terça-feira, 28 de agosto de 2018

Mulher morre com intestino perfurado e infecção depois de bariátrica realizada no Complexo Hospitalar Jd. Cuiabá

Hospital já sofre investigação da Delegacia do Meio Ambiente por possível exposição de pacientes à contaminação e crimes ambientais


Luciane Sene, funcionária da Unimed, pode ser mais uma vítima de erro médico hospitalar. Ela morreu por infecção que teria sido contraída durante cirurgia bariátrica realizada no último dia 15 de agosto, no centro cirúrgico do Complexo Hospitalar de Cuiabá.



Pelo que conta o marido de Luciane Sene, o vendedor lider de produção Cledison Santos, ela foi realizar uma cirurgia bariátrica, procedimento este conduzido pelo médico Wilson Xavier Gogolevsky, dentro do Complexo Hospitalar de Cuiabá. Durante a cirurgia, a paciente teria sido vítima de dois graves erros que acabaram levando-a a óbito: uma perfuração do seu intestino durante a cirurgia e a contaminação hospitalar que resultou em uma infecção generalizada.


Após a cirurgia, já no outro dia, quinta-feira, 16 de agosto, Luciene Sene recebeu alta hospitalar mesmo reclamando de fortes dores no abdome, dor no peito e grande dificuldade de respirar.


Com a infecção contraída e o intestino perfurado, a paciente entrou em contato com o Dr. Gogolevsky, queixando-se do seu mal-estar mas recebeu apenas a orientação de que os sintomas que apresentava seriam de cunho psicológico, estando ela com ansiedade por permanecer muito tempo deitada. Passando mal e com muita dificuldade de falar e respirar, dores fortes no abdome, foi receitado para a paciente encher bexigas (de festa infantil) para ajudar na respiração. E quando se queixou de que não conseguia urinar, provavelmente devido à infecção que já se alastrava sobre os órgãos, foi lhe dito apenas pelo cirurgião que ela não estaria bebendo água suficiente.


Após uma grande piora, já a beira da morte devido à infecção contraída, os familiares, percebendo que haveria algo de muito mais grave por trás do estado de prostração de Luciene, a levaram às pressas, no sábado, dia 18,  a um outro hospital, o Hospital São Matheus, uma vez que perceberam o despreparo da equipe do Complexo Hospitalar de Cuiabá.


No São Matheus, Luciane recebeu oxigênio de imediato, e foi identificada como um caso gravíssimo, pois estava com saturação baixa, ou seja, com pouca oxigenação no sangue. Além do oxigênio, os médicos solicitaram de Luciane exames laboratoriais, quando foi possível constatar que a paciente estava com um quadro gravíssimo de infecção. Ela teve que ser levada às pressas para a UTI onde foi entubada e sedada.


Com os exames complementares foram constatadas a perfuração do intestino e o alto nível de infecção contraída durante a cirurgia anterior, realizada no Complexo Hospitalar de Cuiabá.


O tratamento de Luciene, no São Matheus, envolveu a contenção de grande volume de secreção purulenta no pulmão, outra intervenção cirúrgica para tentar corrigir o erro, antibióticos para o controle da infecção generalizada, só que não foi possível salvar sua vida, que foi ceifada devido aos graves erros que teriam sido cometidos durante sua passagem pelo Complexo Hospitalar de Cuiabá.


Pelo que relata seu marido, Luciene entrou no antigo Hospital Jardim Cuiabá com ótimas expectativas com relação ao resultado da bariátrica, andando, forte, cheia de sonhos e ideais, e hoje deixou enlutada a sua família e amigos que choram a sua partida tão precoce, por conta de erro do hospital. Cledison junto com outros familiares da falecida Luciene estudam a possibilidade de adotarem providências para a apuração das possíveis responsabilidades por sua morte.


HOSPITAL SOB SUSPEITA


A Importadora e Exportadora Jardim Cuiabá, comandada pela médica e empresária Elê Maria Kuhn –  parente da primeira dama de Cuiabá Márcia Pinheiro e do procurador de Justiça Paulo Prado –  é a nova administradora do antigo Hospital Jardim Cuiabá desde 20/04/2018, por uma decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso que cancelou o contrato de arrendamento com a antiga gestão. O nome comercial (fantasia) utilizado é Complexo Hospitalar de Cuiabá, e. depois de denúncias dando conta da possível exposição de pacientes a focos de contaminação, o hospital está sendo investigado pelo Delegado da DEMA-MT (Delegacia do Meio Ambiente), Gianmarco Paccola, que determinou, no dia 29 de maio, através da Ação de Investigação Preliminar nº 548/2018, que a SEMA-MT faça uma minuciosa inspeção no hospital para apurar as possíveis irregularidades.


O Complexo Hospitalar de Cuiabá já fora denunciado inúmeras vezes aos órgãos de fiscalizações e na própria imprensa, por atuar de forma irregular, acusada do cometimento de  crimes ambientais e sanitários, já que não disporiam de requisitos mínimos para o seu funcionamento, sendo inclusive o único no Brasil que funciona sem os devidos licenciamentos, o que expõem a risco os seus pacientes e suas vidas.



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