quinta-feira, 30 de abril de 2020

Médica do grupo de risco da Covid-19 se recusa a atender paciente





Uma médica que está no grupo de risco para o coronavírus pela idade e por ter diabetes se recusou a atender uma paciente que passava mal e procurou a Unidade Básica de Saúde da Vila Praia, na zona sul de São Paulo. Denise Carvalho, de 46 anos, que é hipertensa e tem um problema na tireoide, gravou o momento da recusa.


Médicos e fisioterapeutas denunciam descaso em hospital móvel de campanha da prefeitura

Conforme apurado e checado pela Revista Ceará, profissionais de saúde dormem no chão, se reservando nos atendimentos e ainda relatam falta de material higiênico e proteção, como sabão para banho, máscara e álcool em gel.


Médicos, enfermeiros e fisioterapeutas denunciam descaso com profissionais em hospital móvel de campanha montado no Estádio Presidente Vargas pela prefeitura de Fortaleza. Conforme apurado e checado pela Revista Ceará, os profissionais de saúde estão impossibilitados de ter um local para descanso e repouso se reservando nos atendimentos aos pacientes e ainda relatam falta de material higiênico e proteção, como sabão para banho, máscara e álcool em gel. “Dez dias após a inauguração, o hospital não tem nenhum espaço para repouso”, denuncia a médica Andréia Mendes.

Ainda foi apurado por nossa equipe, que os próprios médicos descansam nas próprias enfermarias e até no chão do Estádio, após ser concretado por cima da grama. “Estamos correndo risco”, desabafa a médica.

De acordo com levantamento, o prefeito Roberto Cláudio (PDT) autorizou gastos de mais de R$ 95 milhões de reais, sem licitação, para custear a montagem, concretagem da grama e manter a estrutura móvel com leitos e profissionais para atender e tratar pacientes infectados com o coronavírus.


Enfermeira do Lourenço Jorge denuncia à polícia falta de médicos na emergência de Covid

Registro de ocorrência foi feito na noite de segunda-feira. Na emergência, havia 11 pacientes graves internados, 3 deles entubados.


Enfermeira relata que no hospital Lourenço Jorge faltam médicos no setor
de COVID.

Uma enfermeira do Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, fez um registro de ocorrência na internet pra denunciar a falta de médicos na emergência de coronavírus da própria unidade de saúde onde ela trabalha. O caso aconteceu na noite de segunda-feira (28), como mostrou o RJ2.

Segundo Priscila Villela, na emergência, havia 11 pacientes graves internados. Três deles estavam entubados e outro poderia precisar de entubação a qualquer momento.

"Chegando na emergência de pacientes de Covid dentro do Hospital Lourenço Jorge, pra minha surpresa, não havia médico plantonista. Só que não é tão pra minha surpresa assim porque é uma coisa recorrente. Tem acontecido isso inúmeras vezes. Inúmeros plantões têm estado sem médico plantonista, responsáveis por pacientes graves, dentro do setor", diz a enfermeira.

Segundo ela, no dia da denúncia, havia quatro pacientes respirando através de ventiladores mecânicos e nenhum médico para dar suporte a eles.

"O hospital tinha médico cirurgião, médico ortopedista, que estavam atendendo à demanda de pacientes vindos de acidentes automobilísticos, no trauma. Não estavam atendendo a pacientes internado com suspeita e casos confirmados de Covid", conta.

A enfermeira diz que, além de formalizar a denúncia na polícia, também falaria com o Ministério Público, Conselho Regional de Enfermagem, Ministério Público do Trabalho e sindicato.

"Se os médicos estão pedindo demissão, a prefeitura tem que repor. Não tem como ter uma emergência de paciente de Covid sem médico lá dentro, pra poder prestar assistência. Tem passado plantões 24 horas sem médico lá dentro pra poder dar suporte."

A Secretaria Municipal de Saúde afirmou que o Hospital Municipal Lourenço Jorge tem profissionais de saúde afastados por licença médica, no entanto, está sendo feita readequação de escalas para garantir assistência aos pacientes.


