocação, aguardando a liberação do leito de UTI pra que ela fosse transferida.

Documento do ICDF sobre transferência de Maria Júlia Barbosa

Durante a espera, a menina era mantida com remédios que, segundo a família, deixaram de funcionar. "Ela ficou um mês com medicamento, mas o medicamento não estava mais fazendo efeito, então, era a cirurgia e a vida dela", diz a tia Ana Ingristy.

"Cadê a saúde púiblica em primeiro lugar que o governador prometeu pra gente? Cadê a Secretaria de Saúde? Cadê?", continua, emocionada.

O que diz a Secretaria de Saúde


Confira a íntegra da nota da SES-DF sobre o caso:

"A Secretaria de Saúde informa que a transferência da paciente Maria Júlia Barbosa Lima, da UTI do HRT para a UTI do ICTDF, estava programada para ocorrer neste sábado (7), às 7h, seguindo todos os protocolos de segurança que o caso necessitava em razão da sua gravidade. No ICTDF, já estava programado o procedimento cirúrgico, de alta complexidade, na tentativa de reverter o quadro clínico da paciente.

A paciente veio a óbito na madrugada deste sábado em razão da sensibilidade do seu caso. A Secretaria de Saúde lamenta a morte da Maria Júlia, solidarizando-se com os familiares e amigos.

A SES informa ainda que a paciente não foi transferida anteriormente em razão do quarto delicado de outros três bebês que se encontravam na UTI do ICTDF, não podendo esses serem transferidos para outras UTIs pediátricas."








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