terça-feira, 25 de abril de 2017

Paciente espera 4 anos e sai de cirurgia na coluna com braços e pernas paralisados

Família irá acionar Justiça por suposto erro médico

Izabela Sanchez // fotos: divulgação/Whatsapp


A aposentada Rosângela Freire de Carvalho Moraes, 55, estava radiante aquele dia. Como das outras 7 vezes que chegou a marcar a cirurgia de hérnia de disco – a discopatia cervical e lombar – ela mal dormiu, ansiosa. Uma ansiedade que se arrastou por 4 anos. Desde 2013, ela lutou na justiça para conseguir que o governo de Mato Grosso do Sul e o Município de Corumbá – a 444 da Capital – custeassem o procedimento. Por 4 anos ela aguentou as dores e tentou tratamentos. No dia 28 de março, no entanto, bastaram 2h e meia de cirurgia para que ela ficasse com o corpo paralisado.
 
Quem conta a história é a filha dela, Vanessa Dias, 34, diarista. Vanessa teve que deixar os 5 filhos em Corumbá e ‘correr’ com a mãe em uma ambulância aérea, para Campo Grande. Rosângela está hoje, internada na Santa Casa de Campo Grande, na ala B, setor de neurologia, diagnosticada com tetraparesia, quando a pessoa tem perda parcial dos movimentos dos quatro membros. Hoje, Rosângela só mexe o braço direito. Vanessa quer acionar a Justiça novamente, dessa vez, por erro médico.
 

4 anos para conseguir operar

 
Rosângela, representada pela Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, ingressou com ação com ‘pedido de obrigação de fazer’ em 2013. No dia 3 de dezembro de 2013 o juiz acatou o pedido, obrigando o município de Corumbá a custear o procedimento. À época, estimava-se, nos autos que o custo era de R$ 15 mil.
 
No dia 18 de dezembro de 2013, segundo o município, ela foi avaliada pela médica Marina Silva Juliana, que encaminhou para o agendamento no HU (Hospital Regional) em Campo Grande. A partir de 2014, o município começa a ser multado por não ter cumprido a sentença judicial. No dia 30 de julho 2014, Corumbá já acumulava multa judicial de R$ 3 mil.
 
O caso de Rosângela escancara diversos problemas da saúde pública: a falta de estrutura do SUS (Sistema Único de Saúde) em Mato Grosso do Sul, o descaso com a vida das pessoas carentes e a possível falta de responsabilidade da classe médica.
 
A paciente, conforme indicam os autos, deveria ter sido encaminhada para cirurgia no Hospital Regional, onde realizou exames com o ortopedista Dr. César Augusto Nicolatti. O que não ocorreu, pois o local, à época, não tinha materiais necessários. Assim pontuou a defensoria:
 
“A Defensoria Pública Estadual entrou em contato com a parte exequente, e esta informou que compareceu à consulta com o Dr. César Augusto Nicolatti, sendo por este informado que não realizará a cirurgia, conforme a sentença de mérito de fls. 86-89, pois, atualmente não existem materiais disponíveis para o procedimento cirúrgico. Desta forma, o Município de Corumbá/MS quedou -se inerte, não cumprindo voluntariamente a sentença”
 
No dia 15 de maio 2015 o médico Cesar Nicollati enviou pedido para fazer novos exames na paciente, já que a cirurgia indicada era baseada em exames realizados há meses. Rosângela esperava, enquanto o município era multado, o HR não possuía materiais e o médico que poderia operá-la pediu exoneração.
 
Assim alegou o município em maio de 2015. “Município não conseguiu contratar um Neurocirurgião que aceitasse fazer o procedimento cirúrgico em face da complexidade do mesmo e da grande possibilidade da autora ficar tetraplégica caso a cirurgia não obtenha sucesso”.
 

Surge um médico

 
Foi então que Rosângela conheceu o médico ortopedista de Corumbá, Tiago André Andrade de Oliveira Bueno, que se comprometeu a realizar a cirurgia. Novamente o processo se arrasta. O médico chegou a ser intimado diversas vezes, judicialmente, para que realizasse a cirurgia. Vanessa afirma que a mãe chegou a preparar-se para operar com o ortopedista 7 vezes.
 
“Por fim, relatou que o Dr Tiago André Andrade de Oliveira Bueno só vai realizar todo o seu tratamento de saúde, após a transferência da outra metade do valor de 60 salário mínimos”, cita a Defensoria, em dezembro de 2016.
 
O médico teria recebido, conforme os autos, mais de R$ 58 mil para realizar o procedimento. O processo afirma que só os materiais “custariam” R$ 22 mil. Vanessa alega que ele recebeu R$ 70 mil. A demora? Conforme a diarista, “os materiais nunca chegavam”.
 
“Ele acabou com a minha vida. A minha mãe começou a ir com ele e ele falou pra mim: olha, nós precisamos fazer uma cirurgia na sua cervical e na lombar e com essa cirurgia, a senhora vai fazer, vai ficar uns 10, 15 anos sem dor. Aí eu te falo: você está com dor, se te falam que vai fazer uma cirurgia dessa e vai passar, você não vai fazer? Minha mãe desesperada com dor. Ela marcou 7 vezes para operar ela e não operava. Primeiro ele marcava na clínica Samec, pra ela internar. Ele internava ela, por exemplo, falava: ‘dona Rosângela, a senhora interna 12h, em jejum, e lá pra umas 14h, 15h, a gente opera’. Minha mãe ia de jejum e passava nervoso uma noite antes, e nada. Chegava lá, a secretária dele e falava: ‘de novo?’”, conta Vanessa.
 
O MPE (Ministério Público Estadual) chegou a se manifestar da seguinte forma no processo: “Não obstante, o fato de ter o profissional médico recebido quantia em dinheiro e não realizado o respectivo tratamento médico-cirúrgico a que havia se comprometido traduz a prática, em tese, do crime de apropriação indébita qualificada, nos termos do artigo 168, 1º, inciso III, do Código Penal1, delito esse que não é considerado de menor potencial ofensivo, fugindo à competência deste Juizado Especial Criminal e, consequentemente ,também das atribuições legais deste signatário”.
 
No dia 28, no entanto, Rosângela foi internada na Santa Casa de Corumbá. O hospital está sob intervenção municipal, a administração de Corumbá é a responsável pela administração do local. O procedimento, no entanto, apenas foi custeado pelo poder público, mas ficou sob responsabilidade do médico, que conseguiu autorização para operar a paciente, ficando responsável pelos materiais e pela condução do procedimento.
 
