quinta-feira, 31 de março de 2016

Bebê cai de maca durante o parto e morre em Petrolina

Tragédia aconteceu no Hospital Dom Malan/Imip

Caso ocorreu no Hospital Dom Malan/Imip, em Petrolina, Sertão de Pernambuco / Foto: Google Maps

Caso ocorreu no Hospital Dom Malan/Imip, em Petrolina, Sertão de Pernambuco Foto: Google Maps


Um bebê recém-nascido foi a óbito após cair de maca em parto improvisado no Hospital Dom Malan/Imip, em Petrolina, Sertão de Pernambuco. O caso aconteceu na madrugada dessa terça-feira (29), após a mãe da criança, Jacqueline Pereira Neto, 34 anos, dar entrada na unidade e ficar, segundo familiares, cerca de três horas esperando ser encaminhada para a sala de partos.  O hospital contesta versão da família.
 
Às 3h da manhã, Jaqueline iniciou o trabalho de parto e se dirigiu ao hospital. De acordo com os parentes, a gestante ficou até às 6h da manhã em uma cadeira de rodas, sem acompanhamento de médicos ou enfermeiros. Sem mais aguentar, Jacqueline foi posta em uma maca, onde pariu o bebê. Os familiares contam que, ao sair do ventre da mãe, a criança caiu no chão e bateu a cabeça, não resistindo. 

Em entrevista à Rádio Jornal, a tia da criança, Cláudia Rodrigues, denuncia a negligência do hospital. “No momento do parto havia funcionários no local, mas nenhum prestou socorro”, reclama. Ela diz que a família irá procurar o Ministério Público para pedir a exumação do corpo. “Fomos na delegacia para fazer a autópsia, mas como o sepultamento já estava marcado não podemos fazer. Agora iremos entrar com uma ação no Ministério Público para pedir a exumação do corpo e comprovar a causa da morte” conta. 
 
Segundo o laudo médico, o motivo da morte do recém-nascido foi anoxia fetal, que é a falta de oxigênio no cérebro pós-parto. Para os parentes, a morte foi devida ao impacto da queda e houve afundamento craniano. Em nota, o Hospital Dom Malan diz que prestou toda assistência necessária à paciente e que a pediatra do hospital constatou que o feto já estava morto antes do nascimento. Confira na íntegra:
 
"A Direção do Hospital Dom Malan/IMIP esclarece que a paciente, Jacqueline Pereira Neto, com 36 semanas e quatro dias de gestação, deu entrada neste serviço às 05:14h da última terça-feira (29), com queixa de dor em baixo ventre e perda de tampão mucoso.
Após internamento aguardou vaga na sala de parto. Em exame físico realizado não foi possível identificar batimentos cardio-fetais ou movimentação fetal. Toque vaginal mostrava dilatação de 4cm, bolsa íntegra, feto alto e não-insinuado. A hipótese diagnóstica levantada foi GESTAÇÃO TÓPICA PRÉ-TERMO, CRESCIMENTO FETAL RESTRITO, FETO MORTO E TRABALHO DE PARTO PREMATURO.
 
A mesma evoluiu com parto vaginal espontâneo com expulsão do feto. Pediatra também constatou que feto já estava morto antes do nascimento.
 
Devido prematuridade e feto morto, a paciente foi encaminhada para o Bloco Cirúrgico para realização de curetagem uterina, procedimento padrão do serviço, realizado sem intercorrências, sendo transferida, em seguida para enfermaria, onde segue recebendo assistência desta Unidade de Saúde. 
 
A Direção ressalta que está sendo prestada toda assistência necessária à paciente durante a permanencia dela no HDM e se coloca à disposição da família para quaisquer esclarecimentos. 
O Hospital Dom Malan/IMIP, em Petrolina (PE), é uma Unidade de Saúde materno/infantil que atende a pacientes que fazem parte de 53 municípios da Rede Pernambuco/Bahia, cerca de dois milhões de habitantes. Somente em 2015 foram realizados 7.498 partos.
 
No último 17 de dezembro de 2015, foi inaugurado o Espaço Aconchego – Deputado Osvaldo Coelho, um ambiente que proporciona melhor atendimento às futuras mamães. São 14 leitos diferenciados e especializados em pré-parto, parto e puerpério (PPP) que contribuem para melhoria contínua da qualidade da assistência ao parto humanizado. Além disso, a unidade conta com o setor, Alojamento Conjunto, com 48 leitos, onde as mães e filhos aguardam a alta hospitalar após o parto." 
 

TRICENTENÁRIO SUSPENDE REALIZAÇÃO DE CIRURGIAS



Após reunião com a direção do Hospital do Tricentenário (HTRI), em Olinda, os médicos cirurgiões e anestesistas da unidade decidiram cruzar os braços e suspender todos os procedimentos cirúrgicos da unidade hospitalar. O motivo da suspensão do serviço é o cancelamento do repasse municipal, no valor de R$ 30 mil de incentivo para a realização das cirurgias.
 
Com os valores defasados, fica inviável manter os atendimentos cirúrgicos e ambulatoriais, comprometendo cerca de 70 cirurgias e 300 consultas, ofertadas até este mês de março. O Hospital do Tricentenário é a única unidade de saúde de Olinda a oferecer, gratuitamente, cirurgias para a população.
 

quarta-feira, 30 de março de 2016

Mulher perde trompa na BA após gaze ser esquecida dentro dela em cirurgia

Material foi descoberto após uma cirurgia de cesárea, em julho de 2015.
Mulher ainda perdeu parte do intestino e precisou refazer as vias urinárias.
 
Radiografia indicou corpo estranho na professora (Foto: Imagens/ Tv Bahia)
Radiografia indicou corpo estranho na
professora (Foto: Imagens/ Tv Bahia)
 
A professora de Salvador, Maria Aline Duque, teve uma trompa e parte do intestino retirados, e precisou refazer as vias urinárias, por causa de uma infecção causada por um pedaço de gaze que foi esquecido dentro dela, durante uma cirurgia. Segundo Aline, o problema começou logo depois do parto dela, ocorrido em julho de 2015, feito por cesariana.
 
Desde que deu à luz, há sete meses, a professora não pôde mais trabalhar e mal pode cuidar da filha. Ela conta que, logo após a cesária, começou a sentir cansaço, diarreia e forte dores na barriga, que a fizeram procurar um hospital. Na radiografia, foi identificado um corpo estranho, identificado como uma compressa de gaze.
 
"Pediram para eu repetir o exame, quando eu repeti, o rapaz do raio X ainda chamou o colega, dizendo que era testemunha dele, que tinha essa imagem, que tinha esse corpo estranho", relatou.
 
A família já gastou R$ 25 mil com a cirurgia para retirar a gaze e, com isso, curar Aline. "Além da questão financeira, isso envolve muito mais a questão moral, porque ela não pôde trabalhar enquanto isso, inclusive teve que deixar de amamentar", disse a advogada Luiza Andrade.
 
O parto de Aline foi realizado na Maternidade José Maria de Magalhães Neto, localizada no bairro do Pau Miúdo, na capital baiana. O nome do médico que fez o parto não foi revelado. Carlos Amaral, o diretor da unidade, disse que nenhuma investigação foi feita para saber se existiu erro médico, porque não houve uma denúncia da família.
 
"Não houve registro de intercorrências. Houve a adoção do protocolo de cirurgia segura, sem nenhum tipo de problema. Ela recebeu alta, e não tivemos mais nenhuma outra informação dela com relação ao que está sendo alegado agora", afirmou Carlos Amaral.
 
A Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) informou por meio de nota que vai abrir uma sindicância para apurar o caso e prestará assistência médica à paciente.
 
Mesmo sem ter recebido uma denúncia oficial da família de Aline, o Conselho Regional de Medicina (Cremeb) investiga o caso, para descobrir se houve erro médico, se de fato a gaze foi esquecida na paciente durante o parto. Caso seja constatado o erro, um processo ético pode ser aberto contra os médicos que fizeram o parto.
 