Idosas com suspeita de Covid-19 esperam até oito dias por leito de UTI em Fortaleza

Falta de acesso a tratamento em suportes de alta complexidade é denunciada por familiares; SMS garante que encaminhamentos são feitos “por regulação”



Parcela importante dos grupos de risco para contaminação pelo novo coronavírus, pacientes idosos internados em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Fortaleza por suspeita de Covid-19 aguardam por até oito dias pela liberação de leitos de UTI. Mesmo sem confirmação laboratorial da doença, casos já são tratados como suspeitos, segundo familiares. 


A mãe do porteiro David Rodrigues aguarda um leito de UTI há exatos oito dias. Rosa Maria, 61, está recebendo assistência médica na UPA do Edson Queiroz, depois de apresentar sinais da Covid-19. A transferência para outra unidade que tenha o suporte mais complexo, contudo, não foi possível por falta de vagas. 

“Segundo os médicos, hoje é o oitavo dia que eles pedem uma UTI e não tem disponível”, relata o filho. Além de ter sido entubada, a mulher vai precisar ainda de sessões de hemodiálise, o que para David aumenta a preocupação sobre o quadro de saúde da idosa. 

Eu me sinto arrasado, jogado de lado, porque se minha mãe tivesse influência, num instante essa UTI estaria disponível. Dói muito”, lamenta David.

Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que as UPAs são equipadas com leitos de observação para estabilizar pacientes graves antes de serem encaminhados a unidades de referência, como o Instituto Doutor José Frota 2 (da Prefeitura de Fortaleza) e o Hospital Leonardo da Vinci (do Governo do Estado). “Os pacientes com perfil de UTI são regulados através da Central de Regulação de Leitos do Município para hospitais de alta complexidade”, complementa a Pasta.


A espera se repete na vida de Loides Mendes, vendedora autônoma, que admite “não saber mais o que fazer”. O desabafo é motivado pela indignação de quando se depara com a situação da mãe de 80 anos, dependente de UTI para sobreviver. “O certo era não deixar as pessoas à míngua”, opina. 

Moradora do bairro Planalto Ayrton Senna, na periferia da cidade, Zilma Mendes de Araújo sentiu dor de cabeça e no corpo, além de febre, tosse seca e cansaço durante seis dias. Na noite do último domingo (26), foi levada à UPA do José Walter, onde recebeu diagnóstico de pneumonia – mas os médicos também investigam se ela tem Covid-19. 

Mapa da Covid-19 no Ceará



“Ela chegou no domingo, umas 21h30, e foi para um balão de oxigênio. Na segunda-feira pela manhã, já ligaram dizendo que ela foi entubada”, detalha Loides. Com a piora do quadro clínico, a mãe deverá ser transferida para UTI, que está sendo aguardada há cerca de 24 horas. “Se o paciente viver, tudo bem; senão, fica por isso mesmo. Eu não sei mais o que fazer. As autoridades deveriam tomar um providência como se fossem da família deles”, reivindica.

Desinformação

A professora Márcia Ferreira se queixa da espera por leito de UTI, mas também da dificuldade em obter retornos sobre o estado da mãe. Inicialmente, Maria do Socorro Ferreira, 80, recorreu à UPA do Jangurussu com “pouca respiração”, no sábado (25). A idosa não permaneceu na unidade e voltou para casa. 

Covid-19 em Fortaleza



Contudo, no dia seguinte, a família optou por levá-la à UPA do Edson Queiroz, diante da piora dos sintomas. No equipamento de saúde, Maria do Socorro “passou 24 horas numa cadeira com o oxigênio”, denuncia a filha. 

Ela foi posta numa sala de isolamento só de Covid-19. A médica me falou que se ela não estava, acabou de pegar (a doença)”, revela Márcia.