“Aí dia 28 era pra ela entrar 12h, e nada dele chegar, 14h e pouco da tarde que ele chegou. Era pra ser uma cirurgia de 6, 7h, conforme ele ele falou. 2h e meia acabou a cirurgia. Ele saiu lá, falou pra mim: ‘olha, deu tudo certo, foi um sucesso, só estamos esperando a anestesia dela’. E aí ele veio com ela, só com um colete que ele mandou comprar. Aí ele falou: ‘viu ó, ela tá bem e anestesiada’. Ela tava muito anestesiada, mas tava acordada, mas eu não vi ela mexer nada [sic]”, relata Vanessa.
 
Santa Casa em Corumbá (Luiz Alberto)
 
Vanessa conversava com a mãe. “Eu falei: ‘mãe, eu estou aqui tá, não vou embora, enquanto a senhora não acordar bem eu vou estar aqui fora’. Daqui a pouco, ela começou meio que engasgar ou querer vomitar. Eu chamei a enfermeira, a enfermeira de longe falou: ‘não, ela está voltando da anestesia’. Aí ela continuou, aí eu pensei não, não está normal. Aí eu chamei outra, aí a máquina já começou... aí ela teve uma parada, aí mandou a gente sair, socorreram ela. Aí outro médico saiu depois e falou pra mim: olha, foi grave, ela teve uma parada, mas já está estável. No outro dia de manhã, cedo, eu fui pra lá. Eu entrei no CTI sem passar um álcool na minha mão, por uma luva, do jeito que entrou aqui ficou. E o outro médico, de plantão, falou: olha, é grave, ela teve uma parada, e no momento ela está tetraplégica. Aí eu falei: tetraplégica? Aí ele falou: fala com o médico que operou ela, pra ver o que aconteceu. Aí fui lá na clínica atrás dele. Fui lá e falei: ‘Dr, o que está acontecendo com a minha mãe? Minha mãe está tetraplégica, está sem movimento nenhum’.
 
Vanessa afirma que Tiago viu a paciente e afirmou ‘ah, mas tudo bem, ela vai recuperando aos poucos’. “Quando foi no outro dia cedo, ligaram pra mim em casa. ‘Desce a família, vem aqui. Falei: ‘pronto, tem alguma coisa’. Aí o Dr falou pra mim: você vai ter levar sua mãe urgente para Campo Grande”.
 
Aí eu falei: Dr., minha mãe tem que ir urgente para Campo Grande, o que está acontecendo? Ele respondeu: ‘Não, eu vou avaliar. Não, eu vou atender’. Falei, não, você vai ver minha mãe, agora e foi. Do jeito que estava suado, entrou no CTI, aí veio de lá e falou: não, ela está bem, ela está mexendo as pernas, ela vai só pra Campo Grande só para fazer a ressonância”.
 
Vanessa afirma que o médico culpa a CTI (Centro de Terapia Intensiva) da Santa Casa em Corumbá, no momento em que Rosângela foi ‘entubada’, pela paralisia. A equipe médica da Santa Casa de Campo Grande não quis comentar o quadro clínico de Rosângela. Vanessa, no entanto, revela que o chefe da equipe em Campo Grande acusa erro médico durante a cirurgia.
 
“Ele [Tiago] falou assim pra mim: ‘essa cirurgia eu faço como se fosse jogar bola’”.
 

E agora?

 
Agora, a Santa Casa de Corumbá instalou uma sindicância para investigar o caso e a Defensoria Pública já começou a agir. Conforme explicou o defensor Vagner Fabricio Vieira Flausino, médico e hospital podem responder na esfera criminal.
 
“Nós estamos estudando primeiro, levantando as informações a respeito do porquê da cirurgia, que a princípio não oferecia risco, acabou se tornando uma cirurgia irreversível para ela. De onde eu sei, a situação hoje da Rosângela, de paralisia total, se deu em razão da cirurgia”, afirmou.
 
“Na verdade, assim, o município, depois que tinha a obrigação de fazer, especialmente cirurgia, o município e o Estado, que eram os demandados, tinha um prazo pra cumprir, não foi cumprido, entramos com o cumprimento de sentença, foi feito o bloqueio judicial e o orçamento apresentado pela dona Rosângela foi através desse Tiago e depois disso teve algumas complicações no processo, aí eu não posso citar com detalhes, porque pode ser que atinja a área penal. Está tudo muito novo, muito recente, nós estamos avaliando, essa questão de informações, prontuário médico”, esclareceu ele.
 
Presidente da Junta Interventora que administra a Santa Casa de Corumbá, o médico Antônio Sabatel não quis comentar o suposto erro médico “por questões éticas”, mas está à frente da Sindicância que apura a questão no hospital.
 
Questionado sobre a habilitação do hospital para realizar procedimentos de alta complexidade, ele afirmou que “tem cirurgias aqui que eles fazem, depende da cirurgia, tem umas que requerem às vezes uma aparelhagem mais sofisticada, mas a maioria a gente faz. Eu sou médico, e aqui nós temos um neurocirurgião, só que ele não opera mais, parou de operar, por decisão dele. Ele fez uma cirurgia nesse nível aí há uns 20 anos, mas ele fez aqui e se saiu bem, não sei o que houve, nós estamos investigando”.
 
“Olha, é difícil eu falar, eu sou médico, fica chato falar, mas a gente tem que investigar primeiro, desde os primeiros passos, desde o início o que aconteceu, desde a entrada dela no hospital. E as pessoas questionam, ah, o hospital, tem autorização, na verdade, o médico é o responsável pelo paciente, o responsável maior pelo paciente é o médico, então”.
 
“Eu considero, eu acho que ela [cirurgia] é de alta complexidade, porque você tem que ter um preparo. Não é qualquer ortopedista, vamos supor, que opere isso aí. Aí não sei nesse caso qual a formação do colega, é ortopedista, tem ortopedista que opera a coluna, e outros não”, complementou.
Enquanto a questão é apurada, Vanessa está em Campo Grande acompanhando a mãe, mas além de tudo, sofre por não ter condições financeiras, já que a saúde de Rosângela demanda cuidados todo o tempo.
 
“Minha mãe entrou andando e rindo, e agora minha mãe não vai sair da cama. Eu sou sozinha, tenho 5 filhos pequenos, deixei lá, o que eu faço da minha vida? Eu não estou tendo assistência alguma. Ele [médico] teve a coragem de me ligar uma vez. E o hospital, como o hospital autorizou a fazer essa cirurgia lá, se não tem estrutura para isso? Até os médicos de lá falaram: ‘mas vocês fizeram uma cirurgia de coluna aqui’?”.
 
O jornal Midiamax ligou para Tiago, mas as ligações caíram na caixa postal. A reportagem ligou para a clínica onde ele trabalha em Corumbá, a Samec, e a recepcionista informou que o médico está fora do país, em viagem, e só volta “em meados de maio”.
 