"As punições podem ser advertência e censura privada, censura pública, suspensão por até 30 dias e a remota hipótese de cassação de registro profissional", explica Abelardo Meneses, presidente do Cremeb.
 
Por conta da situação, Aline fez um desabafo. "Não tem dinheiro que pague eu não poder amamentar minha filha, pegar ela no colo, peder essa fase da vida dela", disse.
 
Ainda segundo o Conselho Regional de Medicina, a instituição tem até cinco anos para tomar uma decisão sobre casos como o de Aline.
 

Cirugião-dentista de Arapiraca é condenado por erro médico

Um paciente dele teria morrido de tétano após ser atendido incorretamente.
Família da vítima deve ser indenizada e receber pensão.
 
 
Um cirurgião-dentista de Arapiraca foi condenado pela Justiça a pagar indenização de R$ 10 mil por danos morais à esposa e às seis filhas de José Izidoro, morto por conta de um erro médico em 2007. A decisão é do juiz Maurício César Brêda Filho, da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Alagoas.
 
A decisão foi divulgada pelo TJ nesta sexta-feira (19). A esposa da vítima também deverá receber pensão, no valor de meio salário mínimo, relativo aos meses de junho de 2007 a junho de 2010. A maneira como o pagamento deve ser feito será definida posteriormente pela 2ª Vara Cível e Residual de Arapiraca, que é responsável pela execução do processo.
 
Segundo os autos do processo, no dia 8 de abril de 2007, José Izidoro sofreu um corte grave no rosto após ser atingido por um prato jogado por um de seus filhos, durante desentendimento entre os dois.
 
Ele foi levado para a Unidade de Emergência do Agreste, onde foi atendido pelo cirurgião-dentista. O corte foi suturado e Izidoro recebeu alta. Alguns dias depois, ele deu nova entrada na unidade de saúde, com suspeita de tétano. Após ter sido encaminhado a outro hopital, a suspeita foi confirmada. O homem acabou falecendo por conta da doença.
 
As filhas de Izidoro acusaram o cirurgião-dentista de negligência e omissão. Ele, por sua vez, alegou não ter sido o responsável pelo incidente, e que seguiu todos os procedimentos no atendimento ao paciente.
 
“Ao que consta nos autos, especialmente pelo depoimento de testemunhas, pelo relatório médico, o apelado, apesar de ter suturado o ferimento da vítima, lhe medicado e lhe dado alta hospitalar, foi negligente quanto ao fato de não averiguar acerca da vacinação contra o tétano”, afirma o magistrado em sua decisão.
 

terça-feira, 29 de março de 2016

TJ condena Estado a pagar R$ 100 mil a vítima de erro médico em Arapiraca

Tribunal também determina que vítima seja indenizada por danos materiais.
Após falha médica, comerciante tornou-se deficiente físico.
 
 
O Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) divulgou, nesta segunda-feira (25), no Diário de Justiça Eletrônico uma decisão do  juiz da 4ª Vara Cível de Arapiraca, Giovanni Alfredo de Oliveira Jatubá, na qual condena o Estado de Alagoas a pagar R$ 100 mil  por danos morais, além de uma indenização por danos materiais, a um paciente que ficou com sequelas após ser vítima de erro médico na Unidade de Emergência do Agreste (UEA), em Arapiraca.
 
Segundo informações do TJ, em fevereiro de 2007, um comerciante de Arapiraca foi atingido por três disparos de arma de fogo durante assalto a um estabelecimento. A vítima foi levada para a Unidade de Emergência (UE), em Arapiraca, e uma junta médica constatou que dois projéteis atravessaram seu abdômen e o terceiro estava alojado na coxa esquerda, sem quebrar nenhum osso, sendo desnecessária a retirada da bala.
 
Ainda de acordo com a decisão, o paciente recebeu alta médica e foi informado que voltaria a andar em trinta dias. Contudo, passados cinquenta dias o comerciante sentia fortes dores. Em um hospital particular foi constatado que ele tinha uma fratura no fêmur, e teria que fazer cirurgia para colocar pinos.
 
Um ano depois a vítima do assalto passou por mais uma cirurgia, dessa vez para implantar uma prótese total do quadril esquerdo, impossibilitado-o de trabalhar tornando-se portador de necessidades especiais.
 
O juiz Giovanni Alfredo de Oliveira Jatubá, afirma que a lesão sofrida pelo comerciante é considerada grave, pois os agentes do Estado na unidade médica pública não observaram as recomendações exigidas para o determinado caso.
 
“Tal inobservância resultou no dano ao autor. No caso, observe-se a extensão do erro médico e as consequências em sua vida profissional, após pelejada luta pela restituição de sua saúde”, ressaltou o magistrado.
 

quarta-feira, 23 de março de 2016

Corporativismo das Entidades Representativas dos Médicos

Influência do Estado na Oferta de Médicos


Alberto Carlos Almeida (Valor-Eu&Fim-de-Semana, 06/09/13) escreveu, a meu ver, a melhor análise sociológica a respeito do Programa Mais Médico. Reproduzo-a abaixo, para ser usado no Seminário do Curso Métodos de Análise Econômica, quando discutirmos Saúde Pública, motivados pela visão do documentário sobre Aborto no Brasil.
 
“Uma das indagações mais importantes que surge quando vemos as organizações que representam os médicos brasileiros reagindo à entrada de médicos estrangeiros diz respeito ao erro médico. Não sabemos, por exemplo, se o erro médico no Brasil é maior ou menor do que nos Estados Unidos ou na Europa. Tampouco temos informações claras acerca de como são investigados os erros médicos e qual é a incidência de punições. Caso o corporativismo seja predominante, o resultado disso é que médicos acabam por proteger médicos, que eventuais erros médicos são negligenciados e os seus supostos perpetradores continuam a exercer sua profissão. Seria, portanto, muito bom para os cidadãos brasileiros que os Conselhos Regionais de Medicina e também o Conselho Federal tornassem o mais público possível todas as investigações de erros médicos assim como seus respectivos resultados.
 
Aliás, o erro médico foi objeto de uma declaração recente do presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, o médico João Batista Gomes Soares. Ele afirmou que os médicos brasileiros não deveriam servir de preceptor para cubanos. Em suas próprias palavras: “É não ficar emendando atendimento realizado por cubano. Nós, médicos brasileiros, não fomos contratados para ser padrinhos de médico cubano ou qualquer outro estrangeiro que venha através de medida provisória”. A declaração de Soares, em particular na menção velada ao erro médico, entra na velha tradição brasileira de “aos amigos tudo, aos inimigos a lei”. Os médicos brasileiros são amigos, assim o eventual erro por eles cometido pode vir a ser emendado. Aliás, diante dessa declaração não se deve estranhar a pouca discussão existente no Brasil sobre os erros médicos e suas punições. Há quem considere que no Brasil aplica-se com frequência a máxima de que “a cirurgia foi um sucesso, mas o paciente morreu”. Já para os médicos estrangeiros, segundo Soares, não restaria emenda ao eventual erro.
 
O corporativismo das entidades representativas dos médicos é incompreensível quando analisamos o perfil dos médicos formados no Brasil e o ambiente ao qual eles estão submetidos, comparado às mesmas características dos estrangeiros que aqui desembarcaram. Os médicos brasileiros formados em faculdades privadas investem muitos recursos financeiros em suas carreiras. Somando-se a mensalidade da faculdade com as demais despesas relacionadas ao curso não será surpreendente se o gasto mensal atingir a casa dos R$ 10 mil. Mesmo que seja a metade disto, trata-se de um investimento grande cujo prazo de maturação é bem longo. Um médico dificilmente começa a exercer plenamente sua profissão antes dos 30 anos de idade. São de oito a dez anos de investimento elevado.
 
