A cada dia que passa, fico mais indignada com o mercantilismo que tomou conta de uma grande parcela de médicos que, em detrimento do juramento de Hipócrates, vem conspurcando suas afirmações em prol exclusiva e unicamente dos proveitos financeiros que a profissão permite, e que alguns muitos extrapolam.
Conheço vários casos, vindos de pessoas de minhas relações, que contam histórias estarrecedoras de profissionais da Medicina que só atendem pacientes que possam pagar os seus altos honorários, atitude esta tomada não se levando em conta a premência do caso. Sei de médicos que se o paciente for do SUS, ou mesmo de alguns planos de saúde não muito reconhecidos, não se importam com o risco de morte que o doente possa estar enfrentando e simplesmente se negam a prestar o atendimento necessário.
Acho que todo profissional tem de valorizar a sua atividade, cobrando o justo pelo serviço prestado, e a Medicina não fica fora desta minha afirmação. Acho, também, que os profissionais do segmento da saúde, por atuarem com a vida humana - nosso bem mais precioso -, deveriam prestar um pouco mais de atenção no exercício do seu ofício e, não, sair por aí como um mercantilista 007, pois afinal a Medicina é a única categoria profissional que permite matar sem punição, colocando a seu bel-prazer o valor de uma vida. Ao escrever sobre o custo de uma vida, estou levando este questionamento não só à classe médica, mas também às indústrias farmacêuticas e ligadas à radiologia intervencionista, bem como aos custos hospitalares e aos planos de saúde.
E de quem é a responsabilidade? Tenho plena certeza que é tão somente do governo que, em vez de ficar se preocupando com CPIs e as próximas eleições, deveria olhar melhor e interferir de fato na área da saúde que, a meu ver, junto com a educação, já deveria há muito tempo ter sido estatizada. Já que hoje temos um governo que surgiu da esquerda, seria bom que o mesmo se espelhasse no exemplo cubano, o qual abomino, mas que nos quesitos saúde e educação não há o que criticar.
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