 

domingo, 23 de abril de 2017

Paciente de UBS registra queixa contra ginecologista, em Mogi Guaçu




 
Um ginecologista de uma unidade básica de saúde de Mogi Guaçu, está sendo investigado pela Policia Civil, por suspeita de estupro praticado contra pacientes. A denuncia foi registrada por uma dona de casa na Delegacia de Defesa da Mulher da cidade. A paciente, de 27 anos e grávida de 9 meses, relatou que estranhou a situação durante a consulta , pois não havia uma assistente na sala de exames e percebeu o estado excitação do médico. Após a consulta, a gestante procurou a enfermeira-chefe da UBS e contou o que havia acontecido e foi orientada a procurar a delegacia e a Ouvidoria da Prefeitura. A defesa do especialista disse que ele não vai se manifestar sobre a denúncia. A Prefeitura instaurou processo de sindicância e procedimentos apuratórios e a Polícia Civil de Mogi Guaçu abriu inquérito para investigar a denúncia.
 

sábado, 22 de abril de 2017

'Tiraram uma dádiva da gente', diz mãe impedida de amamentar após receber vacina errada

Pelo menos 10 mulheres tiveram que interromper o aleitamento após receber vacina contra febre amarela em vez de tríplice viral. Prefeitura informou que irá fornecer suplemento aos bebês.
 
Mães tiveram que interromper o aleitamento após receber vacina contra febre amarela em um posto de Angatuba
 (Foto: Reprodução/TV TEM)
 
 
Mais de 10 mães de Angatuba (SP) tiveram que interromper o aleitamento após receberem uma dose de vacina errada no Posto de Saúde Central Doutor Renato de Carvalho Ribeiro, em Angatuba (SP), nesta segunda-feira (17). A dona de casa Vanessa Lima conta que foi ao posto tomar a vacina contra a tríplice viral, mas recebeu por engano a vacina contra febre amarela.
 
"Tiraram uma dádiva da gente , porque o prazer da vida de uma mulher quando tem um filho é amamentar e agora não posso fazer isso. É muito triste sentir seu seio encher e não poder amamentar, vê-la chorando”, afirma.
 
Em nota, o prefeito Luiz Antônio Machado afirmou que reconhece que houve um fato lamentável no posto de saúde central, quando 11 mulheres que amamentam suas crianças tomaram dose de vacinação errada, sendo que pretendiam tomar a vacina contra a tríplice viral e tomaram de febre amarela, o que pode provocar efeitos colaterais.
 
No entanto, afirmou que a prefeitura não vai fugir da responsabilidade e que já tomou as devidas providências. O Executivo afirma que afastou as funcionárias envolvidas e, para isso, deu caráter jurídico ao afastamento. Também explicou que, quando acontece um fato deste, o que manda o protocolo é que as mulheres suspendam a amamentação de 15 a 30 dias, porém, poderá ser de até 10 dias, conforme está sendo constatado. Ainda, em atendimento às referidas mulheres que amamentam seus filhos, a prefeitura alega que já adquiriu leite específico para suas necessidades.
 
Em nota, o Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo (Coren-SP) informou que para investigação desse tipo de caso, uma sindicância é instaurada e segue sob sigilo processual, previsto em lei. Todo documento referente ao assunto será anexado aos autos para ser apreciado.
 
Após a averiguação dos fatos, se forem constatados indícios de infração ética pelo Coren-SP, será instaurado um processo ético-profissional. Os profissionais envolvidos serão notificados para manifestarem as suas versões dos fatos, garantido o direito de defesa na ocorrência de responsabilização ético-disciplinar. Eles poderão receber as penalidades previstas na Lei 5.905/73, sendo elas: advertência, multa, censura, suspensão temporária do exercício profissional ou cassação do exercício profissional.
 
Outra mãe, que preferiu não ser identificada, conta que descobriu sobre o erro horas depois de ter tomado a vacina. “Recebi uma ligação das enfermeiras falando que foi aplicada uma dose errada e, por isso, não era para amamentar minha filha. Toda mãe sonha em amamentar seu filho, eu me preparei para isso e agora esse sonho acabou, pois pode ser que após esses 30 dias ela não aceite  mais o seio e eu também não tenha mais leite”, lamenta.
 
  Caso aconteceu no Centro de Saúde em Angatuba (Foto: Reprodução/TV TEM)
 
Segundo o infectologista Carlos Lazar, o erro coloca em risco a saúde dos bebês. “A vacina de febre amarela é feita com o vírus vivo atenuado, por isso, você não pode tomar essa vacina durante a gravidez e durante o aleitamento também, porque existe a possibilidade de passar o vírus pelo leite materno para o bebê”, explica.
 
A auxiliar administrativa Aline Aparecida Rodrigues de Melo conta que aguardava uma consulta do seu filho de quatro meses, quando viu uma dos bebês chorando de fome e decidiu amamentá-lo. “Me coloquei no lugar delas, pois não sei o que faria se vesse meu filho chorando de fome e não poder amamentar, sabendo que tenho leite” afirma.
 
Aline Aparecida amamentou uma criança que chorava de fome no Centro de Saúde de Angatuba
 (Foto: Reprodução/TV TEM)
 
 

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Médico erra e declara em guia cirurgia não realizada em PM do DF

Segundo denúncia, paciente foi submetido a um procedimento de imobilização e corporação seria cobrada por um serviço mais caro
 
 
Grupo Santa/Divulgação

A Polícia Militar apura um caso denunciado por um sargento da corporação. Segundo o policial Ronaldo Andrade, o médico do Hospital Maria Auxiliadora, unidade que mantém um convênio com a PMDF, teria incluído no relatório serviços que não foram prestados, como cirurgia e anestesia. O Departamento de Saúde e Assistência ao Pessoal (DSAP), responsável pelo setor, já foi informado sobre o problema.
 
Em um grupo no WhatsApp, o sargento Andrade relata que foi ao hospital, no Gama, no último dia 2, por volta das 19h, para imobilizar o joelho. No entanto, ele conta que após o atendimento, verificou que o médico colocou na guia que realizou uma cirurgia.
 
Reprodução
 
O procedimento, segundo o relatório do profissional, contou com gastos de anestesista e auxiliar cirúrgico, além das despesas médicas. O militar afirma que chegou a questionar o médico que, por sua vez, disse que se tratava de um “protocolo” e que a “Polícia Militar estava ciente”.
 
Por meio de nota, a PMDF explicou que a denúncia foi formalizada pelo policial. Acrescentou que todas as despesas médicas são auditadas pela empresa AITE, que faz vistoria no hospital, bem como o recebimento das notas fiscais.

