segunda-feira, 30 de março de 2015

Em nova fase do Mais Médicos, Pernambuco recebe 309 profissionais brasileiros

Reunião com os médicos que vão atuar na nova fase do programa. Foto: divulgação.

Os novos profissionais selecionados para atuar na nova fase do programa Mais Médicos começaram a chegar em Pernambuco. Neste edital, divulgado no início de fevereiro, 95% das vagas, equivalente a 4.146 profissionais, foram preenchidas por brasileiros. Segundo o Ministério da Saúde, Pernambuco está recebendo 309 profissionais, sendo todos com CRM do Brasil. A cidade de Caruaru, no Agreste do Estado, será contemplada, com dez médicos.
 
Na manhã desta segunda-feira (02), no auditório da UFPE, em Caruaru, aconteceu um encontro com profissionais que aderiram ao programa do governo Federal, em seu 6º ciclo no Brasil.
De acordo com a Secretária de Saúde de Caruaru, Aparecida Souza, a cidade recebeu 22 profissionais e isso possibilitou a ampliação da rede de Atenção Básica que antes era de 19% de cobertura e, atualmente está acima dos 70%.
 
“Se a atenção básica não funciona bem, não conseguimos prestar um serviço de qualidade para população. Durante muitos anos parecia um sonho muito distante e hoje, com o programa Mais Médicos, podemos ver os importantes avanços”, declarou.
Para a representante do Ministério da Saúde, Ana Paula Menezes, o Nordeste está sendo a região mais beneficiada com o Programa Mais Médicos.
 
“Dos 505 municípios aderidos, 502 já tiveram médicos alocados. No Sudeste, das 329 cidades, 327 receberão profissionais, seguido do Sul, com 214 localidades preenchidas entre as 215 disponíveis. O Centro-Oeste teve 124 cidades contempladas das 132 disponíveis e a região Norte atraiu até o momento médicos para 94 dos 113 municípios inscritos.”, informou.
 
Participaram da abertura do encontro a Secretária Executiva do Ministério da Saúde, Ana Paula Menezes; o Secretário de Saúde do Estado, Iran Costa Júnior; a Secretária de Saúde de Caruaru, Aparecida Souza; o Secretário de Saúde de Recife, Jailson Correia; o Vice Reitor da UFPE, Silvio Romero e o Coordenador do Curso de Medicina Campus Caruaru, Rodrigo Cariri.
 
BRASIL – Atualmente, 14.462 médicos atendem no programa em 3.785 municípios e em 34 distritos indígenas. Desse total, 1.846 são brasileiros formados no país, 1.187 formados no exterior, entre estrangeiros e brasileiros, e 11.429 são médicos cubanos.
 
Para 2015, a previsão é de que o Mais Médicos tenha 18.247 profissionais atendendo em 4.058 municípios e 34 distritos indígenas. A expectativa, do Ministério da Saúde, é de que 63 milhões de brasileiros sejam beneficiados com o novo edital.
 

sábado, 28 de março de 2015

Posto de saúde poderá comprovar violência sexual

 
A coleta de provas de violência sexual poderá ser feita nos serviços de saúde credenciados. Portaria interministerial assinada na quarta-feira, (25) permite que exames necessários para a comprovação da violência sejam realizados já no atendimento médico. Atualmente, isso é atribuição exclusiva de segurança pública. O credenciamento começa nos próximos dias, mas ainda não há prazo para a conclusão do processo.

O objetivo da medida, de acordo com a ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Eleonora Menecucci, é tornar mais humanizado o atendimento da vítima e, ao mesmo tempo, reduzir a impunidade. Os vestígios devem ser reunidos logo nas primeiras horas depois da violência.

"Somente serviços credenciados poderão fazer a coleta. A inscrição será precedida de um treinamento, feito pelo próprio ministério", afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro. Existem atualmente 402 centros de atenção às pessoas em situação de violência sexual, dos quais 131 são 24 horas. Estes centros, completou o ministro, deverão ser os primeiros a receber a habilitação, pois já têm profissionais habilitados e estrutura específica. A ideia é expandir a rede nos próximos meses.

