domingo, 26 de agosto de 2018

Simulação Médica Realística ameniza falhas e salva vidas



Em uma profissão que lida diretamente com a saúde e vida, como a dos médicos, qualquer erro pode ser fatal. As falhas humanas são, em sua grande maioria, evitáveis e causam grandes transtornos em hospitais pelo Brasil. De acordo com o Segundo Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil, produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), o país tem mais de 148 óbitos diários, em razão das falhas que poderiam ser evitadas, em hospitais brasileiros. No ano de 2017, 54.076 pacientes perderam a vida por conta de erros médicos no Brasil, segundo dados obtidos pelo estudo, divulgado no último dia 9 de agosto de 2018.

Para os médicos, que são os profissionais que atuam diretamente com essas questões, a realidade em hospitais brasileiros, principalmente públicos, está longe de ser o ideal. Sobrecarga de trabalho, falta de estrutura, falta de equipamentos e equipes de trabalho e falta de incentivo são apenas alguns dos problemas enfrentados. Porém, esta realidade começa a mudar com a inserção de tecnologias que auxiliam os profissionais. O mercado de tecnologia para a saúde ganha cada dia mais investimentos.

Para se ter uma ideia, a gigante americana Google já investiu em 41 startups da área da saúde, através do seu braço de investimentos, o Google Ventures. A estimativa é que o montante investido tenha ultrapassado os US$ 5 bilhões de dólares, segundo a StartSe, plataforma digital especializada em startups. No Brasil, as healthtechs, como são chamadas as startups responsáveis pela saúde, representam 6% do mercado e startups, terceiro maior do segmento, de acordo com a Associação Brasileira de Startups (ABStartups).

Nas faculdades de Medicina, a aposta é nas Simulações Médicas Realísticas para preparar os estudantes para lidar com a pressão do dia a dia da profissão e, principalmente, diminuírem a incidência de erros médicos. Em Campo Mourão, interior do Paraná, uma Instituição de Ensino investiu mais de R$ 5 milhões na infraestrutura e capacitação do corpo docente do curso de Medicina.

O Centro Universitário Integrado, que está com a primeira turma da graduação, aposta na Simulação Médica Realística como um dos diferenciais na formação profissional dos médicos. A estrutura de ponta conta com o Hospital Simulado, que promove o aprendizado de procedimentos médicos em cenários realísticos, criados com a ajuda de simuladores de alta fidelidade. O estudante consegue testar os conhecimentos e habilidades sem colocar em risco a vida de pacientes reais.

O Hospital Simulado conta com duas salas de simulação de alta fidelidade e complexidade, que podem funcionar como UTI, Pronto Atendimento, Centro Cirúrgico ou Centro Obstétrico, uma sala de atendimento a múltiplas vítimas (Sala de atendimento catástrofe ou Unidade de Emergência), Enfermaria, Posto de Enfermagem e Ambulatório com 12 consultórios. De acordo com o coordenador do curso de Medicina do Centro Universitário Integrado, Marco Aurélio Marangoni, a Simulação Médica tem diversas funções dentro da formação dos médicos. “Antigamente, nós ensinávamos para os nossos estudantes dentro de sala de aula e colocávamos eles para realizarem a parte prática dentro do período de estágio. Nós não tínhamos um momento para testar performances, ou de desenvolver a personalidade médica dos futuros profissionais. Com a Simulação houve essa mudança”, aponta Marangoni.

O coordenador do curso de Medicina da Instituição é um dos pioneiros da Simulação Médica no Brasil e um dos médicos responsáveis pela implantação do primeiro Centro de Simulação Realística do país, no Hospital Albert Einstein. Para ele, a Simulação Médica oferece não só segurança, mas uma oportunidade de aprendizagem muito maior aos estudantes. “Nós podemos testar a performance dos acadêmicos, de maneira bastante segura, em um ambiente seguro, utilizando-se de atores, manequins ou robôs, que mimetizam o funcionamento de um indivíduo e que os prepara para uma inserção muito mais organizada, segura e eficaz com os pacientes reais” esclarece Marangoni.

A Simulação Médica prepara os estudantes para lidarem até mesmo com situações cotidianas de um médico, como apresentar diagnósticos, discutir casos clínicos ou atendimentos em consultórios. Os acadêmicos passam por situações reais e são acompanhados de perto pelos professores, que apontam os erros ou acertos em cada atividade. “Enquanto ainda são estudantes, errar pode virar uma oportunidade de aprendizagem. Não importa se o acadêmico errou ou não, mas o quanto ele aprende com esse erro. Para nós, é fundamental que ele entenda que este é o momento de errar, para que, quando colocado em prova na vida real, ela consiga se sair da melhor forma possível”, garante Marangoni.

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