A auditoria, de acordo com a corporação, é feita antes e depois da chegada das notas. Um médico do DSAP foi enviado ao Maria Auxiliadora para averiguar o caso. De acordo com a PM, o problema foi sanado, mas será investigado.
 
“Assim que a documentação relativa aos atendimentos chegar, a PMDF auditará tudo novamente e, se houver qualquer erro, será aberto procedimento administrativo de acordo com a Lei 8.666 (de licitações)”, informou a corporação.
Devido ao problema, a PMDF pede para que os militares tenham atenção ao receberem documentos nos hospitais e “orienta para que não assinem a guia de atendimento médico uma vez não concordando com os procedimentos relatados”, reforçou.
O hospital Maria Auxiliadora reconheceu que houve um erro, por parte do médico, ao preencher a guia de atendimento. A unidade explicou que o policial foi mais duas vezes ao hospital para fazer consultas e que se trata de um caso isolado: “Após análise do prontuário de atendimento, identificamos a existência de erro material apenas no lançamento do código correspondente ao tratamento efetivamente ministrado ao paciente, o que não representou qualquer dano à assistência, tampouco em cobrança indevida ou qualquer prejuízo ao plano de saúde”.

Plano de saúde

 Os policiais militares do Distrito Federal atendidos pelo convênio de saúde da corporação contam com apenas uma opção de hospital particular.
 
Isso porque o hospital Santa Helena, na Asa Norte, decidiu não renovar o contrato com a corporação no segundo semestre do ano passado. O Maria Auxiliadora atende 15,2 mil PMs da ativa, sem contar os da reserva e dependentes.
 

Quando o médico nos deixa doentes




Não chegamos ao fundo do poço ainda. Trago mais e más notícias. E urgentes. A discussão é séria e extremamente grave. 
 
Peço que leiam com atenção e comentem o que pensam sobre isso. Sempre é muito pior do que imaginamos. Mas, também, sempre dá para melhorar, assim penso.
 
Hélio Angotti Neto, “professor de Medicina e Coordenador do Curso de Medicina do Centro Universitário do Espírito Santo. Médico formado pela UFES com residência em Oftalmologia e Doutorado em Ciências pela USP. Membro do Comitê de Ética em Pesquisa do UNESC, Diretor da Mirabilia Medicinae, revista especializada em Humanidades Médicas e criador do Seminário de Filosofia Aplicada à Medicina.” 
 
Enfim, Hélio membro do Comitê de ~Ética~, vale frisar, escreveu um artigo cujo título é:
 
A REVOLTA CONTRA O QUE POUCO IMPORTA
 
Nesse texto ele disserta sobre o tema de “um grupo de jovens formandos de medicina, de uma universidade do Espírito Santo que posou sem calças e divulgou a imagem. Uma brincadeira típica daquelas de adolescentes .”
 
Aff. “Brincadeira”, pela milionésima vez, é quando todos os lados envolvidos se divertem. Se somente um lado ri isso tem outro nome.
 
Mas vai piorar.  E muito. Hélio faz o artigo direcionado principalmente para os médicos que se posicionaram contra a postura dos meninos que tiraram foto com calça arriada, de jaleco, fazendo um gesto que imita uma vagina e postaram essa foto na rede social com a hashtag #pintonervoso. 
 
Segundo o Coordenador do Curso de Medicina do Centro Universitário do Espírito Santo, os colegas médicos não deveriam se manifestar em redes sociais porque ferem a Ética Médica. 
 
“O compartilhamento exagerado em redes sociais não teve nada de discrição. Se algo nos fere em termos éticos, a recomendação é que busquemos fundamentar uma denúncia que deve ser feita discretamente junto ao Conselho Regional de Medicina, não junto ao “conselho” dos grupos de mídia social, potencializando ainda mais o possível escândalo.””
 
Controverso esse ponto diante tantos relatos de abusos, assédios e estupros cometidos dentro de consultórios, depois que essa foto começou a circular. Podemos interpretar esse pedido como um corporativismo exagerado e covarde. Quiçá criminoso.
 
Médicos que vieram a público dizer que não concordam com esse tipo de postura e que iam lutar para que esse  comportamento não mais se repetisse abraçaram a nossa revolta e a nossa dor. É isso que, de fato, como pacientes, queremos e precisamos.
 
Hélio reconhece que houve um erro dos meninos, mas observem como ele aponta isso:
“Do ponto de vista histórico e cultural, eles erraram? Vejamos o que nossos antepassados disseram sobre o excesso nos modos:
 
10. Para ganhar o paciente você deve evitar adereços exagerados de cabeça e perfumes exóticos. Excesso de estranheza garantirá má reputação, embora uma pequena dose não desqualifique o bom gosto. Assim é com a dor, irrisória quando numa pequena parte, grave quando presente em todo o corpo. No entanto, não desaprovo a tentativa de agradar o paciente, algo que não desmerece a dignidade médica.
 
Excesso de estranheza garantirá má reputação. Desde Hipócrates já se alertava sobre a manutenção da respeitabilidade e da honra profissional, prescrevendo uma postura de moderação nos costumes.”
 
Hélio não sabe ou finge não saber que para “ganhar o paciente” basta o médico nos tratar com respeito, olhar nos nossos olhos, mostrar-se preocupado com o ser humano que somos. A roupa e os adereços não são os quesitos mais importantes. Aliás, para muitos, é o que menos importa.
 
“De tudo, o que posso concluir? Fizeram uma brincadeira típica de adolescentes que seria mal vista até mesmo em tempos antigos. Adolescentes são craques em fazer tais coisas, ou você não se lembra de ter sido um adolescente?”
 
De novo, o termo ‘brincadeira’. Mas agora ele insiste que os adultos que estão prestes a se formar são adolescentes. Se fossem negros que tivessem fazendo algo tão violento quanto esses formandos, será que Hélio partiria também para defendê-los ou falaria que um moleque de dezesseis anos sabe já muito bem o que está fazendo? Peguei-me perguntando sobre isso…
 
E ele segue o artigo criticando os médicos que se manifestaram chamando-os de histéricos:
 
“A histeria causada entre muitos médicos, de todas as idades, frente ao ocorrido me preocupa.”
 
Vejam bem, o fato de formandos fazerem apologia ao estupro passou para Hélio como uma brincadeira de adolescentes e, para ele, isso sequer era motivo de tanta revolta. Já o mal estar de outros médicos perante este caso fz soar um alarme no Diretor da revista especializada em ~Humanidades~ Médicas.
 
“Mas o que chama a atenção é a tendência repetida da sociedade brasileira em prestar muita atenção às coisas pequenas e menosprezar fatos e ideias de suma importância.”
 