Em seis Estados (Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Amazonas, Minas e Santa Catarina) já existe um acordo local que permite a coleta do material nos serviços de saúde.

Depois da coleta, os vestígios deverão ser encaminhados para unidades especializadas em medicina legal. A análise das provas em casos de violência sexual continuará sendo feita por um perito do Instituto médico-legal.

Com a mudança, profissionais da rede de saúde credenciada se encarregam de fazer o atendimento do paciente, a coleta de vestígios e encaminhá-los para autoridade policial, quando requisitados.

A autoridade policial tem a incumbência de registrar e armazenar os dados, para que eles fiquem disponíveis no sistema de segurança pública e de Justiça. As provas somente são usadas caso a mulher queira registrar depois uma ocorrência contra o autor da violência. "A coleta de vestígios é essencial. Não existe crime sem a prova", observou a ministra.

Dúvidas

Ela lembrou que, quando atuava na casa de atendimento a vítimas de violência na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), havia dúvidas, por exemplo, sobre como e onde armazenar os vestígios dos casos de estupro.

"Quantas mulheres o serviço perdeu, quantos casos ficaram sem solução por não haver uma resposta ágil para essas perguntas." Durante a cerimônia de assinatura da portaria, Eleonora afirmou ser imprescindível a implementação da Lei Maria da Penha e da rede de serviços de proteção para a mulher. "Hoje há um gargalo para o atendimento", disse Eleonora. Atualmente, há uma Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande (MS). Está prevista a construção de 27, seis delas neste ano.

Eleonora afirmou que a integração entre as áreas de proteção da mulher, segurança e saúde é essencial. "A transversalidade é indispensável. E deve ser feita na ponta, no atendimento ao público", completou.

O ministro Arthur Chioro afirmou que a portaria pretende criar uma rede de proteção para mulheres. "Diminuir toda situação de medo que envolve situações de violência", disse.

Segundo os dados do Sistema de Vigilância em Violência e Acidentes de 2013, foram registradas 200 mil situações de violência doméstica, das quais 136.785 contra mulheres. "Não acabaremos com a violência. Mas o governo tem o compromisso que as vítimas possam ser protegidas e amparadas", completou Chioro. Foi assinada também uma portaria que institui um grupo de trabalho para criar estratégias para o cuidado da saúde da mulher com deficiência e mobilidade reduzida. "Não é mais um. Ele tem prazo, ele tem foco", assegurou Chioro.
 
 
 

sexta-feira, 27 de março de 2015

Estudo mostra insatisfação com atendimento de hospitais particulares no Recife


Hospitais particulares não estão com bom conceito diante da população

Estudo da Le Fil, consultoria em internet e redes sociais, sobre a opinião dos internautas os principais hospitais particulares do Recife revela que 80% das pessoas que falam sobre o atendimento fazem críticas negativas ao serviço.
O estudo foi realizado em fevereiro deste ano no Twitter, Facebook, Instagram e Reclame Aqui.
Destes, 87% fazem referência ao atraso no atendimento, com 43% citando a emergência. Os atrasos na emergência variam de 50 minutos a 5 horas. Já 12% das reclamações são direcionadas às equipes médicas. Apenas 10% das pessoas utilizaram as redes sociais para fazer elogio ao atendimento, relacionados ao tratamento humanizado.
O estudo mostra ainda que as mulheres interagem mais com os hospitais nas redes sociais do que os homens, representando 51% do total de interações. Quanto ao atendimento, as redes sociais mais utilizadas são o Twitter (70%) e o Facebook (30%).
A análise foi feita com base em 331 menções coletadas no Twitter, Facebook, Instagram e Reclame Aqui com as palavras chave “hospital português”, “hospital jayme da fonte”, “hospital esperança”, “hospital memorial são josé”, “hospital santa joana” e “hospital são marcos”.