Uma vez no mercado de trabalho, no Brasil, ele busca ter um padrão de vida razoável. Isso inclui, dentre outras coisas, escola particular para os filhos e plano de saúde privado. Os médicos brasileiros formados em seu próprio país saem de uma faculdade com uma dupla pressão:
  1. para amortizar o investimento familiar e
  2. para buscar um padrão de vida de classe média.
Isso explica, em grande medida, porque eles não vão para as regiões mais longínquas do país. Isso explica porque nossos médicos dificilmente atendem às populações mais pobres.
 
Os médicos formados em países europeus e em Cuba foram socializados em um ambiente inteiramente diverso do nosso. Em muitos países o ensino universitário público provê a maior parte dos profissionais. Cuba e as ex-repúblicas da antiga União Soviética, assim como a Rússia, são exemplos extremados disso. Aliás, esses países são pontos fora da curva na oferta de médicos per capita vis-à-vis seu PIB per capita – são praticamente campeões mundiais nesse indicador. São os melhores exportadores de médicos que pode existir.
 
Onde o ensino da medicina é predominantemente estatal o exercício da profissão também o é. Os médicos e suas famílias na Europa e em Cuba investiram bem menos em sua formação do que no Brasil. Além disso, depois de formados eles não vão precisar pagar ensino e saúde particulares para que tenham um padrão de vida de classe média. Eles, consequentemente, não estão submetidos à dupla pressão de nosso recém-formado doutor em medicina. É por isso que cubanos, espanhóis, portugueses, argentinos e outros médicos estrangeiros desembarcaram no Brasil afirmando que para eles dinheiro não importa. De fato, a pressão financeira a que foram submetidos em sua carreira foi bem menor do que os médicos brasileiros formados no Brasil. Trata-se de uma declaração genuína, verdadeira.
 
É justamente por isso que eles se dispõem a trabalhar nas regiões mais pobres e distantes do Brasil, em lugares que eles muito dificilmente formarão uma carteira de potenciais clientes para eventualmente montar um consultório. Os médicos estrangeiros, pelo menos até o dia em que desembarcaram no Brasil, jamais foram submetidos a essa pressão.
 
Os dados da Organização Mundial de Saúde mostram que o sistema de saúde menos estatal do mundo, o dos EUA, tem 2,422 médicos para cada grupo de mil habitantes. No Brasil há, segundo essa mesma fonte, 1,764 médicos para cada mil habitantes e no Chile menos ainda, 1,026 para cada grupo de mil habitantes. Na medida em que o sistema de saúde fica mais estatal, aumenta a quantidade de médicos por mil habitantes. Na Alemanha essa proporção é de 3,689; na Itália é 3,486, na França é 3,447 e na Dinamarca é 3,424. Os países campeões de oferta de médicos per capita são também os campeões de sistema de saúde estatal. Cuba está em primeiro lugar, com 6,723 médicos para cada grupo de mil habitantes seguido de Grécia, Bielorrússia, Áustria, Geórgia e Rússia. Portugal e Espanha não ficam muito atrás.
 
O grande desafio do Brasil é aumentar a oferta de médicos para a população mais pobre. Isso significa aumentar a presença estatal no provimento desse serviço. Os Estados Unidos são, em muitas coisas, uma exceção difícil de ser seguida. Dependendo dos valores sociais, não apenas difícil, mas também indesejável. Trata-se de uma sociedade cuja gênese está fundamentada em um grupo de pessoas de classe média, razoavelmente bem escolarizadas, e fanáticos religiosos. Desde o início, os EUA foram uma sociedade de classe média. É compreensível, portanto, que a ideologia dominante daquele país afirme que as razões do sucesso e do fracasso estão no indivíduo, no seu mérito ou na sua incapacidade.
 
Sociedades de matriz aristocrática, como é o caso do Brasil e dos países da Europa continental, são mais fortemente divididas entre a ideologia individualista e a que explica o sucesso e o fracasso pela condição social originária. Ora, é difícil não considerar que os negros no Brasil não ocupam posição de comando e destaque também por conta de terem uma linha de largada mais atrás do que os brancos. Trata-se de uma ideologia (a que relaciona o sucesso individual à condição social) que encontra respaldo na história do país e em sua estrutura social. Assim, há pessoas que dificilmente terão acesso a serviços de saúde pagando do próprio bolso, mas apenas graças à ação do governo. Em português claro, a maioria dos brasileiros não tem renda disponível suficiente para pagar privadamente por serviços de saúde. Ou seja, não adianta querer importar para o Brasil o modelo americano, o que funciona lá, ao menos no que tange a essa questão, não funciona cá.
 
Os dados da Organização Mundial da Saúde mostram que os países da Europa continental – Alemanha, França, Itália, Bélgica, Espanha e Portugal – têm mais médicos per capita do que Reino Unido e Estados Unidos, por exemplo. Não sabemos qual modelo será seguido pelo Brasil. O que sabemos, baseado nesses dados, é que na medida em que aumentar o nosso PIB per capita haverá também a tendência de aumentar a oferta de médicos por habitante. Essa oferta hoje é bastante assimétrica, faltam médicos nos grotões e nos locais onde predomina a população mais pobre. Porém, para a infelicidade de muitos elitistas de plantão, os pobres votam. A pressão eleitoral dessa população em favor do aumento da oferta de médicos é crescente. Isso significa que o governo está cada dia mais pressionado a agir no sentido de aumentar a presença estatal no provimento desse serviço.”
 
Blog do Fernando Nogueira da Costa - Professor Titular do IE-UNICAMP

segunda-feira, 21 de março de 2016

O que pode dar errado na cirurgia plástica

Riscos e resultados dos procedimentos muitas vezes independem da perícia do médico. Saiba quais são e como minimizá-los


Plástica: mesmo com todos os cuidados, o corpo pode ter reações inesperadas
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Plástica: mesmo com todos os cuidados, o corpo pode ter reações inesperadas


É sempre válido corrigir ou melhorar algum aspecto físico que está afetando a auto-estima. No entanto, quem deseja se submeter a uma cirurgia plástica, seja ela reconstrutiva ou estética, precisa estar ciente de que nem sempre o resultado final é o desejado.
 
Mesmo tomando o cuidado de realizar o procedimento com um cirurgião plástico experiente, por vezes, o organismo reage diferente do esperado, transformando o sonho de um corpo mais bonito num verdadeiro desastre estético.
 
“Sempre pergunto aos meus pacientes se eles me procuraram por uma questão de momento ou se é algo que incomoda há tempo. Plástica não pode ser algo de momento. É preciso avaliar se os benefícios serão maiores do que os riscos. Quando não são, oriento a pessoa a pensar melhor” diz o cirurgião plástico Marcelo Wulkan, de São Paulo. Cerca de 30 %, diz ele, não voltam porque pensaram melhor ou porque encontraram outro profissional que aceitou fazer o procedimento sem questionar isso.
 
Consultar um profissional habilitado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), analisar os potenciais riscos durante e depois da operação, fazer todos os exames necessários e, principalmente, pesar os prós e contras da cirurgia são etapas que devem ser seguidas à risca antes de partir para o procedimento, recomenda o cirurgião Luciano Chaves, vice-presidente da SBCP. Ter o apoio da família é outro cuidado que pode ajudar a diminuir os riscos de problemas depois da cirurgia.
 
“Tem pacientes, especialmente mulheres, que fazem plástica à revelia da família sem ter em mente que o pós-operatório é um período delicado, com limitações, e que precisa ser enfrentado com apoio de quem está mais próximo. A pessoa fica mais dependente e precisa de alguém por perto para ajudar na rotina” diz Chaves.

Durante e logo após a cirurgia, os riscos mais imediatos – e que independem da ação do médico – são as reações à anestesia e os sangramentos. Infecções são eventos mais raros, mas também podem acontecer, diz Wulkan.

