Uma vistoria da Defensoria Pública da União na emergência do Hospital
Federal do Andaraí encontrou pacientes internados em macas e falta de
médicos, na manhã desta quinta-feira. Desde a última segunda-feira, o
local estava sob interdição ética a pedido do Cremerj. Segundo o
defensor regional de Direitos Humanos, Daniel Macedo, há falta de
médicos plantonistas, e a classificação de risco dos pacientes não está
sendo realizada. Pessoas com doenças crônicas e em estágio terminal
dividem espaço com doenças infecciosas na internação.
— A situação que eu encontrei aqui é caótica. Além do problema do espaço
físico, existe a falta de médicos. Muitos desses pacientes estão em uma
cadeira, de maneira inadequada — explica o defensor.
Emergência junto com UTI
A emergência do hospital divide
espaço com a UTI. Também há falta de leitos de trauma, local de
atendimento às vítimas de arma de fogo ou com politraumatismo. A
superlotação do setor impede que haja espaço suficiente para reanimar um
paciente, caso necessário.
As condições do hospital serão
relatadas à 5ª Vara Federal, onde tramita uma ação coletiva que
conseguiu liminar deferida para a contratação de 4.200 profissionais. O
defensor revelou que vai denunciar o Brasil para a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos.
— O maior problema imediato é a
falta de profissionais. É preciso mostrar ao mundo que está acontecendo
no Brasil. A União vem agravando o estado clínico desses pacientes, e
muitos vêm a óbito.
Falta de medicamentos
A falta de medicamentos afeta quem
precisa fazer tratamento contra o câncer. Dois meses após realizar
cirurgia para retirada de um tumor na mama, Katia Monteiro precisa
iniciar a quimioterapia. Mas o medicamento está em falta, e o hospital
afirma que a previsão é esteja disponível no dia 11. O tratamento
deveria ter sido iniciado em dia 23 de maio.
— Eu saio de casa de madrugada e venho aqui toda semana. Cada vez me falam uma coisa — lamenta a paciente
Katia conta que está desempregada e não tem condições de comprar a medicação:
— Hoje a médica nem quis me atender. Devolveu o prontuário e me mandou procurar a Defensoria Pública. Estou indignada.
Em
nota, o Ministério da Saúde reconhece que a emergência da unidade
precisa de melhoras e afirma que a contratação de recursos humanos está
em andamento. No entanto, não respondeu os questionamentos sobre os
pontos críticos, como a falta de plantonistas e o espaço dividido entre
pacientes da emergência e da UTI. O órgão declarou, ainda, que não há
problemas no abastecimento de insumos e medicamentos.
Leia a nota na íntegra:
"O
Ministério da Saúde reconhece que a emergência do Hospital Federal do
Andaraí necessita ser qualificada e já está tomando providências para
melhorar o atendimento no conjunto dos 6 hospitais federais do Rio de
Janeiro.
Cabe ressaltar que até o presente momento, não
houve fechamento da porta de entrada de urgência e emergência do
Hospital Federal do Andaraí e esforços estão sendo feitos para que seja
realizado o atendimento a toda demanda da população. Atualmente, o
hospital funciona com mais de 100% da sua capacidade operacional
considerando que é o único serviço de média e alta complexidade da
região. O hospital atende cerca de 50 mil consultas e 7 mil internações
por ano.
Ainda, esclarece-se que está em curso um
processo para contratação de recursos humanos e o abastecimento de
medicamentos e insumos hospitalares mantém-se regular".
Nenhum comentário:
Postar um comentário