ASVEM-PE conta com atendimento presencial




  
 A Associação das Vítimas de Erro Médico do Estado de Pernambuco (ASVEM-PE),  disponibiliza atendimento presencial às terças-feiras, no horário de 14:00 às 18:00, no Empresarial Centro da Moda, localizado à avenida Presidente Kennedy, 1001 - Peixinhos, Olinda. Na oportunidade os interessados poderão tirar dúvidas, obter material informativo e associar-se gratuitamente e dessa forma fortalecer o movimento em prol de uma melhor prestação de serviço de saúde.

quinta-feira, 26 de março de 2015

ASVEM-PE pede apoio da OAB

Por OABPE · 26/03/2015


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Dirigentes da Associação das Vítimas de Erro Médico do Estado de Pernambuco (ASVEM-PE) estiveram na sede da OAB-PE, na noite da terça-feira, dia 24, solicitando o apoio do presidente Pedro Henrique Reynaldo Alves, nas ações que visam motivar a denúncia de casos e, consequentemente, minimizar a impunidade.
 
De acordo com a presidente da ASVEM-PE, Urbaneide Beltrão, não há registros oficiais do número de vítimas de erros médicos no Estado, mas que por conta da morosidade da justiça e do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (CREMEPE), os processos se acumulam. “Fiscalização e punição é o que vai resolver isto”, disse.
 
“O poder público é precário de corpo técnico. A população está descrente e, por isto, não recorre ao judiciário. A Associação tem promovido palestras nas escolas no sentido de esclarecer sobre a importância de denunciar”, ressaltou. Além da falta de impunidade dos culpados, a presidente da ASVEM-PE também externou ao presidente Pedro Henrique, a necessidade de acesso – sem obstáculo – ao prontuário médico.
 
Nesta questão específica, o presidente da OAB-PE se comprometeu em elaborar um anteprojeto de lei que garanta, dentre outras coisas, o acesso do paciente – ou de quem ele indicar – ao seu prontuário independentemente de futuro requerimento. “É fundamental que não haja obstáculos nem burocracia para que o paciente tenha acesso ao seu prontuário médico, onde esteja registrada a memória de seus tratamentos. O documento dá transparência aos procedimentos adotados nas condutas terapêuticas, sendo uma garantia para o cidadão e uma segurança, também, para o profissional da medicina”, explicou.
 
Ainda segundo o presidente Pedro Henrique, o anteprojeto a ser elaborado pelos integrantes da Comissão de Direito e Saúde (CDSA) e da Comissão de Defesa do Consumidor (CDC) da OAB-PE, será encaminhado ao Poder Executivo do Estado de Pernambuco. Também participaram da reunião na sede da Ordem em Pernambuco, o presidente da CDSA, Eduardo Dantas; e a integrante da ASVEM-PE, Urbanira Carvalho.
 

 

quarta-feira, 25 de março de 2015

UFPE passa a oferecer serviço noturno de urgência odontológica

O Núcleo de Acolhimento e Pronto Atendimento (Napa) do Departamento de Odontologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no campus Recife, passou a oferecer atendimento de urgência noturno, das 17h às 21h. O atendimento é gratuito e acontece de segunda a sexta-feira. A urgência também está aberta durante a manhã e a tarde, nos horários das 8h às 12h e das 13h às 17h. Para ser atendido, o paciente precisa levar apenas o CPF para ser cadastrado no sistema.
 
O serviço é aberto ao público em geral e recebe 45 pessoas por dia, 15 em cada turno, por ordem de chegada. Podem ser atendidos pacientes que possuam qualquer tipo de dor relacionada à região bucal, como dor de dente, disfunção na ATM (Articulação Temporomandibular, que liga a articulação da mandíbula ao crânio), abscessos e problemas na gengiva.
 
O serviço é aberto ao público em geral e recebe 45 pessoas por dia, 15 em cada turno, por ordem de chegada. Podem ser atendidos pacientes que possuam qualquer tipo de dor relacionada à região bucal, como dor de dente, disfunção na ATM (Articulação Temporomandibular, que liga a articulação da mandíbula ao crânio), abscessos e problemas na gengiva.
 
Antes do atendido, o paciente é levado para a triagem que irá identificar o problema e qual procedimento odontológico será realizado. Caso as senhas já tenham acabado, o atendido ficará na lista de espera para que, quando houver vaga, ele seja encaminhado para a unidade especializada.
 