Observem como ele prossegue:
“Morrem sete dezenas de milhares de pessoas de forma violenta e intencional por ano. Mais de 70.000 assassinatos! O que as mídias sociais comentam? A morte de um gorila num zoológico estrangeiro ou um bando de rapazolas de calças arriadas.”
 
A mídia todo dia noticia a morte de mulheres, casos de estupros, a luta das feministas em melhorar a auto estima de quem ouviu a vida toda que a mulher não pode isso não pode aquilo. Mas o professor que forma outros médicos, pareceu cego para essas manchetes ou então as considerou como “coisas pequenas”. 
 
Preparem o estômago para o final.

Para chamar a atenção dos médicos que se posicionaram contra o comportamento dos meninos da foto ele, pasmem, nos conta que:
 
“Nas escolas ocorre uma lavagem cerebral tosca e uma censura velada à discordância ideológica, comprometendo a inteligência e a liberdade de nossas crianças e nossas famílias.”
 
Apoiador de Escola com Mordaça detected! 
 
E o que isso te a ver com a discussão? Ele diz que os médicos deveriam estar muito mais preocupados com, só faltou falar, os petistas e esquerdopatas. 
 
“O que atormenta nossos compatriotas? O médico bobo e desrespeitoso que fez uma brincadeira criticando o paciente que fala errado a palavra pneumonia.”, lamenta.
 
Aff. De novo a palavra “brincadeira”. Aquilo foi bullying da pior espécie demonstrando um preconceito horroroso de classe vindo de um médico!  E isso para ele não tem a menor importância. Não é estranho?
 
“Estudantes ligados ao movimento estudantil defendem posturas que atentam contra a dignidade da vida humana como eutanásia, abortamento e suicídio assistido, priorizando uma ideologia potencialmente genocida ao invés de respeitarem os valores clássicos da boa medicina.”
 
O que seria os “valores clássicos da boa medicina”? Ele vai nos dar uma pista:
 
“Qual o foco do burburinho escandalizado das frágeis e sensíveis almas que circulam nas redes sociais? Calças arriadas.”
 
(…)
 
“Numa sociedade em que a ideologia de gênero distribui material pornográfico para crianças na educação infantil, em que adolescentes no ensino médio são instrumentalizados como bucha de canhão para a revolução que atenta contra toda e qualquer forma de pudor e em que todos são expostos ao material semipornográfico de suspeitíssima qualidade veiculado pelos meios de comunicação em horário nobre, só posso concluir uma coisa: os jovens egressos do curso de medicina fizeram foi pouco!”
 
Oi? Oi?!!! Onde há esse material pornográfico? Esse discurso eu já ouvi de quem vota em político que tem uma postura fascista quando não do próprio fascista que mentiu sobre esse conteúdo!
 
“Alguém já viu algumas das manifestações artísticas, políticas e culturais que abundam em nossos cursos superiores de humanas?”
 
Percebem onde isso vai parar? Percebem como tudo é política? Percebem tudo o que está acontecendo? Afinal, quem faz “doutrinação” são os professores, os poetas e os artistas?!
 
Vai piorar! 
 
“Repito, os rapazolas da medicina foram até muito comedidos, quase carolas.”
 
Difícil acreditar que estamos lendo isso de uma pessoas que leciona sobre Ética…
 
“O brasileiro, de regra acusa de moralista qualquer um que queira impedir que mães saiam por aí matando seus filhos em seus ventres, mas na prática são de um moralismo insuportável ao perder enorme tempo em picuinhas sobre maus costumes e pequenos desvios de conduta que pouco dano concreto fazem a qualquer um.”
 
Hélio despreza o que as mulheres passam. Desconsidera o feminicídio, a quantidade de mulheres que morrem em clínicas de aborto, o número de estupros,… tudo isso não é considerado por esse doutor como um dano real. Faltou ele dizer “mimimi” e “vitimismo”. Ou não. Para mim, foi de uma forma explícita, falado. 
 
“O mínimo que devo esperar de alguém que se revolta contra essa brincadeira imatura é uma revolta muitíssimo maior contra coisas extremamente mais urgentes e graves.”
 
O que para ele é urgente e grave é o projeto Escola com Mordaça, é calar as feministas, é apoiar a LGBTfobia… 
 
“Você quer defender a classe médica de verdade? É como um zelote dos bons costumes que você realmente pode fazer algo importante e construtivo? Será que fiscalizar brincadeiras bobas de formatura é a melhor forma de zelar pela dignidade da profissão médica?”
 
E termina de forma extremamente prepotente se dirigindo aos médicos:
 
“Quer lutar pela honra e dignidade da classe médica? Já estudou o Código de Ética Médica e já se aprofundou na cultura milenar da medicina e em como ela pode ajudar a restaurar nossa confiabilidade e nossa honra? Já estudou política e filosofia a ponto de compreender como se trabalha a imagem profissional em sociedade?”
 
Ou seja, se não estudaram ou leram os mesmos livros que ele, calem-se, jumentos! E obedeçam Hélio Angotti Neto! Acho que isso que ele quis dizer.
 
E, assim, com chave de ouro, finaliza de vez:
 
“Agora, que todos joguem suas pedras… No alvo certo!”
 
Quais seriam esse alvos? Feministas? Petistas? Pessoas que são contra políticos que fazem discursos fascistas? Professores que estimulam o debate em sala de aula? Pessoas que lutam para que todos os seres humanos sejam respeitados independente de sua classe social, cor, religião e gênero?
 
Triste ver uma pessoa tão influente no meio escrever tudo isso. Piorou muito o quadro do “paciente” que somos todos nós. 
 
Mas o lado bom é que a doença foi descoberta.  Resta-nos saber como nos livramos não somente dos sintomas mas da causa.
 
Um caminho é a reflexão e o debate, acredito eu.
 
 

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Médicos pedem demissão após denúncias de negligência na Maternidade Santa Isabel

Comissão da Câmara esteve no hospital, em Bauru, para pedir esclarecimentos. Direção da maternidade afirma que profissionais estavam sendo ameaçados.
 
Fiscalização da Vigilância Sanitária intedita uma das salas da Maternidade Santa Isabel
 
Três médicos obstetras pediram demissão da Maternidade Santa Isabel após as denúncias de negligência em partos realizados no hospital em Bauru (SP). A demissão foi informada pela Famesp, que administra a maternidade e outros três hospitais da cidade, em uma reunião com uma comissão de vereadores que esteve no hospital, na segunda-feira (17), para apurar essas denúncias.
 
Tudo teria começado depois da morte de uma paciente de 35 anos. Nas redes sociais, família e amigos de Silvania Nascimento publicaram mensagens de revolta. Eles afirmam que ela era hipertensa e que deveria fazer cesariana, mas que os médicos teriam esperado demais para fazer a cirurgia.
 
