quarta-feira, 22 de agosto de 2018

"Existe uma máfia trabalhando dentro dos hospitais públicos em Sergipe" denuncia um dos ouvidos pela CPI da Saúde

Dois ex-secretários municipais foram ouvidos nessa segunda-feira, 20, pelos membros da CPI da Saúde.


Dois ex-secretários municipais foram ouvidos nessa segunda-feira, 20, pelos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde. Segundo os depoimentos, a atual gestora da Secretaria Municipal de Saúde ( SMS), Waneska Barboza, contribuiu significativamente na elaboração dos contratos dos hospitais filantrópicos e que médicos cobram por procedimentos usando a estrutura pública.
 
O médico André Sotero, gestor entre janeiro e junho de 2017, foi o primeiro a ser ouvido pelos vereadores, ao responder sobre o atual contrato com Hospital de Cirugia, disse que na sua administração o mesmo estava para vencer e consequentemente em elaboração. "Se a secretária afirma que o contrato foi mal feito, ela deve saber melhor do que eu, pois ela participou do processo da sua elaboração, implantação e depois fiscalização. Não entendo a colocação dela", afirmou.
 
Ainda segundo Sotero, sempre existia uma contrariedade com o valor dos serviços realizados com os cobrados à Secretaria. "O Cirugia sempre cobrou por serviços que não realizava. Isso era constatado pelo Conselho que fazia a fiscalização. Existe uma metodologia e é feita uma auditoria, mas as contam nunca batiam", afirmou.
 
Após três horas de denúncia, foi a vez de Luciano Paz relatar sua experiência a frente do órgão. Além de confirmar que Waneska Barboza teve carta branca para elaborar o contrato com o Cirugia, e que o hospital sempre cobrou o valor cheio mesmo não comprovando a efetivação do serviço, o ex-gestor afirmou também, assim como Waneska, que existe uma caixa preta na entidade e que durante sua gestão o hospital nunca enviou as tabelas de pagamentos e preços frequentemente cobradas.
 
Luciano Paz ainda denunciou uma suposta máfia dentro da estrutura SUS."Recebi uma denúncia de uma família que precisava de uma cirurgia oncológica e que no desespero queria vender a oficina. A alegação era pagar já que o médico afirmava que para realizar o procedimento mais rapidamente tinha um custo de R$ 1.500 no São José; R$ 10 mil no HUSE e no Cirugia era de R$ 8 mil. Tem uma márfia trabalhando sim no serviço público cobrando por procedimentos. Denunciei isso a Polícia Federal, mas não foi adiante. Dr. Gilberto teve conhecimento. É fato. Essa organização trabalha no interior do estado para trazer pacientes pra cá, para médicos já indicados que cobram por isso. Assim dá para entender como usuários de outros estados conseguem realizar cirurgias eletivas dentro do Hospital de Cirurgia já que estas são pré-agendadas", relatou.
 
Avaliação
 
Segundo o presidente da CPI, Seu Marcos ( PHS) as duas testemunhas ouvidas conseguiram traçar uma lógica convergente. "Estamos satisfeitos com os ralatos. E posso dizer que alguns pontos estão claros agora. Por duas vezes, ouvimos que existe uma caixa preta, escura dentro do Hospital de Cirurgia. E todos os gestores que passaram pela CPI afirmam que o hospital cobrava o contrato cheio, mesmo não comprovando realizar os procedimentos pré-estabelacidos. Isso é grave", alertou o vereador.
 
Isac Silveira (PC do B), relator do processo, questionou de quem é a responsabilidade sobre as mortes das pessoas que esperavam por cirugias. "Já conseguimos vislumbrar alguns problemas e algumas responsabilidades. Queremos que as pessoas que são culpadas pelos óbitos dos pacientes sejam julgados e presos. Precisam pagar pelo crime que cometeram", frisou.

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