“Nessas clínicas é feito o atendimento integral do paciente de acordo com suas necessidades. São oferecidos serviços de periodontia [limpeza], pequenas cirurgias [extração], estomatologia [lesões na boca que podem ser indicativos de câncer] e tratamento de dores orofaciais [dores nos dentes, na boca e nos maxilares]”, explica o coordenador do Napa, Fábio Barbosa.
 
O Napa faz parte da rede de clínicas odontológicas da UFPE. O curso de Odontologia possui ambulatórios divididos por ciclo de vida: crianças, adolescentes, adultos e idosos, além da unidade de atendimento a pacientes especiais. Mais informações e dúvidas podem ser tiradas através do telefone (81) 2126-8830.
 
 

terça-feira, 24 de março de 2015

DIRIGENTES DA ASVEM-PE VISITAM A SECRETÁRIA DE SAÚDE DE OLINDA


Olinda, 20/03/2015
 
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Em visita a Secretária de Saúde de Olinda, Drª. Tereza Miranda, os dirigentes da ASVEM-PE apresentaram a associação e buscaram inteirar-se da real situação do sistema de saúde municipal, a fim de procurar soluções para melhorar a qualidade no atendimento da população. Na ocasião foi entregue documento arguindo questões concernentes a matéria, aqui descritas:
a) volume de reclamações e de denúncias referente às precárias condições físicas e materiais dos estabelecimentos de saúde; 
b) número de pessoas reclamantes e profissionais reclamados; 
c) tempo médio de apuração e de resolução desses feitos administrativos; 
d) número de cada tipo de sanções administrativas aplicadas em decorrência da má prestação de serviço; 
e) regularidade na fiscalização junto aos estabelecimentos de saúde públicos e privados; 
f) mecanismos de registro e de controle da qualidade e da eficiência dos serviços de saúde públicos e privados; 
g) número de profissionais que denunciam, junto a essa Secretaria, a má condição de trabalho a fim de evitar erro médico; 
h) existência de programas e de ações informativas e educativas para divulgação de direitos e deveres do paciente para que exerçam a sua cidadania; 
i) funcionamento e eficácia do SIG-Saúde (Sistema de instrumentos de Gestão) para viabilizar o atendimento mais célere a população; 
j) informações sobre a implantação do PNSP - Programa Nacional de Segurança do Paciente (Portaria n ͦ 529 do Ministério da Saúde); 
l) outros dados que V.Sa. entender importantes sobre o assunto. 

terça-feira, 17 de março de 2015

Autorizada reabertura de processo contra médico que retirou útero de paciente

Agência STJ
 
 
A Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) a reabrir processo instaurado para apurar falta ético-disciplinar atribuída a médico que recomendou e realizou uma histerectomia (cirurgia de retirada de útero) supostamente sem necessidade. O Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) havia determinado o trancamento do processo por prescrição.

Segundo os autos, em 1990 a paciente teve informação de que a operação a que foi submetida em junho de 1988 seria desnecessária. Em 2001, ela denunciou o responsável pelo procedimento cirúrgico por suposto erro médico. O TRF5 entendeu que o prazo para a pessoa prejudicada acionar o conselho de medicina é de cinco anos a partir da data da intervenção cirúrgica e aplicou a prescrição da pretensão punitiva administrativa, já que a denúncia contra o médico só foi protocolada 11 anos depois.

O Cremepe recorreu ao STJ, sustentando que o acórdão não levou em consideração que o prazo prescricional para apuração de falta disciplinar deve ser contado a partir da data da verificação do fato, ou seja, em 2001, quando o conselho tomou conhecimento da suposta infração ao Código de Ética Médica e instaurou o processo.

Confusão

Segundo o relator, ministro Benedito Gonçalves, o tribunal regional confundiu prescrição do direito de ação do prejudicado – para processar civilmente o profissional liberal – com a prescrição do direito do órgão fiscalizador de classe a apreciar e julgar infrações éticas.

