Num momento de crise como o atual, lutar para fortalecer o Sistema Único de Saúde é obrigação de quem usa e trabalha nele. Muitos já deixam planos privados para se juntar à maioria que só depende do serviço público. Isso é, a rede tende a ficar mais lotada quando faltam recursos para sua sustentação. O SUS, mas do que nunca, precisar estar inteiro, bem financiado e administrado para socorrer a todos. O melhor espaço para defendê-lo são as conferências de saúde, momento legítimo de reunião dos usuários, trabalhadores e gestores. Pena que muita gente desperdiça tempo e ocasião. Parece ter sido assim na 8ª Conferência Estadual de Saúde realizada entre 7 e 9 de outubro e de onde participantes mais experientes contam ter saído frustrados com as brigas para viajar a Brasília por interesse pessoal, e não exatamente para defender o SUS na conferência nacional, prevista para dezembro. Também se queixam da desorganização do processo causada por alguns delegados (eleitos para a discussão). Uma nova plenária vai acontecer nos dias 19 e 20 para completar o que a Conferência Estadual não fez em três dias, que era sugerir caminhos e soluções. Na prática, o País que vive um processo de redemocratização desde o final dos anos de 1980 ainda têm muito a aprender sobre o real exercício da cidadania e controle social, no momento em que muitos direitos conquistados em lutas históricas, por outras gerações, nessas últimas décadas, estão ameaçados por condutas e pensamentos conservadores na própria sociedade e poderes, principalmente nas casas legislativas. Leia o que Vera Baroni, homenageada na Conferência Estadual por sua trajetória de defesa do SUS e do direito dos excluídos, disse no segundo dia do evento, ao ser entrevistada pela Mais Saúde:
JC – Como avalia o momento do SUS e a participação social?
VERA BARONI – Ainda não conhecemos a plenitude do SUS e vivemos momento preocupante, pela gestão terceirizada na rede estadual. O SUS foi construído numa ética do direito à saúde que não pode acolher a mercantilização. É vergonhoso o que acontece com a saúde em Pernambuco. O Estado está quebrado, com serviços desabastecidos e trabalhadores em estado de tensão. Os movimentos sociais precisam se fortalecer. Muitas pessoas fizeram o jogo do poder e outras não se dão conta do que é fazer o real controle social.
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