sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Índios do Vale o Javari denunciam serviço de saúde precário; duas crianças já morreram





Indígenas denunciam descaso com o atendimento à saúde na região do Vale do Javari, no Amazonas. Neste mês de janeiro, duas crianças do povo Kanamari morreram após vômitos e diarreia.
 
Mais de 60 indígenas ocuparam o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), na cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas.
 
Todah Kanamari explica o porquê da ocupação.

“Falta de medicamento, falta de logística, o combustível [que também falta]. Mesmo que tenha dinheiro no Dsei, colocam dificuldade para o povo. O pessoal de Brasília que não libera recurso, inventam né”, disse o índio Kanamari.

Os índios também reclamam da falta de respeito às tradições de cada povo pelos profissionais de saúde.
 
O geógrafo Victor Gil, que atua no Programa Javari, do Centro de Trabalho Indigenista, acompanha a situação na região e destaca que historicamente essas populações têm sofrido pela falta de atendimento adequado.

“A maioria dos óbitos nos Kanamari nos últimos anos tem sido com crianças. Então os Kanamari sempre registraram uma alta taxa de mortalidade infantil. Os índices são comparáveis a países com praticamente uma inexistência de políticas de saúde. São índices bastante altos, sempre tiveram.”

Nessa terça-feira (23), o deputado estadual Sidney Leite  (Pros) acionou o Ministério Público Federal (MPF) no estado pedindo investigação do caso.

O deputado também deve questionar o Ministério da Saúde sobre verbas destinadas à região.

“Estou juntando documentos para pedir informações de repasses de recursos como, também, prestação de contas junto ao Ministério da Saúde.”

O Ministério Público Federal em Tabatinga confirmou que recebeu representação do deputado. Disse que já está acompanhando o caso desde a semana passada, quando esteve reunido com a coordenação do Dsei Vale do Javari e, posteriormente, com indígenas.

O MPF está definindo data para ida ao município de Atalaia do Norte e também está articulando uma reunião conjunta com a Sesai, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) em Tabatinga, que deve ser realizada ainda este mês.
 
Em nota, o Ministério da Saúde esclarece que desde o início da ocupação, a SESAI, Secretaria Especial de Saúde Indígena, está acompanhando a mobilização e se comunicando com as lideranças da região.
 
Também afirmou que desde que tomou conhecimento da ocupação, a pasta está preparando materiais com informações que vão auxiliar no atendimento das demandas dos indígenas.
 
Informou ainda que cerca de 41% das crianças indígenas do Vale do Javari com menos de cinco anos são acompanhadas pela vigilância alimentar e nutricional e que em novembro de 2016 lançou um programa para reduzir o adoecimento e as mortes infantis por causas preveníveis.

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