Da sala, a mãe da professora foi levada para um outro setor, ao qual a família não tem mais acesso. “Minha mãe está no isolamento da UPA esperando uma transferência para algum hospital, porque certamente ela está precisando de uma UTI, mas só vamos ter notícia dela às 16h, porque talvez o médico possa nos passar”, descreveu.


quarta-feira, 29 de abril de 2020

Mãe dar detalhes sobre falecimento da filha após negligência médica





PB: Mãe de Alice dar detalhes sobre o falecimento da criança após negligência médica em João Pessoa


O Meio Norte

Caso Alice: família desabafa e faz denúncias gravíssimas após morte de Alice em João Pessoa


Segundo o padastro de Alice, o senhor Leandro Gonzales, no dia 18 de abril, a criança que dormia na casa dos avós maternos, acordou chorando às 5 horas da manhã, dizendo que sua cabeça estava doendo.

Os avós acordaram desesperados, observaram que Alice tremia os olhos, e estava com a boca torta, imediatamente, levaram a netinha para o Pronto Atendimento Oceania, no bairro de Manaíra.

A família disse que o hospital negou atendimento simplesmente porque faltavam 12 dias para vencer a carência do plano de saúde.

Em nota, o Hospital João Paulo II informou que a criança foi atendida com hipótese diagnóstica de meningite.

A mãe de Alice, disse que a UPA transferiu sua filha para o hospital que trata de doenças infectocontagiosas, mas ela não permaneceu nem por meia hora no Hospital João Paulo II.

Leandro e Jéssica, mãe e padastro de Alice, disseram:

“A médica que estava na UPA nos atendeu super bem, mas ela não pôde fazer muita coisa por nós, porque lá não tem o tomógrafo e Alice precisava desse exame urgente. Então ela pediu a transferência.”

Foi nesse momento que Jéssica contou à médica que Alice tinha plano de saúde Smile, então a médica ligou para o Hospital João Paulo II, que atende ao plano. Quando a família estava saindo da UPA, foi informada que o atendimento foi recusado devido à carência do convênio.

Ligaram do hospital dizendo que foi recusado o atendimento, devido à carência do plano de 6 meses, sendo que elas estavam no plano há 5 meses. Faltando 12 dias pra completar 6 meses, eles recusaram.”

Em nota, o plano de saúde Smile disse que não houve qualquer ilegalidade.

Reiteramos a nota de esclarecimento de nosso prestador de serviços em todos os seus termos, ao passo que nos colocamos à disposição para sanar eventuais dúvidas.”

Segundo nota do Hospital de Trauma de João Pessoa, Alice deu entrada na unidade, às 13 horas, do dia 18, no atendimento de urgência, com o corpo paralisado e a internaram na UTI.

Durante a noite, Alice passou por uma cirurgia no cérebro por conta do inchaço. No dia seguinte, os médicos disseram a Jéssica, que desconfiavam de morte encefálica.

Na segunda-feira (20) foi iniciado o processo para confirmar a morte cerebral de Alice, de acordo com Leandro. Na quarta-feira (22), a morte cerebral de Alice foi confirmada.

O procedimento é reduzir os medicamentos até o coração parar de bater, porém o coração dela começou a melhorar. Nós mobilizamos muita gente nessa cidade, em prol de oração, em prol de reza, em prol de buscar a Deus, em prol de um milagre. E realmente foi um milagre ela se manter bem até a sexta.”

Os aparelhos foram desligados na sexta-feira (24), a família de Alice vai processar o plano e alega negligência médica da equipe do Hospital João Paulo II.

Por fim, o padastro desabafou:

Nós acreditamos que poderia ter acontecido algo diferente se o Hospital João Paulo II, mesmo se recusando a internar a gente, fazer o atendimento primário, fazer os testes que fizeram no HU. Poderiam ter indicado pra gente o melhor, indicar pra gente ir direto pro trauma, porque a gente não perderia tempo no translado. Se eles tivessem orientado a gente, a gente teria ganhado três horas. Se eles tivessem feito o mínimo, mas nem olhar pra criança eles olharam.”