Alguns problemas podem aparecer certo tempo depois de feito o procedimento: cicatrizes de má qualidade, como as quelóides e as hipertróficas (com aspecto feio, alargado, espesso e, às vezes, doloroso) são mais frequentes em negros e asiáticos mas também podem estar presentes em qualquer pessoa, especialmente em áreas como o lóbulo da orelha e a região entre as mamas.
 
Muitas vezes dá para prever como será a cicatrização com base em uma análise da pele e dos hábitos de vida do pacientes. Quem fuma, alerta Wulkan, provavelmente terá problemas de cicatrização. Pessoas com estrias também podem não ter um bom resultado.
“As marcas das estrias na pele já são um indicativo de que ela não tem uma boa capacidade de retração. É importante sempre informar isso ao paciente para evitar frustração com os resultados” explica Wulkan.
 
Na colocação de implante de silicone um problema imprevisível é a rejeição da prótese pelo organismo, gerando o que os médicos chamam de contratura capsular, uma condição que ocorre em cerca de 3% das mulheres no período de um ano. Em alguns casos, explica Wulkan, é necessário retirar e trocar a prótese. Tanto na cirurgia de redução quanto na de aumento, também pode haver perda (temporária ou até permanente ) de sensibilidade nas aréolas.
 
Outro imprevisto comum da cirurgia plástica é o acúmulo de líquido na região lipoaspirada. Esse líquido, explica Wulkan, pode ser retirado no consultório com a ajuda de uma seringa ou é absorvido pelo corpo em algumas semanas. Já nas plásticas feitas no abdome um efeito inesperado bem frustrante para o paciente é a distorção no umbigo.
 
“Toda cicatriz em região de orifícios, como é o caso do umbigo, pode ficar com o tamanho menor do que o usual. Além disso, o umbigo pode ficar com o aspecto irregular”, explica o cirurgião.
 
Veja como você pode ajudar a reduzir os riscos de um resultado inesperado na cirurgia plástica:
 
• Se você fuma, pare ao menos um mês antes do procedimento
• Se você é mulher, evite a pílula um mês antes da cirurgia, especialmente se o procedimento for durar mais do que 4 horas (ela aumenta o risco de trombose venosa profunda, uma condição potencialmente fatal)
• Não faça procedimentos estéticos como esfoliação, peeling profundo ou dermoabrasão antes da cirurgia
• Se toma isotretinoína (para acne) pare com o medicamento três meses antes da cirurgia e só volte a tomar depois de 6 meses do procedimento (a medicação pode prejudicar a cicatrização no pós operatório)
• É importante estar com o peso estabilizado, para evitar o efeito-sanfona, especialmente se a cirurgia for feita na barriga, no bumbum ou nas mamas
• Se quer engravidar em curto ou médio prazo, vale repensar se não é melhor adiar cirurgia para depois de seis meses decorridos do fim da amamentação
• Evite o sol antes e depois da cirurgia, especialmente se ela for feita na face. Na área operada, use filtro com fator de proteção solar 30 (no mínimo)
• Faça todos os exames clínicos solicitados pelo médico para saber se está pode se submeter ao procedimento
• Só opere em hospitais ou clínicas que tenham suporte para atuar em casos de emergência.
 

terça-feira, 15 de março de 2016

“O nome ‘parto humanizado’ nem deveria existir, já que todos deveriam ser assim”

Cesárea ou parto normal? Projeto defende parto adequado para cada situação, apenas com intervenções necessárias
 
Quando a publicitária Ana Carolina Rocha estava no início da gestação, começou a pesquisar sobre tipos de parto. Como havia sofrido um acidente e fraturado o quadril alguns anos antes de engravidar, alguns médicos disseram que ela não poderia nem entrar em trabalho de parto.
 
Ana Carolina é defensora do parto humanizado, em que as vontades da mulher são respeitadas
Arquivo pessoal
Ana Carolina é defensora do parto humanizado, em que as vontades da mulher são respeitadas
 
 
Quando estava com três meses de gestação, seu médico já deixou claro a intenção de agendar a cesariana. Ana ficou chocada. “Como assim, com três meses ele já quer marcar?”, conta ela. E foi conversando com uma amiga que descobriu o parto humanizado.
A amiga entregou um DVD com um documentário que explicava como funcionava esse tipo de nascimento e, segundo Ana, a partir de então tudo mudou e ela foi em busca de uma médica obstetra que fizesse parto humanizado.
“A mulher deve ter o parto assistido por profissionais. Ela que vai falar se quer analgesia ou não, a posição que quer ficar, se quer ficar de cócoras ou não. É deixar a mulher ser protagonista do próprio parto”.
 
Depois da decisão, Ana foi atrás de uma equipe de parto humanizado. Nesse meio tempo participou de reuniões com outras gestantes. “Conversamos com doulas, com médicos obstetras e foi por meio desses encontros que minha mente começou a abrir, a ter contato com outra realidade, como não ver o médico como um deus, a repensar minhas escolhas e saber que eu poderia ter o controle do meu parto”.
 
Quando o dia do nascimento do filho chegou, ela ficou 14h em trabalho de parto. “Mas na última fase do parto, meu bebê não fez o giro dentro da barriga, então foi necessário fazer a cesariana”, conta.
 
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"A cultura da cesariana agendada se deve muito aos partos normais violentos,
então as mulheres preferiam agendar para não ter de sofrer"
 
 
“Não foi agendada, mas sim por recomendação médica”, diz Ana. Ela conta que o assim que o bebê foi retirado da barriga, já foi para o seu colo. “Esperamos a placenta parar de pulsar antes de cortar, não foi colocado colírio no olho dele e não foi feita a aspiração. Foi tudo muito respeitado”, diz.
 
A publicitária não é contra a cesárea. “Ela salva vidas, salva mães e bebês, mas só deveria ser usada quando há uma real indicação. Não acho legal ficar agendando cesáreas, porque geralmente elas são agendadas por mulheres que estão mal informada. A informação de qualidade não chega a ela, para decidir o que quer”, critica.
 
"A cultura da cesariana agendada se deve muito também ao partos normais violentos, então as mulheres preferiam agendar para não ter que sofrer todo tipo de intervenção violenta como a episiotomia sem autorização", diz.
 
Ana diz que, se for colocar na “ponta do lápis”, ninguém agendaria uma cesariana, já que é um procedimento invasivo e, se for feito na hora errada, sem a mulher entrar em trabalho de parto, o bebê pode ter de ficar na UTI.
 
“Não deveria nem existir o nome ‘parto humanizado’, porque todos deveriam ser assim. Todos os partos deveriam respeitar o tempo da mulher e do bebê”, diz.
 
O preço total do parto, no entanto, é salgado: Ana desembolsou R$ 14 mil para ter o filho, valor que encareceu pela intervenção cesariana. “Ficaria em R$ 11 mil se não fosse a cesárea”.
 
Projeto Parto Adequado
 
Querer fazer parto normal a todo custo ou agendar cesárea sem trabalho de parto não são boas decisões para a saúde da mulher. Pensando nisso surgiu também o projeto Parto Adequado, para respeitar a necessidade da mulher em um dos momentos mais impactantes da vida dela: se tornar mãe.
 
Hospitais adotam projeto de parto adequado
Thinkstock/Getty Images
Hospitais adotam projeto de parto adequado
 
 
A ideia do parto adequado é incentivar o parto normal que, como o próprio nome já diz, é natural. Nesse tipo de nascimento, a intervenção, como a cesárea, é feita em caso de necessidade.
 
O projeto conta com a parceria entre hospitais públicos e privados e visa diminuir a alta taxa de cesáreas sem razões médicas no Brasil, além de desmistificar a ideia de que o parto normal sempre é muito sofrido ou que a mãe não é forte o suficiente para passar pelo processo.
 
Hoje com 48 hospitais participantes, o programa do parto adequado se baseia em alguns pilares. Um deles é adequar os hospitais para receber uma sala de parto que possa ser usada pela mulher antes, durante e depois do parto.
 
