Família suspeita de erro médico; Prefeitura de São José nega.
Mãe relata que filha foi atendida por quatro médicos antes de morrer.
Mãe relata que filha foi atendida por quatro médicos antes de morrer.
Eduarda Alves Silvestre, de 2 anos, morreu nesta quarta-feira (1º) (Foto: Arquivo pessoal/Ellen Alves) |
Uma menina de dois anos morreu vítima de parada cardíaca nesta quarta-feira (1º) após ter sido, segundo a mãe, sucessivamente diagnosticada com virose por médicos da rede pública de São José dos Campos (SP). A família suspeita que um erro médico tenha levado a criança à morte. A prefeitura, por meio de um pediatra da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), nega o erro e diz que o bebê morreu, provavelmente, vítima do agravamento de uma pneumonia. (leia mais abaixo)
Segundo a mãe, Ellen Alves, o bebê recebeu tratamento contra virose em três ocasiões que ela procurou duas UPAs na zona norte da cidade - a prefeitura contesta a informação e diz que o atendimento foi feito apenas em uma uma unidade.
A mãe contou que apenas nesta quarta, com a piora no quadro clínico da filha, Eduarda Alves Silvestre, é que exames foram feitos.
Segundo Ellen, o primeiro atendimento foi no domingo (26) quando a criança chegou à unidade do bairro Putim com febre e vômito. A menina foi diagnosticada com virose e recebeu medicação para conter o vômito, febre, além de um antialérgico e outro remédio para inalação.
Na segunda-feira (27) a mãe conta que voltou com a filha à unidade e outro médico pediu que mantivesse a medicação. Na quarta-feira (1º), já com dificuldade para respiratória, o bebê foi levado para a UPA do bairro Alto da Ponte, onde exames identificaram uma infecção respiratória.
“Um médico que passava pela emergência viu a minha filha e, sem examinar, percebeu que ela estava com dificuldade para respirar e pediu exames de sangue, urina e um raio-x. Isso mostrou a pneumonia que já estava nos dois pulmões e a suspeita de H1N1”, afirmou Eliana.
Com esse novo diagnóstico, a criança foi encaminhada em estado grave para o hospital da Vila Industrial, na zona leste. Na unidade ela teve duas paradas cardiorrespiratórias e uma parada cardíaca.
“Ela foi diagnosticada com virose e quando eu falei que achava que não era isso, a médica perguntou se eu tinha diploma de medicina. Passou um medicamento que acelerou o coração da minha filha e ela morreu de complicações cardiorrespiratórias”, contou Ellen. O corpo da criança é velado na Urbam em São José dos Campos.
A guia de sepultamento de Eduarda aponta que a menina morreu de insuficiência cardíaca não especificada, síndrome do desconforto respiratório, que é geralmente causada por uma lesão pulmonar, e choque séptico, que é o resultado de uma infecção que se alastra pelo corpo rapidamente e afeta vários órgãos.
Outro lado
O médico pediatra da UPA do Putim, Jairo Cruz Braga Junior, relatou que a menina foi atendida na última segunda-feira com dor de garganta e febre - a prefeitura não confirma que atendeu a paciente no domingo, como a mãe relatou.
Criança morreu no hospital da Vila Industrial em São José (Foto: Divulgação/Prefeitura de SJC) |
"A médica suspeitou [na segunda] de infecções vias aéreas superiores e, se persistisse a tosse, era para voltar. Ela voltou, foi atendida, nós pedimos exames de sangue, raio-x e ela ficou em observação. Começou a piorar aqui, ficar cansada e assim que soubemos, a mandamos para o hospital", disse.
O médico negou erro nos procedimentos e apontou ainda que a evolução do quadro dela foi muito rápida. "Não acredito em erro médico. O que foi visto é que a menina estava com garganta vermelha e febre; a médica passou corretamente a medicação. Uma pneumonia não tratada ela evolui e da uma infecção generalizada, mas foi muito rápida", avaliou. Um exame será feito para identificar a bact[eria que causou a pneumonia no bebê.
Cremesp
O Conselho Regional de Medicina (Cremesp) informou em nota que vai instaurar sindicância para averiguação dos fatos, o que envolve coleta de provas e documentos sobre o ocorrido, manifestação escrita e, sempre que necessário, audiência com os envolvidos.
A sindicância leva, em média, de seis meses a dois anos para ser concluída e tramita em sigilo processual.
Do G1 Vale do Paraíba e Região
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