Amigos e familiares da mulher que morreu no parto em Bauru manifestaram revolta nas redes
 (Foto: Reprodução/ TV TEM )
 
Relatos parecidos, de outras mães, também chegaram à Câmara de Vereadores. “Esse assunto está sendo muito discutido nas redes sociais e por conta disso, nós recebemos outros relatos de mães que passaram por situações semelhantes, que se esperou até o último minuto para optar pela cesariana e por isso viemos até a Maternidade para obtermos mais esclarecimentos. Agora a câmara vai acompanhar essa situação por meio da comissão de saúde e também por meio da comissão de fiscalização e controle da qual eu sou presidente”, afirma o vereador Markinho Souza (PP).
 
O diretor da maternidade, Antônio Rugolo, negou que tenha havido negligência no caso da paciente que morreu ou em qualquer outro caso sobre a suposta insistência dos médicos para fazer parto normal. “Existe um protocolo, a gestante que entra aqui fica por 12 horas aguardando o trabalho de parto desde que não tenha nenhuma intercorrência com ela ou o bebê e, passado esse tempo, aí a conduta pode ser mudada para uma cesárea. A Silvania ocorreu tudo normal e ela teve uma complicação da cesárea, por isso que a cesárea para os profissionais da obstetrícia é uma segunda opção, porque é uma cirurgia com todos os riscos que a envolve.”
 
Vereadores se reuniram com a direção da Maternidade Santa Isabel em Bauru
 (Foto: Reprodução/ TV TEM )
 
Segundo a Famesp, os médicos que pediram demissão não tiveram participação no parto de Silvânia, mas resolveram deixar o hospital, que passou a ser alvo de várias críticas de usuárias, principalmente na internet. A fundação informou ainda que a maternidade tem hoje 26 médicos obstetras, com escalas que permitem cobertura de eventuais baixas no quadro.
 
Na nota, a Famesp ressalta ainda que não haverá prejuízo no atendimento e afirma que os médicos estavam sendo ameaçados. “O prejuízo, no entanto, é pelo fato de a Maternidade Santa Isabel perder, nesse momento, médicos qualificados por conta de pressões em relação às suas condutas. Infelizmente, todos os profissionais estão sendo acusados de assassinos e recebendo ameaças de todos os tipos, o que a diretoria técnica considera uma violência contra os médicos.”
 

Interdição

 
Vigilância Sanitária interdita sala de esterilizações de materiais da Maternidade de Bauru
 
Além das denúncias de negligência, uma das salas da maternidade, a central de materiais e esterilização, foi interditada após uma fiscalização da Vigilância Sanitária. O local não atendia às normas sanitárias. A sala foi interditada e o material foi removido para outro local que apresentasse as condições exigidas de higiene.
 
O hospital agora tem um prazo para se adequar. O diretor da maternidade diz que já está tomando todas as providências para regularizar a situação. “Uma das irregularidades apontadas pela vigilância já havia sido apontada pela nossa equipe de infecção hospitalar e as providências já estão sendo tomadas para transferir a parte de esterilização para outros hospitais, tanto o Hospital de Base como o Estadual.”
 
Ainda sobre isso, a Famesp informou que não houve prejuízo nenhum aos serviços por conta dessa interdição, já que a transferência da sala já estava prevista.
 

Greve dos funcionários


A Maternidade Santa Isabel enfrenta ainda a greve dos funcionários da Famesp, que completa nesta terça-feira (19). Os funcionários da saúde pedem 9,49% de reajuste mais o índice da inflação deste ano, que fica em torno de 5%, mais 6% de aumento real, além de aumento de R$ 170 no ticket.
A Famesp oferece 3% de reajuste mais R$ 61 de aumento no ticket. Por causa disso, a greve continua por tempo indeterminado.
 
 
Funcionários da Famesp estão em greve há 19 dias (Foto: Reprodução/ TV TEM )
 
 
 
 
 

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Paciente morre na UPA de Sinop por suposta negligência médica

O paciente seria alérgico a penicilina e recebeu o antibiótico para tratamento 



A morte do paciente aconteceu na última quinta feira (13) na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Sinop e só agora foi divulgado. A vítima seria alérgica a penicilina, um antibiótico que foi injetado no paciente para tratamento, o que pode ter causado sua morte.
 
A equipe médica que atendeu a vítima foi afastada pela Secretaria de Saúde, que pediu uma sindicância para investigar o caso. Os médicos ficarão suspensos até o relatório final das investigações.
 
O caso também será encaminhado para o conselho de medicina, farmácia e enfermagem, além do ministério público.
A vítima foi citada ontem na sessão da câmara, onde alguns vereadores comentaram a morte do paciente. A suposta negligência médica deixou um alerta para as autoridades sobre os atendimentos na unidade. No segundo semestre de 2016 o governo do estado fechou as portas do hospital Regional de Sinop para atendimentos sem complexidade.
 
Os pacientes necessitam de um encaminhamento do posto de saúde ou da UPA para serem recebidos. Segundo a secretaria, isso aumentou pelo menos 40% dos atendimentos na unidade de pronto atendimento.
 
 
MATO GROSSO SINOP

Família denuncia falta de suporte de hospital como fator principal de morte de mulher

Ângela Mariano faleceu no último sábado; familiares apontam ausência de aparelho de tomografia e falta de ambulância com UTI
 
 
Familiares disseram que Ângela não recebeu tratamento adequado ao dar entrada na emergência com AVC
 Felipe Rodrigues
 

PORTO REAL

 

A família deÂngela Mariano da Silva, de 46 anos, que faleceu na madrugada do último sábado, dia 15, no Hospital Municipal, procurou o A VOZ DA CIDADE para denunciar negligência. Ângela deu entrada no hospital por volta das 21 horas de quarta-feira, dia 12, apresentando, segundo familiares, suspeita de Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico. A moradora foi atendida na emergência do hospital, mas, de acordo com os seus familiares, devido à inexistência de um médico neurologista, a ausência do aparelho de tomografia e a falta de uma ambulância com Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móvel para poder transferir em tempo a paciente, não foram dados o diagnóstico e atendimento necessários.

 

A família da vítima relatou que Ângela estava bem durante todo o dia de quarta-feira e que no período da noite se sentiu mal, sendo levada à emergência e ficou internada. Na quinta-feira, dia 13, durante a tarde a paciente já havia sofrido morte cerebral, segundo disseram seus familiares, mas foi levada até o hospital do município vizinho, Resende, para fazer a tomografia e retornou ao Hospital Municipal de Porto Real, na madrugada de sábado, dia 15, quando faleceu.

