Um grupo de familiares de vítimas se reuniu para cobrar testes de habilidades
Tarso Sarraf / O Liberal |
"É muito difícil um médico ser condenado", afirma Iranilde Russo, presidente do Movimento Pela Vida (Movida). Disse durante uma mobilização pelo Dia Nacional de Luta Contra o Erro Médico.
Um grupo de familiares de vítimas se reuniu no bairro do Umarizal, em Belém, cobrando que profissionais da saúde (incluindo enfermeiros), tivessem testes de habilidade, tal qual advogados fazem exames na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) antes de poderem exercer a profissão. Aliviada, uma mãe recebia a notícia de que o Conselho Federal de Medicina havia condenado o médico que conduziu a cirurgia bariátrica fatal para o filho dela.
Ana Lúcia Barbosa, mãe de Allan Diego Henrique Barbosa, morreu aos 17 anos. A ausência do rapaz foi um legado de luta e ativismo para ela, que preside o Movimento Basta com Erros Médicos Pará (Mobem-PA). Ontem (03) soube que o médico Acácio Augusto Centeno Neto teve um recurso negado, por unanimidade, pelo Conselho Federal de Medicina. O processo se arrasta desde 2009 - Ana chegou a ser apenada num processo movido contra ela -, que a prisão dele chegou a ser pedida pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA). O médico nunca cumpriu nenhuma pena. A família do jovem sofre a pena perpétua desde a morte dele.
"Por isso digo que é difícil condenar um médico. São muitas instâncias, defesas e recursos possíveis. É uma burocracia longa e que vai naturalizando o problema. Não é normal. Por isso unimos o Movida e o Mobem no Dia Nacional de Luta contra o Erro Médico, que está sendo feito também no Rio de Janeiro, em São Paulo e outros locais. Pela primeira vez o Pará está acompanhando o movimento nacional na data. Já temos agendas para outubro também. Todos são movimentos pela vida e por vidas que se perderam", completou Iranilde.
Ana Lúcia citou o caso de Alessandra Paes, que morreu em 2016, após três paradas cardíacas, em uma lipoaspiração. O procedimento foi realizado por Allan Leite Barbosa dos Santos, no hospital Nossa Senhora de Nazaré, em Canudos. Ele vai a juri popular. "Quero enfatizar o caso dela. Pela denúncia recebida pelo MPPA, esperamos ver o médico no banco dos réus. Que seja uma porta para justiça nesse país tão injusto. E que nossos médicos e enfermeiros sejam qualificados e aptos a lidar com vidas", comentou.
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