segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Família vai processar hospital por morte de lavrador com suspeita de febre amarela

Os familiares acreditam que a morte poderia ter sido evitada, se não houvesse demora na remoção de Cleitson Firmino Santana para a UTI do Hospital São José
 
 
 
A família do lavrador Cleitson Firmino Santana, 34 anos, morador de Córrego Ubá, em Lajinha de Pancas, distrito de Pancas, que morreu na última segunda-feira (23) com suspeita de febre amarela, no Hospital São José, em Colatina, disse que pretende entrar com um processo contra o Hospital Silvio Avidos por negligência no atendimento e demora na remoção do paciente para a UTI do Hospital São José.
 
Segundo o irmão Cleber Firmino Santana, Cleitson deu entrada duas vezes no Hospital Silvio Avidos com dores no corpo e febre alta, mas depois de fazer exames, foi medicado e liberado. Somente na terceira vez que o paciente foi ao Hospital, é que foi constatada a necessidade de internação. “As plaquetas dele estavam muito alteradas e ele estava debilitado”, disse.
 
No domingo (22), a família precisou pagar por uma UTI móvel porque, de acordo com o irmão, no Hospital Silvio Avidos não havia UTI disponível. Quando chegou ao Hospital São José, também em Colatina, os médicos informaram que o estado de saúde de Cleitson era gravíssimo. No dia seguinte, ele morreu e foi sepultado na terça-feira (24), no Cemitério Municipal de Lajinha de Pancas.
 
Em nota,a direção do Hospital Estadual Silvio Avidos disse que se solidariza com a família e informa que prestou assistência ao paciente desde a primeira entrada na unidade, no dia 15 de janeiro. No dia 20, Cleitson retornou à unidade e foi internado devido à gravidade do quadro clínico. A direção está à disposição dos familiares para demais esclarecimentos.
 
Já o diretor do Hospital Maternidade São José, Wallace Aguiar de Medeiros informou também por meio de nota que admitiu na segunda-feira (23) na Unidade de Terapia Intensiva Adulto o paciente apresentando quadro clínico inicial de cefaleia, febre, hiporexia e dor muscular difusa há uma semana.
 
"Paciente admitido em grave estado geral, sendo interrogada doença de febre amarela pelo quadro clínico e dados epidemiológicos (morador de zona rural, área com história de Epizootia – primata morto). O paciente foi notificado para a vigilância epidemiológica, vindo a óbito no dia 23/01/17 às 16h15. O corpo foi encaminhado para o Serviço de Verificação de Óbito (SVO) da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para maiores investigações".
 
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou por meio de nota que recebeu 21 notificações de suspeita de febre amarela, sendo um caso confirmado e três óbitos sob investigação, com quadro indicativo também de leptospirose, febre maculosa, dengue e outras doenças com sintomas semelhantes.
 
TRISTEZA E REVOLTA
 
Ainda abalado com a morte do irmão, Cleber Firmino de Santana, 32 anos, acredita que a demora na remoção de Cleitson para a UTI tenha agravado seu estado de saúde.
 
Cleber Firmino Santana acredita que a morte do irmão poderia ser evitada
Foto: Brunela Alves
 
 
O que aconteceu com seu irmão?
 
Ele estava passando muito mal. Sentia dor no corpo e febre alta, mas quando foi no hospital eles apenas fizeram alguns exames, deram uma medicação para dor e ele foi liberado.
 
Por você acha que ele morreu?
 
Por negligência do Hospital Silvio Avidos. Eles demoraram muito a interná-lo. Eu tenho certeza que a morte dele poderia ser evitada se tivessem transferido ele logo para a UTI do Hospital São José. Por isso, vamos entrar com um processo contra eles.
 
Houve demora na remoção para outro hospital?
 
Sim, disseram que não tinha UTI móvel no Silvio Avidos para levá-lo. O Hospital São José já estava com a UTI preparada para receber ele. Então, nós tivemos que pagar R$600 para a UTI particular levar ele. Disseram que ele estava bem, mas já na ambulância ele não me reconhecia mais.
 
E depois da transferência?
 
Os médicos disseram que o estado de saúde dele era grave e deveriam ter transferido ele antes.
 
Vocês já sabem a causa da morte?
 
Ainda não, há suspeita de febre amarela e dengue hemorrágica. Agora, fica a angústia de tentar saber o que é, até para alertar a população.
 
 

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