Rita Sanchez, coordenadora da maternidade do Hospital Albert Einstein e uma das líderes do projeto Parto Adequado diz que vários hospitais já estão fazendo reformas para receber melhor as mulheres.
“Eles precisam fazer a adaptação da sala de parto mais antiga - que não tinha espaço - para o um quarto ‘PPP’, que é de pré-parto, parto e pós-parto”, conta.
 
Nele, diz Rita, a paciente permanecerá durante todo o trabalho de parto, poderá fazer o parto no local (se for natural), e também terá o apoio de banheira, chuveiro, disponibilidade de manter um ou mais acompanhantes, liberdade para caminhar, entre outras coisas.
 
Além disso, os hospitais participantes desse projeto também contam com uma enfermeira obstetra para acompanhar o trabalho de parto, bem como uma equipe médica plantonista. “Se o médico da paciente não chegar a tempo, temos o plantonista para resolver os problemas”.
 
Obstetras e corpo clínico desses hospitais também têm de passar por um curso de atualização de diretrizes e protocolos da prática obstétrica.
 
Resultados
 
Em nove meses de projeto lançado, as cesáreas foram reduzidas em 10%. “O projeto em si era para diminuir a cesárea no setor privado, já que 84% dos partos feitos nessa rede eram dessa forma”, conta a coordenadora. 
 
“Para se ter ideia, houve 10% de aumento de cesárea de 2005 a 2015. Em nove meses conseguimos reduzir o que aumentou em 10 anos. Os resultados são muito bons”.
 
“Estamos fazendo campanhas, montando mais cursos para gestantes mais voltados ao trabalho de parto e não para só ficar falando de roupinha de bebê”, conta. “Explicamos o que ela vai enfrentar, como se comportar”.
 
Confira os hospitais participantes do projeto Parto Adequado clicando aqui.

IG - Minha Saúde

sexta-feira, 11 de março de 2016

Zika é apontado como causa de infecção no cérebro em adultos

Reprodução/Mundo Conectado

O vírus da zika, já acusado de estar na origem de má-formações no cérebro de recém-nascidos, problemas na medula espinhal e da síndrome neurológica de Guillain-Barré, também pode provocar uma grave infecção do cérebro em adultos, podendo levar ao coma - alertam médicos franceses.
 
A equipe médica constatou a presença do vírus da zika no líquido cefalorraquidiano de um homem de 81 anos atingido por uma meningoencefalite, uma perigosa inflamação do cérebro e das meninges, segundo um relatório que acaba de ser publicado na revista médica americana New England Journal of Medicine (NEJM).
 
Este novo estudo mostra que os casos se multiplicam sobre a propensão do vírus da zika, que durante algum tempo se pensou ser trivial, de atingir seriamente o sistema nervoso.
 
O homem, hospitalizado em 10 de janeiro de 2016 na área de neurologia, foi transferido na manhã seguinte para a UTI por causa de uma piora rápida de seu estado, com a aparição de um coma que necessitou de uma assistência respiratória artificial, segundo os médicos do hospital Henri-Mondor, em Créteil, nos arredores de Paris.
 
"É o primeiro caso deste tipo de que temos conhecimento", disse à AFP Guillaume Carteaux, co-autor do relatório publicado no NEJM. "As outras causas infecciosas, virais e bacterianas, foram descartadas", explicou, citando em especial o vírus da herpes, catapora, herpes zóster e outros arbovírus.
 
O homem, que estava "em perfeita saúde" antes de cair doente, retornou dez dias antes de um cruzeiro no Pacífico Sul (Nova Caledônia, Vanuatu, Ilhas Salomão, Nova Zelândia).
 
Febril (39,1 graus Celsius) e em coma, ele apresentou hemiplegia (paralisia do lado esquerdo do corpo) e um comprometimento motor do braço direito, observaram os intensivistas que cuidaram do paciente.
 
Exames de imagens médicas foram sugestivos de meningoencefalite, uma inflamação importante do cérebro e das meninges, compatível com uma infecção.
 
Os médicos procuraram uma variedade de bactérias e vírus que poderiam estar envolvidos, como o vírus da dengue e chikungunya.
 
Um teste conhecido como amplificação genética (PCR) detectou o material genético do vírus no líquido recolhido por punção lombar na fase aguda, no momento da chegada na UTI.
 
O vírus da zika está presente na América Latina. Provocado ao menos centenas de casos de microcefalias nos bebês de mães infectadas.
 
Está má-formação grave e irreversível se caracteriza por um tamanho anormalmente pequeno do crânio dos recém-nascidos.
 
O surto de zika e sua potencial relação com má-formações congênitas levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a declarar uma emergência global.
 
O Brasil detectou no final de 2015 um aumento incomum nesta malformação congênita na região nordeste. A microcefalia danifica o cérebro e limita o desenvolvimento motor e intelectual.
 
As autoridades estimam que um milhão e meio de pessoas foram infectadas pelo vírus da zika no Brasil. Cerca de 80% dos casos são assintomáticos.
 
 

terça-feira, 8 de março de 2016

Jovem morre após parto e família acusa unidade de saúde de negligência



Uma família de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, está revoltada com a morte de uma jovem de 20 anos. Jéssica Aline da Silva Macedo estava grávida e, segundo parentes, teve complicações após o parto por negligência no atendimento na Maternidade Jesus Nazareno. Veja a reportagem exibida pelo TV Jornal Manhã da TV Jornal no interior.
 
 
Veja o vídeo - UOL Mais
 
 
 
 
 

sexta-feira, 4 de março de 2016

Vem aí a medicina que finalmente vai fazer você mudar de vida

Conheça a nova especialidade que vai ajudar a prevenir doenças e auxiliar cardíacos, diabéticos, obesos e outros portadores de doenças ligadas ao estilo de vida a finalmente ter hábitos mais saudáveis - e um risco menor de morte
 
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O médico americano Edward Phillips, de Harvard,
é um dos pioneiros da nova especialidade
 
Alimentar-se corretamente, fazer exercício físico, dormir bem, controlar o estresse. A receita básica para a saúde é conhecida por todos. Mas ainda adotada por poucos. A pesquisa Sinais da Nutrição depois dos 50, realizada pelo Ibope e desenvolvida pelo multivitamínico Centrum, por exemplo, apontou um aspecto da questão: dos 613 homens e mulheres com mais de cinqüenta anos ouvidos, 61% afirmaram que sua alimentação hoje é igual ou pior do que era antes.
 
O problema é que para ser seguida, a receita da vida saudável implica mudar de verdade comportamentos e mantê-los ao longo da vida. Está aí, porém, uma das maiores dificuldades da maioria das pessoas. Uma nova especialidade que começa a se instalar no Brasil tem como objetivo exatamente ajudar a vencer esse desafio. A medicina do estilo de vida - área em ascensão em todo o mundo - se propõe a prevenir e a tratar fatores de risco comportamentais associados ao desencadeamento de doenças como as cardiovasculares e a diabetes.
 
A medicina do estilo de vida surgiu nos Estados Unidos, país cujos índices de enfermidades vinculadas ao modo como se vive são tão altos quantos os brasileiros. Para os estudiosos desse cenário, estava claro que era necessário avançar em outro caminho. A ciência havia progredido imensamente na criação de remédios e tecnologias para tratar a diabetes e a obesidade, por exemplo, alcançando um teto difícil de ser superado. Sem contar os custos do atendimento, cada vez mais elevados. Modificar efetivamente comportamentos, portanto, era o terreno a ser explorado, e com urgência.
 
Um dos pioneiros na área é o americano Edward Phillips, fundador e diretor do Instituto da Medicina do Estilo de Vida, centro abrigado na Universidade de Harvard, uma das mais respeitadas do mundo. “O estilo de vida deveria ser considerado um sinal vital, assim como a pressão arterial e a temperatura”, defende. Nos Estados Unidos, além de Harvard, outros serviços já dispõem de espaços dedicados à nova especialidade. Entre eles, o Joslin Diabetes Center e a Cleveland Clinic. A primeira instituição é referência mundial em pesquisa e tratamento de diabetes e a segunda, em cardiologia. Na Europa, entidades como a Sociedade Europeia de Medicina do Estilo de Vida agregam pesquisadores de todo o continente.
 
