quarta-feira, 27 de junho de 2018

Família denuncia negligência em morte de criança após cirurgia

Para sustentar a denúncia, a família afirma que a morte só ocorreu porque a criança foi submetida a um procedimento traqueostomia
junho 21, 2018 às 11:54 - Por: Mariane Rodrigues e Wadson Correia
 
Criança morreu após um procedimento cirúrgico realizado no ambulatório, em Maceió. Foto: Reprodução TV Ponta Verde

Uma criança de um ano morreu após passar por um procedimento cirúrgico em uma unidade de saúde localizada no bairro Chã da Jaqueira, parte alta de Maceió. Segundo o avô da criança, José Petrucio da Silva, em entrevista exclusiva à TV Ponta Verde, a neta deu entrada no hospital no dia 5 de maio deste ano com um quadro de tosse. Poucas horas depois, a menina saiu morta do local.

O avô da pequena Maria Isadora da Silva Lima foi o responsável por levar o caso à polícia, no 4º Distrito Policial, em Maceió. Ele disse que a denúncia partiu porque a família suspeitou que a morte não aconteceu por causas clínicas. “Eu entrei na Justiça porque suspeitei que a morte não foi clínica. Entrei para ter esclarecimento direto da morte dela. Porque encaminharam para o SVO [ Serviço de Verificação de Óbito] e o SVO iria dar morte clínica. Minha neta não estava doente, ela estava sadia”, afirma o avô da criança.

Segundo a mãe de Isadora, Isabela Pereira, depois que a filha deu entrada no Ambulatório Dom Miguel Câmera, foi ouvido um grito da criança. Após isso, a família foi notificada da morte. “Eu fiquei angustiada e chorando, foi quando ouvi o grito dela e depois não me disseram mais nada”, conta a mãe.

Para sustentar a denúncia, a família afirma que a morte só ocorreu porque a criança foi submetida a um procedimento de traqueostomia, quando é necessário realizar a abertura de um orifício para a passagem de ar. Por ser um procedimento invasivo, esse tipo de cirurgia não pode ser realizada em qualquer local. A equipe de reportagem da TV Ponta Verde foi até o ambulatório Dom Miguel Câmera à procura do responsável pelo posto, mas o diretor não se encontrava no momento. Um funcionário, que falou com a reportagem, afirmou que o ambulatório não está permitido de realizar cirurgias. 

Para o advogado da família, Marcelo Rogério Medeiros, há evidências de erro médico. Ele considera os prontuários entregues pelo posto como duvidosos, visto que foram feitos a punho. Uma perícia será solicitada para verificar a veracidade do documento. 

“O prontuário é um documento facilmente adulterado. Além do mais, há uma declaração do próprio médico dizendo que a paciente estava sem risco de vida, estável e que seria encaminhada ao Hospital Geral do Estado. Como pode estar com risco zero de vida e ela vir a óbito? Quando a equipe do Samu chegou ao local constatou que foi realizada uma traqueostomia e esse tipo de procedimento não pode ser feito em qualquer lugar porque é invasivo e, consequentemente, precisa de um critério até pra evitar contaminação de bactérias. Isso leva a crer que realmente houve erro médico”, explica o advogado. 

A situação já está na delegacia do 4º Distrito Policial, no entanto, as investigações ainda não avançaram, porque a polícia aguarda o laudo do Instituto Médico Legal (IML). “Estava faltando até um tempo atrás o laudo do IML, que não concluiu porque o hospital não tinha encaminhado o relatório médico, agora o que falta é o IML concluir o laudo para ser encaminhado ao 4º DP para se apurar se houve negligência médica ou negligência do estado”, finaliza Marcelo Medeiros. 

Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) nega que houve negligência. Confira nota do órgão sobre o caso 
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) esclarece que não houve negligência no atendimento prestado no Ambulatório Dom Miguel Câmara e reafirma que os procedimentos clínicos necessários foram adotados durante o atendimento à paciente. Salienta, no entanto, que ela apresentava um diagnóstico grave de asma e, como não houve melhora do quadro clínico, após ser medicada e tomar nebulização, houve a necessidade de transferi-la para o Hospital Geral do Estado (HGE). Para isso, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e, conforme prevê o protocolo clínico, houve a necessidade de entubar a paciente. Mas, em razão de ter apresentado broncoespasmos, o que impediu a passagem do tubo, a equipe do Samu decidiu sedá-la e fazer uma traqueostomia. Após o procedimento, que nestes casos é o recomendado, a paciente sofreu uma parada cardiorrespiratória. Imediatamente os socorristas do Samu tentaram reanimá-la, mas ela evoluiu para óbito.

O IML afirmou que aguarda o resultado dos exames de patologia. Confira nota 
NOTA DE ESCLARECIMENTO 
A chefia do Instituto de Medicina Legal Estácio de Lima, sobre a causa da morte da menina Maria Ysadora da Silva Lima, de apenas 1 ano, esclarece que aguarda o resultado dos exames complementares de patologia que foram solicitados pelo perito médico legista para confirmar a causa da morte, realizar a conclusão do laudo e enviar para a delegacia responsável.

Nenhum comentário:

Postar um comentário