“No que diz respeito ao termo inicial do prazo prescricional, evidencia-se que o comando inserto no artigo 1º da Lei 6.838/80 não estabelece ser a data do fato o parâmetro a ser considerado para a observância do início da prescrição, mas sim a data em que ocorreu a verificação do fato supostamente incompatível com a conduta ético-profissional”, consignou o ministro em seu voto.

Para ele, está claro que, no caso julgado, não houve a extinção da punibilidade prevista no referido artigo, pois a verificação do fato pelo Conselho Regional de Medicina se deu em 2 de julho de 2001, e a instauração do processo ético-disciplinar ocorreu no mesmo mês.

Benedito Gonçalves também ressaltou que as normas processuais que regulamentam as sindicâncias, os processos ético-profissionais e o rito dos julgamentos nos conselhos federal e regionais dispõem que a punibilidade por falta ética sujeita a processo ético-profissional prescreve em cinco anos, contados a partir da data do conhecimento do fato pelo Conselho Regional de Medicina.

Assim, por unanimidade, a Turma deu provimento ao recurso para afastar a ordem de trancamento do procedimento administrativo disciplinar.
 
 

segunda-feira, 16 de março de 2015

"O que operadoras fazem é vender uma vaga no SUS para clientes", diz Idec

 
Ministério Público Federal vai verificar conduta da ANS na cobrança do ressarcimento de planos de saúde ao SUS; 44% das multas (R$ 742 milhões) não foram pagas, segundo o Idec

 

ANS precisa cobrar 44% das dívidas de planos de saúde que oneraram indevidamente o SUS; montante é de R$ 742 milhões, segundo levantamento do Idec com base nos dados da agência
Agência Brasil
ANS precisa cobrar 44% das dívidas de planos de saúde que oneraram indevidamente o SUS; montante é de R$ 742 milhões, segundo levantamento do Idec com base nos dados da agência

 
Toda vez que um cidadão com plano de saúde é atendido pelo SUS, a operadora tem de ressarcir o Ministério da Saúde. O que nem sempre acontece. “O que as empresas de saúde suplementar fazem é vender uma vaga no SUS [Sistema Único de Saúde] para aqueles que podem pagar planos de saúde”, define a advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Joana Cunha.
 
O Idec acaba de realizar um levantamento, com base em dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que mostra que do R$ 1,6 bilhão cobrado das operadoras pela ANS para ressarcimento ao SUS, apenas 37% (cerca de 621 milhões) foram pagos. Enquanto isso, 19% (mais de R$ 331 milhões) foram parcelados e 44% (mais de R$ 742 milhões) não foram nem pagos nem cobrados. Isto é, 63% das dívidas ainda não foram quitadas pelas operadoras. Segundo os dados divulgados pela ANS e compilados no levantamento do Idec, todo o histórico de ressarcimento ao SUS começou a ser contado em setembro de 1998.
 
Segundo o Idec, foram notificados sobre o levantamento, além da ANS, o Ministério Público Federal (MPF), a Secretaria Nacional do Consumidor (do Ministério da Justiça) e a Associação do Ministério Público do Consumidor. 
 
Segundo Fabiano de Moraes, procurador da República e coordenador do grupo de trabalho sobre planos de saúde do MPF, a jurisprudência é favorável ao ressarcimento do SUS. “A lei prevê o ressarcimento. Todas as ações de operadoras que chegaram ao Superior Tribunal de Justiça, que reclamavam contra a obrigatoriedade do ressarcimento, foram perdidas, consideradas improcedentes.”
 
De acordo com a lei número 9.656/1198, o ressarcimento ao SUS consiste na
obrigação legal das operadoras de planos privados de restituir as
despesas do SUS no eventual atendimento de seus beneficiários, que estejam cobertos pelos respectivos planos.
 
Para Moraes, é "vísivel que muitas operadoras não cumprem o ressarcimento" determinado pela ANS. "Agora, com a notificação do levantamento pelo Idec, o MPF vai apurar com mais profundidade para verificar quais os meios utilizados pela agência para fazer a cobrança, se são adequados. Vamos fiscalizar a atuação da agência reguladora", explica o procurador da República.
 
