sábado, 25 de agosto de 2018

Diretor do Hospital Universitário faz denúncia de corrupção e é demitido

 (Foto: Arquivo)
O roteiro é digno daqueles filmes que somente Hollywood consegue levar para as telas do cinema, mas infelizmente aconteceu em Dourados. O Diretor-Geral do Hospital Universitário da Grande Dourados (HU/UFGD), Ricardo do Carmo Filho, tido pelos demais médicos e servidores da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), estatal do Ministério da Saúde responsável pela administração de hospitais públicos federais, como um dos profissionais mais íntegros e sérios do meio hospitalar, descobriu esquemas de corrupção do arco na velha na Administração do HU/UFGD e levou as denúncias à Reitoria da UFGD. Depois de cumprir sua missão de profissional exemplar, atento à ética e aos princípios da Administração Pública, Ricardo do Carmo foi dormir o sono dos justos, com a consciência tranquila pelo dever cumprido, e quando acordou, no dia seguinte às denúncias que ele próprio fez, estava demitido do cargo. É isso mesmo! Quem denunciou foi demitido sumariamente pela Reitoria da UFGD e os que foram denunciados continuam investidos nos cargos que usam para se locupletar da coisa pública. Diz aí se não parece roteiro de filme? Para que não reste dúvidas sobre a informação veiculada na coluna, a Portaria número 651, publicada no Diário Oficial da União no dia 17 de agosto, edição 159, seção 2, página 16, anunciou a dispensa de Ricardo do Carmo Filho, professor do Magistério Superior, do cargo de Diretor-Geral do Hospital Universitário da Grande Dourados.  O clima nos corredores do HU/UFGD é de velório com a exoneração do servidor que tinha como maior preocupação servir com esmero, ética e compromisso com o cidadão.

Reação dos Servidores


Assim que tomou conhecimento do ocorrido, o Coletivo UFGD em Frente decidiu abraçar a causa do médico Ricardo do Carmo Filho e divulgou a seguinte nota: “são gravíssimas as denúncias apresentadas pela Superintendência do Hospital Universitário junto ao Ministério Público Federal (MPF) e anexadas em documento protocolado por sete Diretores de Unidades Acadêmicas junto à Reitoria da UFGD, em 17 de agosto de 2018”.

Imagem Maculada


O Coletivo UFGD em Frente entende que “os fatos relatados pelo ex-diretor Ricardo do Carmo Filho sobre supostos desvios éticos de servidores que ocupam cargos de confiança da Reitoria no HU/UFGD, além de agredirem os princípios do direito e os valores republicanos, ferem a imagem da Universidade Federal da Grande Dourados e corroem a autoestima dos servidores discentes”.
Pedido de Providências
O Coletivo UFGD em Frente cobrou providências urgentes da Reitoria: “nós, docentes, técnicos administrativos e discentes vimos a público reivindicar da Reitoria da UFGD e da Superintendência do HU/UFGD o imediato afastamento dos envolvidos nas denúncias de suas respectivas funções/cargos gratificados e, também, a apuração rigorosa e transparente das denúncias e, se for o caso, a atribuição de responsabilidades e punições, de acordo com a legislação vigente do país e da UFGD”.
Manobra Política
Os médicos e servidores do HU/UFGD têm uma única certeza: a demissão de Ricardo do Carmo Filho do cargo de Diretor-Geral do Hospital Universitário da Grande Dourados tem fundo político e teria o dedo de um deputado federal e de uma antiga superintendente que hoje presta serviços à Secretaria de Estado de Saúde. Ambos seriam protetores dos servidores que foram denunciados pelo Diretor-Geral e entre ficar ao lado de quem denunciou a corrupção preferiram apoiar os acusados pela improbidade. Vai vendo!
Teor das Denúncias
A coluna agora vai atrás do inteiro teor das denúncias que Ricardo do Carmo Filho entregou à Reitoria da UFGD e que acabaram nas mãos do Ministério Público Estadual (MPF) e anexadas em documento protocolado por sete Diretores de Unidades Acadêmicas junto à Reitoria da UFGD. Tão logo a Malagueta tenha acesso à denúncia, todo seu teor será publicado neste espaço para que a comunidade acadêmica tenha conhecimento do que ocorre no HU/UFGD.
Reitoria Destoante
Caso fique confirmado que Ricardo do Carmo Filho foi demitido porque denunciou esquemas de corrupção no HU/UFGD, a Reitoria estará remando contra os princípios da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que aderiu à campanha “Pequenas Corrupções – Diga Não”, criada pela Controladoria-Geral da União (CGU). A campanha contra a corrupção da Ebserh é voltada para a realidade dos hospitais universitários federais geridos pela estatal vinculada ao Ministério da Educação.
Reitoria na Berlinda
O objetivo principal da “Pequenas Corrupções – Diga Não” é conscientizar os cidadãos para a necessidade de combater atitudes antiéticas – ou até mesmo ilegais – que costumam ser culturalmente aceitas e ter a gravidade ignorada ou minimizada, como pegar medicamentos ou materiais do local de trabalho para uso pessoal; trocar receita médica sem examinar o paciente; sentar em lugar reservado a pessoas com necessidades especiais; apresentar atestado médico falsificado; bater o ponto para o colega de trabalho; deixar de cumprir a carga horária. O detalhe é que justamente quem atendeu aos apelos da campanha é que foi punido pela Reitoria.
Resposta do Gamp
A Malagueta informou que médicos contratados para realizar cirurgias no Hospital Regional de Cirurgias da Grande Dourados estariam viajando de São Paulo até o município e retornado sem operar ninguém por falta de materiais de trabalho, mesmo com o Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública tendo abocanhado um contrato de R$ 42 milhões junto ao governo do Estado para acabar com a fila de espera por cirurgias eletivas.
Desmentido do Gamp
A assessoria do Gamp enviou a seguinte resposta à coluna: “o Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública esclarece que a nota “Hospital de Cirurgias” publicada nesta coluna, no último dia 20 de agosto, não procede, uma vez que a equipe médica de São Paulo esteve no Hospital Regional de Cirurgias da Grande Dourados para prestar atendimentos de consultas pré-operatórias e não para realizar cirurgias, já que os mesmos não estavam agendados para isso. Sendo assim, os procedimentos não deixaram de ser realizados por falta de material, como citado equivocadamente pelo colunista”.

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