Exame pós-morte de agente prisional é negativo para Covid-19; ‘O Márcio morreu por negligência médica’, diz companheira

Iri Gonzaga e Márcio Pinto, uma história de amor interrompida
pela morte do agente prisional

Márcio Pinto da Silva morreu no dia 19 de abril após três agravamento da falta de ar que o levou por três vezes à UPA 24h.

Saiu no sábado (25) o resultado do exame pós-morte do agente prisional Márcio Pinto da Silva: negativo para Covid-19. Márcio morreu no dia 19 de abril após agravamento do quadro de falta de ar que vinha apresentando há alguns dias e que o levou por três vezes à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24h, em Santarém, oeste do Pará. Para Iri Gonzaga, companheira de Márcio, ele foi vítima de negligência médica.

Segundo Iri, Márcio deu entrada na UPA na segunda-feira (13) com falta de ar. Na terça-feira (14), retornou à UPA e nas duas vezes foi dito que ele estava com pneumonia, mas sem nenhum exame de imagem, foi usado apenas o estetoscópio para examiná-lo. A médica que o atendeu naquele dia orientou que ele continuasse a fazer inalação como havia indicado a primeira médica. A última vez que Márcio foi à UPA foi no domingo (19). O quadro se agravou e ele morreu.

“A gente não sabe o que ele tinha, mas a gente sabe que ele não foi cuidado como deveria. E nós não tivemos a oportunidade de fazer nenhuma homenagem. E depois de uma semana da morte dele a gente recebe o resultado negativo para Covid-19”, disse Iri.

Iri disse ainda que a médica perguntou se Márcio tinha aparelho de inalação, ele disse que não. A médica então teria orientado o agente prisional a procurar a UBS da Nova República para fazer inalação quando tivesse com falta de ar. Márcio também chegou a fazer inalação até na farmácia.

“Fizemos inalação, mas nunca foi feito um exame no Márcio, um Raio-X ou uma tomografia. E depois que ele morreu eu recebi a declaração de óbito com a causa da morte de suspeita de Covid-19, o que pra mim foi um espanto, porque ele não teve febre, não sentiu dor de garganta, ele tinha um tosse crônica, e nós já tínhamos informado que ele era agente prisional e tinha asma, mesmo assim, fizeram pouco caso disso. O Márcio morreu realmente por negligência médica”, disse Iri.

Márcio Pinto seguiu recomendação de fazer inalações no
posto de saúde

Márcio estava afastado das funções de agente prisional desde o dia 14 de abril, por recomendação médica. Iri questiona também o fato de ter sido recomendado o isolamento e mesmo assim, Márcio ter sido orientado a procurar uma UBS caso precisasse de inalação.

“Eu nunca vi uma pessoa que está em isolamento ter que ir a um posto de saúde, onde vai encontrar várias pessoas doentes, idosos, cardiopatas, diabéticos”, observou Iri.

Teste rápido

Após a morte de Márcio, Iri foi orientada a se submeter a exames na UPA 24h e passou por teste rápido de coronavírus que também deu negativo. Mesmo assim, ela segue em isolamento e ainda tenta se recuperar da perda do companheiro.

Iri foi à UPA por duas vezes após a morte do Márcio, porque ficou muito abatida e com o psicológico abalado. No primeiro atendimento foi solicitado hemograma e Raio-X. Segundo ela, no Raio-X apareceu algo que o médico não soube descrever, mas prescreveu azitromicina e orientou isolamento.

Preocupada com o Raio-X, Iri pediu ao médico para fazer uma tomografia e ele autorizou. A tomografia foi feita no domingo, e Iri ainda aguarda o resultado.

“Todos os exames que fiz o Márcio não teve oportunidade de fazer. E pra minha surpresa na minha ficha estava observado: companheira do Márcio Pinto, falecido na UPA. O que essa informação vai influenciar no atendimento? Quer dizer que iam me tratar diferente? Questionou Iri e completou, ‘fui para a mesma sala que os demais pacientes com suspeita de Covid-19 foram. A diferença é que pra mim solicitaram os exames que pro Márcio não fizeram”.