 

Os parentes da vítima informaram que o hospital não ofereceu os primeiros socorros que a paciente necessitava, como não a ter levado direto ao Centro de Terapia Intensiva (CTI). Disseram que se isso - socorro -, tivesse acontecido poderia ter um diagnóstico em tempo delater sido tratada. A irmã de Ângela, Vera Lúcia Mariano da Silva, que é técnica em enfermagem, afirmou que essa falta de suporte na saúde do município é um descaso com a população e que a sua irmã não teve o direito nem de morrer com dignidade. “Se ao menos ela tivesse tido o atendimento correto, porque nós sabemos que quando o cérebro para, não tem mais jeito, mas eu trabalho em hospital e eu sei que toda pessoa merece receber todo o cuidado necessário até o último minuto de vida e com a minha irmã não foi assim”, explicou Vera Lúcia.

 

Segundo ela, para a paciente conseguir ser transportada até a emergência de um hospital de Resende para fazer a tomografia, foi preciso que os funcionários do hospital adaptassem a ambulância que estava disponível no Hospital Municipal para que ela atendesse como uma UTI móvel. “É muito difícil você ver sua irmã morrer dessa forma. Não adianta um hospital ter médicos se não tem suporte, porque um médico não consegue salvar a vida de um paciente se não tiver uma estrutura. Eu perdi a minha irmã, mas o nosso apelo é pra que esse descaso não se repita com outras pessoas”, concluiu Vera Lúcia.

 

SINDICÂNCIA

 

Em nota a Prefeitura de Porto Real informou que lamenta o falecimento da moradora Ângela Mariano ocorrido no último fim de semana e se solidariza com a dor de familiares e amigos. “Nesta segunda (ontem), dia 17, em função dos relatos de familiares, a Secretaria de Saúde começou a reunir a documentação necessária com vistas à abertura de uma sindicância para apurar eventuais responsabilidades nos procedimentos adotados no caso em tela”, diz a nota enviada. 

 
 

terça-feira, 18 de abril de 2017

Idosa é agredida por enfermeiro na UTI do Hospital do Servidor Municipal de SP

'Bateu até cansar', disse a vítima. Hospital informou que funcionário suspeito da agressão, que trabalha há 27 anos lá, já foi afastado.
 
 
 
Uma idosa de 78 anos foi agredida por um enfermeiro dentro da Unidade de Terapia Intensivas (UTI) do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. O funcionário suspeito da agressão já foi afastado.
 
A paciente passou por uma cirurgia vascular na semana passada e estava se recuperando bem. Na madrugada de domingo (16), porém, foi agredida por um enfermeiro. “Ele me xingou de tudo quanto foi nome e foi me batendo, bateu até cansar”, disse Thereza Aparecida em um vídeo gravado por um dos filhos.
 
“Minha mãe realmente foi espancada. Ver minha mãe com olho roxo, o rosto roxo, o queixo roxo, impossibilitada de se defender, uma senhora de 78 anos, é inadmissível isso”, disse Hedilaine Aparecida Garcia, filha da vítima. “Foram puxões de cabelo, tapa na cara.”
 
O enfermeiro trabalha no hospital há 27 anos. Segundo a direção, nunca tinha havido uma reclamação contra ele. O superintendente não divulgou o nome do funcionário, mas disse que ele já está afastado e foi aberta uma sindicância para apurar a agressão. O enfermeiro ainda não foi ouvido.
 
“Ele entrou e começou a ter alguma eventual discussão, alguma coisa, e acabou tendo uma agressão desagradável”, disse o superintendente do Hospital do Servidor Público Municipal, Antonio Célio Camargo Moreno. “Aparentemente foi algum tapa no rosto pelo que a gente está vendo na foto.”
 
Pelo que o hospital apurou até agora, a agressão aconteceu no início da madrugada. Isso coincide com o que a Thereza contou para os filhos. Mas, segundo a família, não foi apenas um tapa, mas várias agressões ao longo da noite.
 
Antes de ir para casa, a idosa ainda precisa se recuperar da cirurgia e das agressões. Os filhos, porém, estão com medo de deixá-la no hospital. “Ela ficou com medo do dormir à noite, achando que ele ia voltar para matar”, disse Hedilaine. A mulher não tem previsão de alta.
 
Em nota, a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal da Saúde informou que "na manhã deste domingo, após a troca do plantão, o médico constatou um hematoma no rosto da paciente Thereza de Jesus Garcia, internada na UTI da unidade". "Questionada, a própria paciente relatou que foi agredida por um dos enfermeiros do plantão noturno. Diante da situação a unidade identificou e afastou imediatamente o funcionário."
 
A pasta acrescenta que comunicou a família da paciente e abriu uma sindicância administrativa para apurar o fato. "Caso comprovada a agressão, serão tomadas as medidas cabíveis, como advertência, suspensão ou até mesmo exoneração do funcionário. Por fim, informamos também que a unidade está elaborando um relatório para notificar o Conselho Regional de Enfermagem (Coren SP) sobre o ocorrido."
 

segunda-feira, 17 de abril de 2017

"O médico disse que era frescura, mas meu filho estava com câncer"


Foto: Reprodução


Kaíque, um menino ativo e brincalhão de seis anos, certo dia acordou reclamando que não conseguia ficar em pé. A cozinheira Maria Osana de Amorim Ferreira, 43, levou o filho a vários médicos, mas saía das consultas perdida. Entre os diagnósticos, ouviu desde "manha infantil", passando por anemia e alergia, e até virou suspeita de agressão. Na verdade, Kaíque sofria de um tipo de câncer, o Linfoma de Burkitt. Ao UOL, a mãe conta detalhes da luta para salvar a criança.
"Toda vez que falo sobre essa história, parece que tiro 500 kg das minhas costas. É bom a gente contar, sabe? Meu filho sempre foi muito bagunceiro e brincalhão, a clássica criança arteira. No entanto, quando estava com seis anos, começou a ficar muito cansado. Um dia, acordou e veio se arrastando até mim: 'Mamãe, eu não consigo ficar de pé'. Mandei ele parar de gracinha e, como achei que poderia estar cansado, sugeri que dormisse novamente.
Ele ainda reclamou que o pé estava doendo um pouquinho, mas não a ponto de tomar remédio. Só não conseguia levantar. Coloquei-o no sofá, com as pernas em cima de dois travesseiros, fiz massagem e ele acabou adormecendo de novo. Quando acordou, pedi que se levantasse, mas meu filho respondeu: 'Mamãe, é sério. Não estou sentindo as minhas pernas'. 
No dia seguinte, fomos no Hospital de São Mateus, bairro onde vivemos em São Paulo. Lá, sem fazer nenhum exame, o médico disse que a história era 'dengo', pois temos três filhos e o Kaíque é o caçula.
'É frescurinha de criança. Pode levar para casa que não tem nada', afirmou. Só que meu marido se recusou a ir embora sem checar como estava a saúde do nosso menino. 'Vou dar a receita de dipirona [analgésico e antitérmico], então, para o senhor dar caso ele sinta alguma dorzinha. Mas é só frescura'. Como não tinha febre, não havia muito o que fazer. 
O problema continuou. Peguei o Kaíque e fomos ao Pronto Atendimento São Mateus. Fizeram um exame de sangue e descobriram 'um pouquinho de anemia'. Mandaram dar bastante fígado para ele, assim como suco de beterraba com laranja. Apesar de seguirmos a indicação, ele não melhorou nada. Decidi levá-lo em um posto de saúde. O diagnóstico? 'Essa criança não quer ir para a escola e fica inventando coisa. Ele não está doente'. Por fim, nos mandaram para casa dizendo que os exames estavam todos normais. No entanto, meu filho continuava do mesmo jeito. Sem andar. 
Levei o Kaíque no Pronto Atendimento Bangú, em Santo André. Lá, a médica afirmou que ele estava com sinusite e recomendou inalação e soro no nariz, que fizemos também sem sucesso. Nisso, o olho do meu filho começou a inchar e ele continuava sem conseguir andar. Por fim, fizeram um outro exame e, três dias depois, disseram que era uma bactéria que havia dado na perna, provavelmente por culpa de alguma picada. A médica passou um antialérgico e a perna, que estava com um leve inchaço, realmente desinchou três dias depois. Pensei que, agora sim, meu filho já estava ficando bom. No entanto, ele ainda não conseguia ficar em pé."

