Daniel
Francisco Carvalho, de 39 anos, acusa cirurgião de erro médico após marcar uma
cirurgia de
hérnia inguinal e sair sem a vesícula do procedimento. Caso ocorreu
em Santos, no litoral paulista.
Paciente teve a vesícula retirada ao entrar em centro cirúrgico para operar hérnia (Foto: Arquivo Pessoal) |
Um paciente
acusa um cirurgião de erro médico após dar entrada em um hospital em Santos, no
litoral de São Paulo, para operar uma hérnia inguinal e sair do centro cirúgico
sem a vesícula. O hospital abrirá inquérito para apurar o que aconteceu.
O inspetor de alunos
Daniel Francisco de Carvalho, de 39 anos, conta que foi diagnosticado com uma
hérnia inguinal do lado esquerdo, por meio de um exame de imagem. "Após o
diagnóstico, procurei o cirurgião para poder fazer a operação. Realizei
consultas, exames complementares, ficou tudo combinado para operar a hérnia.
Nas consultas, ele se demonstrava desconexo, não prestava muita atenção, mas
achei que poderia ser dele mesmo", explica Carvalho.
A cirurgia foi
marcada para a última segunda-feira (25) e, no dia, Daniel compareceu ao
Hospital São Lucas, onde o médico realiza seus procedimentos. "Fui até o
centro com meus exames em mãos, guia médico, guia do plano de saúde, tudo. O
médico disse apenas que seria uma incisão simples. Eu conhecia o procedimento,
pois já operei o lado direito, então já sabia como era. Mas em nenhum momento
ele quis me explicar. Ninguém me perguntou o que eu ia fazer", relembra.
Daniel foi
anestesiado e, ao acordar, se sentiu mal. Ao colocar a mão no local onde
deveria estar o corte da cirurgia de hérnia, notou que não havia corte algum.
"Quando acordei, vi que existiam quatro furos na minha barriga. Fui para o
quarto, e quando a enfermeira veio me dar a medicação, perguntou se eu era o
paciente que havia retirado a vesícula".
Hospital São Lucas, em Santos, SP (Foto: Divulgação) |
A mulher de
Daniel respondeu que o marido havia feito uma cirurgia de hérnia e, ao pedir
para ver o prontuário, viu que no documento constava o procedimento de remoção
da vesícula. Ao procurar o diretor do hospital, ele esclareceu que apenas o
médico poderia explicar o que havia acontecido.
"Procuramos
o cirurgião, e ele me disse que, antes da cirurgia, inseriu uma câmera para dar
uma 'geral' em todos os órgãos, percebeu que minha vesícula tinha um problema e
decidiu fazer a remoção. Perguntei se não era mais fácil operar a hérnia e
comunicar minha esposa sobre o outro possível procedimento, e ele disse que fez
'um favor de irmão' para mim, para me ajudar. Ele retirou meu órgão sem
autorização, sem comunicar minha esposa ou minha mãe, que estavam no
hospital", conta Carvalho.
O cirurgião
disse, ainda, que notou a presença de cálculos e, por isso, fez o procedimento,
mas, segundo Carvalho, na guia do prontuário constava como 'negativo' a
presença de cálculos. "Foi erro médico. Ao sair da cirurgia, ele foi
embora. Só percebeu o que tinha feito quando minha esposa ligou para ele. Estou
indignado, sofri um prejuízo físico e emocional, para mim e para toda minha
família. No fim das contas, não operei a hérnia", ressalta.
O médico disse
ao paciente que não operou a hérnia porque, ao retirar a vesícula, vazou
líquido biliar, e não era mais possível continuar o procedimento. Carvalho teve
alta na terça-feira (26). "Estou juntando documentação, tenho tudo em
mãos, e vou procurar a Justiça. Ele faria o que estivesse escrito lá, e se fosse
um transplante?", questiona.
Em nota, o
diretor administrativo do Hospital São Lucas, Sérgio Paes de Melo, informou que
'com respeito ao assunto da retirada de vesícula do paciente, informamos que
abrimos inquérito médico-administrativo para saber a posição do médico
assistente'. O G1 tentou contato com o médico responsável pela cirurgia mas,
até a publicação desta reportagem, não houve retorno.
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