No Brasil, a especialidade começa a ser implantada no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Lá, um time de profissionais da saúde – não apenas médicos, mas também enfermeiros, nutricionistas, psicólogos - está colocando em prática os preceitos da nova área. Eles estão baseados em sólida fundamentação científica, que nada tem a ver com a onda de auto-ajuda barata que tomou conta do mundo nos últimos anos. Há basicamente duas linhas de entendimento e enfrentamento das questões comportamentais associadas às enfermidades. A primeira diz respeito à investigação do peso dos fatores psicossociais. Em relação às doenças cardiovasculares, por exemplo, os mais associados são a depressão, a ansiedade e o estresse.
 
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Os médicos Marcelo Katz (à esq.), Raquel Dilguerian e
Antônio Laurinavicius, do hospital israelita Albert Einstein
Uma pesquisa realizada no Albert Einstein deixou claro o vínculo com a depressão. Em uma análise de 4,2 mil pacientes, 15% manifestavam sintomas depressivos. Após dois anos de acompanhamento, esses indivíduos formavam o grupo de maior incidência de tabagismo, sedentarismo e sobrepeso. “E independentemente da piora dos hábitos e do estilo de vida, a depressão se associou a níveis mais altos de uma proteína que serve como marcador de risco cardiovascular”, explica o médico Antonio Gabriele Laurinavicius, um dos autores do trabalho.
 
Mais recentemente, estudos mostraram a associação das enfermidades cardiovasculares com outros fatores comuns do cotidiano. “Entre eles estão o status da vida conjugal, a situação empregatícia ou o estresse vinculado ao cuidado de um parente enfermo”, explica o cardiologista Marcelo Katz, integrante do time da medicina do estilo de vida do hospital paulistano. Recentemente, pesquisadores da Universidade de Marburg, na Alemanha, divulgaram um estudo no qual comprovam, por exemplo, o peso do estresse no desenvolvimento da diabetes.
 
Eles compararam dois grupos de habitantes da Namíbia, na África: um vivia na zona rural e o outro, na cidade. Os índices de cortisol, o hormônio liberado em situações de estresse, eram muito mais altos entre os moradores urbanos. Além disso, 28% deles tinham a enfermidade já instalada, enquanto apenas 14% dos moradores da área rural apresentavam a doença. “Os resultados sugerem que a instabilidade sociocultural causada pela urbanização contribui para a elevação do risco de desenvolvimento da diabetes”, disse Peter Kann, um dos autores do trabalho.
 
 
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 O economista Franco Faldini, 43 anos, resolveu voltar a treinar depois de  um período em que a atividade ficou em segundo plano por causa do trabalho  e dos filhos. “O desafio era correr uma maratona de 25 quilômetros. Nunca achei  que fosse conseguir”, lembra. “Passei a me exercitar e entrei em um processo  de reeducação do estilo de vida, como mudanças para ter sono melhor, parar  de fumar charutos e de beber”, conta. No processo, ele foi acompanhado de
perto e sempre teve ideia precisa do quanto estava próximo de seu objetivo. “Davam retorno sobre os aspectos em que eu estava indo bem e no  que precisava melhorar. Fiquei muito confiante  e minha motivação aumentou bastante”

 
 
O segundo ponto fundamental da nova especialidade é usar os mais recentes conhecimentos científicos para efetivamente ajudar as pessoas a mudarem seus hábitos. Há recursos interessantes para que a tarefa seja bem sucedida. Um deles é a entrevista motivacional. “Ela parte do princípio de que as pessoas transitam em uma espiral de motivação e ajusta a abordagem ao momento em que elas se encontram”, explica a médica Raquel Dilguerian de Oliveira Conceição, gerente médica do Albert Einstein, unidade Jardins.
 
Outro instrumento imprescindível é a avaliação do perfil de risco que os pacientes têm a respeito da própria saúde. Em geral, a perspectiva é otimista demais. Ou seja, acham que têm menos chance de desenvolver alguma doença do que realmente apresentam. Isso ficou evidente em um estudo realizado pelos especialistas, publicado na revista científica European Journal of Preventive Cardiology. Entre 6,5 mil executivos submetidos a um check-up, 91% daqueles que apresentavam alto risco para doenças cardiovasculares acreditavam possuir risco baixo ou intermediário.
 
A chance verdadeira de manifestar uma enfermidade cardiovascular é medida por duas ferramentas. A primeira é a avaliação da “idade cardíaca”, que indica o estado da saúde cardiovascular naquele momento. A segunda é o Lifetime Risk Score, que projeta os riscos até 85 anos de idade a partir da análise dos fatores pressão arterial, colesterol, diabetes e tabagismo. Quando se sabe o tamanho do problema fica mais fácil entender que é preciso de verdade mudar comportamentos se o objetivo é uma vida mais longa e saudável.
 
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O executivo Alexandre Ferreira, 43 anos, de São Paulo, hoje é um corredor.  Já tem fôlego inclusive para completar uma maratona de dez quilômetros.  Há pouco tempo, porém, era, como ele mesmo diz, um sedentário convicto.  A mudança aconteceu após um check-up a partir do qual se deu  conta de que precisava trocar de hábitos para não adoecer. “E vi que é possível fazer isso sem atropelo e sem me privar de  nada”, conta. Alexandre seguiu as orientações dos especialistas  e começou devagar, pegando gosto aos poucos pela  atividade física e pela dieta mais saudável. 
 
Para evitar que o paciente seja obrigado a visitar vários especialistas, num périplo por consultórios que na maioria das vezes acaba por desestimulá-lo, a medicina do estilo de vida instituiu a figura do coach de saúde. Trata-se de um profissional de saúde que ficará designado para acompanhá-lo. Pode ser o médico, o nutricionista, o psicólogo. É esse profissional que ajuda, por exemplo, na confecção de um recurso batizado de eneágono da saúde. O próprio paciente avalia nove aspectos de sua qualidade de vida – alimentação saudável e vidas pessoal e profissional estão entre elas – no momento atual e coloca, ele mesmo, a meta a ser atingida. O objetivo não pode ser algo muito difícil de ser alcançado. Qualquer pessoa que já tentou fazer uma tarefa muito acima de sua capacidade naquele momento sabe o quanto é frustrante não chegar onde se quer. A tendência, nesses casos, é abandonar todos os esforços e voltar ao ponto zero.
 
O coach também se torna o profissional responsável por acompanhar de perto os progressos e eventuais retrocessos dos pacientes. Ele pode fazer isso com telefonemas constantes, uso de redes sociais, mensagens de whatsapp. Esse auxílio muito próximo é fundamental para que o paciente não pare no meio do caminho, como evidenciou, por exemplo, pesquisa realizada na Queen Mary University of London, na Inglaterra. Os estudiosos constataram que, entre indivíduos que receberam periodicamente mensagens de texto os lembrando de tomar os remédios, 9% pararam completamente de tomar a medicação ou a ingeriram menos do que deveriam. Porém, entre o grupo que não recebeu as mensagens, o índice de abandono dos medicamentos ou de ingestão errada foi de 25%. “Na prática preventiva sabemos que estar ao lado do paciente é o principal fator”, diz a médica Raquel Conceição. “Todas as ferramentas que usarmos para apoiar o paciente em sua decisão valem a pena.”
 
