segunda-feira, 1 de março de 2021

Bebê morre por falta de oxigênio durante transferência entre hospitais a 21 km de distância

 

De acordo com a mãe, enfermeira não conseguiu fazer com que equipamento de oxigênio funcionasse durante a viagem. Prefeitura do interior de SP nega que equipamento não estivesse funcionando.

Isadora Lorena Ribeiro Mota, de 2 anos, morreu sem oxigênio durante transporte entre hospitais

Uma bebê de 2 anos morreu após um tanque de oxigênio falhar dentro de ambulância durante uma transferência entre hospitais do interior de São Paulo. Acompanhada da mãe, a pequena Isadora Lorena Ribeiro Mota ficou sem o auxílio do equipamento entre a Unidade Básica de Saúde de Sete Barras e o Hospital Regional de Registro, que ficam a 21 quilômetros de distância um do outro. A Prefeitura de Sete Barras nega que oxigênio não tenha funcionado.


Ao G1, nesta sexta-feira (12), a dona de casa Ana Lucia Ribeiro contou que a filha, por volta das 4h30 da última sexta-feira (5), acordou passando mal. Preocupados, ela e o marido levaram a menina para a UBS de Sete Barras, no Centro da cidade. Lá, ela passou por exames de sangue e raio-X, de acordo com a mãe.


Isadora também sentiu falta de ar e foi colocada para respirar com o auxílio de oxigênio. O exame de sangue apontou anemia, e o médico optou por transferi-la para o Hospital Regional de Registro, cidade vizinha, onde ela teria um maior suporte médico.


Por volta das 8h40, a transferência foi liberada. Mãe e filha foram de ambulância para o hospital na outra cidade, que fica a cerca de 21 quilômetros de distância. No entanto, no meio do caminho, Ana Lucia percebeu que a filha estava ficando com a boca roxa.


"Perguntei para a enfermeira se o oxigênio estava ligado, ela saiu do meu lado e viu que não estava. Tentou mexer [para ligar], mas não conseguiu. Então, ela perguntou ao motorista se dava para ele parar a ambulância. Ele disse que não, e começou a dirigir mais rápido", conta.


A enfermeira, ainda segundo a dona de casa, ligou para uma colega da UBS perguntando sobre o que poderia fazer para ligar o oxigênio. Mesmo assim, ela não teve sucesso, e o motorista aumentou a velocidade para chegar o mais rápido possível ao hospital.


A chegada à unidade foi marcada pelo desespero, de acordo com a mãe. Com a menina sem conseguir respirar, Ana Lucia diz que viu os membros dela se contorcerem, e a temperatura do corpo cair. A enfermeira abriu as portas da ambulância pedindo urgência, e uma equipe médica apareceu para pegar Isadora.


"Se passaram 20 minutos e ela não voltou", disse Ana Lucia. "Uma médica apareceu e disse que minha anjinha já não estava mais aqui, que eles tentaram de tudo. Teve uma parada cardiorrespiratória".

Irmão de bebê publicou desabafo da mãe nas redes sociais

Prefeituras


O Hospital Regional de Registro (HRR) esclareceu, por nota, que a menina chegou em óbito e não respondeu às tentativas de reanimação prontamente realizadas pela equipe pediátrica da unidade. Além disso, afirmou que é responsabilidade do serviço de origem estabilizar qualquer paciente antes de uma transferência e transportá-lo em condições adequadas.

O G1 também entrou em contato com a Prefeitura de Sete Barras, responsável pela UBS. A Secretaria de Saúde confirmou que a menina deu entrada às 4h59 na unidade de saúde e foi atendida pelo médico plantonista, que solicitou exames.

Às 6h22, segundo a pasta, Isadora foi incluída na Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross), sendo aceita às 8h25 no HRR. No caminho, a técnica em enfermagem que acompanhava a menina ligou para pedir orientações sobre o oxigênio, foi orientada e verificou que estava funcionando, segundo a secretaria.

A pasta ainda afirma que apenas no estacionamento do hospital de Registro a técnica em enfermagem verificou que a menina estava em parada cardiorrespiratória, descendo da ambulância e pedindo ajuda.


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