Mais de uma semana após a morte do companheiro, Iri está fazendo uso de calmante para conseguir dormir.

O G1 fez contato com a UPA 24H, via assessoria de imprensa para saber como foi o protocolo de atendimento do agente prisional Márcio Pinto, mas até a publicação desta reportagem não havia obtido resposta.

Criança morre e família afirma que atendimento médico foi negado em hospital de João Pessoa

Alice, de 3 anos, sofreu acidente vascular cerebral hemorrágico no sábado (18). Segundo a família, hospital negou atendimento pois restavam 12 dias para cumprir a carência do plano de saúde.


Alice, de 3 anos, morreu devido a um AVC hemorrágico e família acusa
hospital, em João Pessoa

Alice, de 3 anos de idade, morreu na sexta-feira (24), após sofrer um AVC hemorrágico e ter constatada morte cerebral, no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa. A família da menina alega que ela teve o atendimento negado no Hospital João Paulo II, devido a 12 dias que faltavam cumprir de carência no plano de saúde Smile.

Em nota, o Hospital João Paulo II informou que a criança foi atendida "com hipótese diagnóstica de meningite. Naquela ocasião, o quadro de saúde era estável, sem febre, sem convulsão e sem necessidade de oxigenoterapia [...]. Não havia emergência, e se tratava de uma solicitação de internamento eletiva para investigação da hipótese de diagnóstico realizada na UPA, situação para a qual a paciente estava sob período de carência junto a seu plano de saúde". A nota diz ainda que "realizou o encaminhamento para o hospital de referência para tratar doenças infectocontagiosas" e que "a criança não permaneceu nas dependências do Hospital João Paulo II por mais de 30 minutos".

Também em nota, o plano de saúde Smile diz que não ocorreu qualquer ilegalidade. "Reiteramos a nota de esclarecimento de nosso prestador de serviços em todos os seus termos, ao passo que no colocamos à disposição para sanar eventuais dúvidas".

O Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) emitiu nota comunicando que irá abrir uma sindicância para apurar infração ética da equipe médica envolvida no caso de Alice. O caso está em análise e se forem constatados indícios de infração ética médica, é instaurado um processo ético-disciplinar contra os profissionais envolvidos.

Procura por atendimento médico para criança


De acordo com Leandro Gonzales, padrasto de Alice, no dia 18 de abril, quando estava dormindo na casa dos avós maternos, Alice acordou às 5h chorando e se queixando de uma dor de cabeça. Os avós de Alice perceberam que a boca da criança estava torta, e que um dos olhos estava tremendo. Os avós chegaram à conclusão de que Alice estava sofrendo convulsões e socorreram a neta para a Unidade de Pronto Atendimento Oceania, no bairro de Manaíra.

Na UPA, Leandro e Jéssica, mãe de Alice, encontraram com a criança. "A médica que estava lá nos atendeu super bem, mas ela não tinha o que fazer na UPA, eles não tinham os equipamentos necessários pra fazer um atendimento desse nível, ela precisava de uma tomografia urgente. Então a médica nos comunicou que iria fazer uma transferência", disse Leandro.

Jéssica e sua filha Alice, de 3 anos; família acusa hospital por negligência
 médica, em João Pessoa

Jéssica contou à médica que Alice tinha plano de saúde Smile, então a médica ligou para o Hospital João Paulo II, que atende ao plano. Quando a família estava saindo da UPA, foi informada que o atendimento foi recusado devido à carência do convênio.

"Ligaram do hospital dizendo que foi recusado o atendimento, devido à carência do plano de 6 meses, sendo que elas estavam no plano há 5 meses. Faltando 12 dias pra completar 6 meses, eles recusaram", conta o padrasto de Alice.

