quarta-feira, 27 de maio de 2020

Médico relata "caos" e viraliza; Prefeitura reconhece agravamento


Depoimento de plantonista do Hospital Ouro Verde viralizou nas redes sociais: "sensação de enxugar gelo"


Entrada do PS (Pronto-Socorro) do Hospital Ouro Verde,
em Campinas

Um médico plantonista do Hospital Municipal Ouro Verde, em Campinas, viralizou com um depoimento sobre a situação dos leitos para internação na unidade em meio a pandemia do novo coronavírus. O relato, publicado em suas redes sociais, diz que a cidade está sem leitos UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do SUS e que a equipe tem a sensação de "enxugar gelo".

"Estamos sem leitos SUS de UTI em Campinas! Nenhum! E os casos de covid não param de chegar, cada dia pior! Por favor, fiquem em casa! Estamos implorando!", escreveu.

Procurada, a Prefeitura de Campinas reconheceu o agravamento da situação no município por conta da pandemia, mas não confirmou ou desmentiu a situação descrita pelo médico (leia mais abaixo). O plantonista, que foi admitido no Ouro Verde em fevereiro deste ano, contou que no último plantão dele registrou cinco óbitos com suspeita de covid-19 em 12 horas.

"Entre eles uma mulher de 33 anos com síndrome gripal sem comorbidades prévias! A família dela toda acometida, mãe intubada na nossa UTI e irmão com sintomas leves. A sensação de impotência tá sendo gigante e só nos tem deixado esgotados", escreveu.  

VIRALIZOU 

Até a publicação deste texto, o relato tinha 957 compartilhamentos. O profissional da saúde foi procurado para comentar a situação vivida no Ouro Verde, mas não retornou a mensagem da reportagem.

No Facebook, ele defendeu ainda o lockdown - medida de isolamento social imposta pelo Estado com protocolos mais restritivos. Atualmente, a quarentena é usada no mundo todo como única medida contra o novo coronavírus. Em Campinas, a doença já matou 54 pessoas e infectou 1.193.

"À parte de questões políticas, não tem outra solução. Tem que fechar tudo agora!", defendeu o médico. Ele também disse que quem sentir falta de ar, não pode demorar a procurar um Pronto-Socorro. Caso não tenha, a pessoa não deve ir por conta do alto grau de contaminação das unidades hospitalares.  

OUTRO LADO

Procurada, a Prefeitura de Campinas, por meio da Rede Mário Gatti, disse reconhecer "o agravamento das necessidades assistenciais". Ainda em nota, disse que "já estão sendo providenciados mais 15 leitos para no Ouro Verde e mais 30 para o Mário Gatti".

Nesta segunda-feira, por conta do feriado de 9 de julho antecipado, a Prefeitura disse que não informaria o índice de ocupação dos leitos de UTI na cidade. Essa divulgação é feita diariamente.


Na sexta-feira (22), último boletim enviado, a cidade tinha 690 leitos de UTI distribuídos nas redes pública e privada do município, e 525 estavam ocupados (76,08%). O índice é o maior desde o início da pandemia.

O governo citou ainda a contratação de 42 médicos intensivistas para ampliar o atendimento. A Administração foi questionada se, de fato, os leitos UTI na cidade acabaram, mas não confirmou ou desmentiu a fala do médico.

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