Método injeta gás em paciente; caso é investigado pela polícia e pelo CRM.
A mulher que morreu após uma endoscopia em uma clínica do Sudoeste, no Distrito Federal, no último dia 19, teve uma hemorragia provocada por uma lesão no fígado, aponta o laudo do Instituto Médico Legal (IML). Os peritos aguardam outros exames para indicar se essa foi a causa da morte e se o problema ocorreu durante o procedimento.
Jaqueline Ferreira de Almeida, de 32 anos, se submeteu a uma técnica que injeta uma substância no estômago de pacientes que já se submeteram à cirurgia bariátrica mas voltaram a ganhar peso. O procedimento é feito em ambulatório e costuma ter recuperação rápida.
“Na verdade o laudo mostra que houve no minimo imperícia, negligência, imprudência com grave erro medico e aponta também situações onde a causa mortis da Jaqueline poderia ter sido identificada a tempo de um socorro eficaz”, afirma o advogado da família, Renato Borges Rezende.
“Na verdade o laudo mostra que houve no minimo imperícia, negligência, imprudência com grave erro medico e aponta também situações onde a causa mortis da Jaqueline poderia ter sido identificada a tempo de um socorro eficaz”, afirma o advogado da família, Renato Borges Rezende.
Jaqueline era casada e tinha uma filha de 1 ano. Segundo o marido dela, Valderi Brito, a paciente ficou 12 horas na clínica até ser transferida para uma emergência de hospital. Ela morreu horas depois.
“Não tomaram atitude nenhuma com relação ao que estava acontecendo. As pessoas ligavam umas para as outras. Eu, totalmente leigo, só olhava e confiava que tava tudo bem.”
“Não tomaram atitude nenhuma com relação ao que estava acontecendo. As pessoas ligavam umas para as outras. Eu, totalmente leigo, só olhava e confiava que tava tudo bem.”
A família chegou a questionar o médico, Lucas Seixas, sobre possíveis erros durante o procedimento. Segundo Brito, a resposta foi de que a paciente não expelia o gás injetado.
A reportagem da TV Globo não conseguiu contato com o médico no consultório nem no celular dele. Anteriormente, ele disse que fez tudo o que estava ao alcance.
O marido afirma que os exames da mulher estavam em dia. "A gente quer esclarecimentos, buscar o que realmente aconteceu. Por que se demorou a dar um atendimento, uma atenção maior ao caso dela?"
O caso foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), que investiga a morte. O Conselho Regional de Medicina (CRM-DF) também apura o que houve. A direção do conselho não se pronunciou, alegando sigilo na apuração. A Justiça analisa a morte de outra paciente do mesmo médico, em situação semelhante.
Ligação gravada
O marido de Jaqueline disse que questionou o médico enquanto Jaqueline ainda estava na UTI. No telefonema, gravado pela família, Seixas afirma que só descobriu um rompimento no intestino da paciente quando chegou ao centro cirúrgico.
"O intestino ficou tao distendido, tão distendida a barriga assim, que aquele ponto, naquele ponto não aguentou e [faz um som para indicar o rompimento], para aliviar [...] Eu acho que estava muito distendido, todinho, e possivelmente deve ter rompido do final da tarde para cá. [...] Eu só esperei ressuscitar e fui para o centro cirúrgico. Não sabia onde era. Mas sabia que tinha um problema", consta no áudio.
"Me desculpe, eu não queria que isso fosse assim não. Queria que ela estivesse hoje com você, sua filha. Eu vou fazer o possível. Mas assim, eu não posso fazer mais do que eu tenho conhecimento. Estou arrasado, arrasado", afirma Seixas em outra parte da ligação. Naquele momento, Jaqueline ainda estava viva.
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