A família retornou pra UPA onde tentaram entrar em contato com o plano de saúde. A empresa pediu uma série de documentos, incluindo uma declaração da médica sobre o caso de Alice. Eles enviaram o documento digitalizado e eles pediram manuscrito, eles fizeram manuscrito e foram para o hospital.

Chegando no Hospital João Paulo II, a equipe reforçou que o atendimento foi negado. "Nesse momento Alice estava nos braços da mãe, a médica em nenhum momento perguntou o estado de Alice, nem sequer olhou pra criança, em nenhum momento ofereceram uma maca para colocar a criança deitada", desabafa Leandro.

Ainda conforme a família, a médica da UPA seguiu acompanhando o caso e entrou em contato com um amigo do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW-UFPB), que atualmente está como unidade de referência para casos de Covid-19. Mesmo assim, a criança foi atendida na unidade.

No HULW, foi feita uma tomografia e constataram um AVC hemorrágico. O médico disse que Alice precisava ser levada para o Hospital de Emergência e Trauma. "Eu não tenho o que reclamar da rede pública por onde a gente passou, todos os profissionais foram excelentes", relata Leandro.

Alice tinha 3 anos e morreu devido um acidente vascular cerebral, na PB

De acordo com o Hospital de Trauma de João Pessoa, no dia 18, por volta das 13h, Alice deu entrada no hospital, onde foi feito o atendimento de urgência. Os médicos constataram que metade do corpo de Alice estava paralisado e internaram a criança em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Durante a noite do mesmo dia, o cérebro de Alice continuou inchando e foi preciso uma cirurgia no crânio de urgência. Leandro relata que no dia 19, os médicos conversaram com Jéssica, mãe de Alice, e disseram desconfiar da morte encefálica da criança.

Na segunda-feira (20) foi iniciado o processo para confirmar a morte cerebral de Alice, de acordo com Leandro. Na quarta-feira (22), a morte cerebral de Alice foi confirmada.

"O procedimento é reduzir os medicamentos até o coração parar de bater, porém o coração dela começou a melhorar. Nós mobilizamos muita gente nessa cidade, em prol de oração, em prol de reza, em prol de buscar a Deus, em prol de um milagre. E realmente foi um milagre ela se manter bem até a sexta", conta Leandro.

Na sexta-feira (24) os aparelhos de Alice foram desligados. A família de Alice alega negligência médica da equipe do Hospital João Paulo II e do plano de saúde Smile.

"Nós acreditamos que poderia ter acontecido algo diferente se o Hospital João Paulo II, mesmo se recusando a internar a gente, fazer o atendimento primário, fazer os testes que fizeram no HU. Poderiam ter indicado pra gente o melhor, indicar pra gente ir direto pro trauma, porque a gente não perderia tempo no translado. Se eles tivessem orientando a gente, a gente teria ganhado três horas. Se eles tivessem feito o mínimo, mas nem olhar pra criança eles olharam", desabafa o padrasto.

Família de Alice pretende processar plano de saúde, hospital e médica
 por negligência, em João Pessoa

G1

terça-feira, 28 de abril de 2020

Coronavírus: médicos já temem AVC e mudam os protocolos

Coronavírus: médicos já temem AVC e mudam os protocolos

Preocupação é relacionada com o aumento de relatos de
médicos de outros países

Diante da percepção cada vez maior de que o coronavírus Sars-CoV-2 causa alterações neurológicas e pode provocar microcoágulos nos vasos sanguíneos, médicos que estão na linha de frente começam a temer um aumento de casos de AVC relacionados à covid-19. Alguns hospitais já estudam mudanças no protocolo desses pacientes para investigar se têm o vírus.

A preocupação vem tomando corpo com o aumento de relatos feitos por médicos de outros países. No sábado, o jornal americano The Washington Post publicou uma reportagem em que profissionais do Hospital Mount Sinai Beth Israel, em Nova York, relatam um aumento de pacientes entre 30 e 40 anos saudáveis que tiveram AVC - nos quais depois se identificou covid-19.