“Esses 44% devidos, provavelmente, serão inscrito na dívida ativa e serão pagos a fundo perdido. Mas, enquanto isso, essas empresas vão continuar atuando e seus clientes pagarão sem receber o serviço adequadamente. Esse é um dos grandes empecilhos ao direito à saúde no País, que conta com a lentidão da ANS como órgão regulador”, ressalta a advogada do Idec.
 
O órgão de defesa do consumidor afirma há anos que ocorre uma mercantilização da saúde no Brasil, fato que prejudica tanto o sistema público, quanto o suplementar. “Um pessoa que tem um plano privado, do sistema suplementar, não deveria em hipótese alguma ter de recorrer ao SUS, porque as operadoras de saúde têm de prestar o serviço para o qual são pagas", afirma Joana.
 
Para o Idec, as negativas irregulares por partes dessas empresas são constantes. "Quem é segurado e tem dinheiro sobrando, paga por uma situação de emergência ou tratamento particular e depois cobra do plano de saúde. Quem não tem condições, volta para o SUS. A ANS precisa rever o modelo existente e fiscalizar melhor a conduta do setor suplementar. As empresas não podem receber as mensalidades dos segurados, negar o atendimento de forma inadequada e, consequentemente, onerar os cofres públicos.”
 
Em nota, a ANS informa que vem aprimorando e dando mais agilidade à identificação e cobrança dos processos de ressarcimento ao Sistema Único de Saúde. “Como resultado, houve um aumento expressivo nos valores obtidos com o ressarcimento nos últimos anos. De janeiro a novembro de 2014, a ANS arrecadou R$ 335,74 milhões, volume 82% maior do que foi arrecadado ao longo do ano inteiro de 2013, quando foram obtidos R$ 183,2 milhões através do ressarcimento. Nos últimos quatro anos, (2011 a novembro de 2014), o valor do ressarcimento chegou a R$ 673,66 milhões.” 
 
A agência informa que as operadoras que não pagam os valores devidos têm a cobrança encaminhada para inscrição em dívida ativa da União e no cadastro informativo de créditos não quitados do setor público federal (CADIN). “A inscrição no CADIN impede a contratação com o poder público. Já a inscrição em dívida ativa é uma fase prévia à execução judicial do débito. Em função disso, a operadora não consegue obter certidão negativa de débitos perante a Agência e fica desabilitada para o Programa de Conformidade Regulatória, que dá incentivos às operadoras em situação regular junto à ANS.”
 
Em 2014, até o mês de novembro, R$ 189,64 milhões foram encaminhados para a dívida ativa. De 2011 a novembro de 2014, este valor foi da ordem de R$ 510,71 milhões, recursos que estão sendo cobrados via Judiciário, pela União. 
Consultada, a Advocacia-Geral da União (AGU) informou que ainda não atua nos processos porque eles não estão em fase judicial, apenas na fase administrativa.
 
Do total de operadoras que constam na listagem (última atualização feita em janeiro, com dados de dezembro de 2014), 825 estão com registro ativo na ANS atualmente. Deste conjunto de operadoras ativas, 441, ou seja, 53,4% possuem índice de adimplência superior a 70%. Questionada sobre o fato de algumas empresas terem registro suspenso temporariamente, a ANS informou que essas inativas até dezembro podem voltar à ativa, dependendo do caso. É comum que empresas tenham a atividade suspensa por irregularidades de atendimento, por exemplo, mas depois de adequação voltarem a atuar. 
A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge, entidade que representa as operadoras de planos de saúde) declarou em nota que as operadoras associadas vêm cumprindo as normas vigentes do setor de saúde suplementar, inclusive aquelas relativas ao ressarcimento ao SUS. "O cumprimento dessas normas não inviabiliza eventuais questionamentos das operadoras relativos aos valores que estão sendo cobrados, uma vez que a cobrança pode ser improcedente."
A Abramge destaca ainda que o ressarcimento ao SUS está sendo discutido em Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin nº 1931), acatada pelo  Supremo Tribunal Federal (STF). 
 
