domingo, 26 de fevereiro de 2017

Funcionários confirmam que remédio errado matou fotógrafa, diz delegado

Delegado diz que técnica de enfermagem se confundiu com medicamento.
Paciente tratava disfunção renal e sofreu convulsões e parada cardíaca.
 
A fotógrafa Zélia Lúcia Barbosa Moreira passava por tratamento de pulsoterapia
 (Foto: Reprodução/Facebook)
 
Funcionários da Santa Casa de Franca (SP) prestaram depoimento à polícia e, segundo o delegado responsável pelas investigações, afirmaram que uma troca de medicamentos causou a morte de uma fotógrafa em janeiro deste ano. Zélia Lúcia Barbosa Moreira foi até a unidade de saúde para ser submetida a um tratamento para disfunção renal quando sofreu convulsões e uma parada cardiorrespiratória.
 
A paciente estava na unidade no dia 25 de janeiro deste ano e aguardava a realização de uma pulsoterapia, tratamento que consiste na ministração de altas doses de medicamentos em um curto período de tempo. A terapia foi indicada para controlar a doença de Berger, que é autoimune e prejudica o funcionamento dos rins.
 
Segundo familiares, Zélia foi internada por um dia para receber o medicamento intravenoso por seis horas seguidas. A cada 3 horas, uma enfermeira injetava outra substância para tentar diminuir os efeitos colaterais. O tratamento já estava no fim quando uma técnica de enfermagem aplicou duas injeções na mulher, que segundo o filho dela, começou a relatar mal-estar e, logo depois de receber as medicações, sofreu a parada cardiorrespiratória.
 
 
Frasco de medicação foi apreendido pela Polícia
Civil durante investigação (Foto: Reprodução/ETPV)
As equipes médicas da Santa Casa foram mobilizadas e tentaram ressuscitar a vítima, que acabou morrendo minutos após a injeção ter sido aplicada. Segundo o delegado Luiz Carlos da Silva, alguns funcionários foram chamados para prestar depoimento e confessaram que houve uma troca de remédios.
 
“Os depoimentos foram muito bons, muito proveitosos. Confirmaram que deram a medicação errada para a fotógrafa e por consequência ela faleceu. Eles confessam isso e quem aplicou foi uma técnica de enfermagem. A prescrição foi correta, mas ela pegou o frasco errado. Tem muitas coisas ainda para apurar e o inquérito deve demorar para ser finalizado, mas as investigações seguem”, explica.
 
O depoimento relatado pelo delegado confirma as suspeitas dos familiares de Zélia, que já haviam dito que uma troca de medicamentos teria sido o que levou a paciente a óbito. No boletim de ocorrência registrado pelo hospital, consta que a paciente recebeu 10 mililitros de cloridrato de ropivacaína, um anestésico usado em centros cirúrgicos e que não pode ser aplicado por via intravenosa, no lugar de mitexan, um antitóxico.
 
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) abriu uma sindicância para apurar a conduta dos médicos que prestaram atendimento à mulher. Além disso, O Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) afirma que também investiga a conduta da técnica de enfermagem responsável pela aplicação do remédio, mas informou que a apuração seguirá sob sigilo processual, previsto em lei.
 
O G1 entrou em contato por telefone, celular e e-mail com a assessoria de imprensa da Santa Casa de Franca para apurar se a profissional indicada como possível responsável pelo erro continua trabalhando no local, mas não obteve um retorno até a publicação desta reportagem.
 

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