Pesquisadores chineses já haviam publicado estudos observacionais - do tipo série de casos - com pacientes da doença que tiveram AVC e médicos espanhóis têm feito relatos semelhantes, mas ainda não submetidos a publicações científicas.

O jornal Estado de S. Paulo ouviu neurologistas de alguns hospitais de São Paulo e do Rio e identificou a ocorrência de pelo menos três situações parecidas, mas que ainda carecem de mais investigações. A expectativa dos médicos, porém, é de que esse cenário deve se tornar mais evidente nas próximas semanas, quando a epidemia atingir o seu pico.

O neurologista Gabriel Freitas, pesquisador do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e da Universidade Federal Fluminense, afirma que teve um paciente que chegou ao hospital com AVC, sem outros sintomas, e depois com uma tomografia de tórax se percebeu que ele tinha a covid-19. Um outro caso, de um pequeno AVC, que ele atendeu em consultório, também depois foi testado como positivo para o coronavírus. "Temos conversado muito com neurologistas da Espanha e lá (esse quadro) foi muito nítido."

Por causa disso, ele afirma que está mudando o protocolo de atendimento ao menos em dois hospitais - o Quinta D'Or e o Copa D'Or - e discutindo na Rede D'Or. "A recomendação agora de todo paciente que chega com AVC é que ele seja investigado para covid", diz.

A neurologista Gisele Sampaio, coordenadora da Rede Brasil AVC e médica do Einstein e da Escola Paulista de Medicina, afirma também ter recebido um caso de AVC em uma paciente de 56 anos que depois se mostrou ser também de covid. "Ela foi para o hospital com dor de cabeça forte, tinha queixa respiratória, de cansaço, e por isso fizemos tomografia de pulmão. Vimos o padrão compatível com covid, depois confirmado com teste de PCR. Imaginamos que tenha relação com a covid sim, porque ela não tinha nenhum outro histórico importante para AVC", conta Gisele. A paciente acabou morrendo.

Segundo a médica, as sociedades brasileiras de Doença Cérebro-Vascular e de Neurointervenção estão elaborando um documento com recomendações. "Existe potencial muito grande de esses pacientes serem assintomáticos do ponto de vista respiratório, mas podem transmitir não só para outros pacientes como para os profissionais de saúde. Sociedades médicas dos EUA e da Europa fizeram essa recomendação e vamos fazer também: que todo paciente que chegue com AVC seja atendido como se fosse covid até se ter o resultado", afirma.

Coágulos


A principal suspeita é de que isso ocorra porque o coronavírus parece provocar distúrbios no processo de coagulação. Necropsias em vítimas da doença revelaram a presença de pequenos coágulos nos vasos sanguíneos de diversas partes do corpo. Já foram observadas também tromboses, que podem chegar ao cérebro.

O patologista Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP e coordenador do grupo que realiza necropsias no Hospital das Clínicas, afirma que em 18 corpos analisados, ele encontrou, por meio de tomografias, lesões cerebrais em dois. "São sinais sugestivos que podem ser de AVCs recentes, mas ainda não fizemos análises microscópicas", diz.


Idosa morre com suspeita de coronavírus e é enterrada sem identificação, diz parentes

Os parentes contam que procuraram informações e foram avisados que a mulher já havia sido enterrada

A idosa morreu e os familiares denunciam que não foi possível
identificar o corpo
Os filhos de uma idosa, que estava internada em um hospital de referência no combate ao novo coronavírus, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, denunciam que ela foi internada na unidade sem o resultado do exame para a covid-19. A mulher morreu e, de acordo com os parentes, não foi possível identificar o corpo da vítima. A denúncia foi exibida no Por Dentro com Cardinote desta segunda-feira (27).



Entenda o caso



Ainda segundo a família, a idosa, de 60 anos, foi socorrida para a UPA dos Torrões no dia 17 de abril e, pouco tempo depois, foi transferida para o hospital de referência. De acordo com o filho da vítima, desde o começo houve falta de informações. 

