Pesquisa americana revela que boa parte dos doutores não conta toda a verdade aos pacientes sobre prognósticos e erros
VÍNCULO Parte dos profissionais não fala de suas relações com laboratórios |
Médicos mentem? Além de competência técnica, espera-se que o profissional de medicina nunca omita ou exagere, para mais ou para menos, o quadro de um paciente. Mas uma pesquisa feita nos Estados Unidos e publicada este mês na revista Health Affairs, voltada ao aprofundamento de políticas de saúde, revela que a honestidade não está sendo levada tão a sério pelos principais profissionais da área de saúde. De cerca de 1,9 mil médicos entrevistados, 55,2% confessaram ter dado um prognóstico mais otimista do que exigia a situação. “O grande problema nesses casos é a omissão de informação necessária para que o paciente tome decisões sobre sua saúde”, disse à ISTOÉ a coordenadora da pesquisa, Lisa Iezzoni, professora da escola de medicina da Universidade de Harvard.
Lisa cita o exemplo de um paciente de câncer que, ao receber o diagnóstico, não compreendeu o avançado estágio da doença. O resultado foi que não conseguiu se preparar – nem preparou a família – para as perdas emocionais e financeiras que sofreriam. “É humano não querer chatear. Mas isso não pode impedir um médico de passar a informação correta”, pondera Lisa. Para o médico Edevard José de Araújo, do Conselho Federal de Medicina (CFM), a verdade deve sempre ser dita, e de maneira muito clara. “Talvez não toda a verdade num primeiro encontro, mas durante dois, três ou mais, se for necessário, para um melhor entendimento”, defende.
O estudo apontou também uma grave omissão em relação aos erros médicos. “Somente 20% disseram ter assumido e relatado ao paciente a ocorrência de erros durante o tratamento ou diagnóstico”, afirma a pesquisadora. “O profissional não pode prometer um resultado 100% satisfatório. Mas, se algo acontecer fora do previsto, ele tem que informar”, orienta Araújo, do CFM.
Porém, 34% dos profissionais revelaram que não concordam completamente com a ideia de que devem reportar aos pacientes os erros médicos significativos cometidos no atendimento.
Outro ponto obscuro na relação médico-paciente é a transparência sobre o envolvimento dos profissionais com a indústria farmacêutica. Trinta e cinco por cento não estão seguros ou discordam da obrigatoriedade de informar ao paciente os seus vínculos com as empresas. “É um relacionamento impossível de não existir por causa do assédio e da força dessa indústria e que leva a um tipo de relação condenada, da qual nem sempre o paciente sabe”, diz Araújo.
E já que a relação médico-paciente nunca é tão clara como parece, a solução é desmistificá-la, conforme a professora Ligia Bahia, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Os médicos são seres humanos e, como tais, sujeitos a diversas influências.” Ela recomenda aos pacientes exercerem sua autonomia, exigindo sempre explicação completa sobre qualquer diagnóstico ou tratamento.
Lisa cita o exemplo de um paciente de câncer que, ao receber o diagnóstico, não compreendeu o avançado estágio da doença. O resultado foi que não conseguiu se preparar – nem preparou a família – para as perdas emocionais e financeiras que sofreriam. “É humano não querer chatear. Mas isso não pode impedir um médico de passar a informação correta”, pondera Lisa. Para o médico Edevard José de Araújo, do Conselho Federal de Medicina (CFM), a verdade deve sempre ser dita, e de maneira muito clara. “Talvez não toda a verdade num primeiro encontro, mas durante dois, três ou mais, se for necessário, para um melhor entendimento”, defende.
O estudo apontou também uma grave omissão em relação aos erros médicos. “Somente 20% disseram ter assumido e relatado ao paciente a ocorrência de erros durante o tratamento ou diagnóstico”, afirma a pesquisadora. “O profissional não pode prometer um resultado 100% satisfatório. Mas, se algo acontecer fora do previsto, ele tem que informar”, orienta Araújo, do CFM.
Porém, 34% dos profissionais revelaram que não concordam completamente com a ideia de que devem reportar aos pacientes os erros médicos significativos cometidos no atendimento.
Outro ponto obscuro na relação médico-paciente é a transparência sobre o envolvimento dos profissionais com a indústria farmacêutica. Trinta e cinco por cento não estão seguros ou discordam da obrigatoriedade de informar ao paciente os seus vínculos com as empresas. “É um relacionamento impossível de não existir por causa do assédio e da força dessa indústria e que leva a um tipo de relação condenada, da qual nem sempre o paciente sabe”, diz Araújo.
E já que a relação médico-paciente nunca é tão clara como parece, a solução é desmistificá-la, conforme a professora Ligia Bahia, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Os médicos são seres humanos e, como tais, sujeitos a diversas influências.” Ela recomenda aos pacientes exercerem sua autonomia, exigindo sempre explicação completa sobre qualquer diagnóstico ou tratamento.
Luciani Gomes
N° Edição: 2209 | 09.Mar.12
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