sexta-feira, 24 de abril de 2015

Pacientes com câncer têm de tirar olho por falta de equipamento no SUS

Hospital São Paulo é o único do Brasil que faz a cirurgia pelo SUS, ferramenta que custa R$ 70 mil não é reposta há dois anos

Um equipamento chamado placa de braqueterapia, que custa R$ 70 mil, pode ser considerado a salvação para pacientes diagnosticados com câncer no olho. O problema é que no Hospital São Paulo, único lugar do Brasil que faz a cirurgia por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), a ferramenta não é reposta há dois anos, obrigando os médicos a retirarem o órgão de pacientes.
 
Placa tem duração de um ano e não é reposta há dois ano no hospital São Paulo
Placa tem duração de um ano e não é reposta há dois ano no hospital São Paulo

 
Importada da Alemanha, a placa funciona por um ano e pode atender até 50 pacientes neste período, segundo o médico Rubens Belfort Neto, chefe do setor de oncologia ocular da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), responsável pelo Hospital São Paulo e a Escola Paulista de Medicina. “A gente briga, mas a resposta é que o hospital não tem dinheiro”, explica Belfort Neto.
 
Segundo o médico, nestes dois anos os pacientes que recebem diagnóstico positivo para tumores malignos no olho precisam necessariamente passar pelo trauma estético e psicológico de ficar cego.
 
“Nós resolvíamos o problema do Brasil inteiro porque éramos o único hospital que fazia esse tipo de tratamento pelo SUS [Sistema Único de Saúde]. Agora nenhum Estado faz e estamos tendo de tirar o olho de todo mundo porque o hospital não tem dinheiro”, diz Belfort Neto.
 
O oncologista explica que a placa tem o tamanho de um botão. Costurada ao olho do paciente, ela imite um feixe de radiação especificamente no tumor, evitando lesões no cérebro.
 
“Para evitar a retirada do olho, o único tratamento é com essa placa. Ela é colocada por meio de uma pequena cirurgia. O paciente fica com ela em média dois dias e, quando é retirada, o tumor já está tratado”, afirma Belford. “A placa dura um ano e serve para tratar, em média, um paciente por semana, cerca de 50 por ano”.
 
 

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