sexta-feira, 3 de março de 2017

Menina morre de parada cardíaca após diagnóstico de virose, diz família

Família suspeita de erro médico; Prefeitura de São José nega.
Mãe relata que filha foi atendida por quatro médicos antes de morrer.
 
 
Eduarda Alves Silvestre, de 2 anos, morreu nesta quarta-feira (1º)
 (Foto: Arquivo pessoal/Ellen Alves)
 
 
Uma menina de dois anos morreu vítima de parada cardíaca nesta quarta-feira (1º) após ter sido, segundo a mãe, sucessivamente diagnosticada com virose por médicos da rede pública de São José dos Campos (SP). A família suspeita que um erro médico tenha levado a criança à morte. A prefeitura, por meio de um pediatra da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), nega o erro e diz que o bebê morreu, provavelmente, vítima do agravamento de uma pneumonia. (leia mais abaixo)
Segundo a mãe, Ellen Alves, o bebê recebeu tratamento contra virose em três ocasiões que ela procurou duas UPAs  na zona norte da cidade - a prefeitura contesta a informação e diz que o atendimento foi feito apenas em uma uma unidade.
 
A mãe contou que apenas nesta quarta, com a piora no quadro clínico da filha, Eduarda Alves Silvestre, é que exames foram feitos.
 
Segundo Ellen, o primeiro atendimento foi no domingo (26) quando a criança chegou à unidade do bairro Putim com febre e vômito. A menina foi diagnosticada com virose e recebeu medicação para conter o vômito, febre, além de um antialérgico e outro remédio para inalação.
 
Na segunda-feira (27) a mãe conta que voltou com a filha à unidade e outro médico pediu que mantivesse a medicação. Na quarta-feira (1º), já com dificuldade para respiratória, o bebê foi levado para a UPA do bairro Alto da Ponte, onde exames identificaram uma infecção respiratória.
 
“Um médico que passava pela emergência viu a minha filha e, sem examinar, percebeu que ela estava com dificuldade para respirar e pediu exames de sangue, urina e um raio-x. Isso mostrou a pneumonia que já estava nos dois pulmões e a suspeita de H1N1”, afirmou Eliana.
 
Com esse novo diagnóstico, a criança foi encaminhada em estado grave para o hospital da Vila Industrial, na zona leste. Na unidade ela teve duas paradas cardiorrespiratórias e uma parada cardíaca.
“Ela foi diagnosticada com virose e quando eu falei que achava que não era isso, a médica perguntou se eu tinha diploma de medicina. Passou um medicamento que acelerou o coração da minha filha e ela morreu de complicações cardiorrespiratórias”, contou Ellen. O corpo da criança é velado na Urbam em São José dos Campos.
 
A guia de sepultamento de Eduarda aponta que a menina morreu de insuficiência cardíaca não especificada, síndrome do desconforto respiratório, que é geralmente causada por uma lesão pulmonar, e choque séptico, que é o resultado de uma infecção que se alastra pelo corpo rapidamente e afeta vários órgãos.
 
Outro lado

 O médico pediatra da UPA do Putim, Jairo Cruz Braga Junior, relatou que a menina foi atendida na última segunda-feira com dor de garganta e febre - a prefeitura não confirma que atendeu a paciente no domingo, como a mãe relatou.
 
Criança morreu no hospital da Vila Industrial em São
José (Foto: Divulgação/Prefeitura de SJC)
"A médica suspeitou [na segunda] de infecções vias aéreas superiores e, se persistisse a tosse, era para voltar. Ela voltou, foi atendida, nós pedimos exames de sangue, raio-x e ela ficou em observação. Começou a piorar aqui, ficar cansada e assim que soubemos, a mandamos para o hospital", disse.
 
O médico negou erro nos procedimentos e apontou ainda que a evolução do quadro dela foi muito rápida. "Não acredito em erro médico. O que foi visto é que a menina estava com garganta vermelha e febre; a médica passou corretamente a medicação. Uma pneumonia não tratada ela evolui e da uma infecção generalizada, mas foi muito rápida", avaliou. Um exame será feito para identificar a bact[eria que causou a pneumonia no bebê.
 
Cremesp

 O Conselho Regional de Medicina (Cremesp) informou em nota que vai instaurar sindicância para averiguação dos fatos, o que envolve coleta de provas e documentos sobre o ocorrido, manifestação escrita e, sempre que necessário, audiência com os envolvidos.

A sindicância leva, em média, de seis meses a dois anos para ser concluída e tramita em sigilo processual.

Do G1 Vale do Paraíba e Região

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