Médico é afastado por suspeita de negar atendimento para ficar na internet em Rio Claro |
Um médico que fazia plantões na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da Avenida 29, em Rio Claro (SP), foi afastado das suas funções, nesta segunda-feira (8), após a denúncia de que ele teria deixado de atender pacientes para ficar navegando na internet.
Segundo a babá Fernanda Pereira Guedes, que registrou um boletim de ocorrência contra o médico, ele se recusou a atender os pacientes durante seu horário de plantão na noite de sexta-feira (5) para ficar na web.
O prefeito de Rio Claro, João Teixeira Junior, o Juninho da Padaria (DEM), determinou o afastamento do médico até que os fatos sejam apurados.
Sem atendimento
Fernanda disse à polícia que foi até a UPA da Avenida 29, na noite da sexta-feira (5), ver os resultados dos exames que havia feito pela manhã do mesmo dia. No local, ficou sabendo que havia um médico de plantão, mas que ele não estava atendendo as pessoas, pois estava navegando na internet.
“Eu fui falar com ele e ele questionou quem eu era e o que eu seria para estar falando com ele daquela maneira, que quem tinha formação ali era ele e não eu, e que eu deveria esperar que quando ele quisesse me chamaria para ser atendida”, relatou.
Depois disso, Fernanda contou que o médico discutiu com a enfermeira da triagem, dizendo que a culpa daquilo ter acontecido era dela. “Ele falou que se ela não liberasse o pessoal para entrar, ninguém fazia isso, se referindo à discussão e ela respondeu que ele estava de plantão e que deveria atender o pessoal”, acrescentou.
“Aí ele foi grosso, estúpido, falou o que quis e eu não deixei por menos, chamei mesmo as autoridades, entrei em contato com vereadores, secretários, afinal de contas o pagamento dele sai do bolso da gente”, disse.
Navegando na internet
Na ocasião, Fernanda tirou fotos da tela do computador que o médico usava. “Eu acho que era um site internacional por conta do conteúdo, eram notícias sobre o Donald Trump, algo assim”, revelou.
A paciente acionou a Polícia Militar e registrou um boletim de ocorrência no sábado (6) pela manhã. Além disso, ela fez uma publicação nas redes sociais, denunciando o episódio.
“Algumas pessoas me chamaram no bate-papo e não é a primeira vez que isso acontece. O problema é que o povo tem medo de denunciar e comigo não tem muito essa. Ele fez um juramento, tem que manter a palavra dele, não gastou dinheiro do pai e da mãe dele em uma faculdade para tratar o povo como lixo, eu, pelo menos, não vou ser tratada como lixo em lugar nenhum”, desabafou.
Afastamento e sindicância
Após o ocorrido, a Fundação Municipal de Saúde de Rio Claro disse, em nota, que solicitou à empresa que presta serviços nos plantões médicos a substituição do profissional na escala de trabalho até que se apurem os fatos e que se for comprovada a negligência médica, irá tomar as medidas administrativas cabíveis.
O afastamento se deu amparado em lei municipal que proíbe o uso de celulares e outros meios eletrônicos para uso recreativo por profissionais de saúde durante o expediente.
Procurado, o Cremesp informou que abriu uma sindicância para averiguar o caso e que se forem constatados indícios de infração ética, instaura-se um processo ético-profissional. A apuração leva, em média, de seis meses a dois anos para ser concluída.
O G1 procurou a empresa contratada pela prefeitura para realizar os plantões nas UPAs da cidade e com o médico denunciado, mas não conseguiu contato até a publicação desta reportagem.
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