Os conceitos da medicina do estilo de vida começam a ser implementados em novas iniciativas na área saúde e bem-estar. Um dos locais pautados pela abordagem é o Auraclara, em São Paulo, um centro de bem-estar e vida saudável. Ali, quem se matricula em um programa de emagrecimento, por exemplo, estará no centro de uma ação mais abrangente que envolve uma assessoria coletiva de especialistas. Funciona assim: dependendo do caso e das necessidades de cada indivíduo, forma-se um time que se reúne periodicamente para conversar sobre as características e as restrições dos indivíduos que tratam em conjunto. “Além da perda de peso, é necessário incentivar a pessoa a sentir os benefícios do cuidado consigo para a saúde a longo prazo”, diz a empresária Marina Amaral, 30 anos, idealizadora do projeto inaugurado em abril deste ano.
 
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 A nutricionista Roberta Thawana chega a pedir às pacientes
que enviem o cardápio diário por e-mail para avaliação
 
A meta é que o paciente perceba que o olhar de quem está cuidando dele vai além dos sintomas aparentes. “A pessoa precisa sentir que há um interesse genuíno nela dos profissionais que a atendem. Isso ajuda a contar claramente como é a sua rotina e pedir ajuda nos momentos em que dá vontade de desistir”, diz a nutricionista clínica e funcional Roberta Thawana. Ela chega a pedir àquelas com maior dificuldade para aderir à dieta que enviem, por email, o que comeram no dia para avaliar e sugerir mudanças. As reuniões são importantes porque, para essa equipe, as respostas do paciente dependem não apenas do organismo, mas também do meio no qual está inserido, como profissão e família. “A meta é dar suporte para vencer a fase de indecisão e resistência, auxiliar a pessoa assumir a responsabilidade de melhorar seu estilo de vida e vê-la colher os frutos”, diz a professora de educação física e terapeuta corporal Leca Bicalho.
 

Uma nova depressão pós-parto

Como o zika vírus, associado à microcefalia, pode aumentar em 30% o número de mulheres que sofrem de depressão durante e após a gravidez
 
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 A diarista pernambucana, Miriam Pereira, de 40 anos, aceitou uma difícil missão: adotar um recém-nascido com microcefalia. A esposa de seu irmão, Maria das Dores Rodrigues, foi infectada pelo zika vírus durante a gravidez, manifestou diversos sintomas de depressão na gestação e não quis ficar com a filha, Maria Eduarda. Miriam decidiu, então, adotar a criança e assumir a responsabilidade de cuidar de suas necessidades. O fato é mais comum do que se imagina. Moradoras de Olinda, vizinhas de Miriam e também gestantes, apresentaram surtos de ansiedade e irritabilidade com freqüência nos últimos meses. 
 
 “Elas estão muito nervosas e dizem que não querem ter filhos para enfrentar os mesmos problemas que eu”, diz a diarista. O drama dessas mulheres revela outra face da epidemia que assola o País desde o fim do ano passado. O vírus zika pode contribuir para o aumento de casos de depressão no decorrer e após o parto. O problema expõe um ponto central: o governo está pronto para oferecer assistência psiquiátrica às gestantes acometidas pelo vírus? “Ninguém está preparado. Isso pode se traduzir em um problema social grave, porque a comunidade médica ainda desconhece o grau de comprometimento da microcefalia. 
 
E, em alguns casos, pode agravar surtos de ansiedade e estresse durante a gestação”, afirma Artur Dzik, diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Há uma tensão desencadeada pela preocupação com o zika. As grávidas estão em estado de alerta com a epidemia. O medo de que algo aconteça com a criança que está sendo gestada pode causar depressão mesmo que nada tenha ocorrido. De acordo a ginecologista e obstetra coordenadora estadual de políticas públicas para mulheres de São Paulo, Albertina Duarte Takiuti, a estimativa é de 10% de casos de depressão pós-parto, mas o com o zika vírus pode chegar a 30%, ou seja, em cada 10 mulheres, três podem manifestar um tipo de depressão associada à epidemia. 
 
A ansiedade e o estresse gerados em função da preocupação com a saúde do feto pode desgastar mais ainda as gestantes. Em alguns estados do Nordeste foram criados protocolos de atendimento para atender grávidas e mães de crianças que nasceram com microcefalia. No entanto, as equipes multidisciplinares já existentes são consideradas insuficientes para garantir a saúde psicológica das mulheres. “Seria necessário montar centros de referência especializados no atendimento de mulheres grávidas e mães de bebês com malformação cerebral”, explica Dzik. 
 
“Precisamos fazer do zika um aliado para discutir a depressão. 
O silêncio só aumenta o problema.”
Albertina Takiuti, ginecologista e obstetra
 
Segundo o médico, todos os serviços devem estar agrupados para que a mãe não tenha dificuldade de locomoção. A pernambucana Miriam percorre três hospitais ao longo da semana para dar assistência à Maria Eduarda, de três meses. Na AACD, ela faz fisioterapia para estimular a coordenação motora, no hospital Agamenon Magalhães, atividades para tratar a audição e no hospital Altino Ventura, exercícios para a visão. “Duas vizinhas minhas, uma grávida de seis meses e a outra prestes a dar à luz, têm crises de choro e ansiedade o tempo todo.” No final da gestação e no pós-parto, as mulheres ficam mais vulneráveis. 
 
Segundo Dzik, quando os riscos são desconhecidos, como no caso das conseqüências da infecção por zika vírus, o quadro se torna mais angustiante. “Como não há certeza sobre o grau de severidade da microcefalia, as mulheres tendem a apresentar quadros psiquiátricos mais intensos”, afirma. O cenário pode se tornar ainda mais grave nos próximos quatro meses. Isso porque em estados como São Paulo, o zika ainda não atingiu seu ápice. “Não podemos mais remediar”, diz Dzik. Além de causar impactos à saúde da mãe, a depressão associada ao zika também pode interferir no desenvolvimento do bebê. 
 
“A placenta tem dificuldade de filtrar substâncias sanguíneas do estresse e isso é passado para o feto”, explica. “No pós-parto, a amamentação pode ser prejudicada e, em casos mais acentuados, gerar uma aversão ao bebê.” O processo que envolve a gravidez é repleto de temores. “Há uma dor intensa no parto e um grande medo para saber se o bebê vai nascer perfeito”, diz Albertina. A ginecologista afirma que o que era apenas uma fantasia está se tornando uma realidade assustadora. “Todo dia uma mulher me pergunta se deve ou não adiar o projeto de ser mãe.” 
 
A angústia, segundo a obstetra, é o principal fator que leva à depressão. “Mesmo que a criança não nasça com malformação cerebral, no pós-parto conta toda a situação de estresse”. Os profissionais de saúde e a família precisam estar mais bem preparados para ouvir as queixas da gestante e o sistema de saúde público precisa se desenvolver para dar o atendimento esperado a esse público. “A mulher tem que se expressar e ter respostas que a acalmem”, diz ela. A situação de trauma emocional durante a gravidez também acarreta problemas como anemia e hipoglicemia. “Precisamos fazer do zika um aliado para discutir a depressão durante o parto. O silêncio só aumenta o problema.”
 
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Rondônia tem seu primeiro exame de avaliação de recém-formados em Medicina

fotos/image/CREMERO

Apenas 13,4% dos recém-formados em escolas médicas do Estado de Rondônia estariam aptos para exercer a profissão, de acordo com o primeiro Exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de Rondônia (Cremero). Os demais 86,6% não acertaram mais da metade da prova. Rondônia forma, aproximadamente, 300 médicos por ano, sendo que 139 inscreveram-se no Exame do Cremero 2015. Desses, 112 compareceram para realizar a prova, sendo que 86,61% não alcançaram a nota mínima, ou seja, não acertaram 60% das questões. Embora tenha havido 24 inscritos de outros Estados, eles não compareceram para realizar a prova, que foi feita apenas por alunos das três escolas privadas de Medicina existentes em Rondônia: Faculdades Integradas Aparício Carvalho (Fimca), Faculdade São Lucas (FSL) e Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal (Facimed). Os egressos da Universidade Federal de Rondônia (Unir) não participaram porque a formatura aconteceu antes da edição da resolução que instituiu a prova.