No dia 22 de abril, a família informou que não conseguia detalhes do tratamento e nem do estado de saúde. Eles também afirmam que uma pessoa de dentro do hospital teria se prontificado a entrar na unidade de terapia intensiva (UTI) e dar detalhes de como a paciente estava, mas receberam a notícia de que a idosa não estava mais na URI. 

Depois de procurar informações, no dia 24 de abril, os parentes receberam a notícia  de que a idosa foi enterrada. Além disso, eles alegam que os parentes não puderam nem mesmo reconhecer o corpo, e o resultado do exame para covid-19 não saiu.




Nota de resposta


O Hospital Alfa informa que a unidade conta com um núcleo de apoio, formado por profissionais de serviço social e psicologia, que atende as demandas iniciais dos familiares. Além disso, diariamente, profissionais médicos também ficam responsáveis por atualizar as condições de saúde dos pacientes internados na unidade e os resultados dos exames são liberados para as unidades de saúde, quando os pacientes estão internados, ou para os municípios de origem nos casos de pacientes em isolamento domiciliar ou óbito. sobre a família não poder identificar o corpo é um protocolo da Secretaria de Saúde.



'Preciso de um hospital', desabafou homem pouco antes de morrer por coronavírus no Rio

Jorge Machado era conhecido como 'Touro' por conta da saúde e, aos 61 anos, foi uma das vítimas da doença. Garoto de 12 anos também morreu com Covid-19.


Familiares e amigos de vítimas da Covid-19 falam sobre a dor de perder
entes queridos

Jorge Machado, líder comunitário da Rocinha, na Zona Oeste do Rio, era conhecido como "Touro" pela saúde de ferro que tinha. Aos 61 anos, ele foi uma das vítimas do coronavírus no estado.

Presidente da associação de moradores da Rocinha, Wallace Pereira se recorda com tristeza da última conversa que teve com o amigo.

"Ele falou comigo no zap: 'Wallace, me ajuda, eu estou com falta de ar, preciso de um hospital'. Como é que você está falando com uma pessoa por telefone, daqui a pouco a pessoa faleceu, foi embora, nunca mais vai falar com ela", disse o amigo.

Jorge Machado começou a ter febre e falta de ar, procurou a UPA da Rocinha e chegou a ser transferido para o Hospital Municipal Ronaldo Gazzolla, referência no tratamento do Covid-19. Ele deixa dois netos.

"Os governantes só falam em números, mas não falam em pessoas, no sentimento que as pessoas estão sentindo (...) Essa vida que se foi, não volta mais. Pelo menos uma palavra de conforto a família merece", desabafa o amigo Wallace.

Outras vítimas


Nesta sexta-feira (24), o RJ2 mostrou outros casos de mortes por coronavírus no Rio

Guilherme Henrique

Aos 12 anos de idade, Guilherme Henrique Gomes é a vítima mais nova da doença no estado.

Ele foi atendido no Hospital Municipal Jesus, em Vila Isabel, depois de machucar a perna. Durante a internação começou a ter falta de ar e teve que ser transferido pro Hospital Federal dos Servidores, no centro da cidade.

O paciente fez o teste de Covid-19, mas o resultado, que deu positivo, não saiu a tempo de ele se recuperar. Inicialmente, o garoto foi tratado por uma infecção bacteriana e que, por isso, os protocolos de isolamento e de proteção da equipe médica não estavam sendo seguidos.

Profissionais de saúde do local contaram que outras crianças dividiram o espaço com o menino. O Ministério da Saúde não respondeu porque o tratamento dele não foi isolado.

Mauro Sérgio

Mauro Sérgio estava no front do atendimento a pacientes no Hospital Federal de Ipanema. Dos 63 anos de vida, 25 foram dedicados à enfermagem. No último dia 15, acabou falecendo.

Era querido entre os colegas e conhecido por batalhar por melhores condições de trabalho. Ele começou a sentir os sintomas de gripe e foi internado no dia 26 de março. Era casado havia 19 anos, tinha uma filha e duas enteadas.