quinta-feira, 6 de abril de 2023

Jovem vira advogado e consegue condenação na Justiça por erro médico que provocou morte da mãe

Selwin Paulo Pessôa, de 32 anos, é filho de advogados e exerce a profissão em Votorantim (SP). A mãe dele, Selma Aparecida de Moraes Pessôa, morreu em decorrência de um erro médico em 2005.

Selwin Paulo Pessôa e à direita Selma Pessôa, que morreu em 2005


Há mais de 20 anos, nos corredores do Fórum de Votorantim (SP), Selwin Paulo Pessôa não imaginava que representaria um processo em reparação a uma tragédia familiar. Hoje, aos 32 anos, ele conseguiu na Justiça uma indenização pela morte da mãe, provocada por um erro médico.

Filho de advogados, Selwin também seguiu carreira na profissão e assumiu a administração do escritório da família, assim como as alegações finais do processo de danos morais iniciado pelo pai dele, sobre a morte de Selma Aparecida de Moraes Pessôa.

Tudo ocorreu em 25 de junho de 2005. Selma morreu aos 44 anos, vítima de um erro médico na Unidade de Pronto Atendimento de Votorantim, no Centro.

Ao g1, Selwin relembrou a história de Selma, os momentos em que a acompanhava no trabalho quando criança e também o que a família enfrentou após a morte dela.

Conforme o processo, Selma havia passado por uma cirurgia de celulite na perna. Depois de oito dias do procedimento, ela sentiu fortes dores no abdômen e foi levada para a UPA, onde o médico que a atendeu disse que eram “gases intestinais”.

Selma foi liberada, mas precisou voltar depois de três dias, quando as mesmas dores reapareceram. Por meio de um exame de sangue, foi descoberto que ela estava com septicemia, uma doença causada por infecção.

Selma Aparecida de Moraes Pessôa começou a atuar como advogada em Votorantim em 1991


Mesmo após o exame, Selma foi deixada na sala de observação, aguardando internação, tempo que durou 26 horas. Apenas após o longo período de espera, ela foi levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu e morreu.

“Hoje, que sou advogado e defendo médicos, a gente entende que tem situações que realmente não há o que o médico faça, mas você pega o laudo de um órgão público, com toda a presunção de veracidade, com todo o respeito que tem, e ver que sua mãe morreu por falha humana, é realmente chocante”, relata Selwin.

Em novembro de 2022, a Justiça condenou a Prefeitura de Votorantim a pagar uma indenização por danos morais sobre o caso de Selma, de mais de R$ 1 milhão. O valor será dividido entre os cinco irmãos.

Selwin afirmou que aguarda o trânsito em julgado da decisão para que seja requisitada a ordem de precatório. Desta forma, o pagamento levará de três a quatro anos para ser feito.

A prefeitura informou, em nota, que ainda não realizou o pagamento da indenização porque não recebeu a ordem de precatório e, quando recebê-la, irá incluí-la no orçamento municipal, seguindo a ordem cronológica de pagamentos.

Advogada desde 1991


Quando Selma ainda estudava para se tornar advogada, ela estava grávida de Selwin e se formou logo depois que deu à luz, em 1991. O pai dele também estudava direito e era estagiário.

Uma das lembranças que marcaram a infância de Selwin é de quando ela o levava ao Fórum de Votorantim. Depois, na adolescência, o jovem ajudava a mãe a digitar processos e foi criando familiaridade com a área.

“Já era meu sonho ser advogado, sempre foi. Aí eu entrei na faculdade de direito e me formei. Fiz alguns cursos de especialização, estou terminando um mestrado no México. Me formei e, a pedido do meu pai, eu assumi o processo e estou tocando.”

Selwin ao lado da irmã (à esqueda) e do pai (à direita), durante sua formatura em 2013


Dos cinco irmãos, uma nasceu com deficiência intelectual e mora com Selwin. Ele assumiu os cuidados dela, pelo fato de os dois terem bastante afinidade.

Segundo Selwin, o objetivo da família em divulgar a história é evidenciar que casos como esse podem responsabilizar a equipe de atendimento.

“Foi terrível. Acredito que a mãe seja sempre a cabeça da família e para a gente foi muito difícil. Lembro até hoje. É uma experiência que eu não recomendo para ninguém porque é muito doloroso perder a mãe. Não há dinheiro que pague a vida de uma mãe.”

"Eu pretendo entrar com uma ação civil pública contra a prefeitura para que ela entre com uma ação de regresso contra a equipe médica que atendeu minha mãe. Não acho correto que os contribuintes paguem por isso."








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