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O Exame do Cremero foi realizado no dia 18 de outubro de 2015, em Porto Velho (RO), mesma data do Exame do Cremesp, no qual foi inspirado. Para Cleiton Cassio Bach, presidente do Cremero, a criação dessa avaliação de egressos visa tentar melhorar a qualidade da formação do Médico. “Observamos deficiências, mas não tínhamos dados concretos para apresentar. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) vem realizando esta prova há dez anos, já com resultados de melhoria, pois se consegue observar onde estão as deficiências de cada escola e propor soluções” afirma.
 
Composição da prova
 
A prova aplicada aos graduandos de Medicina foi composta por 120 questões de múltipla escolha. Na análise de itens, no entanto, foram anuladas seis questões e atribuídas como corretas a todos os participantes. Desta forma, das 114 questões válidas da prova, 47 (41%) foram considerados difíceis e 44,7%, de dificuldade mediana, para os participantes. A prova abrangeu as principais áreas da Medicina: Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Pediatria, Ginecologia, Obstetrícia, Saúde Mental, Saúde Pública, Bioética e Ciências Básicas. Para aprovação, o candidato deveria responder corretamente a 72 das questões, o que corresponde a um percentual de acertos de 60%. O Exame foi aplicado pela Fundação Carlos Chagas (FCC) e os critérios e a metodologia foram os mesmos utilizados e validados no Exame do Cremesp.
 
Desempenho por áreas em escolas rondonienses

A média de acertos para o conjunto de áreas de conteúdo foi de 46% por parte dos participantes da prova. As áreas em que eles apresentaram maior dificuldade foram Saúde Pública/Epidemiologia (34,1%), Clínica Médica (36,1%) e Ciências Básicas (38%), com médias abaixo dos 60%.

quadro 2
quadro 2

 
Média de acertos
 
Embora a maioria dos participantes não tenha conseguido obter os 60% de aproveitamento, entre os considerados aprovados, a média de acertos girou em torno de 67,33%, com percentuais muito próximos entre as três escolas médicas.
 
Análise confidencial dos resultados
 
As notas individuais serão encaminhadas confidencialmente a cada participante do Exame do Cremero 2015. As escolas médicas receberão um relatório pormenorizado de desempenho de seus alunos por área do conhecimento, preservando a identidade dos mesmos. Também receberão relatório sobre os resultados do Exame do Cremero, os ministérios da Educação e da Saúde, o Conselho Federal de Medicina, a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, o Ministério Público e os Conselhos Nacionais de Saúde e de Educação.
 
Pela qualidade do ensino
 
“Os resultados do Exame do Cremero indicam uma grave situação no ensino médico, que certamente acarretará problemas para a saúde da população. Rondônia conta com quatro faculdades de Medicina, sendo que nenhuma tem hospital-escola. Utilizam o sistema público de saúde do Estado e dos municípios, de forma precária, o que prejudica o aprendizado e ainda onera o SUS, que já trabalha com poucos recursos” analisa Cleiton Cassio Bach, presidente do Cremero. Em consonância com as necessidades da população, que carece de médicos habilitados para o exercício da profissão, o Cremero defende a realização de uma prova que avalie os conhecimentos desses profissionais antes que ingressem no mercado de trabalho. O despreparo dos profissionais recém-formados, inclusive, resulta no aumento das denúncias de erro médico que chegam ao Cremero. Com a criação da prova, o Cremero pretende contribuir para melhorias na qualidade do ensino médico, tendo em vista o número de escolas a ser abertas. Rondônia conta com quatro escolas de Medicina (uma pública e três privadas), e a previsão é que seja aberta mais uma privada.


Fonte: CREMERO

quarta-feira, 2 de março de 2016

Laboratórios anunciam protótipo de kit para diagnóstico rápido de zika

Parceria entre empresa gaúcha de biotecnologia e três laboratórios estaduais pretende disponibilizar tecnologia a custo baixo ainda em 2016

O pesquisador Fernando Kreutz apresentou o protótipo em coletiva de imprensa 
          Foto: Guilherme Justino / Agencia RBS

 Um teste capaz de detectar se um paciente está na fase aguda ou se um dia já foi infectado por três das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti — vírus zika, dengue e chikungunya — foi anunciado nesta terça-feira em Porto Alegre. A tecnologia ainda está em fase de desenvolvimento, mas os pesquisadores responsáveis esperam que o teste esteja disponível à população ainda neste ano.
 
A principal diferença desse teste em relação a outros capazes de fazer o diagnóstico simultâneo dessas doenças, como o da Fiocruz, que deve começar a ser usado neste mês, está na possibilidade de identificar não só se a pessoa examinada está infectada pelo zika, mas também se ela já registrou a doença. Isso poderia indicar, mesmo ao paciente que não apresentou sintomas, se ele está imune ao vírus — resposta que ainda depende de mais pesquisas.
A novidade foi anunciada pela empresa gaúcha FK-Biotecnologia em parceria com os Laboratório Farmacêutico do Rio Grande do Sul (Lafergs) e Pernambuco (Lafepe), além da Fundação Baiana de Pesquisa Científica e Desenvolvimento Tecnológico (Bahiafarma).
 
— Já dominamos a tecnologia, e agora vamos contar com as amostras disponibilizadas por esses laboratórios para desenvolver o teste. Esperamos que ele seja comercializado dentro de nove meses — estima o diretor-presidente da empresa, Fernando Kreutz, que é médico e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
 
A cooperação com laboratórios públicos pode significar também que os kits serão distribuídos no Sistema Único de Saúde (SUS). A expectativa é que a técnica seja vendida a custo baixo, de cerca de R$ 15 — aproximadamente o preço cobrado pelos testes rápidos do HIV em uso no Brasil.
 
O teste é realizado através da coleta de sangue do paciente, da mesma forma como é feito o teste de glicose. A resposta deve demorar apenas cerca de 15 minutos. Dentro de seis meses, o protótipo deve ser capaz de identificar as doenças e ser enviado para avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 
 
 

ZERO HORA

terça-feira, 1 de março de 2016

Lei nº 5336/2011 - Dispõe sobre a obrigatoriedade do fornecimento do prontuário de atendimento médico na forma que menciona, e dá outras providências.

 
 
 

Legislação - Lei Ordinária

Lei nº5336/2011Data da Lei19/12/2011



O Presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro nos termos do art. 79, § 7º, da Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro, de 5 de abril de 1990, não exercida a disposição do § 5º do artigo acima, promulga a Lei nº 5.336, de 19 de dezembro de 2011, oriunda do Projeto de Lei nº 287, de 2009, de autoria do Senhor Vereador Bencardino


LEI Nº 5.336, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2011


Dispõe sobre a obrigatoriedade do fornecimento do prontuário de atendimento médico na forma que menciona, e dá outras providências.

Art. 1º Ficam as Unidades de Saúde, Públicas e Privadas, sediadas no âmbito do Município do Rio de Janeiro, obrigadas a fornecerem a todos os pacientes, cópia do seu prontuário no ato de comunicação de alta.

§ 1º A cópia do prontuário médico a que se refere a presente norma deverá conter todos os medicamentos destinados ao paciente, bem como a informação precisa de todos os procedimentos que o mesmo foi submetido.

§ 2º O prontuário de atendimento médico deverá ser fornecido pela Unidade de Saúde, ao profissional médico no ato da comunicação de alta, que o repassará ao paciente, familiar ou responsável, mediante recibo.

Art. 2º Fica expressamente proibida a liberação do paciente, sem que o mesmo receba o seu prontuário médico, sob pena de negligência.

Art. 3º Fica expressamente proibida a cobrança de qualquer quantia para a emissão de cópia do prontuário de atendimento médico.

Art. 4º O Poder Executivo regulamentará a presente Lei, definindo as sanções cabíveis no caso de seu descumprimento.

Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.


Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em 19 de dezembro de 2011

 
Vereador JORGE FELIPPE
Presidente