Agência fez mapeamento dos últimos anos

A ANS divulgou recentemente um mapeamento inédito sobre as operações de ressarcimento ao SUS. A análise compreende as notificações realizadas entre 2008 e 2012 e mostra o perfil dos usuários e procedimentos realizados, oferecendo um panorama detalhado das situações em que as pessoas com planos de saúde mais recorreram ao SUS no período de 2008 a 2012.
Quanto ao caráter do atendimento, o mapa mostra que os procedimentos de urgência e emergência estiveram no topo da procura no período de 2008 a 2012, superando em 2,25 vezes o total de procedimentos eletivos. Do total de 1,2 milhão de Autorização de Internação Hospitalar (AIH) notificadas às operadoras, 68,46% dos atendimentos em beneficiários de planos de saúde foram realizados pelo SUS em caráter de urgência e emergência e 30,32 % em caráter eletivo. A maioria dos atendimentos eletivos (via agendamento prévio) ocorreu em  instituições de referência. 
Entre os procedimentos mais procurados, partos (normal e cesárea) ocuparam o primeiro lugar, seguido de tratamento para pneumonia ou gripe e diagnóstico e/ou atendimento de urgência em clínica médica. Para a agência, as informações mapeadas servem de ajuda para conhecimento da realidade das pessoas e intervir no sistema regulatório para que as operadoras de planos de saúde atendam com eficiência a todos os seus beneficiários, melhorando a assistência à saúde prestada pelo sistema privado.
 
ANS desrespeita Lei de Acesso à Informação
Outro questionamento do Idec à ANS critica a maneira como os dados de prestação de contas do ressarcimento ao SUS foi apresentada pela agência. “Os dados foram publicados em arquivo em formato fechado, em uma lista de 1.500 linhas, em formato pdf. Isso contraria o artigo 8º da Lei de Acesso à Informação (LAI), que determina que as informações de autarquias e agente públicos sejam divulgadas em formato aberto [como o excel, por exemplo]. O pdf impede a filtragem e análise das informações, ao contrário do que determina a lei. Que cidadão ou acadêmico consegue avaliar uma lista dessas?”, indaga a advogada do Idec.
O artigo 8º da Lei de Acesso à Informação determina que órgãos públicos devem divulgar em seus sites, independentemente de solicitação, informações de interesse coletivo ou geral, possibilitando a gravação de relatórios eletrônicos em formato aberto, tais como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações.
A ANS reafirma seu compromisso com a transparência e esclarece que está em plena conformidade com a Lei de Acesso à Informação e com os mecanismos de acessibilidade que orientam a gestão pública. "Em decorrência da LAI, a Agência publicou a Resolução Normativa nº 298, de junho de 2012, que dispõe sobre os mecanismos de transparência ativa e passiva, institui o Serviço de Informação ao Cidadão (SIC), classifica em graus de sigilo informações em poder da ANS e dispõe sobre o seu tratamento. O Sistema Eletrônico do SIC permite que qualquer pessoa, física ou jurídica, encaminhe pedidos de acesso à informação, acompanhe os prazos, receba a resposta da solicitação realizada para órgãos e entidades do Executivo Federal e interponha recursos", afirma a agência.
O Idec destaca que só teve acesso aos dados abertos via pedido de acesso à informação pelo Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão do governo federal. "A LAI é clara, é preciso fazer a publicização em aberto. Com esse tipo de conduta, a ANS tira a eficácia da regra, além de desconsiderar o conceito de publicidade da administração pública [transparência], que está no artigo 37 da Constituição Federal", afirma Joana.
"Não houve qualquer omissão ou violação de legislação na disponibilização desses dados, ao contrário, eles estão acessíveis a todos os cidadãos e, quando requisitados, como feito pelo referido órgão, são repassados em formatos diferenciados", responde a ANS em nota.
Em junho de 2014, a agência passou a divulgar em seu portal, em atitude proativa, o percentual de adimplência das operadoras com o ressarcimento, que tem atualização periódica, seguindo as diretrizes estabelecidas na Agenda Regulatória 2013/2014. Essa medida objetiva justamente dar mais transparência ao processo de cobrança do ressarcimento ao SUS, pois a consulta indica se a operadora está em dia com o ressarcimento.