quinta-feira, 20 de abril de 2017

Médicos pedem demissão após denúncias de negligência na Maternidade Santa Isabel

Comissão da Câmara esteve no hospital, em Bauru, para pedir esclarecimentos. Direção da maternidade afirma que profissionais estavam sendo ameaçados.
 
Fiscalização da Vigilância Sanitária intedita uma das salas da Maternidade Santa Isabel
 
Três médicos obstetras pediram demissão da Maternidade Santa Isabel após as denúncias de negligência em partos realizados no hospital em Bauru (SP). A demissão foi informada pela Famesp, que administra a maternidade e outros três hospitais da cidade, em uma reunião com uma comissão de vereadores que esteve no hospital, na segunda-feira (17), para apurar essas denúncias.
 
Tudo teria começado depois da morte de uma paciente de 35 anos. Nas redes sociais, família e amigos de Silvania Nascimento publicaram mensagens de revolta. Eles afirmam que ela era hipertensa e que deveria fazer cesariana, mas que os médicos teriam esperado demais para fazer a cirurgia.
 
Amigos e familiares da mulher que morreu no parto em Bauru manifestaram revolta nas redes
 (Foto: Reprodução/ TV TEM )
 
Relatos parecidos, de outras mães, também chegaram à Câmara de Vereadores. “Esse assunto está sendo muito discutido nas redes sociais e por conta disso, nós recebemos outros relatos de mães que passaram por situações semelhantes, que se esperou até o último minuto para optar pela cesariana e por isso viemos até a Maternidade para obtermos mais esclarecimentos. Agora a câmara vai acompanhar essa situação por meio da comissão de saúde e também por meio da comissão de fiscalização e controle da qual eu sou presidente”, afirma o vereador Markinho Souza (PP).
 
O diretor da maternidade, Antônio Rugolo, negou que tenha havido negligência no caso da paciente que morreu ou em qualquer outro caso sobre a suposta insistência dos médicos para fazer parto normal. “Existe um protocolo, a gestante que entra aqui fica por 12 horas aguardando o trabalho de parto desde que não tenha nenhuma intercorrência com ela ou o bebê e, passado esse tempo, aí a conduta pode ser mudada para uma cesárea. A Silvania ocorreu tudo normal e ela teve uma complicação da cesárea, por isso que a cesárea para os profissionais da obstetrícia é uma segunda opção, porque é uma cirurgia com todos os riscos que a envolve.”
 
Vereadores se reuniram com a direção da Maternidade Santa Isabel em Bauru
 (Foto: Reprodução/ TV TEM )
 
Segundo a Famesp, os médicos que pediram demissão não tiveram participação no parto de Silvânia, mas resolveram deixar o hospital, que passou a ser alvo de várias críticas de usuárias, principalmente na internet. A fundação informou ainda que a maternidade tem hoje 26 médicos obstetras, com escalas que permitem cobertura de eventuais baixas no quadro.
 
Na nota, a Famesp ressalta ainda que não haverá prejuízo no atendimento e afirma que os médicos estavam sendo ameaçados. “O prejuízo, no entanto, é pelo fato de a Maternidade Santa Isabel perder, nesse momento, médicos qualificados por conta de pressões em relação às suas condutas. Infelizmente, todos os profissionais estão sendo acusados de assassinos e recebendo ameaças de todos os tipos, o que a diretoria técnica considera uma violência contra os médicos.”
 

Interdição

 
Vigilância Sanitária interdita sala de esterilizações de materiais da Maternidade de Bauru
 
Além das denúncias de negligência, uma das salas da maternidade, a central de materiais e esterilização, foi interditada após uma fiscalização da Vigilância Sanitária. O local não atendia às normas sanitárias. A sala foi interditada e o material foi removido para outro local que apresentasse as condições exigidas de higiene.
 
O hospital agora tem um prazo para se adequar. O diretor da maternidade diz que já está tomando todas as providências para regularizar a situação. “Uma das irregularidades apontadas pela vigilância já havia sido apontada pela nossa equipe de infecção hospitalar e as providências já estão sendo tomadas para transferir a parte de esterilização para outros hospitais, tanto o Hospital de Base como o Estadual.”
 
Ainda sobre isso, a Famesp informou que não houve prejuízo nenhum aos serviços por conta dessa interdição, já que a transferência da sala já estava prevista.
 

Greve dos funcionários


A Maternidade Santa Isabel enfrenta ainda a greve dos funcionários da Famesp, que completa nesta terça-feira (19). Os funcionários da saúde pedem 9,49% de reajuste mais o índice da inflação deste ano, que fica em torno de 5%, mais 6% de aumento real, além de aumento de R$ 170 no ticket.
A Famesp oferece 3% de reajuste mais R$ 61 de aumento no ticket. Por causa disso, a greve continua por tempo indeterminado.
 
 
Funcionários da Famesp estão em greve há 19 dias (Foto: Reprodução/ TV TEM )
 
 
 
 
 

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