"A senhora bateu nele?", me perguntou o médico

"Minha cunhada sugeriu que levássemos o Kaíque a um novo especialista, no Hospital Infantil Cândido Fontoura. Lá, chamei a atenção para o fato de o menino não estar andando, o olho estar inchado e, mesmo assim, não reclamar de dor. Só dizia ter um leve desconforto na cabeça. Pediram um raio-x, mas percebi que o resultado estava demorando. Dali a pouco, apareceram três seguranças e vários médicos, pedindo que eu os acompanhasse. Disseram ter descoberto algo no Kaique e perguntaram se ele havia batido a cabeça. Neguei.
'Mãe, tem certeza? A senhora bateu nele? Encontramos uma mancha muito feia na região do rosto', disseram. 'Se a senhora bateu, precisamos saber. Melhor falar logo'. Isso nunca aconteceu, mas ressaltaram que o exame mostrou algo condizente com um tapa ou uma queda. Neguei novamente qualquer tipo de agressão, pois meu filho é muito bem cuidado! Eles acreditaram e o médico informou, então, que o Kaíque precisaria ser internado.
Passamos um mês no hospital. O Kaíque era medicado com bastante corticoide, o que parecia estar fazendo efeito, pois ele voltou a andar. Apesar de ter sido acusado de agredir meu filho, não critico os profissionais do hospital. Foi nele onde tudo começou a ser resolvido. Durante a internação, meu filho chegou a ser levado de ambulância para outros hospitais fazer uma ressonância magnética e uma tomografia. Só que nada de errado aparecia.
Mas o Kaíque começava a apresentar uma melhora. Voltou a andar, ganhou alta em 10 de agosto de 2015. Continuamos fazendo exames de rotina, mas dois meses depois, o pesadelo recomeçou. Ele não tinha febre, mas um dos olhos começou a inchar de novo. No hospital, a enfermeira afirmou que deveria ser culpa de uma sinusite e indicou um remédio. Nisso, o mês de outubro passou e ficamos apenas aguardando esses medicamentos fazerem efeito, mas nada."

Enfim, o diagnóstico correto

"Um dia, o nariz do Kaíque começou a sangrar muito. Corremos para o Hospital Cândido Fontoura e foi aí que a situação começou a se resolver. Tudo por culpa da enfermeira que nos recebeu, e, acertadamente, após alguns exames, disse que não botaria a mão no meu filho.
'Ele está com um problema que não é aqui que se cura', disse a enfermeira. Questionei e ela disfarçou, dizendo que me daria o endereço do lugar correto para onde deveria levar meu filho. Era o Hospital do GRAACC (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer) 
Argumentei: como você me manda para esse lugar sem nem saber o que meu filho tem? E veio a resposta que mudou tudo: 'Mãe, seu filho está com um tumor. Os médicos não falaram isso para a senhora?'
Chegamos lá no dia 28 de dezembro de 2015 e no dia 31 já ficamos sabendo o que ele tinha: Linfoma de Burkitt [um tipo de câncer denominado "Linfoma Não Hodgkin", muito agressivo, mas que quando é devidamente tratado possui grandes chances de cura. Os atores Reynaldo Gianecchini e Edson Celulari já enfrentaram uma forma mais branda da doença]. Claro que gostaria de ter uma resposta, mas não pensei que fosse tão grave assim. Foi um susto e sinto que a ficha ainda não caiu. Alguns dias a mais nessa indefinição e ele poderia estar morto."

Autotransplante de medula óssea

"Os profissionais do GRAACC conversaram bastante comigo e com meu marido, deram muitos conselhos e disseram que era algo que iria passar, que o Kaíque melhoraria. Penso que aquela enfermeira foi um anjo que Deus mandou, pois já estávamos cansados e nem dormíamos mais, por medo de acordar com nosso filho morto. Cheguei lá sem nenhuma guia de encaminhamento, nem nada, mas fomos atendidos muito bem.
O Kaique começou com a quimioterapia. Fez um autotransplante de medula óssea [nesse procedimento, as células são retiradas e congeladas. Depois é feita a quimioterapia no paciente e, por fim, as células são reinseridas] em 31 de dezembro de 2016, um ano após iniciar o tratamento. Agora, está em casa, apenas fazendo o acompanhamento uma vez por mês, para saber como estão as plaquetas e se os remédios continuam fazendo efeito. Atualmente, meu menino está com sete anos e ainda usa máscara pelo fato do procedimento ser recente.
O sonho do Kaique é ir para a praia, mas o médico falou que só vai autorizar em dezembro. Esse é o tempo de espera necessário para saber se o tratamento deu mesmo certo e se está tudo bem com ele. Meu filho só fica triste porque ainda não pode comer coxinha. Faço salgadinhos para fora e essa é a guloseima preferida dele. 
Quando o médico autorizar, ele já me avisou: 'Mãe do céu, quando eu sair do GRAACC de alta para comer, vou fazer uma lista'. Sempre respondo: 'peça o salgadinho que você quiser, que a mãe faz!'. Olha o desejo do menino! Mas ele merece e faço com o maior prazer.